Palavras ao vento. - quinta pa

Ergueu a cabeça, encostando-a, em seu topo, na parede gélida, fechando os olhos e voltando a respirar fundo pausadamente. Virou a cabeça devagar para os lados, e percebeu um leve farfalhar de vestes e pés na grama, se encostou à escuridão das sombras que os arbustos projetavam, e se sentou de cócoras, para ouvir o que estava se passando:

- Vocês, vão por ali. – sussurrou esganiçadamente uma voz. – E vocês, para o outro lado.

E seus pés, os do dono da voz, correram em direção as escadas e ao portão principal. Não sabia dizer quem era, de que lado estava, ou se estava nervoso, ou só dando ordens indiferentemente. Porém, sabia que não dava para esperar para saber. Saiu devagar, escorada na parede, com a varinha levantada, na altura da cintura; seus pés afundavam na grama, e faziam um leve farfalhar, que mesmo que fosse suave, fazia-a ficar mais rígida, e nervosa com aquela situação. Não conseguia ver muita coisa a sua frente, talvez alguns vultos, ou sombras, nada era muito identificável.

Enquanto caminhava, sentiu uma respiração no pescoço. Sentiu um músculo da perna tremer involuntariamente, e continuo andando, “ o que fazer agora?” Segurava a varinha tão rigidamente, que a mão tremia um pouco, já estava direcionando a varinha para trás dela, quando virou-se e deu de cara com...:

                                   - AAAAAAAH! – gritou, sem conseguir disfarçar o susto. E sussurrou raivosamente, se encolhendo para trás. – Puta que pariu, Percy! Qual era o objetivo de chegar assim, que nem uma alma penada?

Ele a olhou um pouco envergonhado, virando o rosto para o lado. E ela se lembrou das coisas que (ele) tinha dito, e feito nos últimos tempos. Não sabia o que dizer nem como agir com ele; sentia raiva, mas talvez um pouco de prazer, e um pouco de saudade. Ele estava ali, na sua frente, com o mesmo nariz empinado de sempre, mas com um olhar expressivamente minguado, triste talvez. E ele não parecia estar querendo faz algo contra ela, ou sua família, mas ela não ia abaixar a guardar:

- O que você quer? - disse mais secamente do que gostaria, mas mais do que sentia, e mais pelo o que achava que deveria. 

 

Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

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