Neblina
16º capítulo: Neblina
“É realmente fácil julgar quando se está de fora. Ninguém nunca me perguntou como é amar duas garotas ao mesmo tempo. Eu já me aproveitei dessa situação, e talvez por isso mesmo esteja enterrado nisso tudo. Eu não sei mais como me livrar disso, não sei quem escolher. E como se não bastasse, não paro de pensar em Zéllie Rowell. Eu sei que ela nem mesmo olha para mim, porque eu tenho a fama. Então me pergunto, ao brincar com Lexie e Faith eu posso ter perdido um possível amor? Ou eu ia enjoar de Zéllie de qualquer forma? Acredite em mim, você não ia querer estar no meu lugar.”
-Hayden Vaughn.
Hayden aproveitou a loucura do salão comunal para correr para seu dormitório. Ele sabia que Colin já tinha tirado as fotos de Zéllie Rowell e realmente queria pegar alguma de recordação. Ou algumas. Ele estava pouco se lixando para o negócio da Dakota ter engravidado de um professor, mas ele era realmente o único a não ligar.
Abriu o guarda-roupa de Colin e começou a mexer nos álbuns. Não foi difícil achar. Mas se ele tivesse olhado um pouquinho mais ia conseguir achar o esconderijo, onde as fotos de Lexie ficavam. Isso com certeza ia estragar um pouco as coisas para o lado de Colin.
Mas Hayden tinha suas duas fotos e não havia danos. Ele arrumou tudo certinho, escondeu as fotos em suas coisas e saiu do quarto.
***
Gina correu pelo castelo, sentindo um alívio tão grande que queria sorrir. E gritar. E chorar. Ela estava viva de novo. Trombou com Tad, que também corria, mas ia para a Grifinória falar com ela.
- Estava indo falar com você – ele a segurou pelos ombros – A notícia chegou na Sonserina em dez minutos.
- Eu sei! – ela riu.
Tad a abraçou e sem nenhuma dificuldade a ergueu do chão. Gina e Tad giraram no corredor, realmente assustando as pessoas que passavam. E eles riam, e falavam e riam de novo. Foi nesse instante que Draco chegou, quando ele e ela ainda giravam. Então ele também viu quando Tad beijou Gina rapidamente. Um beijo de um segundo, mas tão íntimo que Draco quis socar a cara dele.
***
Dakota acabou de fechar sua última mala, os olhos ainda inchados depois de chorar por quatro horas seguidas. Ela tinha implorado para os pais quinze dias de férias, e eles não negaram. Sabiam de todo o drama do bebê e não queriam ver sua filha sofrendo. Por isso, no meio da madrugada, a destruída Dakota fugiu de Hogwarts, sem ninguém ver.
***
Uma semana depois...
Hermione cruzou os braços e olhou impacientemente para Terrence. Ela já sabia o que ia acontecer. Os dois tinham passado pouco tempo juntos nos últimos dias, e acabavam sempre brigando. Ela não conseguia mais se concentrar e tentar salvar o relacionamento, porque o ciúme que sentia de Harry e Lexie a consumia.
- Eu sinto muito – ele disse sério, meio derrotado. Porque tinha colocado todas as suas fichas no namoro, mas não aguentava as inseguranças dela.
E tudo só piorou quando ele percebeu que Hermione não podia mais tirar os olhos de Harry. No fundo ele sempre tinha esperado por aquilo, porque Harry e Hermione faziam o tipo almas gêmeas. Ele tentou lutar contra, e perdeu.
- Eu também – ela suspirou, segurando o choro. A sala vazia parecia cada vez maior, e mais escura – Nós tentamos, não é?
- Talvez – ele esboçou um leve sorriso – Acho que você ama o Harry, Hermione. Na verdade eu tenho certeza disso.
- Eu amei você, Terren – ela disse séria, e uma lágrima escapou de seus olhos – Sei que amei.
- Você sempre pertenceu a ele, só estava confusa – Terrence observou o rosto perfeito de Hermione – Eu fui só uma distração. Já entendi isso. Você precisava ter certeza de que amava Harry e eu acabei de ajudando com isso.
- Você me odeia? – ela perguntou amuada.
- Eu nunca vou odiar você – ele se levantou e a abraçou – Não sou capaz disso.
- Me desculpe – ela disse entre soluços, chorando compulsivamente enquanto os braços de Terrence se apertavam ao redor de seu corpo, confortando-a.
Eu não conhecia esse lado de Terrence. Então além de um conquistador ele é, acima de tudo, um cavalheiro. Droga, isso só me faz gostar mais ainda dele.
***
Hayden ficou escondido, observando Faith, Zéllie e Gina saindo do salão principal. Ele não conseguia tirar os olhos de Zéllie e isso realmente o irritava, principalmente porque ela não lançava um único olhar. Ele também tinha parado de insistir em Faith, porque era como tinha conversado com Colin, para que insistir se ele ia estragar tudo mesmo?
Ele gostou de observá-las sorrindo, animadas. Ele não sabia direito se isso era por Dakota estar fora ou porque elas eram muito amigas agora, mais do que ele podia ter imaginado.
- Espiando? – Colin perguntou divertido, assustando-o.
- Não tem graça – Hayden cruzou os braços e lançou um olhar irritado para ele – Só estava olhando as... as... coisas.
- Conta outra – Colin riu – Como se não bastasse sua indecisão entre a Lexie e a Faith, você agora quer ir para cima da Zéllie? Você precisa se decidir.
- Eu cansei de brincar e das indecisões. Eu acho que já fiz minha escolha.
E Colin arregalou os olhos ao ouvi-lo dizer aquilo, porque pela primeira vez na vida Hayden tinha certeza de alguma coisa.
- E eu vou fazer do jeito certo – Hayden continuou – Eu vou conquistar Zéllie Rowell do jeito certo, com romance e flores. Chega de encontros e salas vazias.
- Isso é... – Colin recuperou o fôlego – Inacreditável.
Mas não vamos nos animar, com o Hayden nunca se sabe quando a decisão de hoje embrulha o peixe amanhã. Ah, mas não era o jornal?
***
Scarlett cruzou as pernas e observou, silenciosamente, o pôr-do-sol. Era bom vê-lo depois de um dia todo de céu nublado. A neve parecia um pouco mais baixa agora, ela até podia andar de salto pelo jardim sem o perigo de quebrar o pé. Ela suspirou, infeliz. Terrence estava solteiro, de novo, isso deveria ter resolvido seus problemas. Mas ela começava a ver que não importavam as armações, Terren talvez não fosse o cara certo para ela.
A única coisa a fazer então era se convencer disso.
- Tão sozinha? – Terrence sorriu enquanto andava até Scarlett – Agora me diz, como você conseguiu sentar no alto desse muro. Têm dois metros de altura.
- Eu sou uma bruxa Terren – ela revirou os olhos, divertida – Não foi tão difícil assim.
- Estava te procurando – ele falou, pegando impulso no chão e sentando-se do lado dela um segundo depois – Bonito aqui – ele observou.
Scarlett tinha escolhido um bom lugar. Ficava perto das ruínas do lado oeste, distante dos jardins principais e com uma vista incrível do imenso Lago Negro. Ele estava tentando se manter ocupado nos últimos dias, porque ainda doía lembrar de mais uma relação que fracassara.
Nas poucas vezes que vira Hermione não conseguiu realmente ter nenhuma reação. Ela parecia infeliz, andando com a francesa. Ele também estava infeliz, mas no fundo se sentia aliviado. As coisas não iam dar certo, não havia motivo para insistir.
- Dakota sumiu – ela disse, baixinho. Estar em um lugar lindo daqueles, vendo o pôr-do-sol, deixava subtendido que se deveria falar baixo, não perturbar a natureza – Será que ela está bem?
- A história da gravidez é horrível – ele disse frustrado – Sabe, eu realmente não vou sentir falta dessa parte. As coisas são tão cruéis e rudes por aqui. Todo mundo passando por cima de tudo para ficar no topo.
- Sabe por que existe o topo? – Scarlett o encarou sombriamente – Porque estamos pisando nas pessoas, Terren. Não há topo, nós o criamos.
- Você acha que ela já não havia sofrido o suficiente com a história? – Terren suspirou – E agora esse boato toma conta da escola, como aconteceu com Gina.
- Mas ela está se recuperando – Scarlett falou, e não conseguiu esconder o desagrado – Quase ninguém fala dela mais, Tad a está transformando em uma mini celebridade ou coisa assim.
- Ele não deixa ninguém falar nada dela – Terrence sorriu – Pelo menos isso ele está fazendo direito. A Gina não merece ser machucada, ela é uma boa pessoa.
- Nos seus sonhos – Scarlett revirou os olhos – Não acredito que Tad está conseguindo enterrar todas as histórias dela que corriam pela escola, os boatos...
- Até o fim do inverno Gina já voltou para o topo – Terrence previu – Com toda a certeza – eu acredito nele sim. Mas com uma pequena diferença, Gina não estará no topo, mas sim acima dele. Porque ela vai chegar lá pisando em Scarlett e nos outros. Um terceiro nível, até então, inexistente.
***
- E todo mundo achou aquilo horrível – Lexie sorriu, as pernas em cima das pernas de Harry enquanto os dois curtiam um momento de paz na escadaria principal do colégio. Lexie parecia confortável, apoiada em Harry. E quem não estaria – Eu, claro, morri de ri.
- É claro que sim – ele sorriu, os olhos verdes brilhando tanto quando o sobretudo verde escuro que ele usava. Um presente caro de Lexie.
- Mas agora me conte uma coisa sua – ela pediu, olhando-o atentamente – Como a vez em que vocês fugiram do Draco e de um monte de gente da Sonserina e acabou indo parar em Londres.
- Foi terrível, na verdade – ele suspirou. Como era bom falar com Lexie, ela conseguia transformar todas as coisas traumáticas de sua vida em diversão – Mas eu pelo menos fiquei uns dias sem aula.
- Não se falava de outra coisa na escola – ela gargalhou, jogando a cabeça levemente para trás ao fazer isso. Harry a achou adorável – Eu me lembro da Pansy e da Scarlett, surtando porque o Draco estava descontando sua raiva em todo mundo.
- Tirando as partes ruins – ele disse – Até que foi um passeio interessante.
- Você só se fazia de santinho, Harry Potter – ela o acusou, rindo – No fundo é pior do que qualquer um desses garotos da Sonserina ou da Corvinal.
- Sou é? – ele a encarou, a sobrancelha arqueada.
- É sim – ela balançou a cabeça – E eu adoro isso – terminou com um sorriso.
- Garotinha impertinente – ele disse enquanto se aproximava perigosamente dela, pegando-a e colocando-a em seu colo.
- Harry! – ela exclamou surpresa.
- Não reclama – ele disse para ela, beijando-a em seguida.
***
Hermione subiu as escadas devagar, sem conseguir desgrudar os olhos do pequeno showzinho do casal. O que Harry pensava, meu Deus! Agarrando-a ali nas escadas, onde todo mundo que estava no jardim podia ver. Ela balançou a cabeça, infeliz, e continuou seu caminho.
Dominique estava com Huxley no saguão, e correu até ela quando viu a cara de choro da amiga. Huxley saiu com Nash, Sven, Allie e Korah. Um bom namorado sempre sabe quando dar espaço para as amigas arrependidas da namorada.
- O que foi? – Dominique perguntou preocupada.
- Harry e Alexandra – Hermione suspirou, tentando segurar as lágrimas – Como eu posso ter sido tão idiota Dominique? Harry era meu... E agora eu o perdi.
- Não fique assim – Dominique a confortou – Porque não vamos para o nosso dormitório e comemos algum chocolate? Eu ainda tenho uns que a minha mãe mandou.
- Tudo bem – Hermione olhou infeliz para o canto, observando Lyss.
As duas estavam observando Harry e Lexie sempre que podiam. A idéia era descobrir alguma falha, e acabar com aquilo.
Se desse certo, se Hermione e Lyss realmente acabassem com o namoro da princesinha, então Harry estaria livre. E aí teria que escolher uma das duas. Hermione não sabia se seria a escolhida, mas com certeza ia lutar com todas as forças para que isso acontecesse. Ela não lamentava o fim do namoro com Terren, estava escrito que não daria certo, mas lamentava sua burrice.
Lyss acenou com a cabeça, um sinal de que estava de olho. Hermione fez o mesmo, acenou. Troca de postos agora. Hermione ia curar as feridas, ou tentar, e Lyss vigiaria. Uma hora ou outra Lexie escorregaria, e uma das duas estaria ali para pegar provas.
***
Tad riu da piada sem graça de Faith e mexeu, inconscientemente, no cabelo de Gina. Com a neve, e a frágil saúde de Gina, ninguém queria passar muito tempo no jardim, então eles se contentavam com o salão principal. Vazio àquela hora do dia.
Ele, Faith, Gina, Zéllie e Noah estavam lá. Noah porque seguia a namorada para todos os cantos e Zéllie porque o namorado estava com o irmão em algum lugar. E ela não queria se agarrar na frente de Hux, não mesmo.
- Eu estou com sono – Gina bocejou – É tão estranho ficar aqui na mesa da Sonserina – ela sorriu – Nunca pensei que fosse ficar aqui.
- A vista daqui é melhor – ele disse – Dá para ver tudo.
- Sei – ela bocejou de novo.
- Eu já escutei essa – Zéllie falou rindo para Noah – Faith, seu namorado conta umas piadas horrorosas.
- Eu sei – Faith riu.
- Claro que não – Noah olhou indignado para as duas – Saibam que eu sou a pessoa mais divertida da Sonserina.
- Coitado de nós então – Tad sussurrou para Gina, fazendo-a sorrir. Ele esticou o braço na mesa.
- Boa noite – Gina sorriu para ele e então deitou a cabeça suavemente no braço dele. Com a outra mão Tad continuou passando a mão no cabelo dela.
- Boa noite – ele murmurou, inaudível, apenas olhando-a.
Parecia meio inacreditável pensar nisso agora, mas ele realmente tinha se esquecido de armar alguma coisa para cima de Draco na última semana. Ele tinha estado o tempo todo atrás de Gina, defendendo-a dos falatórios. Só não ficavam juntos nas aulas. Era melhor ficar com ela do que irritar Draco. Sem contar que, pelos olhares dele, isso já o deixava morrendo de raiva.
Tad não gostava dos olhares que Draco lançava em Gina. Ele não ia deixar os dois ficarem juntos de novo, não mesmo. E não era só porque ele odiava Draco Malfoy, mas também porque Gina Weasley merecia mais. Muito mais.
***
Blaise observou irritado enquanto Pansy sentava-se no colo de Draco e o beijava, bem ali, no salão comunal. As pessoas já não se incomodavam em olhar para eles, mas ele sim se incomodava. Ele odiava ter que admitir que Pansy amasse Draco. E como poderia não amar se mesmo depois de ter dormido com ele, Blaise, ela ignorava o assunto tão rigidamente como ignorava as traições do namorado.
Ele suspirou, infeliz, imaginando onde Scarlett e Terrence estariam. Pelo menos agora Terrence estava solteiro, e de volta ao grupo em tempo integral. Ele fechou os olhos. Irritado.
- Sempre estressado Blaise Zabini – Roxy zombou, sentando-se do lado dele no pequeno sofá – Olha que indecência! – ela revirou os olhos para Draco e Pansy.
- Oi, Roxy – ele sorriu enviesado para ela – Perdida?
- Não – ela suspirou pesadamente – Porque não saímos daqui? Tenho certeza de que você ia achar uma forma de nos distrairmos.
- Com certeza – ele levantou do sofá e esticou a mão para ela – Vem.
Pansy interrompeu o beijo e os observou partir, Blaise abraçado a Roxy. Não, ela não podia começar realmente a gostar dele agora. Seria estupidez.
- O que? – Draco perguntou, vendo-a com o olhar perdido.
- Não é nada – ela sorriu e voltou a beijá-lo.
***
Colin e Elisha entraram correndo no salão comunal da Grifinória. Como um raio, passaram pelas pessoas e subiram correndo para o dormitório dele. Ninguém chegou a perceber que uma sonserina estava ali.
***
Gina abriu os olhos e se espreguiçou. O domingo tinha chegado rápido. A janela parecia embaçada quando ela se aproximou, mas depois percebeu que era só neblina. Densa, cobrindo tudo. Ela se arrumou silenciosamente, sem querer acordar as meninas do dormitório. Precisava mandar uma carta para os gêmeos, com os pedidos de alguns alunos da Grifinória. Nos últimos tempos ela tinha feito as encomendas e eles estavam até pagando comissão. Não era muito, mas juntando com o dinheiro que ganhara vigiando os treinos até que dava uma boa quantia.
***
Rony olhou Dominique, hipnotizado enquanto ela contava alguma coisa engraçada. Ele não conseguia se concentrar, só a ouvia falando sem parar e sorrindo nas pausas. Ele não conseguia respirar perfeitamente quando estava do lado dela.
- Wynter está nos olhando feio – ela sussurrou para Rony.
- Eu não me importo – ele disse sincero, ainda sem desviar os olhos dela – Seu cabelo está mais claro – observou.
- É, eu clareei – ela sorriu.
- Você quer me dizer alguma coisa? – ele perguntou, repentinamente sério. Não conseguia deixar de imaginar que ela estava tentando falar alguma coisa o dia inteiro – Porque eu tenho a sensação de que você quer.
- Não, tudo bem – ela mentiu. Porque ainda não era hora de se preocupar com aquilo – Olha, não conte para ninguém, mas acho que o Huxley ainda tem sentimentos pela Gina.
- Sério? – ele perguntou, discretamente feliz.
- Sei lá – ela suspirou, encostando no sofá – Eu só... Tenho essa sensação quando estamos juntos. É loucura?
- Talvez – ele murmurou, morrendo de vontade de beijá-la.
Eu estou agradavelmente surpresa com o sentimento de Rony por Dominique. Porque para durar tanto, de um jeito tão platônico, eu só posso qualificar como amor. O primeiro dele para ser exata. Dominique voltou a conversar, e Rony voltou a observar. Hipnotizado, petrificado.
***
Draco percebeu a movimentação exagerada assim que colocou os pés para fora do salão comunal, já no fim da tarde de domingo. Ele e Pansy tinham tido um agradável dia, no quarto dela. No quarto dele.
- O que aconteceu? – ele perguntou para Blaise, que estava parado ali no corredor.
- Sabe a garotinha que vende provas? – ele disse – Parece que ela se perdeu de manhã, por causa da neblina.
- E não acharam ainda? – Draco perguntou enquanto se recostava na parede de pedra.
- Não, acharam ela. Delilah o nome – ele olhou Draco cuidadosamente – Mas quando a acharam, ela disse que viu uma garota indo para o corujal... Isso foi de manhã. E essa garota não voltou mais.
- Outra pessoa está perdida? – Draco perguntou calmamente.
- É... – Blaise confirmou, ainda falando com cuidado – A garota tinha cabelos vermelhos – Draco sentiu uma pedra caindo em seu estômago – E Gina Weasley não foi vista o dia todo.
- Mas é mais de cinco da tarde – Draco disse horrorizado – E ela estava com pneumonia até esses dias... – as palavras saiam rápidas, e confusas. Draco estava apavorado. Por Gina.
- Eu sei – Blaise respirou pesadamente – Estão pensando que... Se não a acharem logo... Vai ser tarde demais.
Draco não pensou em mentir para Blaise, esconder a preocupação que se instalara em seu corpo inteiro.
- O Tad estava surtando com todo mundo – Blaise falou, mas estava sério – Por isso. Ele não... Acho que ele saiu atrás dela, pelos jardins. Mas a neblina ainda não melhorou, não dá para ver quase nada.
- Eu vou atrás dela – Draco disse, fechando o sobretudo.
- Leva a minha capa – Blaise tirou e entregou para Draco – Se você a encontrar, ela vai estar precisando.
- Obrigado – Draco disse antes de sumir no meio da multidão.
Blaise ficou em silêncio, pensando em como o que Draco sentia por Gina era maior do que qualquer um deles supunha. Então talvez fosse hora de sair do pé de Gina, porque uma hora ou outra ela seria do grupo. Isso é, se Draco não fosse orgulhoso demais para se enganar. Ele ia pedir trégua e realmente esperava que sua bandeira branca fosse aceita por ela.
Porque não dava para negar, ele sabia que se Gina tinha derrubado Dakota tão cruelmente, o que ela ia fazer com ele seria pior ainda.
***
Tad correu pela Floresta Proibida, exausto. Mas ele não ia descansar, não enquanto não achasse Gina. Ele voltou a correr. As pernas ágeis pareciam nem sentir a neve alta e a cegueira causada pela neblina. Ele só corria, e gritava por ela.
***
Draco parou no meio do campo de quadribol, sem saber para onde ir agora. Seu rosto ardia por causa do frio e estava escuro agora. Ele tentou se lembrar dos lugares em que a encontrara antes. Mas já tinha olhado em tudo.
Apontou a varinha para as arquibancadas... E então se lembrou. Ela sempre vigiava os jogos embaixo das arquibancadas. Sem pensar duas vezes ele começou a procurar. Não foi fácil achá-la.
Ela estava com os olhos fechados, encolhida e com o rosto quase azul. Tremia horrivelmente. Ele se ajoelhou ali, passando a mão no rosto congelado dela.
- Gina – disse baixinho – Gina...
- Oi – ela abriu os olhos com esforço – Eu me perdi Draco... Não conseguia achar o caminho de volta. Eu andei tanto... – ela suspirou – Está frio.
- Vem cá – ele colocou a capa de Blaise nela – Você ficou o dia todo aqui – ele disse preocupado – Não conseguiu voltar por causa da neblina, não é?
- Estava tudo confuso – ela tremeu e fechou os olhos de novo – Estou cansada.
- Eu vou levar você – ele murmurou, aproximando-se sem jeito e dando um leve beijo nos lábios dela. Ele odiava vê-la machucada e isso acontecia com mais freqüência do que desejaria – Como você pôde vir para cá com esse tempo?
- Eu tinha que mandar cartas – ela murmurou enquanto sentia ele levantá-la – Era importante.
- Vamos rezar para que você não esteja doente – ele disse para si mesmo, apontado a varinha para iluminar um pouco do caminho – Só me prometa, por favor, que não vai mais sair sozinha nos jardins. Pelo menos no inverno.
- Tudo bem – ela disse fraca, encostando a cabeça no ombro dele – Me leve de volta.
- Eu vou – ele esboçou um leve sorriso – Eu estou feliz por ter te achado. Pelo menos isso é uma coisa boa, certo? Isso tira o peso da minha covardia, quando eu não te ajudei.
- Você não é covarde – ela disse, e ele só pode ouvi-la porque seus lábios estavam próximos de sua orelha – Você me salvou... Várias vezes... Me salvou de mim mesma.
Ele não respondeu nada. Gina amoleceu o corpo, caindo em um choro profundo. Draco lutou com a angústia e aqueles malditos sentimentos. Como ele poderia mentir para si mesmo agora? Ele não conseguia ficar dois minutos sem pensar nela. Não havia motivos para esconder.
- Eu te amo – ele murmurou, sentindo um enorme alívio ao dizer aquilo. Ele não odiava mais o que sentia. Ele só ia lutar, com o dobro de força, para ter Gina Weasley de volta.
-x-
Nota da Beta: De verdade, não gosto da Mione com o Harry – já se foi o tempo em que eu gostava de H² - mas tem sempre aquele porém, MAS ainda assim... não rola :V (?). Terren é amor *-*, não TEM como não gostar dele. Hmm... o Tad tá ficando meio in love pela Gina? :O
E MEU AMADO MERLIN, me derreti toda com esse final... Draco, Draco, Draco... meu bebê lindo *-*(?).
Comentários (1)
Draco, seu lindo! *-* Adorei o capítulo!
2012-03-30