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OS EVENTOS A SEGUIR OCORREM ENTRE UMA E DUAS DA MADRUGADA.
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O silêncio que se seguiu àquela sentença conseguia ser sólido. Uma tensão envolveu todos os presentes naquela sala. Era visível, Harry percebeu, que o Esquadrão evitava olhar para Carl Krane, o auror que estivera guardando a porta do camarote de honra e que, consequentemente, teve acesso ao Ministro durante toda a noite. A maioria dos aurores ali presentes, olharam para o teto ou para chão. Rony manteve seu olhar vidrado na mesa diante deles. Harry por sua vez, olhou inquisitivo para Monique La Roche.
–Infelizmente – La Roche respirou fundo – A informação procede. Chang está certa. Apenas um auror poderia ter matado o Ministro da Magia.
Aquele silêncio incômodo prosseguiu ainda durante alguns segundos, todos com o mesmo pensamento em mente, mas com medo de falar. Por fim, Terencio Boot tomou a iniciativa.
–Pois bem, Krane... Você gostaria de mudar seu depoimento?
–O quê...? – O rosto do auror congelou. Ele começou a olhar para os colegas, enfim compreendendo o que estava acontecendo.
–Bom... você esteve a noite toda do lado de fora – prosseguiu Terencio – se você...
–Espere aí!!! – Carl Krane se alterou, olhava para todos os colegas em busca de um apoio que não vinha – Você... você não pode estar insinuando que eu sou um... traidor!
–Não foi isso que eu falei – argumentou Terencio, embora era visível que procurasse as palavras certas para se expressar. – Apenas disse que...
–Há três anos eu trabalho ao lado de vocês....
–E nesses três anos nunca ninguém morreu estando apenas você por perto, mas agora aconteceu!
–Eu adormeci, já falei... não tenho idéia do que aconteceu!
–Ora... – Terencio começou, enfim, a expressar seus pensamentos contidos – Por favor, na minha carreira como auror já ouvi muitas desculpas esfarrapadas mas essa certamente é a...
Carl Krane se levantou de um salto, aquilo era a gota d’água. Olhava para Terencio Boot com os olhos vermelhos de fúria, ao mesmo tempo que tateava no bolso a procura da varinha. Ernesto e Justino, ao mesmo tempo se levantaram e tentaram segura-lo. Monique tomou as rédeas da situação.
–BASTA!!!!!
Ao ouvir o grito da líder, Carl parou de forcejar. Embora ainda olhasse para o colega com raiva.
–Como eu acabei de falar – disse Monique – Eu acredito que o sono de Krane pode ser logicamente explicado, nós vamos conversar sobre isto, não é Krane?! Não há motivos para vocês se preocuparem, o fato de um auror ter sido o possível assassino, não quer dizer que tenha sido necessariamente do nosso Esquadrão. Ou será que tenho que lembrar a cada um de nós que somos um Esquadrão de Elite?!
A capacidade de liderança de Monique La Roche ficava evidente nesses momentos. Ela era capaz de transformar um silêncio tenso em um silêncio envergonhado, em apenas alguns minutos. Harry se sentiu um pouco mal, por perceber que estava desconfiando de um amigo. Pelo visto, a sensação foi compartilhada por todos os outros, menos por Terencio Boot que olhava para Carl de maneira incisiva.
–Não os trouxe até aqui para ficarem apontando o dedo um para a cara do outro. Nós vamos investigar o que está acontecendo... passar um pente-fino no camarote de honra a procura de pistas, falar com os seguranças do estádio... com algumas pessoas da platéia se possível...
Nesse momento, ouviu-se batidas na porta. Um dos seguranças do estádio entrou.
–Senhorita La Roche, o especialista do St. Mungus chegou.
–Muito bem, diga-o para esperar que logo descerei para falar com ele.
Quando o guarda saiu, Harry se virou para Monique.
–Especialista?
–Mandei chamar um curandeiro para examinar o corpo – falou Monique brevemente.
Harry compreendeu. Então, hesitante, perguntou:
–Eu poderia vê-lo?
Monique olhou-o no fundo dos olhos, ele não conseguia imaginar no que ela estava pensando. Seria compaixão?
–É claro, Harry... é claro... apenas vamos resolver esta reunião primeiro.
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Hermione Granger Weasley estava de joelhos no tapete da sala diante de um frondoso espelho que ia do chão até o teto. Do outro lado do espelho sua cunhada, amiga e confidente, Gina Weasley estava sentada na sala de visitas do Largo Grimmauld. Atrás da ruiva, podia-se ver a extensa tapeçaria da família Black, com seus vários personagens queimados.
Hermione ouvia atentamente o relato da outra.
–Então ele subiu, colocou uma roupa decente e... foi pra lá – finalizou Gina.
–Meu Deus – Hermione ouviu-se dizer, consternada. – Meu Deus, não posso acreditar... Quim....
–É, eu sei – respondeu Gina – ele me falou que iria me mandar notícias quando chegasse lá mas, até agora nada.
Hermione assentiu. Agora conseguia entender o excesso de cavalheirismo de Rony. Sendo ele um auror do esquadrão Alpha e ela, membro do Departamento de Execução das Leis da Magia; ambos tinham uma estreita relação com o Ministro Kingsley Shacklebolt que vinha desde a época da Ordem da Fênix. Hermione nunca soube lidar muito bem com a morte, ainda mais com a morte de um amigo. Sentiu que as lágrimas começavam a brotar de seus olhos.
–Eu também queria ir para lá, para saber o que está acontecendo e... possivelmente ajudar – falou Gina. – Mas então Harry me lembrou das crianças... eu não deixaria elas aos cuidados de Monstro, ele já está ficando velho...
Gina suspirou ressentida. Agora, com pouco mais de trinta anos ela precisava pensar nas crianças também. Quando tinha vinte anos, Gina fizera fama sendo artilheira de quadribol no Harpias de Holyhead, o único time da Liga Britânica de Quadribol que, por tradição, aceitava apenas mulheres. Agora, aposentada do quadribol, ela dividia seu tempo entre as crianças, Harry, e a empresa de seu irmão Jorge Weasley onde ajudava com suas invenções mirabolantes, mas muito úteis e bastante usadas até mesmo pelos próprios aurores.
–Mas por quê? – perguntou Hermione – Por quê alguém iria querer matar o Ministro da Magia?... ele foi o nosso melhor representante político... provavelmente de todo o último século!
–Eu também não sei, Hermione... Só o que podemos fazer é torcer para que Harry e Rony descubram o que está acontecendo.
Hermione concordou, em silêncio. Então, como se falasse mais para si mesma do que para outra pessoa, continuou:
–Tomara que eles descubram antes que algo pior aconteça.
Gina olhou para a amiga através do espelho.
–Você acha que pode acontecer mais coisas??
–Pense bem... foi o Ministro da Magia que foi morto... não foi só assassinato, foi atentado político! Aposto que forças sinistras estão por trás disso... Forças que por algum motivo obscuro, querem o poder!
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Em uma sala do grandioso complexo Bowman Wright, o corpo de um homem negro e grande estava deitado sobre uma mesa, sem vida. Foi com terrível dor no coração que Harry reconheceu ali, naquele aposento, o corpo do amigo de tão longa data. Kingsley Shacklebolt estava morto. Tinha seu olhar vidrado, e seu corpo fora despido. Um curandeiro do St. Mungus examinava o corpo com diversos apetrechos e instrumentos estranhos. No momento ele usava algo que lembrava um estetoscópio com a diferença de que, no lugar onde devia estar a campânula que um médico usa para encostar no paciente, havia algo mais parecido com uma antena de televisão. O curandeiro passava aquela antena de alto a baixo pelo corpo do homem a sua frente ouvindo atentamente sons Harry não conseguia escutar.
Antes achara que poderia suportar sem problemas a visão do corpo do Ministro. Agora, tinha que admitir, aquilo não era tão fácil. Tentando desviar os olhos do corpo a sua frente, ele os fixou no curandeiro. Era um bruxo já de bastante idade, com cabelos dourados que se misturavam com vários brancos, possuía um cavanhaque e olhos de um azul profundo. Parecia ser velho mas, de alguma forma a aparência de velho não enfraquecia a sua imagem, pelo contrário, deixava-a mais sábia e poderosa, como acontecia com um antigo amigo de Harry, que também encontrara um final trágico.
Aquele curandeiro se chamava Walden Grid, conforme se apresentara a Harry minutos antes. Falava num inglês com sotaque carregado, como se fosse estrangeiro. Mas o garoto não estava em condições de ter interesses no possível país de origem do bruxo.
Depois de ter se dado por satisfeito Grid tirou o aparelho do ouvido, ao mesmo tempo que lançava um triste olhar para o homem a sua frente. Aproveitando a oportunidade para quebrar aquele silêncio angustioso, Harry falou:
–E então?
Grid ergueu os olhos para Harry, e confirmou aquilo que o Esquadrão Alpha já esperava:
–Sim, foi uma Maldição da Morte que atingiu o nosso Ministro. Alguém, sem dúvida nenhuma o assassinou.
A angústia, junto com a incerteza de Harry se intensificou. Tentou não pensar em Carl Krane, mas os indícios eram estranhos demais para ter outro sentido. Tentou pensar em algo para dizer, mas foi Grid quem fez a próxima pergunta.
–Sr. Potter... quais são as implicações disso?
As implicações. As implicações era aquilo que ele estava tentando não pensar fazia uma hora...
–Se o Ministro da Magia foi assassinado...
–O Ministro da magia foi assassinado! – repetiu o curandeiro dando ênfase a sua afirmação.
–Isso quer dizer – continuou Harry, como se não tivesse o ouvido – que forças ocultas estão se movendo entre nós. Provavelmente dentro do próprio Ministério... – continuou Harry, evitando mencionar o próprio Quartel-General dos Aurores.
–Então algum bruxo das trevas está tentando tomar o poder? – perguntou o curandeiro.
–Algum? – perguntou Harry – ou de vários? Não acho que assassinar um Ministro seja algo que alguém possa fazer sozinho.
O curandeiro ficou calado, uma expressão espantada no rosto. Provavelmente lembranças do tempo da guerra acorreram ao velho, pois Harry percebeu que o velho se arrepiara.
Então, com um estranho brilho nos olhos do homem ele deu alguns passos a frente. E com uma coragem marcante em sua voz, pronunciou as próximas palavras:
–Eu prometo, Sr. Potter, que se tiver algo em que eu puder ser útil nessa investigação... a minha profissão ou até mesmo a minha pessoa... eu prometo que ajudarei a resolver esse problema.
Harry o olhou admirado, e uma onda de respeito cresceu no peito do garoto. Certamente não havia se enganado quando analisou a força daquele bruxo.
–Obrigado, Sr. Grid. Tenho a impressão que precisaremos ainda bastante do senhor, antes do fim dessa investigação...
Nesse momento a porta se abriu e o auror Terencio Boot entrou. Olhou para o corpo do Ministro durante algum tempo e, com algum esforço, conseguiu desvia-los para Harry.
–Potter. Poderia nos dar uma mãozinha aqui?
–É claro – Harry respondeu, no fundo um pouco aliviado de sair daquela sala – Um minutinho, Sr. Grid.
–Toda... – O curandeiro apenas respondeu.
Harry se encaminhou para fora e começou a caminhar com Terencio. O auror começou a explicar.
–Estamos tendo dificuldades com o povo lá fora. As pessoas que vieram vir ao espetáculo estão começando a ficar impacientes. Elas estão lá fora esperando a uma hora e meia e nem elas sabem o porque dessa demora. Os guardas estão segurando os portões, mas eles não sabem ainda quanto tempo vão conseguir controlar a massa. Eu sei que Monique nos deu ordens expressas para tratar do assassinato primeiro, mas... se não dermos algum jeito na multidão agora, ela vai comprometer seriamente o andamento da investigação.
–E o que você espera que eu faça?
Terencio olhou exasperado para o amigo, como se a resposta fosse óbvia.
–Fale com eles. Ernesto já tentou, mas não é a mesma coisa. Eles te conhecem, confiam em você... se você tentar dizer pra eles que estamos apenas fazendo exames de rotina...
–Espere aí! – falou Harry – está me dizendo que as pessoas lá fora ainda não sabem da verdade?
Terencio titubeou, como se a conversa estivesse indo por outro caminho.
–É uma situação complicada, Harry...
–O governo de Shacklebolt sempre foi baseado na sinceridade! É isso que o diferenciou de Fudge ou de Scrimgeour e é isso que fez dele o nosso melhor Ministro. Algo me diz que ele não gostaria de saber que bastou sua morte para o Ministério voltar a se fechar para o público! Onde está Monique?!
Os olhos de Terencio se estreitaram, como os de um gato próximo da presa.
–Está conversando a sós com Carl Krane – seu tom de voz deixara bem claro que não deveria ser uma simples conversa – e Cho e Justino estão vasculhando o camarote de honra atrás de evidências. Ernesto e Rony estão tentando controlar a multidão, mas... como eu já te disse, eles não são suficientes... precisamos de você!
Mas Harry não precisava mais de Monique, já tomara sua decisão.
–Me leve até eles!
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Aquela mesma sala onde o Esquadrão se reunira minutos antes, agora parecia estar bem mais espaçosa. Apenas duas pessoas agora ocupavam a sala: Carl Krane e sua superior Monique La Roche.
Carl Krane se sentia muito mal. Acreditara de fato que Monique confiava nele. No entanto, desde o minuto em que ela dividira as funções de cada membro da equipe e pedira para que ele ficasse ali, os momentos estavam sendo cada vez mais tortuosos. Monique “pedira” educadamente a sua varinha para fazer Priori Incantatem a fim de descobrir quais foram os últimos feitiços e, mesmo tendo constatado que não era dali que havia saído a maldição da morte, estava claramente fazendo um interrogatório de investigação. Carl conhecia o procedimento, porque ele mesmo o fizera já várias vezes. Ele era oficialmente considerado um suspeito pela chefe do QGA.
–Então... nenhum funcionário do estádio levou nenhuma espécie de alimento ou bebida para Shacklebolt?
–Eu não sei! – o auror de cabelos negros encaracolados e olhos verdes respondeu – Eu já falei, eu adormeci! Por favor Monique... você me conhece...
–Estamos numa crise, Krane! – falou Monique sem alterar a voz, num tom excessivamente profissional – e até essa crise terminar, eu sinceramente não conheço ninguém!
Carl suspirou... olhava para a bruxa diante dele estupefato.
–Você falou que acreditava em mim. Falou que acreditava que eu havia sido enfeitiçado!
–Os outros não iriam concentrar no trabalho deles com a dúvida de que um amigo fosse um traidor... isso abalaria o raciocínio lógico. Eu apenas tentei tranqüilizar o grupo para que eles possam focar no verdadeiro objetivo.
–Então é isso? – perguntou Carl – Tudo se resume a estratégias de guerra pra você?
–Esse é o nosso trabalho, Krane. Você já devia saber disso.
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Terencio levou Harry até um camarote central, muito parecido com aquele onde assistira a Copa Mundial há tantos anos atrás. O camarote em si estava às escuras, inviabilizando a possibilidade do grande público lá embaixo ver o que estava acontecendo ali. Ao se aproximar da pequena sacada de ferro a frente das poltronas vermelhas Harry distinguiu a silhueta de três pessoas de costas: Rony, Ernesto e um outro bruxo desconhecido que, pelas vestes, era um dos guardas do estádio. Terencio puxou o guarda para um lado e murmurou algo no ouvido dele, enquanto este olhava para Harry curioso. Quando terminou o guarda se afastou e saiu pela porta que eles acabaram de entrar. Entrementes, Harry se aproximou de Rony e Ernesto. Os amigos viraram-se.
–Ah... aí está você, cara – Falou o amigo, Harry notara que ele ainda estava com a voz abalada – Finalmente, as pessoas lá fora estão ficando impacientes.
–Harry, por favor – pediu Ernesto pomposamente – estamos com medo que eles tentem forçar passagem a força... não temos efetivo para todos eles, e ninguém aqui quer uma batalha.
O auror se aproximou da sacada e se posicionou ao lado de Rony. Percebeu que o camarote onde estavam dava diretamente de frente para o palco as escuras, mas ainda contendo os fundos teatrais. O estádio aberto dava para uma noite bonita e estrelada. Abaixo deles, a meia-luz, uma massa disforme de bruxos que se acotovelavam até quase metade do campo (que agora estava coberto por um lustroso piso de mármore com cadeiras) esperava inutilmente a sua hora de ir embora. Um barulho parecido com vespas enraivecidas subia de lá de baixo. Entre o som indistinguível, xingamentos e ameaças se faziam ouvir de vez em quando.
–Você está pronto, Harry? – perguntou Terencio.
Ele olhou para a multidão lá embaixo e teve que admitir que não seria tão fácil quanto previra. Sentiu algo estranho na barriga, e uma incerteza sobre o que devia ou não falar. Nunca em toda sua vida falara para um público tão enorme. Mesmo assim, estava decidido.
–Estou – mentiu Harry.
Ernestou olhou para Rony e os dois retrocederam para as sombras.
–Então está bem – falou Terencio. Erguendo a varinha disse: - Lumus! – de sua varinha saiu um fino feixe de luz e logo ele também retrocedeu para se alinhar com Rony e Ernesto.
No minuto seguinte, Harry entendeu o porquê do sinal do colega. Das laterais do campo, dois holofotes poderosos se acenderam e apontaram diretamente para Harry, iluminando também boa parte da multidão embaixo. Bem acima de todos, Harry Potter entrou em destaque. Levou apenas alguns segundos para as pessoas perceberem o que estava acontecendo. O som de suas vozes foi morrendo até todas as atenções lá embaixo estarem voltadas para o auror. Ele apontou a varinha para a própria garganta e o feitiço que lançou ecoou pelo estádio.
–Sonorus!!!
Ele podia sentir a energia e a confusão de cada uma das pessoas lá embaixo. Sua barriga agora dava voltas para valer. Ele então resolvera que, quanto antes fizesse seu pronunciamento, melhor.
–Antes de mais nada – Harry começou, ouvindo sua própria voz ribombar pelo campo – Eu gostaria imensamente de pedir-lhes desculpas pelo triste inconveniente dessa noite... eu sei que a maioria de vocês imagina que não há motivo algum no mundo que possa justificar este ato de abuso com todos vocês... infelizmente, eu digo que há...
Harry quase podia sentir as pessoas se entreolharem confusas lá embaixo. “O que Harry Potter estava fazendo ali? E do que ele estava falando?”
Ele pensou em Monique La Roche, e em qual seria a reação da bruxa quando descobrisse sobre a declaração que estava prestes a dar. No entanto, agora era tarde demais para voltar atrás e foi no amigo morto que ele concentrou seus pensamentos ao continuar.
–Eu tenho a enorme tristeza e pesar – continuou o auror – em comunicar que o Ministro da Magia Kingsley Shacklebolt faleceu durante a apresentação desta noite!
Gritos e expressões de terror se multiplicavam nos rostos lá embaixo a medida que as palavras de Harry ia saindo. Ele já sentia um terrível nó na garganta e começava a duvidar se conseguiria terminar aquilo.
–Um curandeiro do St. Mungus foi trazido para cá – o garoto continuou, e a platéia voltou a silenciar – e a causa mortis, foi confirmada... O Ministro Shacklebolt foi assassinado!
A onda de choque que paralisou toda a platéia foi sentida aquelas últimas palavras. Harry teve a impressão de que aquela era a única imagem do mundo que poderia realmente ilustrar o que ele sentia naquele momento: Milhares de pessoas petrificadas pelo puro horror.
–Nós aurores estamos trabalhando para averiguar o que realmente aconteceu e pegar o assassino! É por isso que eu peço a paciência e a contribuição de todos vocês!!! Muito obrigado pela atenção de todos vocês...
Harry não sabia muito bem como continuar. Procurava as palavras certas para terminar, mas por fim disse apenas:
–...Obrigado..
Ele já estava se retirando para as sombras quando o som de milhares de vozes conversando foi se erguendo gradualmente lá de baixo. A grande maioria revelando preocupação e consternação. Porém um grito lá de baixo fez o sangue de Harry ferver e uma onda de raiva subir pelo seu corpo:
–E cuidar da segurança do Ministro não era função dos próprios aurores????!!!!
Harry voltou para o seu posto olhando para baixo a procura da voz. A raiva tornando-o irracional não só pela audácia da voz, mas também porque sabia que conhecia aquela voz. Passando o olhar pela multidão, Harry procurou entre os diversos rostos até reconhece-la: Rita Skeeter!
Ele já se preparava para responder, quando alguém o puxou pelo braço cautelosamente. Ele se virou, Ernesto McMillan tentava impedi-lo de fazer uma besteira. Harry reparou que os olhos do amigo estavam vermelhos.
Voltando o rosto para baixo, onde vira a terrível jornalista, não mais a encontrou. Julgou que ela havia desaparecido entre a multidão.
Ele desfez o feitiço da voz, e voltou-se para as sombras onde estavam reunidos os outros. Terencio Boot também estava com olhos vermelhos de emoção, e Rony estava cada vez mais pálido. Quando o amigo abriu a boca, Harry quase poderia jurar que seria para vomitar, mas ele apenas falou:
–Bom discurso, parceiro... talvez um dia você vire ministro da magia também...
E tentou um sorriso despreocupado, uma triste tentativa de mostrar que estava tudo bem.
–Acho muito improvável... não espero ter que fazer isso nunca mais – respondeu o colega – o que faremos agora? – perguntou, virando-se para Ernesto e Terencio.
–Acho que temos que tentar falar com algumas pessoas e ver se eles viram algo de estranho durante a apresentação – disse Terencio...
–Mas há milhares de pessoas lá fora – disse Ernesto, olhando incrédulo para Terencio.
–Estou aberto a outras alternativas – replicou o auror – e Monique concorda comigo. Pode não ser eficiente, mas pelo menos ganhamos tempo...
–Tempo para que?
Terencio Boot não respondeu, mas Harry já imaginava a resposta. Tempo para encontrar a prova incriminadora de Carl Krane.
–Vamos – concordou Harry – assim quem sabe poderemos pegar e deter Rita Skeeter. Se bem conheço ela vai tentar se meter nas investigações....
Estavam saindo para o corredor, quando Harry sentiu algo quente em seu bolso interno. Ele sabia o que era. Puxara o relógio de bolso de ouro de dentro do bolso. Todos os aurores tinham relógios como aquele. Na verdade não era apenas um relógio de bolso, eram relógios-comunicadores criados por Jorge Weasley. Harry se deixou ficar para trás enquanto apertava um diminuto botão logo acima do número 12. O visor de vidro do relógio se esfumaçou e um rosto conhecido até de mais, apareceu.
–Harry – falou Cho Chang – Você está aí?
–Estou – respondeu Harry, fixando os olhos na diminuta imagem de Cho Chang – o que houve? Encontrou alguma coisa?
–Bem... – Cho Chang hesitou – pra falar a verdade encontrei, mas... acho melhor você ver primeiro.
–O que é?
–Não dá pra falar por aqui... escute me encontre daqui cinco minutos no Piso 7, próximo as escadarias principais.
–Está bem – falou Harry se sentindo confuso. Por que todo aquele segredo?
A imagem de Cho Chang desapareceu e ele se virou, encaminhando-se para o outro lado, em direção as escadarias principais, sem nem notar que no teto acima dele um besouro caminhava despreocupadamente.
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Hermione entrara pé ante pé no pequeno quartinho que ficava do lado da cozinha de sua casa em Tinworth. Silenciosamente, se abaixou ao lado de uma cama em miniatura e começou a cutucar a figura enroscada numa velha toalha ao mesmo tempo em que sussurrava:
–Winky! Winky!
A pequena elfo doméstico fêmea acordou. Sentando-se em sua pequena cama, esfregou os olhos com suas mãozinhas e voltou-se para sua ama.
–Madame Weasley...?
–Ah... Winky... me desculpe por te-la acordado... mas preciso de um favor seu!
–Tudo bem, Winky não se importa! – a pequenina elfo falou em sua voz esganiçada – Winky faz tudo que a madame deseja!
–Ah... ok... – tentou Hermione, ainda estava se acostumando com ter um elfo doméstico em casa – escute, eu gostaria que você olhasse pelas crianças por mim, ok? Eu vou dar uma saidinha...
–Claro – Winky respondeu – Winky faz tudo que sua senhora desejar... mas, se me permite, não que eu tenha o direito de saber mas... onde Madame Weasley, vai?
–Vou ajudar o Rony numa coisinha... antes de você perceber estarei de volta – disse Hermione, dando um sorriso como se fosse para deixar bem claro que não era nada de muita preocupação.
Hermione então saiu do quarto de Winky para se encaminhar ao seu próprio quarto. O elfo de Gina podia estar velho demais para cuidar das crianças. O dela não!
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Harry subia correndo as escadas do estádio até chegar ao piso 7. Mal colocara o pé no andar correto e Cho Chang já surgia de um dos corredores. A expressão dela parecia preocupada e tensa com alguma coisa.
–Harry... – falou ela ao chegar perto dele. Os olhos deles se encontraram, e Cho Chang desviou rápido o olhar – Bem... eu e Justino ouvimos você... acho que foi bom você ter contado a verdade...
–Certo – respondeu Harry, mas algo dizia que ela não chamara-o até ali apenas para parabenizá-lo por suas palavras. – você me disse que queria me mostrar uma coisa... então?
Cho olhou para os lados, então chamou o garoto.
–Aqui...
Ela se encaminhou para uma porta entreaberta, ele hesitou.
–Isso aí é um armário para vassouras...
–Entre! – falou a garota com pressa.
Harry entrou, tomando cuidado para não tropeçar em alguns baldes e vassouras que tinham por ali, Cho Chang fechou a porta atrás dele e acendeu com a varinha uma lâmpada que pairava no teto. Harry não pode deixar de perceber que era um lugar bem apertado.
Pelo jeito Cho Chang também notara a mesma coisa, pois ficara parada olhando sem jeito para o garoto.
–Então? – ele insistiu.
–Bem... – ela continuou como se estivesse despertando de um transe – eu e Justino estávamos vasculhando o camarote do Ministro à procura de evidencias ou pistas que o assassino possa ter deixado...
–O que vocês encontraram?
–Você se lembra do que a gente estávamos discutindo antes? – continuou Cho, como se não tivesse havido interrupção - Que só um auror poderia ter matado Shacklebolt?
–Claro! – respondeu Harry, já ficando impaciente.
–Pois é... – respondeu Cho, enquanto tirava algo do bolso interno das vestes – eu encontrei isso debaixo da poltrona de Shacklebolt, como se alguém tivesse deixado cair... não mostrei pra Justino, achei que você deveria ver primeiro.
Ela puxara um saco plástico que eles normalmente usavam para coletar as provas. Dentro havia um objeto que Harry conhecia muito bem.
Um instrumento parecido com um isqueiro de prata estava dentro de um saquinho. Um isqueiro que, Harry sabia muito bem, servia para captar focos de luzes ao seu redor. O absurdo daquela evidência conseguira superar todos os choques que já havia passado naquela noite. Sabia que, pela lógica, aquilo só tinha uma explicação.
–...Rony?
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Comentários (2)
Fiquei de boca aberta com esse capítulo. Tão intenso e tão envolvente... O comentário da Rosana deu uma nova dimensão para o que eu tinha imaginado até agora: um assassino colocando os aurores um contra o outro... Primeiro com o Carl dormindo e o apagueiro do Ron. Ótimo, quero mais!
2011-12-11Pistas para colocar uns contra os outros o cara é realmente muito esperto.
2011-12-07