Aulas



O dia a dia foi criando uma rotina agradavel para os três. Os professores inicialmente estranharam Damon de uma maneira que ele não entendia, mas após alguns dias se tornaram estremamente interressados nele. Damon era muito talentoso. Além de pegar rapidamente a matéria, a magia parecia fluir de seus poros. Era inteligente e educado. Alvo, que sofreu com as grandes expectativas iniciais da parte dos colegas e professores suspirou aliviado quando percebeu que as atenções voltavam-se para o amigo. Além do mais, Damon  o ajudava em tudo e muitas vezes o tirava de encrencas. Nenhum dos dois eram muito estudiosos, mas com a facilidade levavam a escola. Rose era mais aplicada e se incomodava um pouco com a atenção que não lhe era destinada. Mesmo assim gostava muito dos garotos, e quando eles começavam a sair muito com seus colegas de quarto ela brigava feio. As meninas em geral não gostavam dele por sua grosseria e extrema sinceridade, mas os meninos a acolhiam e respeitavam suas características.

O irmão mais velho de Alvo, Tiago, gostava de pregrar peças neles. Certa vez deu um mapa errado para a aula de Feitiços e a professora Devlin não gostou nem um pouco do grande atraso. Aquela foi a primeira vez que algum professor brigou com Damon. E foi a primeira vez que Alvo ficou com medo dele. O garoto emitiu uma aura negativa tão intensa que Alvo se surpeendeu em que ninguem houvesse notado. Desde pequeno ele sabia que tinha sensibilidade em relação aos sentimentos das outras pessoas, e sua mãe sempre o instruiu a manter isso para si mesmo. Ele era praticamente um detector de mentiras. mas aquela aura que se desprendeu do amigo foi tão inesperada e acabou tão abrutamente que deixou Alvo ligeiramente tonto. Após acabar a aula, Rose foi discutir com Tiago, que ficou até mudo com a raiva dela. Damon encarava o chão tristemente e Alvo o observava. O que será que tinha acontecido com o amigo?
Os dias foram passando e Alvo não fez menção do fato novamente. Como falaria para Damon ou para Rose de qualquer forma? Tiago, Teddy, Victorie, Moly... ele não conseguia pensar em ninguem em que pudesse partilhar aquele pequeno momento.
-Hey Alvo, está meio Severo hoje,hein?
O Profº Longbotton passou por Alvo com mais uma de suas piadas sem-graça. Ele era um ótimo professor e amigo de família. Alvo podia confiar nele.
Confiar...
Damon era seu amigo. Afinal, o que ele tinha feito de errado? Se irritado com uma injustiça? Rose também. Ela brigara com Tiago na frente de todo o salão comunal e Alvo nem ligara. Talvez ele simplesmente tivesse se acostumado com a raiva da sua amiga, mas com Damon aquele sentimento era novo. Mesmo assim, aquele sentimento ruim não saia do coração, e ele decidiu que, se sentisse de novo aquilo, contaria tudo ao professor.

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 Setembro e Outubro passaram sem mais pertubações. A cada dia Alvo se sentia mais proximo de Damon e Rose, e todos os maus sentimentos foram esquecidos. O unico problema a vista dos três ( em especial Rose) era sua altura.
Rose puxara o pai e sempre foi alta, o que contrastava diretamente com Alvo, sempre pequeno e fraco. Certo dia, andando distraida pelos corrdores da escola com o amigo baixinho, Rose batera com força a cabeça numa armadura e desmaiou. Apesar da armadura se descupar repetidamente com gestos metálicos, ela teve que ser levada a enfermaria e ficou o dia todo lá. Assim que puderam, os dois amigos correram até lá para checar a amiga. Um senhor alto, e cabelos cor-de-fogo conversava com uma Rose chorosa.
-Tio Ron! - gritou Alvo e o abraçou fortemente.
-Oi Alvo! - Ele sorriu e retribuiu o abraço - Como vão as aulas? O que veio fazer aqui?
-Viemos ver se Rose está bem! Veja, esse é Damon, nosso amigo!
-Vão embora! - Choramingou a garota dramáticamente.
Damon se apresentou ao pai de Rose rapidamente. Ele o estudou rapidamente, mas não se demorou muito. Apertou a mão dele e convidou os dois rapazes a se sentarem, conjurando três cadeiras de madeira levemente toscas. 
-Oh Céus... Mione que é boa em cadeiras... As minhas mãos sempre ficam cheias de farpas...
Alvo riu e esplicou que Hermione era a esposa de Ronald, mãe de Rose. Como Rony ajuda seu irmão, Jorge, na loja de logros, aproveitou uma folga para visitar Rose, antes que a esposa morresse de preocupação pelo desmaio da filha.
- Mulheres são tão sensíveis! Eu disse a Mione que Rose é forte como um touro, mas quem disse que ela me escuta? Um desmaiozinho de nada! Aposto que foi dando um soco em algum babaca, não é?
Rose se lamuriou alto e enterrou o rosto no travesseiro.
-Eu sou uma menina pai! Menina! Eu não saio batendo em todo mundo, e sou delicada, não sou forte! - Rony ficou palido com o choro da filha e tentava consola-la, dizendo que iria comprar uma vassoura nova para ela. Ela uivou de raiva- Uma garota não sai voando de vassoura por aí! Você devia me comprar vestidos e laços em vez de vassouras! Me dê uma boneca, poxa!
-Você quer uma boneca? Vou te dar uma linda! Agora papai precisa ir! - Antes que alguem falasse algo, Rony correu até a entrada da enfermaria e parou, virando -se para Damon - É um costume nos reunirmos na casa de alguem para comemorar o Natal. Se sua família não se importar, você poderia passar o feriado conosco, Damon. - E com um aceno de varinha desmaterializou as cadeiras que os dois meninos sentavam, fazendo-os cairem no chão, e foi embora. 

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