O Expresso de Hogwarts
1. O Expresso de Hogwarts
Depois que Alvo não conseguiu mais distinguir qual era seu pai no meio de tantas outras pessoas, resolveu arranjar um lugar pra sentar. Ele foi andando pelo corredor comprido do Expresso de Hogwarts olhando para dentro das cabines, agradecendo por sua prima Rosa estar ao seu lado. Os dois pareceram ate aliviados ao encontrar a cabine em que os gemeos Lovegood se encontravam. James quase passou direto, mas Lorcan, ou Lysander, ja que eles nunca sabiam quem era quem (gemeos identicos sao um problema serio), se levantou e começou a gritar e a fazer sinais com as maos, chamando-os.
Os dois tinham os cabelos muito loiros, como os da mãe, os olhos castanhos cor de mel, eram altos pra idade e nunca se separavam. Eles não estavam nada nervosos. Lysander estava animado, nao conseguia parar de se mexer, já Lorcan parecia tranquilo, alheio ao que acontecia ao redor. Uma vez que todos estavam na cabine, James disse:
- Bom, ja estao entregues, felizes, com os amiguinhos, agora estou indo e pode falar pra mamae que eu cuidei de voces como ela pediu. Por que eu cuidei. Como ela pediu. Exatamente como ela disse. - ele estreitou os olhos como se desafiasse alguem a contraria-lo. Entao saiu apressado. - Tchau, tenho coisas importantes pra fazer.
- Coisas importantes? - disse um dos gêmeos, olhando para Alvo, pedindo explicações.
- Coisas que ele acha que são importantes. - disse Alvo, em tom de deboche - James não faz nada que preste.
Alvo se sentou e olhou pela janela. Rosa estava guardando sua mala no alto da cabine. Os gêmeos Lovegood estavam fazendo o mesmo quando alguém puxou as cortinas da cabine. Era um menino magro, da altura de Alvo, com cabelos em um tom de castanho meio loiro. Ele olhou para todos com os olhos muito verdes, e timidamente disse:
- Se importam se eu sentar aqui? O resto do trem esta cheio.
- Claro, senta aqui - disse Rosa apontando para o banco da frente, onde Alvo e Lysander se encontravam.
- Meu nome é Escórpio Malfoy. E o seu?
- Eu sou Lysander Lovegood. Esse é Lorcan, meu irmão gêmeo.. mas isso é óbvio. - todos riram.
- Eu sou Alvo Potter, e essa é minha prima, Rosa Weasley. Você é de que ano?
- Ah, é a minha primeira vez em Hogwarts. Tenho onze anos. É a primeira vez de vocês também? - todos disseram que sim ou assentiram com a cabeça.
- Menos meu irmão James. Ele é do segundo ano agora - disse Alvo, com uma pontada de orgulho. Todos pararam de falar por um tempo. Alvo estava muito nervoso para tentar puxar qualquer assunto, então deixou pra lá.
- Entao... Como voces acham que é lá? que casas vocês querem ficar? - Lorcan falou enquanto mexia na mochila, provavelmente procurando pela nova edição d\'O Pasquim, mas Alvo não estava ligando muito. Foi pego de surpresa por aquela pergunta. Em que casa ele iria ficar, afinal? É verdade que seu pai disse que ele poderia interferir na escolha, mas.. e se as coisas tivessem mudado? E se ele fosse parar na Sonserina? Ou pior: e se ele ficasse longe de Rosa, a única pessoa que realmente o conhecia em toda Hogwarts?
- Ah, eu não sei em que casa vou realmente ficar.. mas gostaria de ir para Grifinória. Casa dos corajosos! - Rosa disse, cheia de orgulho - Eu sei que o teto foi enfeitiçado para parecer o ceu! E tambem que tem um salao enorme onde todos comem juntos! Tem a copa de quadribol entre as casas, que parece ser realmente perigoso...
- Como sabe de tudo isso? - perguntou Escorpio - meu pai nao quis dizer nada, disse que eu ia ver quando chegasse lá!
- Minha mae me obrigou a ler Hogwarts: uma historia - respondeu a garota - ate que é um livro legal
- Esquece isso: nao importa se é perigoso, quadribol é o melhor jogo do mundo! É bom mesmo que tenha um campeonato em Hogwarts - respondeu Lorcan.
- Mas voces nao vao poder jogar mesmo - respondeu Rosa.
- É - disse Alvo - primeiranistas nao tem nem vassouras! - Depois de dizer isso, ele percebeu que tinha deixado Lorcan irritado. - Mas deixa pra lá.
- É, deixa. Em que casas vocês dois querem ficar? - disse Rosa.
- Eu não sei. Acho que qualquer casa pra mim seria a mesma coisa.. vou ter que estudar do mesmo jeito. - disse Lysander e Rosa deu um suspiro, e pela sua cara, dava pra ver claramente que não concordava com o que o amigo acabara de dizer.
- Eu realmente nao sei - disse Escorpio.
- É, eu que o diga - respondeu o outro gemeo.
- Como será que sao os professores?
- Eu conheço o Tio Neville, que é professor de Herbologia. Ele é muito amigo do meu pai - disse Alvo.
- É, a minha mae tambem é amiga dele - disse Lysander.
- Ei, Alvo, cade a sua coruja? - perguntou Lorcan.
- As corujas ficam em outra parte do trem - respondeu Rosa, antes que Alvo pudesse responder.
Antes que alguem pudesse dizer alguma coisa, ouviram uma voz.
- Alguem quer algo do carrinho?
Um homem barrigudo e meio careca apareceu empurrando o carrinho de comida. Rony, tio de Alvo, havia lhe contado tudo sobre esse carrinho: todos os doces, chocolates, balas.. Alvo lembrou que, em casa, ele tinha um pote enorme cheio desses doces e nunca se cansava deles.
Ele não tinha muito dinheiro, mas juntando o de todos, conseguiram comprar tudo o que queriam. Sapos de chocolate, feijõezinhos de todos os sabores (Escórpio comeu um sabor unha do pé e quase vomitou). Eram ainda melhores do que ele imaginava!
Compraram um pouco de tudo, a exeçao eram os sapos de chocolate: desses eles pediam um monte, por que a maioria das figurinhas vinha repetida, principalmente as de Alvo Dumbledore e Harry Potter, o que deixava Alvo meio sem graça pois todos ficavam perguntando coisas que as vezes ele nem sabia responder.
- Qual figurinha voce pegou? - perguntou Lorcan para Escorpio, que leu a mensagem abaixo da imagem do bruxo notável e disse:
- Alastor Moody.
- Acho que ja ouvi esse nome antes - disse Rosa, pela segunda vez no dia.
- Eu ja tenho ele - disse Lysander.
A viagem seguiu tranquila, agradável e cheia de risadas, por um tempo que Alvo não soube dizer. Naquele meio tempo entre deixar seus pais em King\'s Cross e passar pela seleção que poderia mudar sua vida, Alvo se sentiu muito bem. Esqueceu do nervosismo, da Sonserina, dos testes que iria estar fazendo em algum tempo...
Eles conversaram sobre várias coisas, e provavelmente Rosa percebeu que Alvo não queria falar sobre Casas, pois sempre que o assunto surgia ela dava um jeito de mudar antes que alguém pudesse dizer alguma coisa.
Conversaram sobre matérias, professores, o Salão Principal (Rosa fez um discurso extremamente desnecessário sobre o assunto, e só parou porque percebeu que ninguém estava prestando atenção) e sobre Quadribol (falaram em Quadribol por bastante tempo, a proposito). Tambem falaram sobre Gemialidades Weasley e chegaram a tirar as varinhas dos bolsos para compararem umas com as outras. Ouviam-se vozes de todo o lado do trem, de alunos conversando sobre suas ferias e dos anos anteriores na escola, de alunos nervosos por seu primeiro ano e monitores que passavam pelo corredor checando se tudo corria bem.
Escureceu bem rapido, as luzes se acenderam e os garotos ficaram mais ansiosos. A conversa parou lentamente e deu lugar ao silencio e foi exatamente aí que James apareceu.
- Caraca, Alvo! Ainda tão aí? E sem vestes? Tão pensando o quê? Que vão fazer a seleção com roupa de trouxa? Acho que se vocês entrarem assim no castelo vão ser espancados pelo Filch! - gritou James estressado. A verdade era que ele não tinha percebido que tinham quase chegado em Hogwarts.
- Ai James, não grita! - disse Rosa com cara de brava enquanto abria a mala para pegar as vestes - Volta pros seus afazeres importantes que a gente já tá indo. - zombou ela. James nem deu resposta: olhou com cara de desprezo, se virou e foi embora, mais uma vez.
- Esse é o irmão do Alvo, Escórpio. James. Uma graça, né? - disse um dos gêmeos revirando a mala. Todos riram enquanto tiravam as vestes e se preparavam para vesti-las.
Quando o trem parou na estaçao de Hogsmeade, todos ja tinham se vestido e pegado suas malas. Dava para ver a escola de lá e todos estavam realmente impressionados.Era um castelo enorme, com torres e mais torres, negra no escuro, com portas enormes e janelas retangulares e compridas...
Eles saíram junto com James (ele havia prometido para Hermione que acompanharia o irmão e a prima até Hagrid, para não correr a chance de se perderem, o que Alvo sabia que era impossível, e pelo jeito como James reagiu, também sabia). Mas o deixaram sozinho quando ouviram o grito de um homem muito alto, barbudo e cabeludo, meio sujo, que Alvo reconheceu ser Hagrid.
- Alunos do primeiro ano! Por favor, todos os alunos do primeiro ano aqui! Aqui! Primeiranistas! - reconheceram Hagrid na hora.
- É a gente, Alvo. Rosa, Lorcan, Lysander, vamos gente! - disse Escórpio. Dava pra ver na cara dele que estava mais animado do que nunca, e talvez um pouco nervoso.
- Oi, Hagrid - disse Alvo.
- Ah, Alvo, Rosa, alô! Lorcan, Lysander, ou Lysender e Lorcan, tanto faz! - disse ele, sem saber a mao de quem estava apertando - Ja estao no primeiro ano! Parece que foi ontem que seu pai atravessou o lago de barco! Subam, subam, cuidado para nao cair. EI! Ei, voce - se virou para outro aluno - Sem correr, menino! Você quer cair no lago? Eu disse sem correr!
Só agora Alvo percebeu: eles estavam em frente a um lago, mais escuro do que o céu. A única coisa que se via no lago era o reflexo da lua, mas Alvo sentia que deveria viver algum bicho perigoso ali dentro.
Ou talvez não.. eles não iriam deixar os alunos atravessarem um lago com um monstro dentro, ou iam? Os cinco entraram em um só barco. Quando Rosa sentou no barco e Escárpio pôs o pé direito nele ela soltou um gritinho fino:
- AH! Escorpio! O que que você tá pensando? Quer derrubar todo mundo no lago, agora? Toma mais cuidado, se não quiser levar um banho! Se esse barco virar, você vai ver só o que eu vou fazer.. - disse ela.
- Rosa! Menos, cara, menos! Relaxa. É só um lago - exclamou Lorcan.
- Nao me venha com essa de lago e nao me peça para relaxar!
Todos resolveram nao comentar mais. Fizeram silencio e olharam ao redor quando a viagem começou.
Por mais que seja difícil de acreditar, a pequena viagem até o outro lado do lago se seguiu tranquila. Rosa continuou tensa, sempre olhando para a água, e depois virando o olho rapidamente para o céu. Não demorou muito e já estavam quase em terra firme. Assim que encostaram no chão fora do lago, Rosa deu um pulo para fora do barco.
- Ai, aleluia!
- Ah, nem foi tão ruim. Eu até curti. - disse Lysander debochadamente para Rosa. Ela olhou com uma expressão de raiva, e ele percebeu que não era tempo para brincadeiras.
Hagrid sinalizou para que formassem uma fila em pares, organizadas. Eles seguiram até a porta do castelo. Era o lugar mais fascinante que Alvo já vira na vida.
Várias torres, tantas portas e janelas que ele nem sabia para onde olhar. Todos deveriam estar tão surpresos quanto ele, pois não conseguiam tirar os olhos do castelo. Lysander jurou ter visto um elfo domestico por la, usando aquelas meias diferentes em cada pé, como sempre faziam.
Pararam diante da, talvez, maior porta de todas.
- Então, gente.. Tá na hora - disse Hagrid enquanto abria as portas do que deveria ser o Salão Principal. James já havia lhe contado aonde as seleções aconteciam.
Quando eles entraram na sala, todos os olhos se viraram para o grupo de alunos novos. Todo aquele nervosismo que havia desaparecido num passe de mágica, voltou. E se ele se separasse de sua prima, dos gêmeos, e de seu novo amigo?
A probabilidade de todos irem para a mesma casa era mínima. Todos os pensamentos sobre o assunto passaram em sua cabeça como um raio, ele se perguntou se o chapeu levava mesmo em consideraçao a sua escolha e lembrou por último de seu pai falando sobre sua seleção.
"Levou comigo" foi o que ele disse. Será mesmo? Será que se Alvo pedisse para não ir para Sonserina, o Chapéu aceitaria?
Todos eles formaram mais uma fila, agora muito mais arrumada em frente a todos aqueles olhos do Salão. Ele olhou para Escórpio, e este sorriu para Alvo. Provavelmente não estava tão nervoso quando ele neste momento.
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