Desculpas e desabafos
Assim que saiu da Ala hospitalar, Luke rumou para sua aula de Transfiguração. Ele, apesar de adorar essa aula, não estava querendo realmente tê-la, depois da pequena gritaria com a sua professora, ele estava tentando ficar um pouco afastado dela. Não tinha muita certeza se conseguiria encará-la novamente.
Chegou na sala, a porta ainda estava fechada, uma pequena aglomeração formava-se num canto, todos olhavam-no estranhamente e cochichavam.
“Ah claro, já rodou a escola toda, tenho certeza. Como é que isso acontece tão rápido? Começo a suspeitar que as paredes ouvem... Ainda bem que ninguém ouve meus pensamentos... se não eu seria um louco, bem... de qualquer jeito eu vou ser louco...”
A porta se abriu:
— Alunos entrem – era a voz da Professora Mcgonagall.
Luke entrou na sala olhando para baixo, ainda não conseguia olhar para sua professora.
Ao entrar na sala, Luke percebeu que as duas mesas que ela havia reduzido a pó já estavam novamente em pé. Sentou-se numa mesa do fundo, pela primeira vez em sua vida.
— Bem, hoje vamos treinar os feitiços de troca, já conhecem a teoria. Vocês devem trocar de lugar as moedas em suas mesas com esses vasos – e apontou para vários vasos em cima de sua mesa. – Vamos lá. Comecem! E deixem seus deveres em cima da mesa.
Várias mochilas foram abertas e pergaminhos de dois metros enrolados foram puxados para cima. Depois todos pegaram seus livros para lerem a teoria novamente. Porém Luke apenas encostou-se em sua cadeira e fitou sua moeda.
Dez minutos depois, ainda ninguém havia conseguido algum progresso, Luke ainda nem tentara e nem tentaria.
Quem tinha ido mais longe foi Remo Lupin que conseguiu trocar metade se sua moeda por uma folha da planta. Luke levantou a mão.
— Sim, senhor Burgage? – perguntou a professora de sua mesa.
— Não se pode trocar uma moeda por um vaso, professora. – respondeu indiferente.
— Espere aí, eu consegui uma folha! – protestou Lupin.
— Você conseguiu uma folha e não o vaso todo. Aliás, você trocou metade da moeda pela folha. Embora que para você, Remo, até um grão de terra seria um progresso...
— O que você quer dizer com isso? – perguntou Lupin, ameaçadamente.
— Não sei se seria possível descrever em palavras o que penso sobre você – respondeu Luke com um ar de superioridade e arrogância na voz.
— Por que não se pode fazer a troca, então? – perguntou a professora.
— Porque, para fazer trocas, o peso objeto a ser trocado, no caso o vaso, deve ser igual ou menor do objeto oferecido, no caso a moeda, por isso é impossível fazer esta troca. Mas, seria possível trocar o vaso pela moeda, mas nunca a moeda pelo vaso – respondeu Luke.
— Está dispensado, senhor Burgage. – disse a professora. Luke sentiu seu rosto corar e não se mexeu – vamos, saia.
Luke se levantou, apontou sua varinha para sua mochila e todos os seus materiais foram guardados.
— E leve isso para a senhoria Evans – ela apontou para uma folha em cima de sua mesa. Luke, recusando-se a atravessar a sala para pegar o papel, apontou para a moeda murmurou o Feitiço de Troca e sua moeda desapareceu e no lugar a folha do dever de Lily apareceu, pegou-o e saiu pela porta.
“O que foi que eu fiz? Não disse nada de errado! Aquela megera! Aquela velha! Como quero gritar agora!”.
Luke nem havia percebido, mas já estava na porta da Ala hospitalar, empurrou-a e viu Lily olhando para ele por cima de um livro que estava lendo. Antes que ele pudesse dizer oi a porta do escritório de Madame Pomfrey se abriu:
— O que você está fazendo aqui? – perguntou a enfermeira.
— Vim visitar Lily. – respondeu Luke.
— Você devia estar em aula, não é?
— A professora Mcgonagall me expulsou da aula. – disse friamente – posso ficar aqui, então?
— Bem... claro – respondeu um pouco perdida no que dizia.
— Lily, este aqui é o seu dever – disse jogando a folha em cima da garota.
— Nossa!Tirei a nota máxima e você? – perguntou animadamente.
— Parabéns – respondeu friamente – não sei quanto tirei, ela não entregou o nosso.
— Madame Pomfrey disse que eu posso sair daqui a três dias! – comentou animadamente.
— Legal – respondeu com frieza, sem dar a mínima para o que a garota disse e também evitava olhá-la nos olhos.
— Luke! Olhe para mim, agora! – Luke obedeceu-a quase instantaneamente – Não tenho culpa do que aconteceu entre você e a Mcgonagall, não tenho culpa do aconteceu com você antes de vir me ver hoje, ok? Então pare de ser chato e ignorante e fale direito comigo!
— Tá – respondeu indiferente.
— Luke, estou perdendo a paciência.
— Ok, desculpe – respondeu tímido – mas é que não foi o que houve em um dia, foi em três anos. – completou amargamente.
— Três anos? O que houve?
— Nada, nada muito importante – responde com a voz tremendo. Ele estava sua mochila preta e sua mão estava, sem ele perceber, ficando preta como a mala.
— Luke! Sua mão! Está ficando preta!
Foi agora que Luke percebeu o que estava acontecendo, estava completamente sem controle de sua metamorfomagia, então rapidamente tirou sua mão da mochila e se concentrou para sua mão voltar ao normal.
— Luke? Sua mão... A cor da mochila... O que é que...
— Metamorfomago. – respondeu sem esperar a pergunta.
— Sério? Que... legal!
— Que bom que você acha legal, só espero que você não peça para que eu comece a virar tudo o que me pedir, porque não vou!
— Quem mais sabe?
— Minha mãe.
— Só?
— Sim.
— O que você estava falando sobre...
— Lembra-se de quando queimaram a estufa cinco? – Lily concordou – Então eu levei a culpa.
— Foi você que...
— Não, não fui eu, mas levei a culpa, por causa do verme do Tiago e dos seus fieis escudeiros.
— Não fale assim dele!
— Realmente, vermes são ótimos de mais para serem comparados a ele.
— Como foi que a culpa foi sua?
— Eles pegaram um relógio que eu ganhei da minha mãe e deixaram no local, então tudo caiu sobre mim. Minha mãe teve que sair do Brasil e vir para cá...
— Sair do Brasil?
— É, eu nasci lá, eu moro lá, mas estudo aqui. Nem me pergunte como.
— Continue... Se quiser.
— Minha mãe veio para cá e quase me matou, mas Dumbledore não deixou. Depois de horas de conversa consegui convencer Dumbledore de que não tinha sido eu e ele chamou Tiago, Sirius, Remo e o Pedro. Eles negaram com todas as suas forças de que não tinham feito aquilo e Dumbledore também acreditou neles.
— Como o boato não se espalhou?
— Dumbledore fez todos nós jurarmos a não dizer o que sabíamos. Desde então, eu me forcei ao máximo para me esconder deles, porque tinha certeza de que mexeriam comigo. Eles só me viam nas aulas e depois nunca mais, nem mesmo no dormitório.
— Como?
— Feitiço Desilusório, minha mãe me ensinou.
— Então ela acreditou?
— Sim, depois que me fez tomar Veritasserum para realmente dizer a verdade, então ela teve que acreditar – Lílian pareceu chocada. – mas, atualmente, ela se desculpa por não ter acreditado em mim.
— E como eu nunca percebi você?
— Quem me deve responder é você, ora, embora acho que não participar de nada tenha ajudado bastante.
— Por que você está me dizendo tudo sem contestar?
— Porque explodiria se ficasse mais um minuto com isso na minha cabeça e, apesar de conhecer faz pouco tempo, confio em você. – Lily corou na hora.
— Você me deixa sem jeito assim!
— Desculpe-me, então. Eu não quis...
— Cale a boca. Não fale mais nada, você não tem culpa. – Luke obedeceu e ficou esperando.
— Desculpe, de novo, é que eu não queria que ficasse brava comigo.
— Eu não fiquei brava com você, Luke, relaxa, você é meio tenso, relaxa...
Luke tentou se acalmar e relaxar, obedecendo à nova amiga.
— Você já namorou?
— Não.
— Você não sente vergonha disso? – perguntou curiosa.
— Não, deveria?
— Você realmente é diferente, Luke.
— Obrigado, eu acho...
— Como você aprendeu?
— Minha mãe me ensinou...
— Sua mãe fez tudo? – brincou Lily.
— Sim – Luke fitou-a bravo.
— Desculpe, não queria ofender.
— A culpa não é sua... Meu pai só grita comigo, só diz que eu não faço e não presto e meus irmãos o seguem. Mas eu nem ligo, sei que só estão com ciúmes.
— Ciúmes?
— É, porque eu estudo aqui – explicou – e eles lá no Brasil.
— Você fala português?
— Claro! Por que você muda de assunto tão rápido?
— Porque eu não preciso que falem muito para eu entender. Me ensina?
— Ensina o quê?
— Português.
— Sério!? Por que você quer aprender português? Não é muito fácil na gramática.
— Porque quero aprender outra língua, ué, e eu gosto de desafios.
— Se você quer, eu ensino...
— Quando começamos? E onde?
— Quando e onde você quiser.
— Pode ser quando eu sair daqui? E na torre de astronomia?
— Pode.
— Que ótimo! Você devia mudar seu cabelo, desse jeito é meio certinho. – Ela esticou a bagunçou o cabelo dele, enquanto ele riu. – Que foi?
— Nada. Agora me fale de você.
— Nasci trouxa, meu primeiro amigo aqui em Hogwarts foi o Severo. Sou uma boa aluna, adoro Trato de Criaturas Mágicas. Tenho uma irmã e adoro desafios.
— Tiago Potter? – perguntou de repente e olhando fundo nos olhos de Lily
— Arrogante e se acha de mais – respondeu sem perceber.
— Sirius Black?
— Seguidor de Tiago e galinha.
— Remo Lupin?
— Nada contra, é legal, mas não falo muito com ele.
— Severo Snape?
— Gentil e legal.
— Eu?
— Um estranho para mim.
— Foi muito bom saber.
— Que foi que eu disse? Que foi que você fez?
— Perguntei e você respondeu.
— Mas eu nem percebi!
— É claro, você estava falando da boca para fora, foi uma pergunta inesperada, a primeira, e você respondeu então depois não se tornou difícil. É bem fácil depois da primeira vez que você faz.
— Não vai voltar para aula?
— Não, a Minerva me dispensou. Já que eram dois tempos de transfiguração e eu fiquei lá uns 20 minutos, depois vim para cá, então faltam 20 minutos para o almoço, que é quando eu vou sair daqui.
— Ficamos conversando todo esse tempo!? Nossa!
Eles ficaram se olhando por um tempo, depois Lily quebrou o silêncio:
— Por que você acha que ela te dispensou?
— Não tenho a mínima ideia – respondeu infeliz – mas você acaba de me iluminar. Tchau! Até mais. Obrigado novamente.
Luke saiu pela porta da Ala hospitalar e, de novo, rumou para a sala da professora Mcgonagall. Andou pelos corredores o mais rápido possível e chegou ao seu destino antes que quisesse.
— Professora, desculpe-me! – disse assim que abriu a porta e localizou-a.
— Não sei a que se refere, senhor.
— Sobre anteontem, as mesas, eu lhe atacando e gritando...
— Ah, sim. O professor Dumbledore me explicou tudo, está mais que desculpado.
— Hum... obrigado, então. – respondeu feliz – e...
— Ah, sim, o senhor ganhou 30 pontos para a Grifinória, hoje.
— Por quê?
— O senhor foi o único que se lembrou da regra, por isso eu lhe dispensei. Era um teste para todos, foi assim a aula toda e só o senhor foi liberado, isso sim é curioso. Agora, acho que pode ir almoçar.
— Obrigado.
Luke partiu para o Grande Salão, muito feliz e animado.
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