Erros



ERROS...


 


 


Meu caminho é cada manhã


Não procure saber onde estou


Meu destino não é de ninguém


E eu não deixo meus passos no chão


 


 


Ele andava apressado, nem reparava nas pessoas pelas quais passava, e esperava que elas igualmente o ignorassem. Sim era uma decisão que talvez à umas semanas atrás ele nunca tomaria. Nunca pensou nisso exatamente, não importavam quantos cochichassem sobre ele na escola. Ele nunca tinha pensado nisso à sério. Tinha a questão de ser mestiço, tinha a questão de que era arriscado, e tinha a questão de que achava tudo afinal uma grande baboseira. E havia ela... Bom agora não havia mais, ele tinha escutado não tinha? Eles iam se casar três meses depois da formatura... Então afinal o que ele tinha à perder? Uma vida desprezível? Ficou parado ao portão da grande mansão como lhe haviam ordenado.


– Tire o capuz e se apresente. – ordenou uma voz fria.


– Sou eu Malfoy. – falou rouco retirando o capuz da cabeça.


Lucius Malfoy gargalhou.


– Severus Snape?! – ele gargalhou de novo – Estava demorando... Boa aquisição... Mas se me lembro você ainda nem se formou...


– E se me lembro você tem o cérebro de uma ameba... – falou Severus desdenhoso – Não somos nós que escolhemos creio...


– Não, não somos... Entre. – ele abriu o portão e Severus caminhou atrás dele por um longo jardim até alcançar a porta de madeira luxuosa e por fim uma sala com lareira.


O que quer que tivessem lhe dito, não o teria preparado para aquilo. O rosto era contorcido como sentisse dor. Excessivamente pálido, o homem tinha a aparência de alguém mutilado. Os olhos, de um tom castanho avermelhado, o perpassaram e pararam fixos nos negros de Severus. Graças a ela, ele era um excelente Oclumente. O melhor de Hogwarts. Isso por que ela era a melhor Legilimente que ele conhecia. Imagina-la vendo seus sonhos o apavorava tanto que se tornou o melhor em se esconder.


O truque era não bloquear tudo. Por isso estava deixando o homem à sua frente ver lembranças selecionadas. Seus méritos em poções, algumas brincadeiras da escola, o quanto ele estudava, e uma lembrança manipulada de como ele decidira se alistar.


– Então... Qual seu nome? – perguntou o homem calmamente.


– Snape, Milorde, Severus Snape. – falou com os olhos fixos nos do homem.


– Muito bem, Severus – a voz era gélida – Me diga exatamente o que quer.


– Me aliar . – falou ele com voz firme.


– Por quê? – perguntou o Lorde.


– Meu pai... era escória. Quero livrar nosso mundo de pessoas como ele. – falou com voz firme.


Alguma coisa brilhou feroz no rosto do homem.


– E por que deveria aceita-lo...? É apenas um menino. – questionou o homem com a mão apoiada sob o queixo, seus olhos ainda fixos no garoto à sua frente.


– Por que sou o melhor, o mais leal, que vai encontrar. – disse Severus com voz firme.


O homem à sua frente sorriu.


– Está bem, Snape, veremos. Compareça na próxima segunda-feira. – falou ele displicente – Agora vá.


– Com licença, Milorde. – ele se retirou rapidamente satisfeito em respirar o ar gelado do lado de fora da mansão.


 


Se você não entende e não vê


Se não me vê não entende


Não procure saber onde estou


Se meu jeito te surpreende


 


Alguém batia à porta. Levantou-se e foi até ela. Ficou ligeiramente chocado ao vê-la parada no degrau imundo.


– O que faz aqui? – perguntou áspero.


– Posso entrar? – insistiu ela.


Ele deu um passo para o lado e com os lábios contraídos a deixou passar.


– Sev... – falou ela antes que ele fechasse a porta.


– O que quer Evans? – perguntou ele indo para o centro da sala empoeirada – Por que está na minha casa?


– E-Evans? – murmurou ela – O que houve Severus?


– Como assim? – questionou ele evitando os olhos sonserinos dela.


– Você está estranho... – falou ela lamuriosa.


– Você disse que não éramos amigos. – ele falou – E pelo que sei deveria estar provando seu vestido de noiva agora.


Lílian abaixou a cabeça e torceu as mãos.


– Eu só quero...só quero que você fique bem. – falou ela.


– Estou bem. Estou ótimo. – falou Severus desafiador.


– Corre um boato...corre um b-boato horroroso, Sev! – falou ela daquele jeito histérico tão peculiar dela – Que você...que você agora serve à Ele!


– Creio que isso não seja de sua conta. – falou ele.


– Pare com isso! Eu...você é meu amigo! Não posso ignorar tudo que você fez por mim! – Lílian o fitou e ele desviou os olhos. Ela levou a mão à boca horrorizada. – Não!


Ela pegou o pulso esquerdo dele.


– Me solte! – rugiu ele irritado, mas ela o segurava de tal maneira que ele não conseguiria se soltar sem machucá-la, e ele nunca machucaria Lílian Evans.


– Me deixe ver! – ela puxou a manga dele bruscamente e fitou por um segundo horrorizada a tatuagem no antebraço. Ela o soltou agora chorando. Ele cobriu o braço rapidamente de novo. – P-Por que?


– Por que está tão espantada? – falou ele ferinamente – Achei que tivesse certeza de que isso aconteceria...


– Não...Seu coração não é assim... Você sabia que se me encontrar com aquela maldita roupa terá que me matar? – falou Lílian desesperada.


– Sim. – falou ele simplesmente.


– Vai me matar? – perguntou ela vistoriando os olhos dele.


– Não se você fugir. – disse Severus a fitando.


Ela devolveu o olhar furiosa.


– Pois se prepare para fazer isso. Por que não posso fugir. – falou trêmula de raiva tirando do pescoço uma corrente com um pingente.


Ele olhou por um segundo para aquilo. Era uma minúscula Fênix de ouro. Uma fênix que ele sabia que brilharia e esquentaria quando Dumbledore convocasse.


Por um segundo ele se apavorou.


– N-Não...Não. – murmurou perdido – Por que fez isso? É perigoso, é... Potter é um irresponsável!


– Ele não ordenou que eu fizesse isso Severus, ele tentou impedir. Mas da mesma maneira que você defende seus ideais, eu defendo os meus. E se seus ideais envolvem matar gente inocente, então meu trabalho é te impedir. Por isso esteja preparado para usar todas as suas habilidades. – ela se dirigiu à porta e com um último olhar falou: – Porque eu tinha que te amar?


Ele fitou o ponto onde ela desapareceu.


 


Se meu corpo virasse sol


Se minha mente virasse sol


Mas só chove, e chove.


Chove e Chove.


 


Por que tinha que ter sido ele? Por quê? Como fora tão idiota?


Flashes da conversa anterior cruzavam sua mente ferozmente...


– Potter – falou o Lorde das trevas girando a varinha em sua mão pálida.


– Como, Milorde? – perguntou aflito.


– Os Potter...Participaram de três batalhas – Voldemort se sentou suavemente na poltrona ao lado da lareira – E tiveram um filho, que completou um ano em julho.


– Também poderia ser... – ele vasculhou desesperadamente sua mente em busca de algo – os Longbotton?


– Não...São os Potter. – murmurou o Lorde entretido em algo que somente ele poderia ver – Sei disso.


– O Senhor pretende... Pretende...? – balbuciou Severus, tentando controlar seu nervosismo.


– Matá-los? – perguntou ele friamente.


O Lord assentiu e Severus sentiu-se gelar por dentro.


– Vai matar só o menino? – perguntou Severus Snape sem conseguir esconder a aflição na voz.


– Não... – os olhos do mestre perpassaram os seus – Preciso matar todos eles... Não é seguro.


Severus continuou fitando-o longamente.


– O que foi Severus? – questionou Lorde Voldemort com um meio sorriso.


Ele não ousou abrir a boca, mas abaixou a cabeça.


O Lorde gargalhou.


– Você a quer? A Sangue-ruim? – escarneceu ele. Severus manteve a cabeça baixa. O Lorde das Trevas ficou em silêncio, voltando a girar a varinha nas mãos.


– Não. Apenas não quero que ela morra... – murmurou Severus sem crer em sua audácia.


Voldemort gargalhou novamente.


– Está bem. Use a sangue-ruim com quiser depois que eu matar Potter e o menino. – falou Voldemort...


Mas ele não podia confiar. Não podia confiar... por isso ele estava ali. Seu coração batia tão forte no cume daquele morro que ele mal conseguia se controlar.


De repente um feixe de luz branca passou à centímetros de sua cabeça. Ele caiu de joelhos enquanto a varinha lhe escapava.


– Não me mate! – implorou.


– Não era minha intenção. – falou Dumbledore parando à sua frente. Ele olhou para os olhos azuis do homem que poderia ser a única chance de Lily... Que poderia ser a sua única chance...


– Então, Severus? Qual a mensagem que Lord Voldemort tem para mim?


 


Se um dia eu pudesse ver


Meu passado inteiro


E fizesse parar de chover nos primeiros erros


 


Ele chorava convulsivamente, seu corpo doía, e parecia que sua garganta estava fechada. Respirar era muito difícil.


Ele prometera...


“Ela e Thiago depositaram sua fé na pessoa errada”


“Você certamente se lembra da cor e dos olhos de Lílian Evans, não? ”


“O Filho sobreviveu”


“Você não tinha esperança de que Lord Voldemort fosse poupa-la?”


“Ajude-me a proteger o filho de Lílian”


Ele gritou e num movimento varreu da mesa tudo que havia ali. Os frascos se quebraram no chão escorrendo tipos diferentes de líquidos sobre o piso.


– Expectrum Patronum... – balbuciou. Um fiapo prateado surgiu de sua varinha e sumiu.


 


O sol se filtrava fracamente através das folhas. A sensação da grama macia sob seu corpo era agradável. Ele fitou os olhos dela por um momento. Como era possível que existissem olhos tão verdes? Ela sorriu e ele agiu num impulso tocando os lábios dela com os seus.


 


– EXPECTRUM PATRONUM!


A corça prateada surgiu a sua frente. Ele tentou toca-la, mas ela logo se desvaneceu. Severus Snape se deixou cair novamente à cadeira de sua sala, apoiando a cabeça nos braços. Estava cansado. Simplesmente isso.


 


Meu corpo viraria sol


Minha mente viraria sol


Mas só chove, e chove.


Chove e Chove.


 


Precisava fazer parar. Era extremamente necessário que ele encontrasse o garoto. Não podia ter sido em vão...não podia..


Mas seus dedos pareciam incapazes de conter o fluxo de sangue abundante que saia do seu pescoço.


E então como que num milagre ele se materializou em sua frente. Desesperado ele o puxou pelas vestes. O esforço que fazia para respirar era quase desumano.


– Leve...isso...Leve...isso. – murmurou.


E entregou ao garoto aquilo que lhe era mais importante, que lhe era mais precioso. E desejou de todo coração que ele entendesse isso.


E então ele precisava de algo, algo dela...


– Olhe... para...mim – falou.


Deixou-se invadir uma última vez pelo verde dos olhos de Lílian, esperando que pudesse perdoar, que pudesse entender. Desejando que seus erros fossem apagados...

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N/A: Adoro o Sev...Adoro ele =´( 
 

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