O encontro com Draco
Almoçam em silêncio. O tio sai em seguida. Narcisa propõe passeio pelo quintal:
- Vamos ver o que sua varinha é capaz de fazer. Percebi no Olivaras que você me enganara quando dissera que nunca havia tido nenhuma instrução...
- Bem, na verdade passei a noite lendo livros antigos do Draco que encontrei no quarto. Testei alguns com a varinha. Só funcionou com a minha varinha.
- Você aprendeu e executou feitiços não-verbais? (a tia ri) Você é mesmo filha de quem é, nunca vi uma pessoa aprender assim tão rápido. Seu pai era mau, mas era brilhante. Você, com certeza, herdou isso dele.
Flora tenta ignorar a menção ao pai, quer poder esquecer sua origem, pelo menos enquanto se diverte.
- Normalmente as pessoas não mentalizam os feitiços? Precisam falar as palavras?
- Quando estão aprendendo... E algumas passam a vida sem conseguir fazer nada se estiverem de boca calada. Realmente impressionante.
- Tia, posso lhe chamar assim, não? (Narcisa consente). Será que você poderia me ensinar alguns feitiços “adultos”? Só encontrei naquele livro coisas aparentemente inúteis.
A tia lhe propõe ensinar defesa básica, conta-lhe sobre as maldições imperdoáveis, como desarmar. Flora sorri e pergunta se não poderia também ensinar como arrumar a casa, limpar, lavar louça, costurar e cozinhar com o uso da magia...
- É que não pretendo travar batalhas, a não ser aquelas do dia a dia, como a limpeza da casa.
A tia sorri e diz que pode ensinar tudo, apesar de que acha que para essas coisas a sobrinha poderia ter um empregado:
- Ou até mesmo contratar um elfo, que agoras são livres, mas não perderam o gosto pelo serviço da casa.
A sobrinha explica que prefere fazer sozinha para ter certeza que é bem-feito. Não acredita que a tia fosse lhe olhar da mesma forma se soubesse que leva uma vida um tanto mais modesta que a tia.
E assim passam a tarde, divertindo-se, esquecendo-se um pouco de quem são e o que esperam delas. A tia não esquece de lhe ensinar os feitiços protetores, de defesa e ataque. Saber desarmar nunca fez mal a ninguém, explica.
A noite chega e elas nem percebem, tão empolgadas que estão: a sobrinha em aprender e se testar e a tia em ensinar para uma aluna tão brilhante. Surpreendem-se quando as luzes noturnas são acionadas.
- Uau! Adoro magia!
A tia ri:
- Bem, na verdade são sensores de luminosidade e luzes elétricas. O Draco as instalou para mostrar para o Scorpio o respeito que desenvolveu pelos trouxas e suas invenções. Muito útil, aliás. Este era um feitiço que muitas vezes nos esquecíamos de refazer e enfraquece rapidamente com o tempo... O jantar!!! Estamos atrasadas!
As duas entram na casa e vão se aprontar para o jantar. Flora escolhe uma roupa que comprara naquela manhã, uma capa verde furta-cor, com brilhos azuis, de tecido muito fluído e ótimo caimento. Olha-se no espelho e aprova: enfim um visual que combina com o seu eu interior. A bruxaria lhe cai bem. Sorri.
Os amigos do Sr Malfoy não tardam a chegar. Olham para Flora com a mesma veneração e interesse que o anfitrião. Alguns parecem atrapalhar-se como se na mesa houvessem lugares marcados. Sr Malfoy parece apresentá-la como um troféu, pessoa muito valiosa. Sabendo de sua história, Flora releva. Agora compreende o tio.
Flora cumprimenta a todos, ouve um por um, suas histórias. Após o jantar, levanta-se, apóia as mãos sobre a mesa e começa a falar. Todos emudecem, em respeito.
- Senhores, compreendo a admiração que todos sentiam pelo meu pai, a falta que sentem dele. Mas temo desapontá-los, pois não pretendo ocupar o posto que ele deixou.
Ao final de suas palavras, mal tem tempo de notar o sorriso se desfazendo no rosto do tio quando Draco entra na sala e ao ver todos antigos comensais da morte sentados à mesa, Flora ao centro, capa verde, o rosto branquíssimo refletindo na mesa escura, ela em pé, em posição de discurso, lhe parece um déjà vu. Ela é Lord Voldemort, ou sua continuidade. Numa tentativa de cortar o mal pela raiz, Draco saca a varinha. Flora percebe o movimento e o desarma.
Alguns ficam paralisados com tal demonstração, outros comensais apontam a varinha para Draco. Flora caminha vagarosamente em direção ao primo, sem tirar os olhos dos olhos de Draco, pega a varinha do chão, como que curvando-se para ele, lhe devolve a varinha e desculpa-se. Pede licença a todos e retira-se.
Vai para o quarto na intenção de arrumar as malas, a tia em seu encalço, seguida por Draco, que sem entender, quer explicações.
Flora manda uma última mensagem ao marido, pedindo que tome cuidado, esconda as crianças até o seu retorno.
A tia entra no quarto e tenta impedi-la de arrumar as malas. Flora diz que vai voltar para casa, mas antes quer falar com Draco.
- Estou aqui.
Draco entra no quarto, ainda com olhos desconfiados.
- Não tenho nenhuma intenção em tomar o lugar do meu pai. Sua mãe me falou por alto dos horrores que ele promovia e não preciso ouvir detalhes para saber que não aprovo. Fui criada entre os trouxas e eles nada diferem de mim. Sou apenas mais estranha. Queria a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre nosso povo, aprender mais para poder ensinar para meus filhos. Quero paz.
- Me desculpe, Flora. Agora é tarde demais. Os amigos de meu pai não vão deixá-la seguir em paz, não depois de sua demonstração. Você é muito ágil e todos sabem que o que viram foi resultado de apenas um dia de aprendizado. Estão comentando isso empolgados, perceberam seu potencial. Acreditam que é só uma questão de tempo e palavras certas para fazê-la sucumbir aquilo que acreditam ser o seu destino. Minha mãe me explicou, entendi tudo errado.
- Compreendo. O que posso fazer?
- Não vejo outra opção, senão escondê-la por uns tempos na casa de algum amigo. Ou talvez seja ainda melhor, na casa de um antigo desafeto.
Comentários (1)
acho q tem erro de digitação, mas continuo curtindo... adorei quando ela desarmou o Draco!
2011-10-04