A Seleçao



2. A Seleçao


 


Lá estavam eles, enfileirados no Salão Principal, recebendo todos os olhares dos alunos mais velhos. Alvo reparou como aquela sala era grande, com as quatro mesas que deveriam separar as Casas bem ao centro, abarrotadas de gente. Entre todas aquelas pessoas Alvo viu James, que olhou para os cinco amigos, parecendo um tanto feliz.


 - Essa é Minerva McGonagall, Alvo, diretora de Hogwarts - disse Rosa apontando para uma mulher sentada na mesa junto com os outros professores, vestida de azul, com cabelos negros presos num coque. 


 Então um homem pequenininho entrou correndo no salão, com um banquinho em uma mão e na outra um velho chapéu preto de bruxo. Ele usava oculos e vestes verdes, suas perninhas se esforçando para alcançar os alunos novos. 


 Ele foi para o centro do Salão, bem em frente a mesa dos professores e começou a falar.


 - Bem vindos a Hogwarts, crianças. Eu sou o subdiretor de Hogwarts, professor Flitwick. Vocês serão selecionados para uma das quatro Casas de Hogwarts: Corvinal, Lufa-Lufa, Grifinória ou Sonserina. Vocês assistirão as aulas com crianças das suas casas, e cada acerto que fizerem renderão pontos para sua Casa. Cada erro a fará perder pontos, portanto tomem cuidado. A Casa que possuir mais pontos no fim do ano letivo receberá a Taça das Casas.  


 Logo depois, Flitwick apoiou sobre o banquinho um chapéu preto, bem velho, que começou a se mexer. Um dos rasgos no encontro da aba com o \'cone\' do chapeu se abriu formando uma boca e ele começou a cantar.


 Ah, não tenham medo de mim, crianças 


Meu serviço é bem feito, 


E não existe chapéu que faça melhor o que eu faço 


Pois o trabalho de um chapéu como eu não é assim tão simples, 


Mas podem apostar que sou profissional 


E não adianta duvidar


O que estiver escrito em suas cabecinhas, vou ler e assim,


Decidir em que casa vão ficar,


Pode ser na Grifinória,


Casa dos corajosos


Onde o sangue-frio e a nobreza destaca a Grifinoria dos demais,


Ou será a Sonserina,


Onde encontrará amigos de verdade,


Que lutam para atingir o que mais querem


Sua morada pode ser na Lufa-lufa,


Onde habitam os amigos fiéis, pacientes e sinceros,


Que não temem a dor


Mas você pode ficar também na Corvinal


Onde os mais sábios se destacam 


Onde aqueles que tem a mente aberta encontrarão seus iguais


Suas casas serão suas famílias,


Ah, crianças, não tenham medo de mim!


 


Estão em boas mãos,


Por que sou um chapéu unico, sou um Chapéu Pensador


O Chapéu Seletor de Hogwarts!


Depois de três segundos de silêncio, todo o Salão Principal explodiu em aplausos, e para não ficar sozinho, Alvo aplaudiu também. Rosa não parava de aplaudir, parecia mais animada do que nunca. Lysander olhou para Alvo e disse:


- Cara, isso é muito legal!


Então o professor Flitwick pediu silêncio e disse:


- Bom, vamos começar. Assim que seus nomes forem chamados, sentem no banquinho e esperem a decisão do Chapéu. - ele coçou a garganta - Joseph Abble!


Um garoto alto e louro dirigiu-se ao banquinho, tremendo. Colocou o chapéu, que afundou e tampou seus olhos, e sentou-se. Houve uma pausa momentânea, e, sem mais nem menos:


- LUFA-LUFA!


Uma mesa inteira desabou em aplausos. Chapéus foram jogados para o alto, e Joseph foi andando saltitante para a mesa da Lufa-Lufa. Alvo notou que ele parecia feliz.. talvez ele tivesse sido escolhido para a Casa que queria. Depois das comemorações encerradas, Flitwick coçou a garganta mais uma vez. 


- Tina Barkes!


- CORVINAL! - anunciou o chapéu, fazendo a segunda mesa gritar e bater palmas ainda mais alto.


- Walter Bill!


- GRIFINORIA! - gritou o chapéu e o garoto se dirigiu à mesa do canto, que gritava vivas e pulava de alegria.


- Kris Chase!


- GRIFINORIA!


- Carter Collins!


- LUFA-LUFA!


- Felicia Dick!


- GRIFINÓRIA!


O salão foi ficando silencioso e Flitwick disse:


- André Finn!


Um menino baixo, de cabelos pretos começou a andar do final da fila em direção ao Chapéu. De cabeça erguida, pareceu nem notar que a escola inteira estava observando seus passos. Ele se sentou e um grito saiu do chapéu:


- SONSERINA! - mais uma mesa desabava em aplausos, e ele parecia bem feliz por ter ido para Sonserina. Talvez não soubesse o que Alvo sabia sobre aquela casa. 


- David Fall!


- GRIFINORIA!


O chapéu selecionou Felix e Monica para a Sonserina. Justin foi para a Corvinal. Jessica e Barbara, para a Grifinoria. Os gêmeos Lucia e Lucas foram para a Lufa-lufa.


- Leo Jackson!


- GRIFINÓRIA!


E então...


- Lorcan Lovegood!


Lorcan deu um pulo e foi andando para o Chapéu. Sentou-se e ouviu, assustado, uma voz em sua cabeça:


- Exatamente como sua mãe, eu diria. Inteligência de sobra e uma certa... é... peculiaridade. CORVINALl!


Lorcan ouviu o chapéu dizer a última palavra em voz alta e saiu correndo para a mesa da Corvinal, que explodia de alegria. Sentou-se e deu uma piscada para Lysander.


- Lysander Lovegood! - falou Flitwick.


Ele andou em direção ao lugar de onde o irmão acabara de sair e se sentou no banco. Ele fechou os olhos, esperando o chapéu fazer sua parte.


- São dois! Eu não tinha nem ideia! São gêmeos, sim... mas são diferentes. Mas definitivamente possui o que a Corvinal precisa. CORVINAL!


Lysander abriu os olhos e saltou para fora do banco, e foi correndo em alta velocidade até a mesa. Lorcan o comprimentou com um toque esquisito e complicado... coisa de gêmeos.


- Escórpio Malfoy! 


Ele foi correndo, sem nem olhar para os lados, e sentou rapidamente no pequeno banco no centro do Salão. Minerva o olhou com cuidado, e despejou o chapéu em seu cabelo castanho meio loiro.


- Finalmente! Estava esperando o dia em que veria um Malfoy - disse o chapéu.


Escórpio engoliu seco. O Chapéu continuou.


- Consigo ver bravura, coragem... Vejo que você quer provar que pode ser o melhor, mas ainda assim é humilde. Vejo isso em você. Humildade. Se encaixaria bem em qualquer Casa, acredito eu. Bem, vamos honrar sua família. SONSERINA!


Escórpio arregalou os olhos e abriu um sorriso. Alvo e Rosa sorriram de volta, embora duvidassem do próprio destino. Se Malfoy tinha ido para a Sonserina, o que impediria os dois de ir também?


- Danna Newcastle!


- CORVINAL!


- Thomas Monroe!


- LUFA-LUFA!


- Alice O\\\'Donnel!


- SONSERINA! 


- Alvo Potter!


O Salão ficou em um silêncio ainda mais profundo, se é que aquilo era possível. Ninguém se mexia. Ninguém piscava. Alvo se arriscaria a dizer que eles não estavam nem respirando, mas isso já era demais. Ele demorou um pouco a perceber que deveria se mexer para o centro do Salão, e quando a ficha caiu, suas pernas tremeram. Ele engoliu em seco e andou. Nas mesas, as pessoas cochichavam coisas que nem sempre eram possíveis de decifrar e nem pareciam importantes naquele momento. 


- É, é mesmo o Potter! Sim, do Harry Potter!


- É, o irmao do James, seu bobão! - falou outro em voz baixa. 


Não olhou para ninguém, nem pra baixo, nem pra cima. Só andou reto e se sentou. Flitwick despejou o Chapéu em sua cabeça e por alguns segundos nada aconteceu. Suas mãos tremiam. Ele se assustou quando o chapéu finalmente falou alguma coisa.


- Potter. Interessante. Você não é muito como seu irmão... Arriscaria dizendo que puxou um pouco de personalidade da garota Weasley, mas mesmo assim... 


O que aquilo queria dizer? Tudo que Alvo queria era saber de uma vez para que Casa iria. E que essa tal Casa não fosse Sonserina. Fez exatamente como o pai disse e pensou \\\'\\\'Por favor, nada de Sonserina, não, por favor, Sonserina não\\\'\\\'


- Sonserina não, uh? Já ouvi isso antes. Não acho que se dê bem na Sonserina. GRIFINÓRIA! 


Flitwick retirou o chapéu da cabeça de Alvo e ele suspirou de alívio. Viu James, Lorcan e Lysander aplaudindo e sorrindo. Virou para Rosa e viu o mesmo. Se encaminhou à sua mesa e apertou a mão de vários alunos. Todos da mesa da Grifinória estavam pulando, gritando, batendo palmas e sorrindo para o novato enquanto ele caminhava para perto de um menino de pele morena e cabelo preto que o havia chamado para perto.


- Alvo! Felipe Minott, monitor da Grifinória. Bem-vindo! - disse ele, apertando sua mão.


- Ahn, oi! Obrigado - disse Alvo, um pouco sem graça, sentando-se ao seu lado. James estava olhando para ele do fundo da mesa. Ele deu uma piscada e fez um sinal de positivo, o que Alvo entendeu que era um bom sinal. Ele estava orgulhoso.


Melissa foi recebida com aplausos pela mesa da Sonserina, Melvin e Olivia pela da Lufa-Lufa. Alvo sabia o que estava por vir.


- Rosa Weasley.


Mais uma vez, o salão ficou estranhamente silencioso. Algumas pessoas cochichavam umas com as outras, mas fora isso todo mundo estava quieto. Rosa foi andando, atrapalhada, e se sentou no banco. O chapéu estragou o perfeito rabo de cavalo ruivo que havia em sua cabeça quando Minerva o colocou sobre Rosa.


- Weasley! - o chapéu soltou uma risadinha. - Não sabia por mais quanto tempo aguentaria esperar pra ver mais um desses. Eu ainda sei o que fazer com vocês, sabe, menina... GRIFINÓRIA! - gritou o chapéu.


A mesa toda aplaudiu. Alvo estava muito feliz, porque pelo menos sua prima estaria com ele.


Bem, ele realmente não esperava que Lorcan e Lysander fossem para Grifinória, mas ele tinha esperanças em Escórpio. Eles estavam se dando bem no trem. Depois de todos os alunos serem selecionados, Flitwick se retirou e Minerva McGonagall se levantou da mesa dos professores. Ela tinha um sorriso amigável no rosto.


- Bem-vindos a Hogwarts! Vamos todos jantar agora, pois sei que essa é realmente a hora mais esperada do dia. Sirvam-se!


No momento em que a professora disse aquilo, duas coisas incriveis e assustadoras aconteceram. As portas enormes se abriram e delas entraram, ao mesmo tempo, uns vinte fantasmas e tambem criaturinhas pequenas, que Alvo reconheceu como sendo elfos domésticos. Alvo olhou para os amigos admirado: nunca tinha visto fantasmas pessoalmente!


Os fantasmas vinham conversando e quatro deles se dirigiram a uma mesa diferente. Para a mesa da Grifinoria, foi um fantasma com gola de rufos, que observava os elfos domésticos, vestindo meias e gorros e cachecóis coloridos, sorrindo e conversando com os alunos, enquanto serviam comida.


- Olá, senhores - disse um elfo, que trazia rosbife e galinha assada - Sejam bem-vindos a Hogwarts! Tinny adora Hogwarts, os senhores podem ter certeza que também vão gostar muito!


- Olá, Tinny - disse Rosa, enquanto pegava um rosbife - Meu nome é Rosa Weasley, e estes sao Alvo Potter, Lorcan e Lysander Lovegood.


- Olá senhores Alvo, Lorcan, Lysander e senhorita Rosa! Eu sou Tinny!


Tinny continou servindo outros alunos e conversando sobre Hogwarts e sobre suas meias coloridas. Logo atrás dela, vinha o fantasma, que parecia um pouco desanimado, mas, como disse uma vez o James, ele sempre ficava desanimado quando via comida.


- Sejam bem-vindos, meus caros! - disse o fantasma - Gostaria de me apresentar formalmente. Eu sou o Cavalheiro Nicholas de Mimsy-Porpington às suas ordens. Fantasma residente da torre da Grinfinória.


- Gente, ele é o Nick-Quase-Sem-Cabeça que eu falei pra voces! - exclamou James - Mostra pra eles, Nick!


Nick agarrou a orelha esquerda e puxou. A cabeça toda girou para fora do pescoço e caiu por cima do ombro como se estivesse presa por uma dobradiça. Os quatro ficaram abismados ao ver que péssimo trabalho tinha sido feito para matar Nick. Todos os outros garotos ao redor começaram a rir, e as garotas pareceram bem assustadas.


- Bom, sim, tambem sou conhecido como Nick-Quase-Sem-Cabeça, mas gostaria de ser chamado por meu nome, Cavalheiro Nicholas de Mimsy-Porpington - continuou o fantasma, que parecia mal humorado com a recepção, encurtando seu discurso anual: - Espero que sejam bonzinhos e ajudem a Grifinória como é o seu dever. Tenham um bom jantar.


Nick então foi cumprimentar outros alunos. Logo chegaram as sobremesas, ainda mais deliciosas. Tijolos de sorvete de todos os sabores que se possa imaginar, tortas de maçã, tortinhas de caramelo, balas, bombas de chocolate, roscas fritas com geléia, bolos de frutas com calda de vinho, morangos, gelatinas, pudim de arroz...


- Ah, isso aqui parece delicioso! - exclamou Lorcan.


- Pode crer!


Conversaram sobre tudo e nada. Enquanto comia, Alvo conheceu outros alunos, como Kris e Anna. Tambem conversava com Rosa e ouvia o que os outros tinham a dizer sobre eles mesmos e sobre o que esperavam de Hogwarts.


- Meu pai disse que história da magia é realmente chato - dizia Kris, um garoto magro e alto, com cabelos castanhos e olhos azuis - minha mãe disse que nao é verdade, mas eu não acredito, nunca gostei de história de nada.


- É, mas o professor Binns é muito sem graça...


Também falavam sobre Quadribol:


- Queria tanto poder jogar no primeiro ano... -


É, mas talvez se você for muito bom, deixem você jogar, soube que o Harry Potter pôde - disse uma garota de rabo-de-cavalo para um garoto de óculos pretos e olhos verdes.


Alvo se encolheu. E se ele fosse comparado ao seu pai? E se todos exigissem dele mais do que o famoso Harry Potter fez? Alvo nunca conseguiria superar isso, mas ele já tinha chegado até ali. Estava em Hogwarts, onde sempre sonhara e que esperara a vida toda para ir e não ia deixar nada arruinar isso.


Quando todos terminaram de comer, os elfos voltaram e recolheram tudo. Os alunos conversaram um pouco mais e Minerva McGonagal se levantou lá na mesa dos professores. 


- Bom, agora que comemos, bebemos e conversamos, quero deixar alguns avisos para os senhores. Os alunos novos devem saber e os antigos lembrar que é proibido andar pela floresta da propriedade. O Sr. Filch, o zelador, alerta a todos, como faz todo ano, que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas. Os testes de Quadribol serão realizados na segunda semana de aulas. Quem estiver interessado em entrar para o time de sua casa deverá procurar Madame Hooch. Por favor tenham cuidado nos corredores, escadas e portas da escola, elas estao um pouco mal criadas este ano.


Todos riram e esperaram a professora continuar.


- Devo uma explicação aos senhores. Os elfos domésticos concordaram gentilmente em trazer a comida do banquete pessoalmente devido a um problema com a conexão da cozinha com o Salão Principal. Por favor, não é nada demais e é sempre bom variar um pouquinho. Devemos agradecer aos elfos pela gentileza. E agora é hora de dormir. Andando!


Todos os alunos se levantaram e seguiram para fora do Salao Principal. Os alunos novos se reuniram ao redor do monitor da Grifinoria, que os guiou pelo castelo. Ao sair do Salão Principal, subiram a escadaria de mármore. As pessoas nos retratos ao longo dos corredores murmuravam e apontavam quando eles passavam, dando \\\'tchauzinho\\\' com as mãos.


De vez em quando, Felipe, o monitor, parava e pegava uma coisa do bolso. Era algo parecido com um relógio de bolso dos trouxas, que a tia Hermione guardava e dizia que era do seu avô, com aquela correntinha grudada. Felipe tirava o objeto do bolso e esticava o braço segurando-o, como se fizesse sinais para alguem longe dali.


Quando parou pela terceira vez, ele explicou:


- Gemialidades Weasley - dizia - As vezes dão o maior trabalho, principalmente se estão nas mãos de Pirraça, o Poltergeist, mas também são muito úteis. Esses daqui foram feitos para Hogwarts. Rastreiam, hã, incoveniências. Como degraus que cedem, portas de mentira, armadilhas suspeitas, essas coisas. Ah, chegamos.


No fim do corredor, havia um retrato de uma mulher gorda e vestida de rosa.


- Senha? - perguntou ela.


- Feijõezinhos de todos os sabores - respondeu Felipe.


A mulher fez que sim e o retrato girou, revelando uma passagem redonda na parede. Todos entraram.


Felipe mostrou às garotas a porta do seu dormitório e, aos meninos, a porta do deles. No alto de uma escada em caracol era óbvio que estavam em uma das torres. Encontraram finalmente suas camas, cinco camas com reposteiros de veludo vermelho-escuro. As malas já haviam sido trazidas. Alvo dividia o quarto com outros quatro garotos chamados Walter, Leo, David e Kris. Cansados demais para falar muito, eles enfiaram os pijamas e caíram na cama.


Tudo tinha acabado e agora eles estavam em Hogwarts. Alvo não podia estar mais feliz. Ele ia perguntar alguma coisa para os garotos, mas esqueceu, e nao importava mesmo, por que caiu no sono instantaneamente e os outros fizeram o mesmo.

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