Desculpe-me



Luke voltou correndo para a biblioteca.


“Isso tem quem funcionar...” pensava.


Depois de atravessar o castelo para evitar corredores cheios, ele finalmente chegou. Sua mochila ainda estava no lugar em que deixara. Sentou-se na mesa e rabiscou um pedaço de pergaminho, escrevendo ingredientes de algum doce.


— Jay – cochichou.


Com um estampido abafado, uma pequena elfo doméstico apareceu.


— Olá, senhor, quanto tempo! – disse, fazendo uma reverência.


— Olá, Jay, como está lá em casa?


— Está tudo bem, o Sr. Burgage tem estado de mau humor e os seus irmãos estão... – ela levantou as mãos. Elas estavam enfaixadas.


— O que eles fizeram com você? Eu vou matá-los quando voltar...


— Não, senhor, não fique assim. Jay esqueceu de fazer uma ordem dada, então eles castigaram.


— E mamãe, o que disse? Ah, ela está na escola. Bem, Jay, pegue esses ingredientes lá em casa e deixe na cozinha aqui de Hogwarts. Você saberá onde é. – Luke entregou a lista – Se qualquer um deles perguntar onde foi, eu lhe proíbo de dizer e lhe proíbo de se castigar por minha causa, certo?


— Sim. Obrigado, senhor.


— O que eu lhe falei sobre me chamar de “senhor”? Me chame de “você”. Agora pode ir, se quiser ver como é Hogwarts, pode ver. Agora tenho que ir. Ah, outra coisa se chamarem mamãe para cá, avise-a para não vir, diga que eu me viro. Tchauzinho.


Luke saiu da biblioteca, deixando Jay parada, a última coisa que ouviu foi um estampido, indicando que ela se fora.


 


“Sala da Minerva agora. Não sei se estou com medo... Nunca fui para detenção e não tenho ideia do que ela vai pedir para eu fazer”.


Depois de um labirinto de incontáveis corredores, curvas a cada metro, subidas e descidas de longas escadas, mas na verdade foi apenas um corredor e meio, que Luke chegou à sala de Minerva. “Acho que só agora tenho consciência do que fiz, e isso está tomando minha cabeça”.


Dois leves toques bastaram para Luke poder ouvir a voz de sua professora pedindo-o para entrar.


— Pontual, Sr Burgage, parabéns – cumprimentou a professora – Sente-se.


— Hum... o que vamos fazer?


— Bem, o senhor vai separar algumas lições corrigidas e por em ordem alfabética e por ano, em quanto eu vou corrigir mais trabalhos. Depois eu vejo. Ah, nada de varinha.


— Está bem – respondeu Luke, dirigindo-se para a pilha de deveres corrigidos.


— Hm... Sr Burgage, posso fazer uma pergunta?


— Claro, professora.


— Por que o senhor atacou os seus colegas?


— Eles não são meus colegas, professora – respondeu – bem, com certeza a senhora se lembra do que houve no primeiro ano. – ela assentiu – Então, resolvi não ficar mais em silêncio, por isso que ganhei a competição. Eles vieram me perturbar e falaram da minha mãe, eu não fiz nada, a princípio, mas fiquei mexendo com as emoções deles, então Sirius se irritou e atacou, então revidei. Mas eles não vão admitir isso... Posso começar?


— Ah, claro – respondeu a professora, perplexa.


Luke resolveu primeiro separar por anos, depois por em ordem alfabética.


O primeiro ano tinha que fazer uma redação sobre a diferença entre conjuração e transfiguração. O segundo deveria mostrar o processo de uma transfiguração simples e dar um feitiço como exemplo. O terceiro deveria ter entregado uma caixa com botões transfigurados, guardados em caixas, por isso, Luke estava com medo de que caíssem. O quarto ano não fizera trabalho, pelo menos, Luke não entregara nenhum. O quinto ano fizera três redações “preparação para os NOMs”. O sexto ano prepara um texto de dois metros sobre os tipos de transfigurações que já tiveram aprendido até o momento. O sétimo ano não fizera trabalho.


— Por que o sétimo ano não fez trabalho? Não é ano de NIEMs?


— Eu dei para eles mais uma semana, estão ficando muito sobrecarregados...


Luke fez que sim com a cabeça e continuou seu trabalho. Conseguiu terminar rápido, mas completamente surpreendido com alguns começos de redações.


— Professora, a senhora não ri lendo essas redações?


— Confesso que algumas eu rio, mas em muitas me decepciono. Já acabou, senhor Burgage?


— Já sim.


— Ótimo, então pode ir para o jantar.


— Obrigado. — Luke virou-se para sair — Professora, é verdade que vai até o fim do ano as detenções?


— Ah, não, claro que não. Nenhum professor aceitaria isso... Falei da boca para fora... Mas elas vão comigo, todo sábado até o final deste mês e sem ida à Hogsmead.


— Isso é bem melhor...


— Ah, Sr Burgage, tente se controlar melhor, certo?


— Tentarei.


Luke saiu da sala de sua professora muito feliz. Conseguira diminuir sua pena e poderia fazer o que queria que teria tempo.


Correu para o Grande Salão para jantar. Sentou-se na ponta mesa mais próxima da saída. Colocou em seu prato um pouco de comida e começou a comê-la. Luke não precisava olhar para as outras mesas para saber que todos o encaravam. Queria comer o mais rápido que podia para poder fazer o que queria, porém não queria levantar suspeitas. “Espero que os outros anos não venham fazer comboio para me encurralar nos corredores... Eu fui uma anta também, logo o apanhador...” Luke nem percebeu, mas Ectore já estava sentado em sua frente, fuzilando-o com seus olhos verdes.


— Hm... que foi? – deveria ter ficado calado.


Ectore sentou-se na mesa, fuzilou-o ainda mais, e respondeu:


— Sabia que a gente poderia na frente do campeonato das casas se a Grifinória vencesse esse jogo? Sabia que ficaríamos na frente do campeonato de Quadribol e poderíamos brincar com a cara da Sonserina por um bom tempo?


— Não, não sabia. E antes de vir me acusar, Ectore, procure saber da história toda, aí sim eu poderei te ouvir. E é bom você melhorar seus deveres de transfiguração, eles estão péssimos. Quando você não estiver cego por um esporte e com argumentos que me interessem, eu falo com você. – Luke colocou o garfo na boca e ignorou Ectore totalmente.


Vencido pelo silêncio, Ectore sentou-se na cadeira e falou civilizadamente:


— Tá, é, desculpe, o Quadribol subiu na minha cabeça. Mas, cara, por que você fez isso, achei que era “da paz”...


— Eu sou “da paz”, como você diz, só que Tiago exagerou um pouco. Para variar, ele quis sempre sair de vítima e ser superior. Foi ele quem me atacou primeiro, eu reagi em defesa, não tenho culpa se eles não aguentaram.


— Luke, o que você fez? Eram quatro bruxos, quatro!


— Na verdade, eram três, o Pedro não conta. Foi só preciso pensar um pouco e montar uma leve estratégia.


— Você usou magia das trevas?


— Claro que não! Só um pouco de transfiguração. Você viu a Lily?


— Ela não desceu para a janta, ficou lá em cima, estava chorando. Vocês brigaram?


— Não quero falar sobre isso. Olha, tenho que ir. E quem deve se desculpar sou eu, fui um pouco grosso com você.


— Mas você nem comeu!


— Não estou com fome...


Luke saiu do Grande Salão, tentando evitar olhares da Grifinória, e foi para o jardim, estava à procura de uma única e perfeita rosa. Procurou em cada canto, ficou uma hora procurando, mas não conseguia encontrar uma flor se quer. Conjuro uma eu mesmo, agitou a varinha e uma linda rosa brotou de sua ponta. Guardou-a em uma caixa. Revirou os bolsos, encontrou um pergaminho e uma pena, por que eu tenho isso aqui? Queria escrever algo no papel, não sabia o que, mais uma hora Luke perdeu para concluir. Deve ser meia-noite, se o jantar acabou às dez... tenho que tomar cuidado.


Voltou-se para o castelo. Esgueirando-se pelos corredores, subiu até o sétimo andar e passou pelo retrato da Mulher Gorda.


Como esperava, e temia, Lily estava sentada, sozinha, numa mesa ao canto, bem próxima à janela.


— Lily – disse Luke, sua voz era um pouco mais que um sussurro. A garota respondeu seu chamado virando o rosto lentamente. Sem saber exatamente o que dizer, Luke entregou a caixa. Graças à Merlin, Lily aceitou. Luke estava totalmente envergonhado, e agradeceu por estarem à luz de apenas uma vela.


A garota abriu a caixa e tirou o pergaminho, leu:


Lily,


Você foi a minha primeira amiga em Hogwarts, e graças à você conheci mais pessoas.


Você é realmente especial, linda, amorosa, graciosa e outros milhões de adjetivos que não caberiam neste pequeno pedaço de pergaminho.


Gostaria que você me desculpasse por aquela noite, sabia que você estava mal e agi precipitadamente.


Me desculpe, por favor.


Aceite essa rosa como pedido de desculpa.


 


Obrigado, Luke.


Lily terminou de ler, dobrou o pergaminho, uma pequena lágrima corria pelo seu rosto, pegou a rosa, olhou-a e depois a guardou na caixa. O coração de Luke estava totalmente descompassado, Luke estava prestes de ter um ataque. Lily levantou-se, repousou a caixa na mesa, saiu correndo na direção de Luke e abraçou-o forte.


— É claro que eu te desculpo, seu bobo!


Aliviado, Luke retribuiu o abraço.


— Não sabe como me sinto melhor agora...


— Luke, agora que voltamos a ser amigos, precisamos conversar.


— Ok – Luke temia esse pedido.

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