O adeus do Sr. Bluter



Na madrugada de sábado para domingo Patrick foi até a sala onde Solomon era mantido preso vigiado por Twain.


–       Vou dizer só uma vez! Tire-me daqui!


–       Não vai demorar pra você sair; foi enquadrado na lei distribuição de ouro falso não; só vai ter que pagar a quantia com ouro de Gringotes e será liberado.


–       É bom mesmo ou vou começar a me lembrar o nome de figuras ilustres que freqüentam meu estabelecimento para jogar e cortejar as Veelas.


–       Amanhã a essa hora sua esposa terá novamente o prazer da sua companhia.


–       Ouvi comentário sobre você e a garotas dos elfos; eu lhe avisei Patrick sobre começar a gostar de sua nova vida. Tire-me daqui agora!


–       Farei o possível.


–       Faça mais!


No domingo à noite Solomon deixou o Ministério.


–        – disse Kingsley.


–       Vai me pagar por isso Sr. Potter. – disse Solomon entrando na lareira junto da mulher.


Foi direto para o pub. Em pleno domingo O Bocadio estava deserto.


–       Não quer ir mesmo para casa? – perguntou a mulher.


–       Deixe-me.


–       Você pode descansar e...


–       Preciso pensar em como me vingar! Deixe-me pensar mulher!


–       Estarei com minha irmã então...


–       Apenas vá!


Solomon sentou em sua cadeira; na escuridão da sala pode sentir a presença de alguém; sacou a varinha. Um elfo lhe mordeu o calcanhar.


–       Ahhhreee! Seu peste! Venha cá vou lhe ensinar uma coisa!


A varinha foi arrancada de sua mão e ele foi derrubado no chão e arrastado até o centro da arena. Nas arquibancadas elfos, Veelas, algumas bruxas e o centauro.


–       Eu sabia que voltariam!


–       Não voltamos para servi-lo. – disse a Veela com quem Harry conversara dias antes. Ela mostrou a varinha a Solomon.


–       Quem deu isso a você?


–       Não interessa.


A Veela apontou um buraco. O centauro saltou na arena e deu um soco em Solomon; os elfos tornaram arrastá-lo até o buraco; partiram sua varinha e a jogaram em cima dele. 


Cada um dos os presentes jogou um punhado de terra sobre Solomon Bluter. Pela manha o buraco estava quase cheio e ainda se ouvia alguns sons. Uma pessoa saiu das sombras; usava um capuz e tinha uma voz ambígua.


–       Estão livres agora.


 


Uma luz azul se formou no fundo da sala da Sra. Kessler; Hermione tinha os olhos fixos nela.


–       Muito bom, mas pode ser muito melhor Srta. Granger. – disse a Sra. Kessler batendo palmas quando a luz sumiu.


–       É um feitiço complexo. – disse Hermione muito cansada.


–       Exige total entrega!


Heckett entrou na sala.


–       Por onde andou? – perguntou a Sra. Kessler impaciente.


A resposta de Heckett foi uma grosseria; Hermione adorou a cara de indignação da Sra. Kessler.


–       Por hoje chega! Vão embora!


–       Você não se importa com as provocações dela? – perguntou Heckett quando saíram.


–       Você não conheceu a tia avó de Rony.


–       Acabo de encontrar o Sr. Rent lá embaixo; ele está esperando você sair pra dizer que estava só passando...


Uma chuva fina caia e Patrick aguardava Hermione em frente a uma lojinha de doces. Mulheres de todas as idades passavam lançando olhares a figura elegante de Patrick em seu sobretudo preto. Alguns olhares eram furtivos outros acompanhados de sorrisos. Hermione imaginava porque ele se interessava por ela; sentia-se tão insegura quanto o dia que aceitou ir com Victor Krum ao Baile de Inverno. Naquela época era pouco mais que uma criança, mas no meio de tantas outras garotas Victor a escolheu para acompanhá-lo. Ainda refletindo sobre isso Hermione sentiu muita tristeza; gostaria de conversar com Gina sobre isso. Conversaria até com Rebecca. Depois se lembrou que Rebecca foi namorada de Patrick e era uma bruxa bem temperamental.


–       Eu estava passando e me lembrei que a Sra. Kessler se mudou para cá... – disse Patrick.


–       Faz tempo que está aqui?


–       Acabei de chegar... quero dizer de passar... por aqui...


Foram até um café. Conversaram mais sobre feitiços; Patrick falou sobre alguns feitiços em francês.


–       Não segui um programa de estudos; tive aulas em casa você sabe.


–       Não, não sei. Eu o conheço a menos de um ano. Você fala bastante, mas pouco sobre você mesmo.


–       O que quer saber?


–       O que quer me contar? Do que você gosta?


–       Do que eu gosto?


–       Sim! Conte!


–       Eu gosto do meu trabalho.


–       O que mais?


–       Ah... de voar. Quadribol, livros... e... Acho que é só.


–       Deve ter muito mais coisas que você gosta! Você gosta de gatos?


–       Vivos?


–       Pare! Gosta ou não?


–       Gosto.


–       Qual seu prato favorito?


–       Não sei.


–       Vamos Patrick!


–       Gosto de sapos de chocolate, mas isso é besteira é coisa de criança. – respondeu ele abaixando a cabeça.


–       Viu não é tão difícil? Eu gostaria de saber mais sobre você.


–       Mesmo? E se descobrir que não temos nada em comum?


–       Amigos compartilham coisas além de irem juntos para ilhas atrás de bruxas das Trevas.


–       Foi divertido aqueles lobisomens...


–       É foi incrível. – disse Hermione rindo.


Patrick deixou cinco galeões sobre a mesa.


–       Segure minha mão.


Hermione hesitou, mas fez o que ele pediu. Aparataram.


–       Onde estamos?


–       Minha casa.


Hermione andou pelo pequeno apartamento; Patrick abriu a janela e ela pode se localizar no Beco Diagonal. A porta do guarda roupa estava aberta; a roupas eram todas iguais


–       Não perde tempo escolhendo. – disse Hermione achando graça. – Bem esperto.


Havia muito espaço sobrando.


–       As coisas de Rebecca ficavam aí. Essa é minha vassoura, minha cama e minha pequena coleção de livros.


Sentaram na cama desarrumada.


–       Abra aquela gaveta.


–       Patrick não precisa...


–       É sério abra! Não é minha gaveta de cuecas nem nada! Só tem uma caixa.


Hermione abriu a gaveta e pegou a caixa de madeira com cuidado.


–       Abra.


Ela abriu a caixa e viu uma foto de Patrick quando tinha apenas dois anos com os pais.


–       Você é muito parecido com sua mãe! Seu pai é muito bonito também.


–       Eu tinha orelhas enormes. Morávamos numa vila e eu briguei com um garoto que me chamou de cabeça de elfo; roubei a varinha do pai dele e transformei as plantas ao redor da casa dele em escadas. Papai ficou muito zangado e queria me castigar, mas mamãe não.


–       Se meu filho fizesse uma coisa dessa eu nem sei o que faria.


–       Eu penso nisso quando tento conjurar o patrono. Eu era feliz nessa época. Quero dizer eu sou feliz agora, aqui conversando com você. Não sei... é estranho. Diferente...


–       Por quê?


–       Porque é fácil falar com você.


–       Obrigada por me trazer aqui. – disse Hermione corando levemente.


–       Se é importante para você me conhecer melhor...


O sorriso de Patrick estava muito diferente, mais aberto, natural e o deixou muito mais bonito pensou Hermione.


–       V-você leu mesmo Hogwarts, uma historia? – Hermione perguntou engolindo em seco.


–       Inteirinho...


Batidas na porta os fizeram recuar. Hermione se levantou depressa; colocou a foto de volta caixa.


–       Patrick!


–       É minha senhoria.


–       Preciso falar com você!


Patrick abriu a porta. A Sra. Lancey entrou no quarto e quase atropelou Hermione.


–       Não sabia que estava com visitas...  – disse olhando Hermione de cima abaixo. Depois espiou a cama atrás dela. – Vesúvia Lancey. Muito prazer!


–       Hermione Granger.


–       Você está brincando! – exclamou estendo a longa mão.


–       Já estamos de saída! – disse Patrick não deixando Hermione cumprimentá-la.


–       Preciso falar com você Patrick! Assuntos particulares! Você entende não é querida?


–       Vou acompanhar a Srta. Granger.


–       Gostou da camisa? – perguntou Vesúvia. – Conte a ela Patrick.


–       A Sra. Lancey me ajudou a escolher para o dia que fomos jantar.


–       Eu e Patrick somos muito íntimos desde que ele se mudou para cá. Ele não recebe garotas aqui pode ficar tranqüila. Eu estou sempre de olho.


–       Isso é... bom. – disse Hermione sem graça.


–       Fora aquela loira nojenta... – disse Vesúvia com desprezo na voz.


–       Eu posso ir sozinha não precisa se incomodar Patrick. Encontro com você amanha.


–       Parecia a dona do mundo... dando ordens e escolhendo... – continuou a mulher entre os dois.


–       Vá pela lareira! Senão terá que descer as escadas...


–       Prazer em conhecê-la Sra. Lancey.


–       A menina dos elfos! Está saindo com a menina dos elfos! – gritou Vesúvia depois de Hermione sair.


–       O que foi Sra. Lancey?


–       Solomon não voltou para casa. Ele sumiu!


–       Sumiu? Como sumiu? Viajou? – perguntou Patrick.


–       Minha irmã nos espera no Bocadio e explicará tudo a você. Twain está com ela.


A irmã da Sr. Lancey esposa de Solomon era bem morena e bem mais agradável do que Patrick imaginava.


–       Depois de sair do Ministério Solomon veio direto pra cá e desapareceu? – perguntou Patrick.


–       Por acaso não tem nada a ver com isso Sr. Rent?


–       E você Vesúvia? Tem algo a ver com isso? – perguntou a Sra. Bluter.


–       Eu? Ora que idéia!


–       Eu tinha que perguntar...


–       Há coisas que temos que resolver caso seu marido não volte. Patrick, minha irmã é a legítima dona do Bocadio; eu e meus meninos a ajudaremos a dar continuidade ao legado de Solomon.


–       Querem que eu continue a fazer a cobrança da taxa de proteção?


–       Meus filhos farão isso.


–       E os homens que trabalham para Solomon? Os vigias? – perguntou Patrick.


–       Eu e meus meninos cuidaremos de tudo agora em diante. Quando precisar de sua ajuda Sr. Rent eu o avisarei. O mesmo vale para o Sr. Twain. Entraremos com o pedido de herança junto ao Ministério


–       Como quiserem. Se não precisam mais de mim... – respondeu Patrick.


–       Pode voltar a sua atenção para coisas mais interessantes Sr. Rent. – disse Vesúvia sorrindo.


Patrick e Twain aparataram para o Beco Diagonal.


–       Senhor? Não vai tentar descobrir o que aconteceu ao Sr. Bluter?


–       Essas duas, ou pelo menos Vesúvia, devem ter matado Solomon.


–       Elas nos dispensaram!


–       Os filhos de Vesúvia Lancey são ladrões; ninguém fará nada que mandarem. Não há mais nada de atraente no Bocadio agora.


–       O que nós faremos então?


–       Vá tirar uma folga Twain você merece!


–       Quero achar o cara que me impediu de realizar minha missão. Que me impediu de matar aquela mulher.


–       Eu prometo Twain quando o encontrarmos o faremos sofrer. – disse Patrick.


–       Obrigado senhor.


–       Ótimo. Volte ao trabalho.


–       O senhor disse para eu tirar uma folga...


–       Não mandei parar de vigiar os Weasley. Agora vá!


 


–       Bom, sabemos bem mais coisas sobre Patrick agora – disse Emily – o motivo porque ele sempre evitou fotos e entrevistas. Podia ser reconhecido. O Ministério Francês conhece bem a família dele.


Rony concordou e continuou:


–       Ele passa boa parte da vida escondido em algum lugar; conhece uma especialista em poções que o deixa bonitão novamente. Então sai e se apresenta ao nosso Ministério com o brasão de uma família tradicional. E com Solomon Bluter dando cobertura para dar cabo de quem suspeitasse de alguma coisa o Sr. Rent...


–       Sendo um bruxo talentoso em pouco tempo se torna praticamente o funcionário perfeito para um Ministério que tem pretensões de se renovar.


A conversa sobre as “qualidades” de Patrick continuaram e a vista que Rony tanto gostava e sonhava compartilhar com Hermione parecia ter se descolorido totalmente.


–       Temos que ver Draco... – disse desanimado.


–       Fulton quer ir conosco dessa vez.


–       Ele já está envolvido demais.


–       Ele sabe e não se importa. Acho que ele quer mesmo é dar um passeio.


A casa de Draco em Versoix (Suíça) era bem menor do que a Mansão Malfoy; a decoração era bem mais “leve”. Assim que chegaram viram Narcisa Malfoy acompanhada de uma moça bonita arrumando flores no jardim. A aparência de Narcisa denunciava a temporada em Azkaban. O pai de Draco continuava preso sem previsão de saída. Mesmo Draco os ajudando Rony ainda o detestava e não via a hora de se ver livre dele.


–       Quem é esse? – perguntou Draco encarando Fulton.


–       Um amigo. – respondeu Emily.


–       Venham logo! Minha mãe não sabe o que tenho guardado no porão. Pra variar minha casa sempre acaba sendo depósito de anormais...


–       Prazer em conhecê-lo também Sr. Malfoy!


Rony observou Etien Louer amarrado a uma cadeira. A figura grotesca muda e assustadora. Os olhos estavam amarelos, parados, mas Rony sabia que estavam atentos a ele e aos amigos.


–       Escamas. – disse Draco. – São como as de um lagarto e estão aumentando. Não apresentam a menor sensibilidade.


–       Você testou. – disse Rony apontando marcas de queimaduras nas mãos de Etien.


–       Tive problemas para manter o Sr. Escamoso quieto. Ele tem funções normais, mas todas muito lentas. Acho que pode levar meses até sentir fome ou sede. Tentei descobrir alguma fraqueza. Alguma coisa que ele pode ter passado a Patrick porque se não o acertarmos de jeito... ele nos mata como moscas.


–       Quero acertar Patrick, mas também quero que ele seja julgado. Há muitas pessoas que merecem justiça; muitas outras que nem sabemos. Patrick não pode simplesmente deixar de existir!


–       Por que Weasley? Só porque você acha que é o certo a fazer?


–       Ok Draco! Então o mate! Vamos aponte a varinha para o Sr. Escamoso e o mate!


–       Só não fiz isso antes por que...


–       Você mais do que ninguém sabe que isso não é tão fácil! – gritou Rony.


–       Você tem menos coragem do que eu Weasley!


–       Parem! – disse Emily. – Precisamos de idéias, soluções e não brigas!


–       Se ele pudesse falar podia nos contar alguma coisa...


–       E podia nos azarar também! O cara era um tremendo bruxo segundo aquele fã maluco! – respondeu Draco.


Rony voltou a encarar Etien Louer.


–       Ele pode escrever.


–       Não vou permitir que dê movimento a essa coisa! – disse Draco ficando na frente de Rony.


–       Podemos controlá-lo!


–       Você não sabe o quanto já ouvi isso e nunca funcionou!


–       Rony... – disse Emily hesitante – também acho que não é uma boa idéia. Tudo que vem dessa família é doença e depois da doença só a morte!


Sem dar atenção aos avisos Rony se aproximou de Etien Rent e o soltou das cordas.


–       Acha que ele vai lhe contar como acabar com ele ou com o filho?


Enquanto discutiam Etien Rent abriu os braços e tentou alcançar Rony. Emitia sons perturbadores e Emily tapou os ouvidos; Fulton ficou na frente dela. Rony usou o feitiço Levicorpus e o manteve suspenso.


–       Rony! – gritou Emily prevendo algo pior.


Draco colou Etien Louer no chão e acertou Rony o lançando para longe.


–       Isso tudo é sua culpa! – Rony gritou. – Se tivesse denunciado Patrick assim que ele lhe procurou não estaríamos nessa situação! Você quis se vingar...


–       Cale a boca! Não é na sua casa que esse monstro está agora! Temos que nos livrar dele!


–       Por favor, parem! Não adianta voltarmos nesse assunto! – gritou Emily.


Reuniram-se no jardim; Draco não disfarçava a raiva de Rony. Muito contrariado permitiu que passassem a noite na casa. Sem conseguir dormir Rony passou a noite elaborando idéias que descartava logo em seguida por serem muito idiotas ou perigosas. Draco tinha razão; terem trazido o pai de Patrick se tornou mais um problema e Rony não conseguia enxergar como ele os ajudaria. Não conseguiria matá-lo a sangue frio e não podia pedir nem mesmo a Draco para fazer isso.


Pela manha tomaram café numa sala separada.


–       Não quero aborrecer minha mãe.


–       Não somos piores que o Sr. Louer, somos? – perguntou Emily.


Draco não respondeu.


–       Você conviveu com Rebecca! Ela nunca disse nada sobre os dois? – perguntou Rony.


–       Não, sobre eles não. Acho que não sabia muita coisa também. Ela falou qualquer coisa sobre uma floresta. – disse Draco franzindo a testa. – Patrick matou o pai e a Rebecca verdadeira... ele disse que ia voltar para casa para resolver algumas coisas e voltou com ela!


–       Mãe e filho ficaram escondidos... Noah mencionou isso. – murmurou Emily.


–       A cidade do testamento que Harry cuidou para ela! Aposto com você que tem uma floresta por perto!


–       Patrick é o que o pai é... – disse Fulton pensativo.


–       Feio? Escamoso? Venenoso? Não diga imortal, por favor... – pediu Draco.


–       A bruxa que os amaldiçôo queria que sofressem.


–       Queria que Etien sofresse. Ela amaldiçoou o pai...


–       E o pai amaldiçoou o próprio sangue. Se esse cara viveu todo esse tempo o tal Conselheiro também pode.


–       Ele está aqui para ajudar? – perguntou Draco.


–       Ele viveu escondido naquela casa, naquele porão até o tal Noah o descobrir. Ele devia dar alguma coisa a ele para mantê-lo quieto também. – disse Emily.


–       Aquele porão... a floresta... – disse Rony arregalando os olhos. – Patrick só conseguiu sair da floresta sob o efeito da poção Polissuco que Rebecca aperfeiçoou. Poção...


–       Alguém tem que fornecer os ingredientes básicos e os outros que ela adicionava pra deixar a poção mais forte e duradoura. – disse Draco afobado.


–       Se ele parar de tomar a poção vai ficar parecido com o pai? É isso? – perguntou Fulton.


–       Emily... – disse Rony apertando a mão dela – se conseguirmos fazer que ele pare de tomar a poção ele volta a ser um monstrengo e não vai poder se esconder! Temos que cortar o fornecimento dele!


Ouviram um estrondo. O Sr. Louer havia se soltado mais uma vez; Rony e Draco o mantiveram isolado com um escudo de proteção.


–       Não vou manter mais O Sr. Escamoso na minha casa!


–       Estou tentando pensar em um plano Draco! Pensando em como vamos voltar e procurar quem fornece os ingredientes no Beco Diagonal sem sermos notados! – disse Rony.


–       Não posso partir e deixar essa coisa aqui com Astoria e minha mãe!


–       Você não precisa ir!


–       Claro que preciso! Quem me garante que não me entregam junto com Patrick.


–       Está desconfiando de nós? Você está desconfiando de nós?


–       Gringotes! – disse Emily sorrindo. – Vamos mandá-lo para Gringotes!


–       Ela pirou Weasley... sua namorada pirou!


–       Não! Acho que tenho uma solução. O melhor jeito de não sermos notados no Beco Diagonal e nós não sermos nós mesmos!


–       Não temos tempo para preparar uma poção Polissuco. Eu nem sei como fazer isso... – disse Rony. – Você sabe?


–       Não precisa ser uma mudança tão radical Rony! Fulton, preciso que volte a França e arrume algumas coisas pra nós!


Rony gostou da idéia de Emily; até Draco depois de ouvir acabou concordando. A idéia doida de enviar Etien Louer a Gringotes deixou de ser tão doida conforme as peças do plano começavam a ficar prontas. Astoria também passou a ajudá-los. Além de distrair a mãe de Draco para evitar perguntas; ajudou Emily numa pesquisa sobre gárgulas.


–       É assim que o Sr. Escamoso vai ficar. – disse Emily mostrando uma figura a Rony e Draco.


Fulton retornou no dia seguinte com novas identidades para os três; documentos falsos, mas muito convincentes. Também trouxe roupas novas e Emily definiu as novas características de cada um. Cortou o cabelo de Rony bem curto e mudou a cor para castanho escuro; o deixou com olhos castanhos e um cavanhaque espesso; usou um feitiço para encobrir as sardas. Também escureceu o cabelo e a barba de Draco. Deu a ele roupas no estilo trouxa; menos formais do que ele costumava usar. No fim os dois rapazes até ficaram parecidos.


–       Tem que parecer que vocês se conhecem há muito tempo!


–       Nos conhecemos há muito tempo. – disse Rony de má vontade.


–       Que são amigos há muito tempo! Tem que parecer o mais natural possível!


–       Tentaremos... 


–       Agora é a vez do Sr. Escamoso.


Rony e Draco lhe enfiaram uma poção para dormir garganta abaixo. Quando tiveram certeza que estava apagado o despiram. Cobriram o corpo com uma pasta molhada. O rosto ficou a cargo de Astoria modelar as feições da gárgula do livro.


–       Ele não vai conseguir respirar. – disse Rony.


–       Ótimo. Quem sabe a gente dê sorte e ele acabe morrendo. – disse Draco.


Emily mudou a cor do cabelo para loiro e trocou algumas peças com Astoria.


–       Ficou bom. – disse Rony quando a viu.


–       É... – balbuciou Draco.


Emily tirou duas alianças do bolso e colocou uma no dedo de Rony.


–       Aceito. – disse ele sorrindo e reparando no belo anel de ouro.


–       Córmaco me deu no dia do jogo; ele pediu que eu guardasse o dele até tudo se resolver.


–       Nunca as usaram...


–       Parem. Eu vou chorar... – disse Draco.


Quatro horas depois colocaram o Sr. Louer sobre uma base.


–       Uma bela peça para deixarmos em Gringotes! Usaremos a conta de Fulton. – disse Rony.


–       Podemos embarcá-lo logo pela manha. Tem um posto para envio de objetos na estação de trem; há uma passagem mágica lá também! – explicou Draco.


–       Com nossas novas identidades podemos usar a passagem mágica direto para o Beco Diagonal sem levantar suspeitas!


Depois de tanta preocupação voltar ao Beco Diagonal deixou Rony ansioso; talvez conseguisse ver a loja ou até... Hermione. Tirou a foto dela da carteira; ela parecia ainda mais bonita. Sonhou aquela noite que os dois se encontraram numa rua deserta. Acabara de chover e o céu começava a ficar azul de novo. Conversaram sobre o tempo e ele acordou sem ter tido a chance de beijá-la. Emily e Fulton dormiam profundamente. Ele ainda tentou dormir e voltar ao sonho para ver Hermione novamente, mas não conseguiu.


O dia amanheceu nublado. Chegaram cedo à estação. Preencheram todos os requisitos. Assinaram como estudantes de intercâmbio que estavam enviando um item muito valioso para a Grã-Bretanha. A caixa de quase dois metros foi aberta e inspecionada.


–       Nada de magia das Trevas. Onde vão ficar na Grã-Bretanha? – perguntou o oficial a Draco.


–       Apenas faça seu trabalho.


–       Solar Benbow! – Emily disse depressa. – O que conversamos sobre ser mais simpático com as pessoas?


–       Desculpe... – disse Draco dando um leve sorriso para o fiscal.


–       Para quando é o bebê? – perguntou o rapaz.


–       Vai demorar mais algumas semanas.


–       Por isso não aparataram? Dizem que é prejudicial.


–       É dizem... – respondeu Rony também nervoso.


Enquanto não embarcaram Etien Louer o coração de Rony não sossegou. Quando a caixa foi despachada para o cofre de Fulton ele sentou e respirou fundo.


–       Tente se acalmar Rony; esses caras são treinados para desconfiar. – disse Fulton.


–       Você é mesmo cego? – perguntou Draco.


–       Como um morcego!


Esperaram a hora da passagem abrir. O grupo que iriam acompanhar era formado de bruxos com crianças de colo e outros de mais idade.


–       Preciso ir ao toalete de novo! – disse Emily deixando os três sentados com as malas.


–       Um velho cego, uma grávida... isso é uma loucura. – disse Draco a Rony.


–       Sou cego não surdo!


–       Tente confiar na gente como estou me esforçando para confiar em você Draco.


–       Espero que Patrick arranje alguma coisa para ocupá-lo enquanto procuramos o fornecedor. Isso facilitaria as coisas.


Emily retornou e sentou ao lado de Rony.


–       Por que ela está sorrindo?


–       Eu sabia que o Sr. Escamoso ia nos ajudar de alguma forma.


–       Eu tive essa idéia primeiro... – comentou Draco.


Rony riu e passou o dedo pela aliança com o nome de Emily gravado.


–       Pronta?


–       Sim...


Os quatro se juntaram ao grupo de bruxos e chegaram ao Beco Diagonal minutos mais tarde.

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