Reencontro



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Eu estava caminhando por uns dos corredores do ministério tranquilamente. Eu tinha recebido uma pilha de processos pra analisar hoje. Eu com quinze anos nunca me imaginaria no ministério da magia assinando uma monte de papeis até tarde da noite com um filho em Hogwarts. Não depois dele.


Pragas da vida a parte, hoje eu tinha uma entrevista de trabalho pra fazer. Como se já não bastasse à pilha de arquivos na minha mesa. Eu cheguei à minha sala e me sentei. Assim que eu me acomodei na cadeira, na esperança que o telefone não tocasse, ele tocou. Eu dei um suspiro e atendi ao telefone.


- O que foi Thalia? – perguntei cansada, pegando um dos primeiros papeis de dentro da minha gaveta cheia e o analisando.


- É o candidato de hoje. Ele chegou. Posso mandá-lo entrar? – ela perguntou como se estivesse encantada.


- Ai, ai. Pode sim. – eu disse e desliguei. Deixei o papel que eu peguei na mesa, e abri a outra gaveta da minha mesa, procurando uma caneta. Eu peguei o papel novamente, e assim que eu comecei a ler alguém bateu na porta. Com um aceno de varinha, sem tirar os olhos do papel que parecia muito mais interessante do que o candidato. Eu fiz outro aceno de varinha e a porta se fechou. Ele se sentou na cadeira na frente da minha mesa, e eu ainda continuei lendo o papel. Ele pigarreou, e eu levantei os olhos para a pessoa na cadeira. Eu fiquei chocada.


Não podia ser. Ele... Cara, Merlin me odeia.


- É... Você trouxe o seu... Currículo? – por sorte eu acho que ele ainda não me reconheceu, ou está tão chocado quanto eu. Ele levou alguns segundos para processar a informação.


- Ah, é. Eu... Trouxe sim. – disse ele. Estava tudo bem. Eu só ia entrevistar, e depois eu podia recusar ele, ou alguma coisa do gênero. Simples assim. Ele me deu o papel, e eu confirmei. É. Era ele mesmo. A ponta dos meus dedos estava gelada, de tão nervosa que eu estava. Mas eu acho que ele estava bem lerdo hoje, e ainda não percebeu. Foi ai que no telefone, saiu a voz de Thalia no viva-voz, dizendo:


- Ginny, chegou uma carta pra você. É do seu filho, quando você acabar a entrevista com o Malfoy, você dá uma passada aqui. – e a linha caiu. Eu olhei para ele, que parecia mais chocado ainda.


- Ginny? É você? – ele perguntou. Eu não conseguia falar, mesmo depois de quinze anos. Eu engoli seco e disse:


- Bom Malfoy, eu... Eu te mando o resultado daqui a uma semana. – eu disse com a voz tremendo. Eu me levantei, e ele se levantou ao mesmo tempo.


- Me responde. Só isso. – ele disse. Eu congelei. Não sabia o que fazer. Então eu o respondi.


- É. Sou eu sim. Feliz agora? Pode sair? – eu disse ficando de costas para ele, por que eu tinha certeza que meus olhos estavam ficando vermelhos.


- Você tem um filho? – ele perguntou. Eu ainda estava congelada. Sem conseguir pensar.


- Tenho sim. Agora será que você podia dar o fora daqui?! – eu disse tentando parecer irritada. Ele ficou parado, suspirou, e disse lentamente:


- E por acaso, você sabe quem é o pai desse... Filho? – ele perguntou com a voz um pouco tremula.


- E o que te interessa saber? – eu perguntei me virando para ele. Os olhos dele clarearam como se ele entendesse tudo, e antes que ele falasse alguma coisa, eu disse:


- Sai daqui. Agora. – eu disse. Ele sem dizer nada, saiu. Eu fui até o telefone e disquei o numero de Thalia:


- Thalia, se algum processo chegar, você os manda pra minha casa? Eu preciso resolver um assunto. E tenta mandar a carta do Thomas para a minha casa também. – eu disse.


- Ok. Eu mando os processos e a carta até as onze. Por que o Patrick acabou de me enviar um mega processo aqui. Por que alguém quer levar uma carruagem de seis lugares pra Bélgica? – ela disse.


- Eu espero os processos. Até amanha. – eu disse e desliguei o telefone. Peguei minhas coisas e fui pra casa. Um bom sono, e eu esqueceria essa entrevista e enterraria ela bem fundo como todas as lembranças que relacionam ele.


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Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz, foi ligar pra Luna, que trabalhava no St.Mungus.


- Oi Gin! O que foi? – ela disse com o som de parque no fundo. Ela deveria estar almoçando.


- Luna, você não vai acreditar no que aconteceu hoje. – eu disse ainda com a voz tremula


- O que? Thomas botou fogo na cabeça da professora de trato das criaturas mágicas de novo? – ela disse rindo


- Não. Foi pior. Hoje eu estava fazendo uma entrevista de trabalho, e o canditado era ele! – eu disse um pouco desesperada.


- Ele? Ele quem? – ela disse. Eu fiquei em silencio, e ela deu uma exclamação de esclarecimento e disse: - Ele?! Você quer dizer ele mesmo?!


- É Luna! E agora ele sabe que eu tenho um filho. – eu disse nervosa


- COMO VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER?! – Exclamou Luna.


- E-Eu não sei Luna!  - eu disse – Eu... Eu vou tentar dormir um pouco. Amanha é Sábado, eu dou uma passada ai na sua casa. – eu disse.


- Ok. Eu vou voltar por trabalho. Tchau Gin! – ela disse


- Tchau! – eu disse e desliguei. Eu me deitei no meu sofá e automaticamente dormi.


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Acordei com alguém tocando a campainha da minha casa. Eu levantei do sofá, e surpreendentemente já estava tudo escuro. Devia ser de madrugada, pelo silencio lá fora. Eu fui até a porta pensando quem bateria na porta de uma pessoa no meio da madrugada. Eu abri a porta e me dei de cara com Malfoy. Eu olhei com raiva para ele, e perguntei.


- O que você está fazendo aqui, e como você achou a minha casa? – eu perguntei com ódio no olhar.


- Eu ainda não acabei de falar com você. – ele disse. – Eu vou ter que falar com você na soleira da sua casa, ou você vai me deixar entrar? – Eu o olhei com raiva e deixei-o entrar.


- Espero que seja importante, não me faça perder tempo Malfoy. – eu disse me encostando-se à parede. Ele andou mais um pouco e se virou para mim.


- Você ainda não me disse quem é o pai do seu filho. – ele disse.


- E pra que eu tenho que falar isso pra você? – eu disse, como se já tivesse explicado mil e uma vezes.


- Você sabe muito bem por que. – ele disse chegando perigosamente perto de mim. Eu olhei naqueles olhos cinza. Eles não mudaram nada de quinze anos atrás. Eu não olhava naqueles olhos há tanto tempo, e perceber que eles não mudaram.


- E por quê? Se você sabe por que, por que você não fala? – eu disse não me movendo. Se eu movesse um músculo, seria em direção a boca dele. Até que fazia um bom tempo né?...


O que eu estou pensando meu Merlin do céu?!


- Está escrito na sua cara. – ele disse se aproximando um pouco mais. Eu tentei recuar, mas a parede atrás de mim me impediu. Eu estava pronta para negar, mas ele fez aquela cara de quando ele tinha certeza de que estava certo. Eu fraquejei e finalmente falei.


- É você. Feliz agora? – eu disse. Ele saiu de perto de mim e se encostou à porta de vidro que levava até a varanda.   


- Por que você não me contou? – ele perguntou.


- Pelo mesmo motivo que você não me contou que era um comensal. – eu disse me sentando no sofá e afundando meu rosto em minhas mãos. Houve um silencio constrangedor, como se estivéssemos lembrando-se de tudo. Ele se desencostou da parede, e se sentou ao meu lado.


- Nós dois estamos errados. – eu disse. – Mas você deveria ter me contado. E não contou. – Ele suspirou e passou as mãos no seu cabelo.


- Você também não me contou. E eu ia contar pra você. E você não ia contar pra mim. – ele disse.


- Eu ia sim. – declarei finalmente. – No dia em que você foi embora, antes de você chegar em casa, eu fiz um teste trouxa. Eu estava morrendo de medo, por que eu só tinha quinze anos. Ai você chegou, eu ia descer as escadas e falar com você, e ouvi você conversando com Blaise e... – Eu não agüentei e comecei a chorar. Ele chegou mais perto de mim, e disse:


- Ei, não fica assim. Eu sei que é minha culpa. Eu ia contar pra você. Mas...


- Mas o que? Por que você não me contou primeiro Malfoy? – eu perguntei soluçando.


- Eu tinha medo de te perder. Se ele soubesse que eu estava com você, eu não sei o que ele faria. O meu maior medo era te perder. Foi por isso que eu não te contei antes. Quando eu comecei a te conhecer melhor, eu vi. Como você era tão pura, tão... Feliz. Você era meu passaporte de escape. Mas eu não podia nem pensar em te perder. Mas eu perdi, e foi tudo culpa minha. – ele disse. Eu olhei para ele com os olhos vermelhos e o abracei. Não me pergunte por que eu fiz isso. Ele me abraçou de volta, e eu me senti tão... Segura. De um jeito que não me sinto há quinze anos. Foi ai que me toquei.


- Eu não posso mais fazer isso Malfoy. – eu disse e me levantei. – Você morreu há muito tempo. Morreu pra mim, e pro meu filho. E por mais que eu possa perdoar você, eu não consigo. – eu disse. Ele se levantou e sorriu bem o estilo dele.


- Eu não vou conseguir mudar a sua opinião não é? – ele disse se dirigindo até a porta. Antes que ele saísse, ele perguntou: - Qual é o nome dele?


- Thomas. – eu disse. – Ele... Está na Sonserina. – eu disse. Ele sorriu e se dirigiu até a porta e eu disse antes – Malfoy!


- Sim? – ele disse olhando para mim. Eu fiquei olhando um pouco para ele. Eu queria dizer que eu era uma estúpida, queria dizer que eu o perdoava e que todos nós poderíamos ser uma grande família feliz, como nos comerciais de margarina. Mas o que eu disse foi apenas – Ele tem os olhos.


Ele sorriu mais uma vez, e saiu, mergulhando na escuridão da noite.


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