Onde as coisas mudam

Naquele dia, chegaram duas pessoas esquisitas, realmente muito estranhas, diferente das pessoas que Melissa normalmente via. Usavam capas pretas, tinham olhar vazio, frio, davam-lhe uma sensação ruim, um aperto em seu coração. Talvez poque a fizessem lembrar daquele seu terrível e constante pesadelo.
Entraram no orfanato, calmamente, com seu andar sombrio. Todos encaravam, aquilo não lhes parecia nada comum. As crianças estavam assustadas, os olhavam apavoradas e os funcionários faziam menção de protegê-las mas ainda sim ninguém se aproximava. As figuras estranhas entraram na sala do diretor e todos continuaram calados, por um momento.
Estava demorando, pareciam estar conversando. Melissa, sempre curiosa, chegou até a porta para ouvir melhor.
— Então, senhor... - Começou um homem de cabelos loiros, quase brancos, até o ombro.
— Queremos a garota! - Falou indo direto ao ponto um homem carrancudo.
— Desculpe meu amigo, é que estamos com pressa, espero que o senhor entenda. — Continuou a figura de cabelos loiros.
— Claro, entendo, todos tem pressa. Mas... quem é essa garota, afinal? - Disse o diretor do orfanato, que era um senhor robusto e baixo, de bigode e cabelos grisalhos.
— Creio que seu nome seja Melissa - Agora a conversa era apenas entre o diretor e o senhor loiro.
— Mas... Melissa? Estou realmente surpreso, ela nunca recebeu visitas antes. O que querem com ela?
— Senhor, lamento a grosseria, mas não estamos aqui para dar explicações, apenas queremos a garota.
— Nos entregue a garota!! - Quase gritava de raiva o outro homem.
— Acalme-se, lembre-se das instruções que ele nos deu! - O loiro.
— Senhores, lamento muito, creio que não posso ajudar. Se você não forem parentes ou algo da menina. Mesmo que fossem, provavelmente a papelada irá demorar e...
— AVADA KEDAVRA!!! - E saiu uma luz verve de uma espécie de graveto em suas mãos.
— Imbecil! O que você fez? Ele falou claramente que...
Nesse momento, o loiro fora interrompido por uma menininha curiosa, ruiva de olhos verdes, que estava totalmente confusa. Abriu a porta; assustada perguntou:
— O que fizerem com o senhor Hudson? Por que ele está assim? Sr. Hudson!!

— Ah, você é a pequena Melissa? A menina que procurávamos? Venha conosco, querida.

— Não sei do que o senhor está falando – Disse ela apavorada, tentando inutilmente acordar Sr. Hudson, que estava muito gelado.
— E-ele não está morto, está? Como?
— Acalme-se, menina. Tudo ficará mais claro assim que vier conosco.
 Estava com muito medo para fazer qualquer coisa. Fitou o homem nos olhos. Tinha olhos azuis bem claros, cinzentos, profundos, frios... Acabou concordando em ir, mesmo não querendo. Afinal, o que poderia fazer para evitar? Não entendia como, mas parecia que eles poderiam matar quem ousasse entrar em seu caminho.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.