Indo além
Aquelas duas letras ficaram vagando na cabeça de Luke. Precisava falar o que sentia. Tinha medo da resposta. Queria falar a verdade. Nunca sentiu tanto medo.
— Luke, ainda está aqui na Terra?
— Estou.
— Bem, então... Me desculpe – começou Lílian.
— Eu que devo te desculpar, sabe, você não estava bem naquela noite, eu vi isso. Você jamais perguntaria se casa é com S ou Z.
— É, mas fui que te bati. Vi você com os olhos vermelhos dias depois e...
Luke se aproximou dela, colocou um dedo nos lábios dela, fazendo-a ficar em silêncio.
— Eu amo você desde o primeiro ano, desde a primeira vez que te vi. Você foi a única que notou meu falso desaparecimento por alguns dias no primeiro ano. Você tem um fantástico jeito com os animais. E é linda!
Luke virou-se de costas.
— Eu... eu não sabia que... que você gostava de mim as... assim... mas é que eu gosto do...
— Tiago – completou Luke.
— Como você sabe?
— Lily, eu te vigio desde o primeiro dia, conheço muito de você, mesmo sem ter falado com você. Sabe, está nos seus olhos que você o ama. Tive certeza assim que entrei na torre e vi você daquele jeito.
Lílian estava perplexa e queria chorar, apenas uma única lágrima corria-lhe pelo rosto.
— Ei, ei, o que foi? – Luke chegou mais perto de Lílian.
— Eu não quero magoar mais ninguém e você... é muito legal para ser magoado.
— Não se preocupe comigo, o seu coração que já sofreu de mais nos últimos dias – Luke abraçou-a completamente. — Sei que não posso ser seu namorado, mas queria ser seu amigo.
Lílian sorriu para Luke, era a aprovação.
— Com certeza você já sabe... Mas Tiago, Sirius, Remo e Pedro estão na enfermaria por minha causa.
— Eu sei, essas paredes conversam...
— Quer brigadeiro?
— Quero o quê?
— Isso aqui – Luke mexeu a varinha lenta e horizontalmente e um prato apareceu – é um doce, lá do Brasil. Experimente, você vai gostar.
Lílian pegou uma colher e experimentou.
— Nossa, é fantástico! Você que fez?
— Sim, claro.
— Onde achou os ingredientes?
— Jay trouxe para mim...
— Quem?
— Nossa elfo doméstica, Jay.
— Ah, você nunca me disse que tinha uma...
— Eu nunca te contei muita coisa, na verdade... Que tal começarmos agora?
— Eu adoraria!
— Antes de uma coisa, você vai ter que arranjar algum outro parceiro para o campeonato, estou de detenção com a Minerva...
— Ela já tinha falado comigo sobre isso... Eu pensei em chamar o Tiago, mas acho que ele não vai poder... Quem você acha que devo chamar?
— O Ectore, talvez... Ele é um ótimo bruxo e quase ganhou da gente.
— Mas você usou aquele feitiço de troca, me deixou louca.
— Eu não queria causar isso em ninguém, mas, devo admitir, eu achei que algo poderia dar errado.
— É claro que podia! E se seu braço ficasse para trás? E pior, e se a troca não fosse justa?
— Isso eu tinha certeza que era, mas o caso do braço já varia um pouco... Mas então, você vai chamar ele?
— Ah, acho que sim, estou sem muitas ideias...
Os dois ficaram um incrível tempo sem falar um mínimo som. Lílian quebrou o silêncio:
— Luke, você acha que o Tiago gosta de mim?
Luke fingiu não escutar, não sabia, nem queria, responder àquela pergunta.
— Luke, não me ignore!
— Tá, desculpe. Eu não sei... na verdade, eu nunca parei para analisá-lo direito... Nunca sei o que realmente se passa naquela cabeça dele.
— Como assim, analisar?
— Ué, eu analiso as pessoas... sabe, eu olho para elas e tento descrevê-las... Normalmente, eu acerto...
— E como você me descreve?
— Já te descrevi, palavra por palavra, faz alguns minutos...
— Ah, Luke, você é um fofo. – Luke fica completamente vermelho, até o último fio de cabelo, literalmente. – Ah, você está envergonhado.
— Você parece adorar isso...
— Mas eu adoro, adoro mesmo. O jeito de você expressar seus sentimentos...
— Controlar os sentimentos nunca é fácil para um metamorfomago, sabe, nosso corpo nos expõe... e ocultar as vezes dá muito trabalho... mas nos últimos tempos eu preferi deixá-los à mostra. Lily, posso te perguntar uma coisa?
— Claro.
— Posso confiar em você?
— Sem a menor dúvida que sim. E eu, Luke, posso confiar em você?
— Sem a menor dúvida que pode.
Lily abraçou Luke, os cabelos dele passaram de vermelho para laranja.
— Lily, acho que você deve deitar, amanhã você tem o final da batalha...
— Eu preciso terminar o dever de Astronomia.
— Claro, se nós tivéssemos Astronomia antes de quarta feira que vem, eu deixaria. Amanhã você faz.
— Você vai poder me ver duelar?
— Não sei, acho que não, amanhã tenho que limpar os banheiros de não sei que andar, a Minerva não me disse... Desculpe. Mas vou tentar ir, acho que não serão muitos banheiros.
— Tudo bem, Luke. Não tem problema. Mas por que você os atacou?
— Por causa de um negócio que aconteceu no primeiro ano, um negócio que o Dumbledore não quer que eu comente com mais ninguém... Vamos, agora?
— Sim, acho melhor. Tchau, Luke.
— Tchau, Lily.
Cada um foi para seu quarto. Luke não poderia pedir coisa melhor: voltou a falar com Lily e vai dormir sozinho no quarto dos meninos do quarto ano.
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