Azkaban
Capítulo Doze - Azkaban
Ele estava suando frio. O vagão estava a alta velocidade. Depois de meia hora ele parou arranhando os trilhos, a porta se abriu. Sirius suava cada vez mais. Ele não via nada na escuridão, a não ser dois vultos lá longe que pareciam deslizar em sua direção. Quando se aproximaram mais, ele percebeu que eram dementadores. Sentiu suas mãos geladas em seus braços, segundos antes de desmaiar.
Sirius acordou recostado em uma parede fria. Um raio de Sol atingia seus pés, passando por uma estreita janela na parede. Ele estava novamente em uma cela, mas agora em Azkaban. Dois dementadores estavam de guarda do lado de fora. Ele se levantou e foi até a grade.
- Me deixa sair! - seu grito se ecoou por todo o corredor - VOCÊS NÃO PODEM ME BOTAR AQUI ANTES DE UM JULGAMENTO!
Ele continuou gritando, até que um dementador se aproximou da grade e segurou seu pescoço. Sirius começou a se sentir mal de novo.
- Quieto! Ninguém vai te escutar. - disse o dementador num sussurro e voltou ao seu lugar.
Sirius cambaleou para trás. Mas começou a falar novamente:
- Chamem o Ministro! Ele não pode me condenar a prisão perpétua SEM SABER O QUE ACONTECEU!
O mesmo dementador se virou para ele. Sirius se afastou das grades e o dementador não fez mais nada. Ele ouviu alguém subindo uma escada e se aproximando da cela. Era um homem gordo e com roupas sujas.
- É bom você ir se acostumando a ficar de boca calada, pro seu próprio bem. É assim que as coisas funcionam aqui. - disse o homem. Ele destrancou a cela e botou algemas em Sirius com a sua varinha e o conduziu para o corredor. Os dementadores os acompanharam.
- Onde você está me levando? - disse Sirius enquanto passavam por outras celas guardadas por dementadores e bem afastadas uma da outra.
- Vamos tirar sua foto de identificação. - o homem falou com impaciência.
Eles desceram muitas escadas. Sirius se admirou de não ter ouvido vozes ou qualquer sinal de que tinham pessoas ali, a prisão estava totalmente em silêncio, a não ser pelos passos deles próprios.
- Eu quero falar com o Ministro! Ele não pode me prender antes de um julgamento!
- Se você foi mandado para cá, tenha certeza de que tiveram um bom motivo pra fazer isso. Me disseram que você matou treze pessoas com um só feitiço! Você ainda acha que pode escapar dessa?
- VOCÊS PEGARAM A PESSOA ERRADA! FOI TUDO ARMAÇÃO DAQUELE...
- Se continuar a gritar você ver do que os dementadores são capazes de fazer com quem merece! Traidor! Entregou os próprios amigos ao Lorde das Trevas. Qualquer um aqui dentro é mais decente que você!
Sirius golpeou o homem e enroscou a corrente das algemas em seu pescoço, pouco se importando com os dementadores que estavam logo atrás deles.
- Você não sabe nada do que aconteceu! Retire o que você disse! - disse Sirius sufocando o homem. Os dementadores o puxaram para longe imediatamente.
- Hahaha! Não é você quem faz as regras aqui. Mas não se preocupe, todos se acostumam a se comportarem, em alguns dias você vai estar igual aos outros. - disse o homem, seu pescoço estava vermelho.
Os dementadores o conduziram para frente. Depois de descerem o último lance de escadas, eles chegaram a um saguão onde tinha um enorme portão de ferro e madeira guardado por seis dementadores. Dois homens estavam sentados em frente a uma mesa na parede oposta ao portão, não falaram nada. Sirius foi levado por um corredor até chegar à sala onde tiraria as fotos.
- Fique aí. - disse o homem quando os dementadores o deixaram encostado na parede em frente à câmera. Haviam mais dois guardas próximos de Sirius.
- Eu não vou tirar fotos! - disse Sirius com raiva - EU NÃO VOU FICAR NESSA PRISÃO!
Os guardas seguraram seus braços. Sirius tentou atacar os homens, mas eles eram muito fortes e não o deixavam se mover.
- Vamos ver por quanto tempo você vai insistir em dizer isso... - disse o homem que o levara até ali, enquanto preparava a câmera.
Sirius gritava, mas as fotos foram tiradas assim mesmo. Logo depois ele foi posto de volta na cela pelo mesmo homem que o tirara de lá.
- Alguém virá trazer comida e água três vezes por dia.
- Quando eu posso receber visitas? - disse Sirius.
- Visitas? Nenhum prisioneiro de segurança máxima recebe visitas. - disse ele debochando da pergunta. Virou-se e foi embora, deixando os dois dementadores na entrada da cela.
Sirius ficou sentado perto da janela, o mais longe possível dos dementadores, mas ainda assim eles o afetavam. Quando caiu a noite, colocaram perto da porta um prato de comida e uma garrafa de água. Ele não quis se aproximar dos dementadores e foi olhar pela janela para desviar sua atenção deles. A única coisa que se via de lá era o mar, refletindo a luz da Lua e das estrelas, e parecia haver um pedaço de terra muito longe que era só uma imagem preta e sólida naquela escuridão.
Olhando para baixo ele só via a parede externa se estendendo até as pedras onde batiam algumas ondas. Um tempo depois ele viu um pássaro voando em direção à prisão. O pássaro soltou um grito e continuou a voar em círculos silenciosamente em volta da prisão, até que um barco veloz, com uma grande cabine de ferro, começou a se aproximar da ilha. Somente Sirius percebeu que o pássaro pousou no topo da cabine, conseguindo chegar até a encosta, onde o conteúdo do barco começou a ser descarregado. O pássaro começou a voar novamente em volta da prisão. Sirius sabia que era Gillian transformada e acenou para fora das grades da janela estreita. Ela se espremeu pela janela e conseguiu entrar.
- Não se transforme ainda! - Sirius a levou para um canto onde ninguém que olhasse do lado de fora os veria. Ela se transformou e a primeira coisa que fez foi abraçá-lo. Sirius a confortou.
- Sirius, eu não tenho mais pra onde ir. - disse ela olhando em seus olhos – Eu estou sendo procurada como suspeita de ser Comensal da Morte. Além disso, Pettigrew tentou me atacar ontem à noite, lá em casa, ele teria me matado se não fosse o Snape.
- O que Pettigrew fez com você? Eu vou matá-lo quando sair daqui!! E o que Snape tem haver com isso?
- Eu acho que Snape não é mais aliado do Voldemort. Ele não sabia porque Pettigrew estava me perseguindo... Ele queria me matar porque eu sou a única pessoa que sei que você é inocente.
- Shh!... Eles estão sentindo você aqui. - Estava ficando mais frio. Gillian estava ficando pálida e gelada. Sirius a envolveu em sua capa. - Eu não quero que nada aconteça com você. Você tem que fugir, vá para outra cidade, qualquer lugar bem longe, está bem?
- Não! Eu não posso te deixar aqui! - ela estava com a voz fraca.
- Não tem nada que você possa fazer, mesmo que você testemunhe a meu favor não vai adiantar. Tem muito mais testemunhas contra mim, que pensaram que eu matei aquelas pessoas. Não vale a pena você se arriscar.
- O que você está dizendo? Você pretende passar o resto da vida preso aqui?
- Não, mas eu não vou tentar nada até as coisas se acalmarem, nem você. Os Comensais ainda estão unidos, e agora você me disse que eles estão te perseguindo. Me prometa que você vai sair daqui, por favor!
- Você sabe que eu não tenho pra onde fugir, porque você está insistindo nisso?
Sirius estava sentindo os dementadores sugarem a energia do lugar. Eles sabiam que tinha mais alguém ali.
- Volte pra casa e pegue suas coisas para ir embora. A única pessoa com quem você deve falar é Dumbledore, procure-o.- disse ele - Vá agora. Se alguém vir você aqui vai ser outro problema.
Ela não se moveu.
- Eu não quero te deixar aqui, eu não posso...
- Não se preocupe comigo. Eu vou sair daqui e vai ficar tudo bem.
Ela estava quase chorando. Sirius a abraçou e a beijou. Eles escutaram a porta da cela sendo aberta. Gillian se transformou e voou rapidamente pela janela. Um guarda entrou e se dirigiu a Sirius.
- O que você estava fazendo? Os dementadores estão agitados por quê? - o guarda falou desconfiado.
- Tem alguma outra coisa pra se fazer aqui além de... ficar preso? - disse Sirius se sentando numa cama estreita e dura encostada na parede.
- Se eu fosse você, eu não iria querer me meter em mais encrenca. - disse o guarda e foi embora.
Sirius ficou naquela cama a noite inteira, sem dormir por causa dos dementadores. Ele sempre tinha uma solução para os problemas, mas agora não tinha esperança de encontrar uma saída. Todos lá fora o odiavam, ele era o traidor que tinha entregado os amigos a Voldemort. Ninguém poderia defendê-lo, a não ser ele mesmo.
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