Dear God - James's POV
Tradução: http://letras.terra.com.br/avenged-sevenfold/1092024/traducao.html
Eu aparatei na casa dos meus pais, diretamente no meu quarto. Peguei a vassoura no armário, dei uma rápida olhada em volta e fui para a sacada. Diminuí a bagagem, uma pequena mala, e a guardei no meu bolso. Montei na vassoura, fiz um feitiço da Desilusão em mim mesmo só por precaução e voei dali.
O vento frio batia forte contra meu rosto enquanto eu pensava. Lily sempre fora meio impulsiva e tendia a falar muito quando estava nervosa. Mas, ali, eu sabia que ela tinha passado dos limites.
Eu sabia dos defeitos dela, e eu os amava. Porém, naquele tempo de guerras, Lily não podia pensar que ela era a única vítima. Pessoas em todo o mundo bruxo estavam sofrendo. Nascidos-trouxas nos quatro cantos da Terra estavam se escondendo para não serem mortos juntos com suas famílias. Ela tinha que ouvir umas verdades mesmo.
Quer dizer, ok, a irmã dela era horrível e os pais dela foram assassinados, eu era capaz de entender. Eu também ficaria nervoso e transtornado no lugar dela, mas isso não queria dizer que ela podia explodir em cima de mim quando bem entendesse.
Eu era paciente. Fui capaz de aguentar as negativas dela durante sete anos! E, toda vez que ela ficava nervosa, ela falava demais e, às vezes, acabava me magoando. Porém, eu relevava porque eu sabia que não era pra valer, e tudo acabava bem. Mas agora? Bem, ela tinha que ver o meu lado também.
Voldemort aterrorizava a todos. E eu era um auror, tinha um dever para cumprir! Sem falar na Ordem da Fênix, que também era um compromisso enorme. Não que eu esteja reclamando, eu havia me comprometido com aquilo, eu, por vontade própria, e não me arrependia. Só que eu estava tão sob pressão quanto Lily, mas parecia que ela simplesmente não via isso!
Eu olhei para baixo, apenas para me situar, mas não reconheci o lugar. Olhei em meu relógio de pulso e vi que já tinha meia hora passada desde que saí de casa. Mesmo magoado com Lily, fiquei preocupado, porque sabia que não era coincidência os pais dela estarem mortos.
Eu queria voltar e ficar com ela e protegê-la, porque eu tinha a sensação de que os Comensais iriam mesmo atrás dela. Aliás, essa era a sensação que nós tínhamos sempre. Porém, eu estava quebrado demais para vê-la naquele momento. Então, voei para o pequeno apartamento de Sirius.
– E aí, cara? Você parece péssimo. – Foi o que ele disse assim que me viu.
O bom do Sirius é que ele era sincero. Eu me sentia péssimo.
– Eu briguei feio com a Lily. – Respondi, jogando-me no sofá dele.
– Nossa. Agora me conte a novidade. – Ele riu, sentando em cima das minhas pernas de propósito.
– Sirius, você não é a pessoa mais leve do mundo. Sai daí! Acho que não estou sentindo minhas pernas. – Choraminguei.
Ele riu alto.
– Deixe de ser fracote, Prongs. Agora, sério, o que aconteceu?
– Eu briguei com a Lily. – Repeti. – Eu briguei feio com ela.
– Dã, isso vocês fazem desde que se conheceram. O que há de diferente?
– Você não tá entendendo, Padfoot. Foi realmente grave. Os Comensais mataram os pais dela.
Então, qualquer traço de diversão no rosto de Sirius desapareceu.
– Como? Puxa, ela deve estar arrasada. – Ele se levantou e eu me sentei certo, para que ele pudesse se sentar ao meu lado sem esmagar minhas pernas.
– É. E você sabe como ela é quando fica nervosa. Falou um monte, fez o maior drama, como se ela fosse a única injustiçada na guerra porque ela era nascida-trouxa e não sei mais o quê. Eu fiquei puto. Gritei com ela e tudo.
– Uau. – Sirius ficou de boca aberta. – Essa é nova.
– Pois é. Mas é que eu estava realmente cansado disso, sabe? Ela só vê o lado dela, porque só ela está sofrendo e só ela está em perigo e só a família dela que morreu. E quando ela fica sobrecarregada, sobra pra quem? Ela explode tudo em mim, e nem vê que eu estou sempre tentando ajudá-la. É frustrante, cara. – Terminei, apoiando minha cabeça nas mãos.
– Engraçado. Eu sempre pensei que a Lily fosse mais... – Sirius deixou a frase no ar, pensando.
– Altruísta? – Ele assentiu. – É, ela é. De vez em quando e com as pessoas que realmente importam pra ela. Mas, quando ela fica daquele jeito, parece que só ela que importa, que a vida dela é sagrada.
Sirius ficou sem falar por alguns minutos, pensativo. Ele não era o melhor em conselhos. Na verdade, o melhor nisso era o Remus, porque ele vivia pensando sobre a vida e geralmente tinha uns conselhos muito bons, mesmo. Sirius levava as coisas mais na brincadeira.
– Sei lá, Prongs. – Concluiu Sirius, levantando as sobrancelhas, ainda com aquela cara de perdido. – Essa guerra tá deixando todo mundo maluco.
– Eu não quero voltar lá e brigar mais, mas eu tenho medo que os Comensais achem nossa casa e ela esteja sozinha lá.
– Eu estava pensando sobre isso num dia desses. Nos Comensais achando nossas casas, digo. Bem que podíamos fazer um feitiço Fidelius na casa de vocês, né?
– E você seria o fiel do segredo, é claro?
– Bem, eu acho que sim. Mas aí daria muito na cara, né. Porque a primeira coisa que eles fariam era me matar, aí o feitiço quebraria, eu acho. A gente pode pensar nisso depois. Chamamos o Remus e o Peter pra discutir isso.
– Aham. – Murmurei.
Sirius podia ser meu melhor amigo, mas definitivamente não era bom com conselhos. Logo me despedi dele, mas, antes de sair, ele me devolveu o meu CD que tinha “pegado emprestado”.
– Então foi você que pegou, seu crápula? Eu jurava que tinha sido o Wormtail, você sabe como ele baba nesse CD! – Eu lhe dei um soco no braço.
– O Pete ainda não aprendeu a usar um som estéreo, então, se roubasse, seria apenas para admirar o negócio. Aliás, essa banda é muito boa. Trouxas fazem músicas melhores que bruxos, sério.
No ano passado, Lily havia me ensinado a usar alguns aparelhos trouxas. E, lógico, eu repassei o ensinamento aos meus outros amigos. Sirius e Remus aprenderam rápido, mas Peter ainda não se acostumara com eles. Eu não o culpava, era realmente difícil usar, por exemplo, um microondas.
Eu olhei para a capa do CD. Era uma banda de rock que eu gostava muito.
Despedi-me de Sirius e fui para a casa de Remus. Eu poderia aparatar, mas a viagem de vassoura me parecia melhor. Durante a viagem, pensei no CD que Sirius pegara. Na verdade, pensei em uma música em especial. Lembrei-me dela assim que Sirius comentou sobre o “empréstimo” que tinha feito de mim.
Dear God, the only thing I ask of You is to hold her when I'm not around, when I'm much too far away, pedi, mentalmente, pensando em Lily.
Deixar aqueles que amamos sozinhos, mesmo que por pouco tempo, poderia custar uma vida. E, se essa vida fosse a de Lily, eu realmente não saberia o que fazer com a minha.
Remus não estava em casa quando bati na porta. Respirei fundo, me virei e fui embora dali.
Eu também tinha diminuído a vassoura e a pus no meu bolso, junto com a mala. Andei pelo centro de Londres, sem saber o que fazer. Podia ir para a casa dos pais de Peter – que morreram há uns dois anos, então ele morava sozinho lá agora –, mas eu já não estava mais a fim de pedir conselhos a ninguém.
Eu poderia voltar para casa e perdoar Lily. Aposto como ela já se acalmou e agora estava com a consciência pesada pelo o que dissera, era sempre assim. Eu realmente queria voltar a ficar de bem com ela, mas... Lily tinha que ver que eu também era um ser humano. Que eu também tinha um coração. E palavras me magoavam às vezes, principalmente quando saíam da boca dela.
Era realmente uma escolha difícil. Voltar para ela como um cachorrinho e esquecer tudo, como se o culpado fosse eu, ou dar uma de orgulhoso e não ver nem falar com Lily até ela me pedir desculpas – coisa que não aconteceria tão facilmente.
Sentei-me no banco de uma pracinha pela qual eu estava passando sem perceber e escondi o rosto nas mãos, querendo gritar.
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