Neville e Hannah
Os amigos ou conhecidos de Draco eram todos ligados aos antigos comensais da morte, teria de pedir ajuda para os outros. As férias de Hogwarts vieram a calhar, pensa Draco. Resolve levá-la a casa de Neville Longbotton, professor de herbologia da escola de magia. Acredita que se fosse procurar Ron Wesley a discussão seria intensa, pois ele nunca o havia perdoado pelos malfeitos do passado. Harry Potter, sabia, pois ambos trabalhavam no ministério, estava fora da cidade e sua mulher, Gina não o receberia.
Neville morava com sua mulher Hannah na antiga casa dos pais dela, nos arredores de Londres. Draco a leva até lá por aparatação, Flora sente-se nauseada. Quando chegam, Hannah vai até o quintal para recebê-los, pois percebe o barulho de alguém chegando. Neville vem atrás arrastando chinelos, abotoando um roupão vermelho surrado, bordado com um dragão dourado no peito.
- O que quer aqui, Draco?
A recepção não é das mais amigáveis, como Flora consegue apurar, apesar de nenhum dos dois estarem empunhando varinhas. Mas Hannah sinaliza para o marido baixar a guarda, pois sente que não há o que temer.
- Preciso de sua ajuda, Longbotton.
- Deixe-os entrar, querido. Logo vê que estão cansados.
Neville sinaliza que entrem na casa. Aponta para o sofá. A casa de Hannah e Neville era muito diferente da dos Malfoy, decorada com cores fortes e alegres, cheia de mimos como aqueles que se compram como lembrança de viagens. Também havia muitas plantas estranhas e objetos curiosos. Flora sente-se bem ali. Senta e agradece o chá que Hannah lhe oferece.
- Esta é minha prima, Flora.
- Prima? Filha de quem?
Draco sabe que mentir estava fora de questão.
- Belatriz Lestrange e Lord Voldemort.
O silêncio toma conta da casa. Apenas o ruído do vento sacudindo folhas secas do lado de fora da casa e o zunido de alguns insetos preenchem o vazio. Flora estende as mãos para Hannah e pede-lhe desculpas. Não sabe muito bem porque o faz, mas compreende que estas deveriam ser algumas das pessoas que sofreram horrores nas mãos de seus pais.
Draco conta como foi que descobriram a prima e as intenções de seu pai e demais comensais. Flora sinaliza:
- Não sou criança, Sr Longbotton. Passei minha vida como trouxa, sou casada, mãe de três lindos filhos, tenho um trabalho e uma casa modesta no Brasil. Tudo o que quero é voltar para lá. Vim na intenção de conhecer um pouco mais sobre nosso povo, que até então nem sabia que existia. Eu e meu marido acreditávamos que éramos únicos. Não freqüentamos escolas especiais como as que vocês têm aqui. Livros de magia que tivemos acesso eram somente de pseudo-mágicos, trouxas que fazem truques...
Neville lhe lança um olhar de desaprovação. Flora continua:
- E não me interprete mal, adoro e me divirto com esses truques e com tudo que o mundo trouxa nos oferece. Vivo muito bem nele. Para mim tudo isso é muito novo, quero voltar para casa, mas não quero esquecer. Não estou vivendo um sonho, isso é real e quero levar comigo parte dessa realidade. Quero poder contar para meus filhos sobre tudo que vi e ouvi. Quero poder trazê-los para freqüentar a escola daqui, se este for o desejo deles (minha filha, às vezes sente vergonha de ser diferente). Mas agora temo que se voltar imediatamente como é minha vontade, estarei colocando a vida de minha família em risco. Desculpe a franqueza, Draco, mas seu pai e os amigos dele são loucos. Estão cegos atrás de alguém que os comande e eu não vou fazer isso. Eu não sou quem eles pensam! E não vou ser!
- Como posso saber que fala a verdade?
- Querido, ela fala a verdade. Olhe para ela.
Flora procura o celular para poder mostrar fotos de sua família para Neville, acredita que se os visse ele não teria mais desconfiança. Mas esquecera o aparelho na casa da tia e lhe passa pela cabeça que o marido não havia lhe respondido as mensagens, o que era muito estranho. Teme por eles e comenta isso com Draco.
- Tudo bem, então. Vamos ver o que posso fazer. Não terei como escondê-la por muito tempo, pois logo voltam as aulas e terei de voltar ao trabalho.
- Agradeço muito, diz Flora, baixando a cabeça.
Draco agradece também e aproveita o momento para se despedir. Pede que se precisarem, entrem em contato.
- Draco, por favor. Entre em contato com meu marido, acho melhor você utilizar correio eletrônico, os bruxos não costumam usar a internet, pelo que sua mãe me explicou. Preciso saber se eles estão bem e que ele não se preocupe comigo. Tome o endereço.
Ela conjura um pedaço de papel e uma caneta e escreve rapidamente o endereço eletrônico do marido. Vendo o espanto de Neville e Hannah, Draco explica:
- Tudo bem, farei isso. Ela aprende muito rápido, é assustador. Bem, preciso ir.
Draco some na escuridão. Hannah vai até o quintal e faz uma série de encantamentos de proteção “pois a noite está escura demais”. Enquanto a observa, Flora percebe que Sra. Longbotton está grávida, algo ainda no começo. Entristece-se por sentir que pode estar colocando em risco mais uma família, mais uma vida inocente. Tudo que Flora queria era voltar para casa e que nada disso estivesse acontecendo. Sentia saudade da família, do sorriso dos filhos pequenos, suas brincadeiras... As lágrimas escorrem em seu rosto mais uma vez. Encolhe-se.
Hannah volta a casa e tenta tranqüilizá-la.
- Você está cansada. Tenho um quarto para você, só precisamos fazer algumas arrumações. Está com fome? Fiz doce de abóbora hoje.
Flora aceita o doce, precisa de algum açúcar para se sentir menos infeliz. As duas vão para um pequeno quarto, próximo do quarto do casal, no último andar da casa. Está abarrotado de objetos, livros e papéis, dando aparência de um depósito. Os objetos que estavam espalhados se organizam no ar, obedecendo os movimentos ágeis de Hannah, lembrando um maestro com uma batuta, entram um a um em vários baús, que ela finaliza com etiquetas douradas com o nome do dono do baú e os conteúdos. Flora encanta-se:
- Preciso treinar estes encantamentos em casa, o quarto das crianças merece uma boa organização... Você é ótima com isso!
- Aprendi com Madame Pince, a bibliotecária da escola. Não é sempre que costumo organizar as coisas assim, mas ajuda muito. Passei muito tempo fora de casa, cuidando dos negócios e Neville na escola, mesmo assim aqui é que guardamos nossos sonhos, todos os verões... parece que muitos verões acabaram acumulando bagunça demais...
E dizendo isso, termina de recolher os últimos objetos e finalmente, uma pequena cama de solteiro surge muito abaixo de tudo aquilo:
. - Muito obrigada, Sra. Longbotton. Desculpe-me por fazê-la organizar tudo assim, de improviso.
- Me chame de Hannah. Não se preocupe, estamos mesmo de mudança, teria de fazer isso qualquer hora. Você precisa de alguma coisa? Já quer descansar?
- Não preciso de nada, só um pouco de companhia. Para falar a verdade, estou um pouco assustada com toda esta história. Até semana passada eu era apenas uma mulher comum com algo de especial, que eu compartilhava somente com minha família e poucas amigas. Agora tem tudo isso...
Flora começa a chorar novamente.
Hannah a abraça e conforta. Diz que fique tranqüila, está entre amigos.
-Hannah, moram apenas vocês dois aqui? (Flora pergunta, pois preocupa-se em não envolver mais ninguém nessa história).
- Meu pai morava aqui, mas está cuidando dos negócios para mim, pois eu preciso de um descanso atualmente. (Diz Hannah acariciando a barriga). Minha filha nasce daqui a quatro meses. Estamos pensando em mudar para Hogsmead, uma comunidade bruxa ao lado da escola, para que ela cresça perto do pai. Ele passa muito tempo na escola, e fica longe daqui, ao norte, 7 horas de viagem. Vou ajudar meu pai à distância, nos cuidados do Caldeirão Furado, como já tenho feito desde o início das férias de Neville.
- Você é proprietária do Caldeirão Furado? Achei o lugar fantástico!
Hannah sorri e confirma com a cabeça.
Flora sente-se mais calma e agradece mais uma vez pelo que estão fazendo por ela. Hannah pergunta se quer dormir e ela diz que ainda não. Então Flora pergunta como é ser uma bruxa desde pequena, ir à escola de bruxos, ter conhecimento...
Hannah lhe conta, em detalhes, como foi sua vida até o momento. Flora encanta-se, depois conta também sobre sua vida e é a vez de Hannah se encantar.
O tempo passa voando, a madrugada chega e as duas vão se deitar. Pela manhã Neville age de modo mais simpático, então Flora compreende que a mulher deve tê-lo acalmado.
Flora prepara o café da manhã usando magia, incentivada por Hannah. Enquanto comem, chega um clarão que toma forma animal e fala com a voz de Draco:
- Flora, você tinha razão. Meu pai está enlouquecido. Não sei como, mas ele está contando com a ajuda de dementadores e dos outros comensais para procurá-la. Sua família corre perigo, estou indo ao Brasil para protegê-los, os dementadores já chegaram por lá. Procure Harry Potter. Tome cuidado com o correio. Nada mais é seguro.
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