Enfim, um quase fim



No dia final de semana seguinte Gina, Hermione e Rony viajaram até a casa de campo dos McLaggen. Rony e Hermione foram padrinhos do pequeno Fulton numa bela cerimônia. Além das famílias de Emily e Córmaco as duas filhas de Fulton compareceram. A filha mais velha se recusou a receber a chave do cofre do pai e autorizou que Harry transferisse o conteúdo do cofre para o FALE e para o fundo de ajuda a bruxos sem condições de comprar varelas criadas pelo Sr. Olivaras.


–       Não esperávamos ver meu pai novamente. É bom saber que ele se manteve ao lado de boas pessoas.


–       Muito bem. – disse Harry guardando a chave.


–       Obrigada pela consideração Sra. McLaggen. – disse apertando a mão de Emily.


–       Sra. McLaggen... – disse Rony. – É bem legal, não?


–       Muito!


Apesar do frio Harry e Rony não recusaram o convite de Córmaco e seus amigos de time para uma partida de quadribol. Gina ficou ao lado de Hermione e Emily olhando para o céu.


–       Não vai jogar Gina? – perguntou Hermione com o afilhado adormecido no colo.


–       Ah, hoje não.


–       Tem certeza? Parece que o time de Harry e Rony está precisando de ajuda.


–       Eles estão perdendo...


–       Por que não sobe lá e mostra como uma garota pode resolver a situação? Vai lá! – insistiu Hermione e Gina acabou concordando.


–       Ninguém quer ficar longe de você. Ficaram com medo de perdê-la. – disse Emily.


–       Eu também fiquei com medo de não vê-los mais. Especialmente Rony...


–       Espero que ele já tenha dito pessoalmente o quanto a ama.


–       Várias vezes.


–       Antes que eu me esqueça! Desculpe por mexer nas suas coisas. Suas anotações.


–       Não diga isso. Não me peça desculpas! – disse Hermione se virando para Emily. – Eu que tenho que lhe pedir mil vezes!


–       Você me odiou é claro! Eu também me odiaria. – respondeu Emily displicente olhando jogo.


–       Foram úteis? Minhas anotações?


–       Sim! Depois que passei a entendê-las, é claro.


–       Seu plano foi brilhante! O Sr. Escamoso e o caderno que mandou a Gina...


–       Achei que não conseguiríamos!


–       Mas conseguiram! Rony me contou que você se manteve confiante desde o inicio!


Aproveitando o tempo que puderam conversar Hermione contou sobre os dias que passou com Lena Kessler e sua preocupação com Grimwig.


–       Gina se lembrou de uma conversa com Waxflatter e o Sr. Weasley. Ele menciona que teve muitos filhos espalhados pela índia; um deles pode ser o pai de Grimwig.


–       O garoto tem outra família, ele tem uma chance em outro lugar com novos ares.


Hermione não teve receio de contar a Emily da atração que chegou a sentir por Patrick. Sobre Harry e o modo como se relacionaram nos meses que passaram sozinhos. As duas riram lembrando o vampiro e comentando como rapazes são complicados. Talvez não todos talvez só os que elas amavam.


–       Não acredito que Rony comprou um presente para alguém sozinho! – disse Hermione rindo enquanto Gina marcava um gol em Córmaco.


–       Um dia Hermione você sentirá o que estou sentindo agora...


–       O que? – perguntou Hermione surpresa.


–       Essa felicidade, ter um filho é incrível! E lhe prometo que um dia retribuirei o favor de Rony ter cuidado de mim e do meu filho.


Quando se despediram no final da tarde Hermione segurou a mão de Emily com carinho e admiração.


–       Próxima parada Bulgária! – disse Harry a Gina e aos amigos.


 


Sozinho Harry subiu a montanha gelada até a abertura na pedra.


–       Harry Potter – disse Cragwitch – voltou para suas garotas.


–       Sim. – respondeu Harry rindo.


–       Está mancando?


Harry contou tudo o que tinha acontecido.


–       Rony também foi ferido. Um ferimento no ombro que não cicatriza; o homem que o atacou sofria de uma maldição. Era quase um réptil; o sangue, as unhas venenosas. O filho dele fez isso na minha perna.


–       Está mesmo feio. – disse Cragwitch dando uma boa olhada na perna de Harry.


–       Os curandeiros controlaram a infecção, mas eu queria mesmo era me livrar dessa...


–       Cicatriz?


–       É – respondeu Harry rindo – e também poder fazer as pazes com minha namorada como se deve; não sei se tem alguma coisa no meu sangue.


–       Um réptil você disse... O que Srta. Granger achou a respeito?


–       Segundo ela lançar uma maldição é algo muito...


–       Pessoal.


–       Sim! Vai saber o que Amelie estava pensando.


–       Era uma bruxa das Trevas. Elas nunca pensam em nada bom. Amaldiçoar o próprio sangue... O Sr. Escamoso como vocês o chamaram sabia disso. Selou o destino dele e do filho. Traga seu amigo. Não há nada de errado com seu sangue senão já estaria cheio de escamas ao redor.


Gina e Hermione não puderam entrar; apenas cumprimentaram o velho e desceram de volta. Como a casa era pequena; as duas montaram a barraca do lado de fora com ajuda de Alvo Cragwitch e da avó falando sem parar.


Os rapazes deram ao velho uma grande caixa cheia de garrafas do Velho Dragão.


–       Muito bom! – exclamou ele depois de um gole do forte conhaque.


Depois de várias garrafas Cragwitch contou o que pretendia fazer com o ombro de Rony.


–       Vou costurá-lo como os trouxas fazem. O detalhe é a linha que vou usar... Beba uns bons goles – disse jogando garrafa para Rony. – Vai doer...


–       Tem certeza que pode fazer isso nesse estado?


–       O que? Está com medo?


–       Não!


–       Mas vai ficar... – disse Cragwitch num tom sombrio.


Harry deu uma gargalhada quando Rony seguiu o velho caverna adentro. Cragwitch mandou Rony abrir um baú velho; no fundo havia uma camada quase invisível de fios que colocou em uma agulha e gravou no ombro de Rony.


–       Teias de aranhas. Muito resistentes. Não vai demorar muito se eu não errar.


–       Obrigado... – disse Rony tomando mais um gole da garrafa que segurava. – Você foi um Inominável.


–       É fui... Você é o amigo que deixou Harry e a Srta. Granger? Duas vezes.


–       Sim, sou eu mesmo! – respondeu Rony zangado.


Cragwitch rompeu a fina linha. Selou com um feitiço e dispensou Rony sem mais palavras. Fez o mesmo procedimento com Harry. Ele pensou em perguntar sobre Patrick, mas já sabia a resposta; o modo como Cragwitch falava do assunto o fez ter certeza que ele passara por ali.


–       Patrick podia ter me matado e não o fez. – disse Harry segurando a perna. – Ouviu Hermione gritar e me deixou lá.


–       Talvez não quisesse realmente matá-lo. – comentou Cragwitch.


–       Se não queria...


–       Tem medo de reencontrá-lo?


–       Tenho medo de não reencontrá-lo.


–       Harry, você está com seus amigos agora. Era isso que você mais queria, não?


–       Mais do que tudo no mundo. É tudo que preciso.


–       Aproveite a vida antes de sua próxima jornada! Por que ela virá meu amigo... – disse Cragwitch.


–       Por que nunca me contam nada diretamente?


–       Muito bem...  Você é um homem escolhido.


–       Já ouvi isso!


–       Não, ouviu dizer que era um bebê ou um garoto; agora é um homem! Você e seu amigo emburrado. Quer saber a verdade?


–       Por favor!


–       Não há nada no seu futuro que não deva estar. Lembre-se: só covardes não tomam decisões difíceis!


–       Você parece Dumbledore às vezes.


–       Com que acha que ele aprendeu todas aquelas frases de efeito?


O velho, Harry e Rony abriram outra garrafa do Velho Dragão.


–       Usem o ungüento que Balska está preparando para as bandagens. Estão livres de qualquer problema de saúde! Agora vão embora e aproveitem!


–       Ele fala nosso idioma perfeitamente! – comentou Rony.


–       Sim, ele é um mistério.


As garotas os esperavam ansiosas, mas o efeito do Velho Dragão atrasou em mais uma noite os planos das duas. Rony e Harry caíram no sono assim que se deitaram.


 


Os dias de diversão vieram mesmo na França. Rony se gabava de conhecer toda a cidade de Paris. Em um dos passeios foram até o Louvre e Harry por um segundo achou ter visto Dumbledore em um canto de uma das pinturas. Apesar de Hermione dizer que era impossível já que não havia quadros de bruxos no museu; Harry sabia que em se tratando de Dumbledore bem que ele podia penetrar em alguma pintura se a achasse interessante ou bela o bastante.


Harry deu um anel a Gina sob o por do sol na Torre Eiffel.


–       Não é como a primeira que comprei, mas eu queria me mostrar e não mostrar a você o quanto a amava. Essa – disse Harry colocando a aliança no dedo de Gina é porque eu a amo de verdade.


Os dois se beijaram e muitos outros casais aplaudiram.


No apartamento que ficara com Emily a lareira estava quase apagada, mas Rony não tinha a menor vontade de pegar a varinha para o esforço de fazer as chamas voltarem a aquecer o quarto.  Ele teria que deixar de abraçar Hermione e com o frio ela se aproximava mais dele; os dois sentiam o calor do corpo um do outro e isso já era o suficiente.


–       Harry e Gina vão voltar pra sairmos... – disse Hermione.


–       Sair?


–       Vamos assistir a um peça esqueceu?


–       Ah, sim. Eu gosto de teatro, mas vamos nos atrasar... – disse Rony finalmente se mexendo para beijar Hermione mais uma vez.


A noite parisiense era bem agitada ainda mais em noite de estréia. Encontraram Noah Marchasson, o jornalista interessado pelas Artes das Trevas, logo na entrada do teatro bruxo.


–       Trago novidades de seu país em primeira mão. O conselho foi recomposto.


–       Isso é grande noticia. – disse Harry olhando para Rony; ele já sabia que o Sr. Marchasson não era tão gentil como parecia. Rony contara o que ele fizera com o Sr. Escamoso e o feitiço de memória que usaram.


–       E tem mais: conversei com Rita Skeeter e a convenci a cancelar sua entrevista com ela Sr. Potter.


–       Isso é ótimo, mas por que fez isso?


–       Bem, primeiro porque seu plano deu certo e não é o estilo de Rita; ela já começou a pesquisar o passado dos novos conselheiros e, acredite, a vida de Kingsley como Ministro da Magia da Grã-Bretanha continuará difícil.


–       Está-se pensando em uma entrevista já prometemos a uma amiga. – disse Rony.


–       Sim, eu sei! Para a Sra. McLaggen, mas meu foco é um pouco diferente! Não pretendo escrever a respeito sobre a ascensão e queda família Louer.


–       Não? – perguntou Rony surpreso.


–       Muitos outros farão isso e creio que a única pessoa capacitada para essa tarefa seja a Srta Granger. Estiveram no mausoléu Louer.


–       Sim, é verdade. – confirmou Rony olhando para Harry.


–       Não faltará inspiração a senhorita para seus próximos livros. Depois de tudo presenciou; fico lisonjeado da pequena ajuda que prestei.


–       É verdade. – disse Hermione. – O Sr. Marchasson costumava seguir a Sra. Kessler; ele confirmo que ela estava no Caldeirão Furado e conversou com Elvira, lhe passou instruções. Conseguiu falar com a Sra. Kessler afinal.


–       Sim, uma conversa muito interessante. Pude finalmente dizer a ela como era... admirador de sua obra e coleção!


–       Vamos nos atrasar para peça. – disse Gina.


–       E ela me contou de sua intenção de deixar sua herança para senhorita...


–       Tentou persuadi-la ao contrario? – perguntou Hermione.


–       Foi uma pena a coleção de livros da Sra. Kessler ter sido incinerada... não havia outra saída?


–       Não... – disse Harry.


–       Deve ter sido realmente difícil Srta. Granger! Sei que privar as pessoas de conhecimento vai contra todos seus princípios, mas se não havia outro jeito!


–       Há coisas mais importantes que livros... – disse Hermione segurando o braço de Rony.


Harry não se conteve em só cumprimentar o Sr. Marchasson.


–       Desculpe, mas o senhor se diz fã de Lena Kessler... Por que tanto interesse em Artes das Trevas?


–       É só um hobby... Sou só um critico, um simples critico de arte e entretimento.


–       É... só um critico – comentou Harry.


–       Tenham uma boa noite e um bom divertimento.


–       Não gosto desse cara. – comentou Rony com Harry enquanto procuravam seus lugares.


–       O que você contou prova que ele é mais do que isso. – disse Harry sério. – Ele é cruel...


–       E o guardião que eu Emily encontramos se mantém de plantão no mausoléu; senão como ele saberia que estivemos lá...


–       Tudo bem Hermione? – perguntou Gina.


–       Sim, tudo ótimo... Seu anel é lindo.


–       O que Rony comprou para você também é...


–       Amanha estaremos em Florença! Rony sabe como adoro Florença!


–       Você disse a ele uma dezena de vezes!


–       Só pra ter certeza que ele não esqueceria. Você viu o anel?


–       Sim, Rony anotou tudo que eu disse! Amanha ao por do sol em Florença você vai ficar noiva!


As luze se apagaram. O tema da peça era sobre uma jovem bruxa dividida entre o amor de um bruxo pobre e mestiço e de outro de sangue puro e rico.


 


Nos bastidores do teatro Noah Marchasson recebeu um recado sobre um guarda norueguês disposto a vender possíveis artefatos das Trevas; ele rasgou o papel.


–       Achei a lista das famílias que tinham artefatos guardados naquele galpão. – murmurou o rapaz também entregando um pergaminho a Noah. – Achei nas coisas de Solomon. Não vai adiantar muito já que tudo pegou fogo, mas você pediu.


–       E sobre os cofres?


–       Infelizmente o substituto de Bunko não é corrupto ou ganancioso o bastante para se arriscar. Essas aberrações gostam de ouro e nem é para gastar! – respondeu Twain olhando por uma fresta Rony beijar a namorada.


–       Só bruxos gostam de ouro para comprar outros bruxos.  – respondeu Noah queimado ambas as listas


–       O que quer fazer?


–       Primeiro vou assistir a peça e depois pensar em como achar os livros da biblioteca de Lena Kessler que Hermione Granger livrou de serem incinerados.


–       Como sabe que ela os tem?


–       Trata-se de Hermione Granger meu caro. Tenho certeza que ela guardou alguns exemplares em algum lugar.


–       Bem, já fiz o que me pediu e pagou. Tem alguma coisa que posso fazer?


Noah colocou as mãos para trás e sorriu. Tinha trejeitos refinados muito diferentes de Twain e, provavelmente o achava indigno, um pobre coitado que não conseguia viver sem receber ordens.


–       Se não tem... – disse Twain sacando a varinha.


–       Sr. Twain, o mundo da magia sabe da importância daquelas quatro pessoas sentadas na segunda fileira. Se matar um deles vai ter mais que toda a guarda do Ministério do seu país atrás do senhor!


–       Não me importo. Quero me vingar de Rony Weasley.


–       Só estou dizendo que não é o momento. Eu o trouxe até meu país sem que ninguém o reconhecesse. Tenho recursos. Se quiser me acompanhar considere-se convidado, mas terá que ter paciência, muita paciência.


–       Você tem realmente muito dinheiro...


–       Posso transformá-lo num cavalheiro irreconhecível aos olhos das pessoas do seu passado.


–       Vai me dar uma poção ou algo assim... Afinal o que você quer?


–       Não importa agora. Aceita a proposta?


–       Sim, eu trabalharei para você!


–       Quero saber se terá a paciência que mencionei; eu sou um homem muito discreto e não gostaria de ter meus planos interrompidos.


–       Ok, tem fotos minhas espalhadas por toda Londres e não quero ir para Azkaban sem o sangue de Rony Weasley em minhas mãos. Aceito sua oferta.


–       Ótimo. Agora não se preocupe! – disse Noah conduzindo Twain ao seu camarote. – Teremos tempo para detalhes... A peça só está no começo!

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