Revanche
Capítulo Onze - Revanche
Sirius permaneceu na casa destruída por mais um tempo. Foi ver Lílian no andar de cima. Hagrid havia deitado-a na cama de um quarto que ainda estava inteiro. Estava coberta por lençóis brancos que não contrastavam mais com sua pele, agora pálida. Ele trouxe James e o deitou ao lado da esposa para que ficassem ali até que alguém providenciasse o funeral.
Sirius nunca tinha conhecido a dor da perda tão forte quanto naquele momento. Achou melhor ir embora, tinha muito no que pensar ainda. Viu o espelho de James em cima da cômoda do quarto, Gillian estava chamando. Ele não respondeu, preferia falar com ela pessoalmente quando chegasse em casa.
Ele aparatou em casa e Gillian foi falar com ele ansiosa por alguma notícia. Sirius demorou um pouco para a começar a falar.
- Os boatos eram verdadeiros...
Gillian olhou assustada para ele.
- Como assim?... Todos eles?
Sirius assentiu. Os olhos de Gillian começaram a lacrimejar.
- Eu não acredito... Isso não pode ter acontecido Sirius! - muitas lágrimas caíam de seus olhos agora. Sirius a abraçou, tentando manter-se firme sem chorar para ela.
- E o Harry? - ela perguntou, ainda abraçada a ele.
- Hagrid o levou para Dumbledore, eu não sei o que ele pretende fazer. - disse Sirius enquanto acariciava seus cabelos.
Eles ficaram assim por uns segundos até que Gillian se afastou lentamente enxugando os olhos e o encarou.
- Então Peter traiu o segredo? - disse ela - Ele é a única pessoa que poderia ter dito onde eles estavam... - eles se olhavam, parecendo trocar pensamentos -... Mas ninguém vai saber.
- Como eu vou convencer alguém de que ele era o fiel do segredo? Ninguém vai acreditar. - disse Sirius.
- Mas eu sou testemunha! Dumbledore vai entender o que vocês pretendiam quando trocaram o fiel.
Sirius balançava a cabeça afirmativamente, com o olhar distraído. Gillian se aproximou e segurou sua mão. Começou a falar novamente:
- Eu vou com você falar com ele, está bem? Vamos amanhã, hoje é melhor você descansar um pouco.
Sirius concordou e eles foram se deitar.
Ele não conseguiu dormir muito bem. Sempre que se lembrava de James e Lílian tentava afastar esse pensamento da cabeça, então começava a sentir cada vez mais raiva. Ele precisava vingar a morte dos amigos, e seu alvo seria Pettigrew. Sirius não suportava mais se lembrar dele, daquela última noite em que eles se viram, quando ele se tornou o novo fiel dos Potter... Ele tinha que achar Pettigrew e matá-lo se possível.
Eram seis horas da manhã quando ele acordou e decidiu pensar no que iria fazer para encontrá-lo. Gillian ainda estava dormindo. Seria difícil achar Peter depois do que tinha acontecido, ele provavelmente estaria escondido em algum lugar, perto de seu mestre.
Sirius foi à casa onde ele morava com a família no centro de Londres, talvez eles tivessem alguma informação. Ele olhou pelas janelas e viu que todas as luzes estavam apagadas. Antes de ir embora, viu uma luz vindo de uma janela do andar de baixo, da cozinha. A mãe de Peter estava lá fazendo o café da manhã, parecia muito abatida. Ele bateu na porta e ouviu os passos dela vindo na sua direção.
- Pois não? - ela o encarou desconfiada, não parecia lembrar-se dele.
- Eu gostaria de saber onde está Peter Pettigrew.
- Quem é você? - Sirius demorou a responder, mas então disse:
- Eu tenho uma mensagem pra ele, é muito importante.
- Você pode me dizer, eu passo pra ele.
- Ele está aí então?
- Eu vou passar a mensagem, se você me disser. - Sirius acabou concordando, seria até mais fácil assim.
- Diga-lhe que uma pessoa vai estar esperando por ele em duas horas próximo a estação de metrô de Great Portland St. para tratar de sua "recompensa".
A mulher pareceu não entender do que se tratava, mas lhe garantiu que Peter iria receber o recado. Sirius foi embora e se sentou em um bar de onde podia ver o local onde Peter apareceria, caso realmente recebesse o recado. E, de fato, recebeu. Lá estava ele, na hora em que Sirius dissera, andando desconfiado e ansioso para o local combinado. Sirius se levantou e seguiu em direção a ele, antes que ele chegasse perto da estação de metrô. Estava muito movimentado, cheio de trouxas andando apressados na calçada larga.
Pettigrew se encostou em uma parede, olhando para todos os lados. Sirius fez o possível para não ser visto antes da hora. Então, se aproximou dele e agarrou seu pescoço empurrando sua cabeça contra a parede. Algumas pessoas pararam para olhar.
- Ansioso pela recompensa? - ele falou em seu ouvido. Pettigrew o olhou com raiva e o empurrou para longe.
- Agora mais ainda, com certeza ela vai duplicar se eu der conta de você também.
- Canalha!!! - Sirius se sentia como se fosse explodir de raiva. Pettigrew fez uma cara falsa de espanto.
- Eu sou canalha? - ele disse apontando para ele mesmo, falando mais alto do que antes - Como você pode dizer isso de alguém, Sirius? Não fui em que entreguei os melhores amigos ao inimigo! Foi você!
Todos que estavam próximos observavam a cena, alguns saíam devagar para não se meterem em confusão. Sirius sacou a varinha. Pettigrew olhou nervoso para ele.
- James e Lílian, Sirius... Como você pôde? - o ódio de Sirius aumentava com aquela encenação ridícula de Pettigrew. Ele tinha acabado de sacar a varinha também.
Sirius gritou um feitiço, mas no mesmo segundo a rua toda explodiu. Ele foi jogado para trás e quando olhou pra onde Peter estava, viu somente um buraco enorme no meio da rua, e um rato, se misturando com o encanamento arrebentado embaixo do chão. Sirius se levantou e olhou a sua volta, só haviam cadáveres. Ele ainda segurava a varinha na mão direita. Depois de um tempo alguns bruxos aparataram ali e começaram a impedir as pessoas de se aproximarem do local.
Ele ficou imóvel apenas olhando a grande cratera que Pettigrew tinha feito. Aquilo tudo era ridículo, o que Pettigrew armara para ele em poucos segundos. Ele riu. Riu de si mesmo, e do cinismo e da covardia de Pettigrew. Sua gargalhada se espalhava pela rua, cada vez mais alta. Dois bruxos o agarraram pelos braços tentando conduzi-lo a um carro. Sirius se debateu e gritou tentando se desvencilhar deles, mas eles lhe lançaram um feitiço e ele perdeu a consciência.
Quando recuperou os sentidos se viu deitado no chão dentro de um quarto minúsculo com paredes de pedra. Não haviam portas nem janelas. Duas correntes prendiam suas mãos à parede atrás dele. Ele podia ouvir vozes distantes, uma reconheceu ser a de Gillian:
- Me deixa entrar! Eu já disse que ele não vai fazer mal a mim!
- Eu não posso deixar ninguém entrar! São ordens do Ministro.
- Gillian! - Sirius gritou.
- Sirius? Você está bem?
- Estou. Que lugar é esse?
- Eu vou aí falar com você assim que me deixarem entrar!
- Ninguém vai entrar aqui até o Ministro chegar. - disse o homem - Você pode esperar lá fora!
Sirius não ouviu mais nada. Ele só ficou sentado esperando alguém entrar ali, enquanto o tempo passava devagar. Estava muito silêncio, ele não queria ficar ali sozinho sendo obrigado a lembrar de tudo o que acontecera e ter cada vez mais raiva de Pettigrew e Voldemort. Ele queria ver Gillian, e falar com ela.
O som de passos se aproximava da cela. Um buraco do tamanho de uma porta surgiu na parede à sua frente e dois homens grandes vestindo a mesma roupa de guardas do Ministério entraram por ele seguidos pelo Ministro. Eles pararam na sua frente. O Ministro desenrolou um pergaminho e começou a lê-lo:
- Sirius Black, devido a violação ao Estatuto Internacional do Sigilo e ao homicídio de treze pessoas cometidos pelo senhor, no dia 30 de junho de 1981, eu, Cornélio Fudge, Ministro da Magia, e a Corte Suprema dos Bruxos, o condenamos a prisão perpétua na prisão de Azkaban, a partir de hoje. - ele guardou o pergaminho no bolso e se voltou para a entrada, falando com os dois homens - Tragam-no.
Os dois homens desacorrentaram Sirius e o levaram para fora da cela onde tinha um corredor comprido e mal iluminado. Gillian estava lá fora e foi correndo na sua direção. Seus olhos estavam vermelhos. Os homens que o carregavam mandaram ela não se aproximar. O outro guarda a segurou impedindo-a de ir até ele.
- Não encoste nela! - Sirius gritou, mas os homens apertaram seu braço com força fazendo-o virar pra frente e andar mais rápido.
Ele foi levado para um túnel subterrâneo e o colocaram dentro de um vagão de ferro todo fechado que o levaria pelos trilhos até Azkaban.
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