Único

Jingle Bells

Gina se encaminhou para o dormitório da Corvinal, eram quase seis horas da manhã. O embrulho em suas mãos tremia levemente, o que a fez sorrir. Tentava ao máximo não fazer barulho nenhum, mas não podia perder a oportunidade de fazer uma surpresa pra Luna.

Em minutos a ruiva estava em frente a porta com a aldrava em formato de águia. Deu uma batida e esperou ansiosa que a pergunta não soasse muito alta.

- Para onde vão os presentes de Natal?

- Pra quem eles são destinados? – a ruiva respondeu confusa, mas a porta se abriu pra ela murmurando “Não deixa de ser”.

Gina entrou apressadamente na Sala Comunal, onde uma linda Arvore a esperava, com as bolas azuis e amarelas mais brilhantes que já vira. A estatua de Rowena estava decorada também, e em sua cabeça havia uma guirlanda que piscavam luzes douradas.

Depois de olhar bobamente para a decoração Gina subiu as escadas que levavam ao dormitório das garotas e parou na frente do que continha a placa: 4° ano. Olhou nervosa para a maçaneta e a virou muito divagar.

As meninas ressonavam levemente, cada uma com seus presentes no pé da cama, inclusive a loira que ela estava buscando. Luna estava deitada de bruços, como sempre costumava dormir, e o Sol que nascia deixava sua pele mais branca que o normal, quase emitindo uma luz.

Em sua cama havia somente um presente que, aliás, era enorme, esperando que ela acordasse. Gina depositou o seu por cima cuidadosamente, enquanto com um feitiço fechava as cortinas em volta das duas. Agora apenas uma fresta iluminava as garotas, a que vinha da janela diretamente acima da cama de Luna.

Com cuidado a ruiva deitou ao lado da menina, que ressonou um pouco mais não acordou. De lado, Gina abraçou a cintura da loira que virou o rosto em sua direção, abrindo os olhos.

- Bom dia linda, Feliz Natal – Gina disse sorrindo e dando um beijo nos lábios de Luna.

Luna resmungou gostosamente virando e estendendo os braços para a amiga, encaixando as duas num abraço apertado. Gina respirou fundo, deixando que o cheiro de lírios dominasse seus sentidos.

- Feliz Natal – Luna respondeu aspirando também o cheiro da amiga, de maça.

As garotas se beijaram, agora não mais como se fosse um bom dia, mas um de saudade de quem passa a noite sem a pessoa amada. Luna passou as mãos pelas coxas de Gina sinuosamente, acabando em sua intimidade.

- Porque você ta com tanta roupa? Não gosto de calça jeans, não é maleável – a loira resmungou no ouvido da ruiva, numa voz melodiosa.

- Porque não podemos ficar na cama, você me prometeu – Gina respondeu afastando o rosto da amiga e olhando séria pra ela, mas seu sorriso anulava qualquer outra coisa.

- Prometi, mas podemos ir daqui a pouco – a loira insistiu passando a mão pela nuca de Gina, fazendo a ruiva soltar um suspiro e fechar os olhos.

- Depois Luna, depois – ela disse abrindo os olhos e fitando a loira.

- Tudo bem Doce – a loira concordou desviando do beijo que a namorada ia lhe dar.

- E tenho uma coisa pra você – Gina exclamou sentando na cama e pegando a caixa que trouxera.

- O que é? – Luna perguntou curiosa.

- Abre oras!

Luna reparou que havia furos na caixa, e intrigada abriu a tampinha discreta que ela tinha. Soltou uma exclamação alta e sorriu abertamente para os vários bichinhos peludos que havia ali dentro. Eram um pouco maiores que um pomo de ouro e tinhas das mais variadas cores.

- Sabe o que são? A ruiva perguntou animada.

- Não – Luna respondeu distraidamente, já colocara todos na cama e os observava encantada.

- Eu os fiz, pra você. Bom, eu não, tive ajuda de várias pessoas, mas fui eu que tive a idéia. Eles não são pufosos, nem sei se são parecidos, bom, na aparência obviamente são. Mas enfim, eles ainda não tem nome, você pode escolher.

- Eu não sei – Luna disse pegando um roxo e colocando na altura dos olhos, seu sorriso não se apagava de forma alguma, e o brilho nos seus olhos parecia mais forte que nunca.

- Depois a gente pode escolher – a ruiva disse e Luna colocou um vermelho em sua cabeça.

- Igual – Luna comentou analisando e depois começando a colocá-los na caixa.

Gina ajudou Luna e logo estavam todos juntos, e a loira ainda continuava com um olhar bobo no rosto.

- Obrigada, são muito lindos – a loira disse abraçando a amiga.

- Não tem de que, eu adorei.

- Aliás – Luna começou a falar enquanto ia até o chão embaixo da cama e se ajoelhava. – Aqui.

Luna estendeu pra Gina um embrulho verde em que vários pomos de ouro estavam desenhados, obviamente a mão. E em volta dele havia um laço vermelho, que Gina tirou com ansiedade enquanto a loira se sentava novamente na cama.

Em segundos o embrulho estava praticamente intacto na cama e havia um porta retrato dourado com uma foto das duas abraçadas fortemente no colo da ruiva. A Gina da foto olhava para o lado toda hora, e alguns segundos depois deu um beijo rápido na boca da outra, fazendo as duas rirem.

- Muito obrigada Luna, é lindo – Disse Gina passando os dedos pela foto, e depois nos detalhes do porta retrato.

- Também fui eu quem fiz, e a foto é do dia que começamos a namorar – Luna disse orgulhosa.

- Então é por isso que é tão lindo – a ruiva disse dando um beijo demorado em Luna. – Mas agora precisamos ir.

- Tudo bem, vou tomar um banho.

Gina deu um Floreio com a varinha abrindo as cortinas. As garotas no quarto já haviam começado a se levantar e olharam para as duas com um sorriso amarelo. Luna foi tomar banho e Gina deitou na cama enquanto esperava a amiga.

- Porque você anda com ela? – Cris perguntou a Gina quando ouviu o barulho do chuveiro.

- Porque ela é bem mais interessante que muitas idiotas que tem por ai, nada mais – Gina respondeu seca.

Em alguns minutos todas as garotas já haviam saído do quarto, sem soltar mais nenhuma palavra. A fama que Gina tinha na escola não deixava duvidas que não se devia mexer com ela, principalmente se ela estivesse com a varinha na mão.

Luna saiu do banheiro já pronta para enfrentar a neve, e jogou um sobretudo em Gina que a olhou confusa.

- Você esqueceu aqui, e acho que vai precisar – disse agora jogando o cachecol de Gina e colocando o próprio em volta do pescoço.

Elas seguiram pra fora do dormitório e se encaminharam para os jardins, que nessa manhã estava coberto de neve. Caminharam até um ponto distante, onde pudessem trabalhar em paz.

- O que você acha daqui? – Gina perguntou erguendo uma sobrancelha enquanto avaliava o lugar.

- Melhor lugar impossível.

Então as duas pegaram suas varinhas e começaram a trabalhar. A idéia do que faziam viera de Gina, que obviamente não imaginava que Luna concordaria e teria tanto ânimo. Mas ela aprendera que a loira gostava de fazer coisas doidas e a ruiva aprendera a fazê-las também.

Luna praticamente dançava enquanto murmurava os feitiços, contornando a arvore que faziam. Gina ria consigo mesma e a imitava, sentindo uma alegria anormal invadir seu coração. Por mais que Hermione não concordasse plenamente, ela sabia que com Luna poderia ser feliz.

Em alguns minutos estava quase pronta, a não ser por um detalhe.

- Faz você – Luna pediu sorrindo.

Gina olhou para a grande arvore branca que havia em sua frente. Várias bolas a decoravam, azuis e vermelhas, uma bela mistura das duas casas. E todas elas piscavam, algumas azuis com a figura de uma águia, algumas vermelhas com um leão. E podia-se ouvir um som baixo de sinos, que Gina sabia vir de dentro da arvore.

- Eu te amo – murmurou Gina olhando nos olhos da loira, que com um sorriso sussurrou as mesmas palavras pra ruiva. E com um ultimo feitiço Gina colocou a estrela no topo da arvore, que ficara mais linda do que qualquer uma das arvores do castelo ou que qualquer uma vira na vida.

- Escolheu o nome? – perguntou Gina sentando-se de frente a arvore e chamando Luna com as mãos, que sentou-se em seguida.

- Não sei, eles são fofos, me lembra de quando eu era criança e falava as coisas com z.

- Com z? – a ruiva perguntou confusa.

- Aham – respondeu Luna sem dar explicação. – O nome deles pode ser... Aziguizi.

- Ta – disse Gina erguendo uma sobrancelha – você que manda.

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