Narcisa Malfoy



Eu choro todas as noites. Às vezes, os dementadores me fazem o favor de me fazer adormecer. Pouco falta para implorar um beijo... Implorar um simples descanso... Mas sei que se eu perdesse minhas lembranças anteriores, continuaria sendo Narcisa Malfoy, presa em Azkaban.
Eu tenho muita sede, meu cabelo está levemente descolorido e não uso maquiagem a anos... Nunca deixaria Lúcio me ver desse jeito. 
Lúcio. Sinto falta da forma com que me consolava nas noites após as reuniões dos Comensais. Eu nunca fui... Mas sua aflição foi crescendo através dos anos... Deixando-me aflita. A forma com que me abraçava, nos deitando no sofá verde, na sala vazia enquanto uma lágrima gritante escorria por meu rosto. 
Sempre admirei as idéias e mente de Lord Voldemort, mas luto até hoje com a lembrança de Draco...Meu menino... Com tanto medo. Não me arrependo de ter estado lá por causa disso, tentar protegê-lo. Tarefa insuficientemente cumprida... Então, chamei Snape para cumprir essa tarefa por mim.
Lúcio sempre foi um bom marido e um bom pai. Entendo que exigia demais de Draco, queria atender a vontade de Voldemort quando chegasse a hora. No final, eu sei que ficou com medo. Eu o conheço bem demais e reconheço cada causa de cada olheira que ele costumava ter embaixo dos olhos azuis acinzentados. 
Agora, sinto ainda mais por Lúcio que parou neste lugar tão cedo. Não sabia onde minha família estava agora, e isto me deixava mais preocupada a cada dia... Meu marido e filho só me visitaram uma única vez. Mas sinto que vou os ver mais vezes... É só que... 
Não.
O que houve? O que... O que aconteceu?
Podia perfeitamente escutar a risada de Bella algumas celas a minha frente. Minha cabeça subiu, analisando a visão. Não! NÃO!
Na entrada de Azkaban, lá estava Draco. Não agüentaria saber que sofreria... Ainda mais.
Velho, magro, pálido... Assustado. Os dementadores o arrastavam sem muita paciência. Onde estava Lúcio? Onde estava a varinha de Draco? Eu não sabia. Mas quando passou por minha cela, também não me reconheceu. Teria gritado se tivesse voz... Ou força. 
Cheguei mais perto da grade, não me importando com os dementadores a frente delas... Meus dementadores. Coloquei o braço para fora, num ato desesperado de chamar a atenção de meu filho... Nada. 
Obscuro. Nada. Eu não sentia nada... Felicidades se foram... E lembranças também... Um beijo... Perto demais. Por Draco. 

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