O adeus de Dominique

20º capítulo: O adeus de Dominique

 

“Eu não sei bem o que pensaram de mim quando cheguei em Hogwarts, mas sei que eu achei tudo incrível. Hermione foi minha primeira amiga aqui, a pessoa mais inteligente que conheci. E sei que eu saí com um número enorme de meninos, mas tem um segredo que ninguém sabe e que vou revelar hoje. Para a pessoa certa. Meu coração também se apaixonou pela primeira vez, em Hogwarts, mas nunca tive coragem suficiente para dizer isso. Eu, a tão corajosa Dominique. Mas hoje vou dizer, porque é meu adeus. E eu não tenho mais medo. Ou talvez esteja só ignorando-o.”

 

-Dominique Lááutrec.

 

 

- Quanta roupa – Dominique resmungou enquanto olhava as malas.

 

- Vou sentir sua falta – Hermione murmurou enquanto ajudava Dominique a fechar suas malas – Daqui a pouco todo mundo vai está sabendo.

 

- É, eu sei – ela suspirou – Já comecei a me despedir. Só não consegui falar com Rony e Harry porque eles estão treinando no campo de quadribol.

 

- Mas vai se despedir deles, não é? – Hermione perguntou – Você sabe como o Rony gosta de você. Ele não me perdoaria se eu deixasse você partir sem dizer adeus.

 

- Eu vou dizer adeus sim – ela sorriu deprimida – Um último adeus.

 

Hermione e Dominique se encararam, tristes. Depois voltaram a arrumar as malas.

 

 ***

 

Colin contemplava o jardim do alto da escadaria principal. A fina camada de neve estava quase que no fim, era um alívio. O inverno demoraria mais alguns dias para acabar e deixar a primavera invadir tudo... Colin estava cansado dos corações tristes e das decepções... Ele precisava de férias do drama.

Mas, aparentemente, essas férias não iam chegar tão cedo. Lexie e Elisha estavam andando pelo jardim, conversando aos sussurros. Colin não pode deixar de reparar na beleza desconcertante de Lexie, já Elisha... Ela estava uma bagunça. Os olhos inchados e o cabelo preso de qualquer jeito em uma trança. As duas meninas o olharam e ele não conseguiu decifrar a expressão de Lexie. Ela parecia estar com raiva dele, mas seus olhos não diziam isso.

 

- Vamos – Lexie sussurrou para a melhor amiga, puxando Elisha pelo braço enquanto as duas passavam rapidamente por Colin.

 

Ele não se virou para vê-las entrar no saguão. Achou melhor fechar os olhos e tentar se lembrar do rosto de Lexie. A única garota que importava.

 

- Que ignorada, cara! – Hayden deu um tapa nas costas dele – Tudo bem?

 

- Acho que sim – ele murmurou – Não te vi chegar.

 

- Ah, eu estava logo ali – Hayden sorriu – Vi o olhar Colin-Creevey-Tem-Que-Morrer das duas. Sabe... Você é sempre tão bonzinho com as garotas. Jamais pensei que fosse receber olhares assim.

 

- Muito engraçado – Colin revirou os olhos para ele. Irritado.

 

- Estou brincando. Foi melhor assim Colin, sério – Hayden disse sincero – De que adianta ficar com ela se não gosta mais?

 

- Isso é uma droga.

 

- Como vão madames? – Hayden sorriu convidativo para Gina e Faith, que estavam descendo as escadas – Vocês estão radiantes hoje.

 

- Use suas cantadas nas meninas que ainda acreditam nelas – Gina retrucou, rindo.

 

- Essa doeu, super estrela – ele fingiu dor, colocando a mão no peito e arfando – Agora Faith, me ajude a tirar a lança que Gina enfiou em meu peito.

 

- Tão dramático – Gina e Faith falaram juntas, rindo.

 

- Hey, é verdade que a Dominique está indo embora? – Colin perguntou. Não queria que as amigas percebessem que ele estava chateado. Hayden provavelmente ia contar aos quatro ventos que Elisha o odiava agora. Ele não gostava desse tipo de atenção.

 

Nem de nenhum outro tipo. Tão diferente de minha amiga Gina Weasley.

 

- É sim – Gina confirmou – Hermione e ela estão fazendo as malas. Meio triste, não acham? Agora que eu estava ficando tão acostumada com a Dominique.

 

- Vamos ver o treino da Grifinória? – Hayden convidou.

 

- Claro – os três concordaram. Tad estava passando pelo saguão com Philip e Noah quando viu os quatro. Ele controlou o ciúme e continuou andando. Gina tinha seus amigos, então ele tinha que aceitar. Ele também parecia ter seus amigos de novo agora. Draco podia acusá-lo, mas as pessoas começavam a se lembrar de que Tad Nott um dia mandara na escola.

 

E estava prestes a fazer tudo de novo. Não sem sua primeira dama, é claro.

 

 ***

 

Scarlett estava sentada no sofá quando Terrence e Draco desceram dos dormitórios. Ela tentou imaginar uma situação, rapidamente, para colocar em prática.

Theodore conversa distraidamente com Owen bem do seu lado, então ela não pode perder tempo. Sentou no colo dele e o beijou com mais vontade do que o tinha beijado em todo o relacionamento confuso deles. Owen arregalou os olhos e começou a falar com Mitchel e Eduard, os outros garotos do time.

Scarlett Sorley, ele pensou, sempre chamando a atenção quando queria. Mas se uma garota bonita como ela não puder fazer isso, quem vai fazer?

 

- Nossa – Draco zombou – Alguém precisa de um quarto.

 

Terren estreitou os olhos ao ver Scarlett jogada em cima de Theodore. Será que os dois não tinham vergonha? Ou um mínimo de respeito para quem estava ali? Ainda era confuso para Terrence descobrir porque Scarlett o afetava tanto, ele só imaginava que era porque ela era como uma querida irmã.

 

- Theodore é um aproveitador – ele disse entre dentes.

 

- Aparentemente – Draco ergueu uma sobrancelha – Scarly é quem está abusando dele. Cuidado Terrence... Ou eu posso pensar que você está com ciúme.

 

- Não seja ridículo, Malfoy – Terrence olhou irritado para ele – Só acho que nós, como amigos dela, deveríamos impedir esse tipo de situação.

 

- Conta outra – Draco riu, sentando no mesmo sofá de Mitchel e Eduard.

 

Terrence ainda olhou para Scarlett, sentindo o estômago se contorcer de raiva enquanto os dedos dela passavam suavemente pelo cabelo de Nott. Por fim, sentou-se no chão, perto dos garotos. Para variar, estavam falando de quadribol.

 

- O Nott é um jogador excelente – Mitchel comentou – Sério Draco, você precisa levar isso em consideração.

 

- Vocês estão se esquecendo de que o time está completo – Draco disse irritado. Nem por cima de seu cadáver Tad Nott jogaria quadribol – Ninguém precisa dele.

 

- Nós sabemos que vocês têm suas diferenças – Eduard deu de ombros – Mas pelo menos no time reserva ele precisa entrar.

 

Draco desviou os olhos, tão irritado que queria levantar dali e sair andando. Terrence lançou um olhar contrariado para ele. Tudo porque Scarlett ainda estava fazendo uma cena com Theo. Será que Terrence não podia perceber que Scarlett era apaixonada por ele? Isso com certeza facilitaria as coisas.

 

- Nós precisamos de plano de ataque – Draco falou, tentando desviar a atenção de Tad – Vocês têm algumas idéias?

 

- Claro que sim – Mitchel disse animado. Draco sabia que daria certo, porque todo mundo quer colocar o bico no time. É inevitável.

 

 ***

 

Pansy não usou toda a delicadeza que aprendera ainda criança quando resolveu, num impulso, invadir o quarto de Blaise e descobrir se ele sentia alguma coisa por ver seu rápido romance francês de malas prontas para o lugar de onde jamais deveria ter saído. Já vai tarde Dominique!

Blaise estava dormindo profundamente, embolado nas cobertas e curtindo os resquícios de inverno. Seu cabelo parecia uma massa confusa e macia, e Pansy quis bater nele por despertar nela o desejo de passar a mão em seu estúpido cabelo desalinhado.

Ela o sacudiu com violência. Mas Blaise demorou mais de um minuto para realmente sentir o toque dela. Ele abriu os olhos e sorriu, vendo sua miragem maldosa, P. Anne. Nossa eterna princesa.

 

- Bom dia, P. Anne – ele murmurou, olhando encantado para ela. Era difícil não olhar os irresistíveis olhos azuis de Pansy.

 

Blaise também andara deprimido pelo ultimato que dera em Pansy. A verdade é que ele estava tão apaixonado que aceitaria até migalhas dela. Algo parecido com a patética devoção de Scarlett por Terrence.

 

- E então Zabini – ela cruzou os braços e saiu de perto dele. Não, ela precisava manter suas mãos longe dele, ou estaria perdida – Chateado porque a francesa vai embora?

 

- Com ciúmes? – ele zombou de uma maneira cretina, empurrando as cobertas e andando calmamente até o banheiro.

 

Bem, ele tinha todo o tempo do mundo não é mesmo?

 

- Vai sonhando – Pansy revirou os olhos, olhando cobiçosa para os perfeitos músculos das costas de Blaise. Porque ele tinha que ser tão lindo?

 

- Ela me contou ontem – ele disse, a voz saindo abafada porque a porta do banheiro estava fechada – Nós já nos despedimos descentemente, se é isso que quer saber.

 

- Bem, eu não queria – ela disse indignada. Será que Blaise não sabia que isso era informação demais? – Só vim ver se vai sentir tantas saudades assim.

 

- Então o furacão Parkinson me acordou, tão rudemente, apenas para saber se eu amo Dominique? – Pansy sabia que ele estava rindo, e isso a enfureceu mais ainda – Não Pansy... Eu ainda amo você – Blaise saiu do banheiro, duas gotinhas de água pingando em seu ombro – Só você – ele repetiu, olhando nos olhos dela.

 

- Não seja estúpido – Pansy falou, sentindo o estômago pular ridiculamente – Eu só queria... Só queria... – ela estava sem palavras.

 

Blaise sorriu e andou até ela.

 

-Porque você não aceita o fato de que me ama? – ele perguntou gentilmente, tocando o rosto dela – Assim como eu amo você. Draco não vai ligar Pansy... Não mesmo.

 

- Você está acabando com os meus nervos – ela murmurou.

 

- Como é? – Blaise se aproximou do rosto dela, sem entender o que ela havia dito.

 

- Meus nervos – Pansy repetiu, falando mais alto – Você está acabando com eles.

 

Blaise riu. Um riso divertido e irresistível. Pansy nem cogitou a possibilidade de pará-lo quando Blaise a jogou em sua cama desarrumada e começou a beijá-la.

 

 ***

 

Hermione estava uma pilha de nervos quando desceu para o salão comunal. Não bastando o fato de sua melhor amiga estar indo embora, ela ainda tinha que aceitar Harry e Alyssa se agarrando pelos cantos. Por isso, ao cruzar com Lyss naquela manhã, Hermione a arrastou para um canto do salão comunal e despejou toda a raiva que sentia.

 

- Você vai largá-lo agora – ela esbravejou, mas a única coisa que arrancou de Lyss foi um risinho.

 

- Não seja ridícula, Hermione – Lyss revirou os olhos – Eu amo Harry e ele fez sua escolha. Eu.

 

- Ele me ama, Alyssa – ela disse séria, apertando o braço de Lyss com força – Entendeu? Ele me ama, não você. Vai aceitar isso?

 

- Você não entende. Eu não me importo com o que ele me dá Hermione, já estou feliz por ser a oficial – Lyss realmente estava falando sério – Eu o amo, e se ele quiser ter seus casinhos pelos cantos, não vou me importar.

 

- Você é tão patética – Hermione ofegou.

 

- Então engole essa – Lyss riu maldosa, deixando Hermione congelada – Porque a patética aqui tem Harry Potter, e não você.

 

 ***

 

Já estava quase na hora do almoço quando Harry decidiu encerrar o treino. Ele tinha mandado um bilhete para Draco, através da garota-coruja mais eficiente, Delilah. Então ele e Rony enrolaram no vestiário e, quarenta minutos depois do fim do treino, a cabeça loira de Draco foi avistada por eles.

 

- Esse cara se acha o máximo – Rony bufou.

 

- Deve ser por causa daquele apelido estúpido – Harry comentou – Príncipe Sonserino. É tão ridículo isso.

 

- E então, Potter? – Draco perguntou, parando na frente deles – Weasley. O que vocês querem comigo?

 

- Eu estou quase desistindo – Harry confessou – A Gina está irredutível do lado daquele cara. Eu e Rony não sabemos mais o que fazer, ou falar.

 

- Estou tentando cuidar dessa cara com meus meios – Draco falou, meio sombrio.

 

- É – Rony zombou – É de conhecimento geral que na última semana você e o Nott não só duelaram cinco vezes quando também saíram no soco umas dez vezes.

 

- Isso não é da sua conta, Weasley – Draco disse sério – Se a irmã fosse minha, eu sairia no soco ao invés de assistir a despurificação dela.

 

- O que quer dizer com isso? – Rony perguntou irritado, levantando-se e encarando Draco – O que esse cara está fazendo com a minha irmãzinha?

 

- Calma – Harry segurou Rony, acalmando os ânimos – A situação é a seguinte, Malfoy. Nós precisamos agir, agora.

 

- Temos que armar para ele, fazer a Gina ver – Draco falou – Algo bem feito.

 

- Certo, isso parece bom – Harry considerou. Depois sorriu – Sabe Malfoy, eu fiquei chocado quando descobri que você e a Gina tinham um caso. Quer dizer, como ela poderia ficar com a pior pessoa da escola? Mas então ela começa a sair com o Tad Nott, um cara pior ainda que você.

 

- Eu sei disso – Draco também riu.

 

Uma coisa inédita aconteceu naquele instante. Os três garotos riram juntos, da deprimente e cômica situação. Agora me pergunto, o mundo está em seu fim ou a culpa é da primavera? Que já está quase chegando... E com isso expulsando toda a neve e tristeza desse castelo.

 

 ***

 

Gina e Luna conversavam em um canto enquanto observavam a neve ir se derretendo aos poucos. Gina já estava vendo pedaços de grama. E ela estava tão verdinha, tão cheia de promessas quanto seu coração.

 

- Zacarias está me enlouquecendo por causa de quadribol – Luna sorriu, aproveitando o inesperado e caloroso sol de fim de inverno.

 

- Agora que os jogos recomeçam – Gina suspirou – Todos os garotos vão nos enlouquecer. Com a exceção de Terren – ela sorriu – Conversei com ele ontem mesmo. Ele não está nem aí para os jogos, mas acho que está apaixonado.

 

- Não pela Hermione, espero. Você sabe que ela ama Harry.

 

- Não – Gina balançou a cabeça – Não é pela Hermione, infelizmente. Acho que é pela piranha da Scarlett. Mas nunca se sabe.

 

- Oi, meninas – Faith sorriu, sentando-se do lado de Gina na mesa de pedra – Viram a Zéllie? Ela sumiu.

 

- Não – Gina falou – Mas daqui a pouco ela aparece. Já é quase hora do almoço.

 

- Que tempo agradável – Faith sorriu, fechando os olhos. As três meninas ficaram ali, sentadas em cima de uma das mesas de pedras daquela parte do jardim. Prevendo a agradável estação que chegava. É realmente bom estar em paz.

 

 ***

 

Hayden cruzou os braços enquanto via Zéllie se agarrar com um dos titulares do time de quadribol da Corvinal. Se ela fazia tanta questão assim, ele poderia pedir para Harry uma vaga no time reserva. Bem, ele teria um uniforme pelo menos.

Ela parecia reluzente enquanto as mãos do garoto iam cada vez mais para baixo. O cabelo castanho claro, ou seria castanho escuro... Ele não conseguia definir muito bem. Os olhos azuis faiscantes.

 

- Não adianta ficar olhando – Colin falou – Ela não vai se apaixonar por você, Hayden. A Zéllie é vivida.

 

- A Lexie também é – Hayden disse irritado. Só porque Colin estava deprimido ele não tinha o direito de acabar com suas míseras esperanças – Agora não seja um estraga prazeres e sorria. Você está afastando todas as garotas.

 

- Como se eu fosse querer namorar – Colin resmungou.

 

- Mas você está solteiro – Hayden observou, desconfiado – Porque você quis. Você deu o chute. Colin – uma luz se iluminou – Você está apaixonado! – era uma acusação.

 

- Hein? – Colin arregalou os olhos. De onde isso tinha vindo.

 

- Está sim – Hayden riu – Tão pateticamente apaixonado.

 

- Não estou não – Colin se defendeu, olhando o relógio e rezando para que a hora do almoço chegasse logo – A Gina é a garota sentada ali na mesa?

 

- Ela e mais duas – Hayden falou – Vamos lá. Não quero ver a Zéllie com esse cara.

 

 ***

 

Pansy, Scarlett e Dakota desceram a escadaria principal de Hogwarts se sentindo verdadeiras princesas. Mesmo com o pouquíssimo sol, as três usavam óculos de sol. E tinham sorrisos imensos. Pansy tinha beijado Blaise, por mais de uma hora, Scarlett percebera o ciúmes em Terren e Dakota, bem, ela estava tentando pensar positivo e ver se isso atraía Huxley.

Elas se sentiam no centro do mundo, descendo os degraus, olhando o jardim abarrotado de pessoas animadas. Já estava com os pés no último degrau quando uma cena as chocou, e elas ficaram ali, paradas.

Noah andava com todo o time da Sonserina, tirando Draco e Blaise, até Gina e seus quatro amigos. Luna, Faith, Colin e Hayden. Elas fecharam a cara, olhando enquanto todos se cumprimentavam como grandes amigos. Quando foi que o mundo parou e Gina Weasley virou o centro da atenção das pessoas populares da Sonserina?

 

- Meu coração está congelado – Scarlett disse lentamente, tirando os óculos de sol.

 

- Eu não posso acreditar nisso – Dakota arfou, vendo Owen dar um beijo no rosto de Gina e tentar, nada discretamente, passar uma cantada nela. Não só ele. Ela parecia a porra de um pote de mel e eles eram as formigas famintas – Como é que todos eles viraram esse grupo feliz? – ela colocou os óculos no topo da cabeça.

 

Pansy também tirou os óculos e não posso deixar de observar que pareceu uma coisa ensaiada. Ficou feio até, mas não teria coragem de dizer isso para as enfurecidas garotas.

 

- Eu nunca pensei que fosse dizer isso – Pansy encarou as amigas – Mas acho que preciso de uma bebida.

 

 ***

 

Rony ficou sentado nas arquibancadas, deprimido. Ele estava tentando fugir de Wynter, porque era irritante beijá-la quando ele só queria sua francesa. Harry já tinha ido embora, assim como Draco Malfoy. Ele devia estar com a cabeça confusa para cogitar a possibilidade de juntar suas forças as de Draco Malfoy.

Mas o desespero muda qualquer um.

 

 ***

 

Tad observou, de longe, Gina sorrir enquanto apreciava ser o centro das atenções. Ele gostava de vê-lo sorrir daquele jeito. E isso porque ele ainda não viu o sorriso secreto dela. Aquele que só Draco conhece. Ele também não pode deixar de reparar nos olhares terríveis que ela recebia de Scarlett, Pansy e Dakota. Tad riu.

Nenhum boato ruim sobre Gina circulava na escola. Ela estava tão maculada quanto a primeira neve do inverno.

 

- E aí, Tad! – Owen cumprimentou.

 

- Nós estávamos falando hoje cedo sobre você entrar para o time – Mitchel falou – Você devia tentar. Sabe que joga bem.

 

- É, eu vou ver – Tad riu. Ele e Eduard já tinham conversado sobre isso. O primeiro passo tinha sido instigar os outros jogadores, porque eles então enlouqueceriam Draco com esse assunto.

 

Tad ia pensar depois em um jeito simples de tirar um jogador titular. Ele seria o salvador de Draco Malfoy. Os outros garotos continuaram conversando com ele, tratando Tad como um grande amigo. Agora não parecia que quando chegara ele tinha sido tratado como um leproso. Tad estava voltando aos holofotes, graças a sua reluzente parceira. Gina.

 

- Oi – Gina sorriu quando Tad segurou a mão dela e a puxou de cima da mesa – Você viu como todos estão se dando bem? Luna está no maior papo com o Philip.

 

- Sim, eu sei – ele apertou levemente as mãos dela – Não olhe, mas suas inimigas estão te encarando há um tempão.

 

- Eu já vi. Falando nisso, Tad – ela se aproximou mais dele, para que ninguém os ouvisse – Agora que eu consegui tudo de volta, mais do que eu tinha antes na verdade, eu estou pensando em dar um tempo.

 

- Sério? – Tad olhou surpreso para ela – Sem vingança.

 

- Nada disso – Gina sorriu – Disse dar um tempo, esquecer... Jamais!

 

- Quero te falar uma coisa. Vem comigo – ele a puxou para longe da mesa movimentada – Não quero que os outros vejam.

 

- Tudo bem – Gina concordou. Tudo para Tad.

 

 ***

 

Draco ficou olhando escondido nas árvores. Ele viu o momento em que Tad levou Gina para longe de todos, e não pode evitar o impulso de segui-los. A verdade é que ele queria repetir a dose, se encontrar com Gina para outro encontro noturno. Dormir com ela foi a coisa mais importante que já havia feito na vida, ele não poderia negar isso.

Então ele escutou, chocado, Tad dizer para Gina que queria fazer uma coisa a muito tempo. Isso tudo um segundo antes dele beijá-la. Ele fechou os punhos com força, socando uma árvore para não quebrar a cara de Tad.

Não que ele não fosse fazer isso, mas não faria na frente de Gina. Mais tarde seria o momento ideal. Possesso de raiva ele deu as costas para os dois, desaparecendo no meio da mata. Mas que drama Malfoy.

 

 ***

 

Gina sorriu ao afastar-se de Tad. Ela percebia os olhares deles nos últimos tempos, então não tinha sido uma surpresa. Mas ela não queria encarar isso agora, não quando ainda digeria a idéia de ter tido sua primeira vez com Draco Malfoy. E pior ainda, a vontade de repetir a dose. Já faziam mais de cinco dias que os dois não conversavam. Gina andava cada vez mais cercada de pessoas por onde ia, então passar despercebida era um problema.

Mesmo assim ela sabia que ele estava sempre por perto. Porque podia senti-lo.

 

- Eu preciso ir – ela disse – Vou me despedir de Dominique.

 

- Vou com você – Tad segurou a mão dela.

 

- Tudo bem.

 

 ***

 

Rony correu desesperado, cruzando os jardins. Harry tinha acabado de correr até o campo de quadribol para avisar que Dominique estava atrás dele, procurando-o para dizer adeus. Não, ela não podia ir sem que ele tivesse a chance de dizer o que sentia.

 

  ***

 

Huxley estava entrando no salão principal quando Dakota o avistou. Ela não perdeu tempo, despediu-se de Pansy e Scarlett, e andou apressada até ele. Já fazia um tempinho que queria conversar com ele de novo. Mas a maldita namorada, Allie, não o deixava sozinho.

 

- Huxie! – Zéllie gritou escandalosa, correndo e ultrapassando Dakota.

 

Dakota olhou irritada enquanto via irmã de seu possível novo amor cortar a fila para tirá-lo dela.

 

- Não me chame assim – ele murmurou – Esse apelido é humilhante.

 

-A Allie estava te procurando – Zéllie mentiu – Ela, o Sven, o Nash... Todos os seus queridos amiguinhos, irmão – ela riu.

 

- Porque está tão feliz? – ele perguntou desconfiado, nem mesmo percebendo que Dakota estava há poucos passos de onde ele estava - Vem almoçar – Huxley a chamou – Depois falo com eles.

 

- Vai na frente – Zéllie sorriu, satisfeita – Vejo você depois.

 

- Se cuida – ele disse, entrando no salão principal e procurando um conhecido na mesa da Corvinal. Considerando-se que ele conhece todo mundo não vai ser difícil achar um lugar para almoçar.

 

Dakota cruzou os braços e fuzilou Zéllie com o olhar, mas Zéllie não era muito fácil de intimidar. Então ela lançou seu mais irritante sorriso cínico para Dakota e andou calmamente até ela.

 

- Foi de propósito, não foi? – Dakota acusou, irritada.

 

- Loira, mas não tão burra – Zéllie ainda ria, de um jeitinho cada vez mais e mais irritante. Dakota queria pular no pescoço dela – Sabe garota, já vou logo avisando. Meu irmão não sai com garotas como você – ela disse com desdém – Pode esquecer vadia, ele não vai ser seu.

 

Dakota abriu a boca para responder, incrédula. Mas Zéllie já estava longe antes mesmo dela conseguir formular uma frase.

 

 ***

 

Dominique e Rony se encontraram no meio do caminho. Ela estava com o cabelo despenteado, parecendo desesperada.

 

- Eu estava indo atrás de você – ela ofegou, parando na frente de Rony.

 

- Eu também – ele murmurou, dando mais um passo e beijando-a.

 

Dominique teria ficado surpresa com a reação dele se não tivesse pensando em fazer isso o tempo todo. Então ela simplesmente correspondeu com fervor ao beijo que mais esperara desde que colocara seus pés em Hogwarts. Ela se lembrava do primeiro momento em que o viu.

Rony estava emburrado no sofá do salão comunal da Grifinória, reclamando do calor. Foi uma paixão fulminante, que Dominique jamais sentira a vida toda. Mas veio o medo e a consciência de que amores de escola nunca duram para sempre. Uma mentira claro, mas como ela poderia ter certeza disso? E Rony era tão apaixonado por Wynter... Cada vez que ela o via olhar para a namorada seu coração partia-se um pouco.

Então Dominique saiu com muitos garotos. Muitos mesmo. E tentou se divertir. Ela conseguiu ter êxito nisso, mas nunca conseguiu esquecer Rony. E as semanas iam passando e ela ia se consumindo por isso. Vendo as coisas acontecerem, os casais terminarem e voltarem. Ela só queria ficar longe disso, longe de ter um coração partido. Não que a distância tenha evitado sofrimento.

Como ela explicaria para Rony que o amava, mas que não acreditava em namoros de escola? Como explicaria que jamais sentira aquilo por alguém, e que se ele esperasse mais uns anos, ela seria sua? A decisão dos pais de mandá-la para a França lhe dera a coragem necessária para expor o que sentia, e ela tinha procurado muito por ele.

 

- Eu estava desesperado, pensando que não teria a chance de fazer isso – ele murmurou, encostando sua testa na dela – Eu queria fazer isso há tanto tempo, Dominique. Eu amo você. Eu te amo há meses.

 

Dominique fechou os olhos e se permitiu chorar. Coisa que não fazia há muito tempo. Rony a beijou mais uma, duas, três vezes. Até que a voz de Hermione os alcançou, e eles tiveram que se separar.

 

- A carruagem está te esperando – ela disse, olhando confusa os dois. Eles estavam se beijando ou era só impressão?

 

- Tá – Dominique tentou segurar as lágrimas – Vamos.

 

Os três andaram em silêncio até a carruagem. Várias pessoas estavam ali para se despedir de Dominique, a francesa mais famosa e linda de Hogwarts. Rony olhou sem acreditar enquanto o grande amor de sua vida ia embora. Porque ele tinha demorado tanto? Porque a coragem só aparecera naquele momento? O beijo dela era melhor ainda do que ele tinha imaginado.

 

- Mande uma carta assim que se acomodar – Hermione falou, abraçando a amiga.

 

Rony observou em silêncio enquanto ela ia se despedindo das pessoas. A finíssima camada de gelo estava se partindo lentamente e ele já podia ver a grama em vários pontos. A neve ia derretendo, caindo lentamente das folhas das árvores, das plantas. Ele fixou seu olhar nela, embasbacado. Como ela poderia estar tão absolutamente maravilhosa enquanto partia seu coração? Agora ele se perguntava se ela retribuíra o beijo apenas porque era um adeus, ou se sentia algo também.

 

- Tchau, francesinha – Blaise a abraçou. Assim como todos os seus amores passageiros em Hogwarts. Foi uma estadia curta, mas ela definitivamente fez amizades. Sei que ela vai deixar uma marca em todos nós.

 

- Tchau – Rony murmurou e sem se importar com as pessoas a beijou. Ninguém ficou muito surpreso. Rony nunca foi bom em esconder sentimentos.

 

- Adeus, Ronald Weasley – e seu sorriso, ao dizer aquilo, era o mais triste que Rony já vira em toda a sua vida. Ele segurou a mão dela e a ajudou a entrar na carruagem. Dominique abriu a janela e se inclinou para fora. Ela só conseguia ver Rony, e não a multidão que fora se despedir. Ela deu mais um beijo nele, arrebatador, e então a carruagem começou a se mover lentamente. Mas antes que ela sumisse pelos portões de ferro Dominique ainda teve tempo de dizer uma última coisa.

 

- Rony Weasley – ela murmurou, chorando e sorrindo – Porque você demorou tanto? – enquanto a carruagem sumia no horizonte os raios de sol se intensificaram e a pouca neve que restara começou a derreter com uma rapidez impressionante. Era como se a natureza soubesse e estivesse dizendo adeus. Então irei dizer também. Adeus Dominique. Não desapareça como a neve. Porque você deixou um coração para trás.

 

-x-

 

Nota da Autora: É isso gente, o próximo post é com os dois últimos capítulos da terceira temporada. A quarta já está engatada, mandei as fotos do cast pra querida da minha beta, a Dóris, e ela vai deixar tudo naquela perfeição de sempre. Não demoro, porque quero começar a quarta até o  começo do mês que vem! É isso meninas, amei os coments e quero muito mais hein! bjoo

 

Nota da Beta: Whoa, tensa demais essa despedida, e como sempre, Rony se atrasou demais... bem, espero que, um dia, a Domi volte – adoro a francesinha. E vamos gritar um FINALMENTE pro Tad, né não galera?

 

 

 

 

 

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