Capítulo Único
Um Conto de Primavera
A estação mais avivada do ano chegara. Mal o dia amanhecera, e Hermione já apreciava, da varanda, o bailar contagiante das borboletas, a envolver as flores das mais variáveis matizes, e o sol risonho brotando do horizonte.
– Ah, você está aqui? – uma voz familiar a arrebatou – Acordei, me vi sozinho na cama e resolvi ver aonde minha esposa havia ido... – abraçou-a por trás, beijando-lhe a nuca.
– Bom dia para você também, Severus – pilheriou –, dormiu bem?
– Acompanhado por você, há como não adormecer e despertar contente? – Hermione riu a isso. Impressionante como Snape se transformara após a Guerra.
Virou-se e segurou, com ternura, o rosto pálido, mas expressivo, do homem à sua frente – Sevie, você mudou tanto...
– Mérito de uma ‘Sabe-Tudo Grifinória’ chamada Hermione Snape, conhece?
– Hum, o nome não me é estranho... – devolveu o gracejo, pondo o dedo no queixo e olhando para cima, ao fingir esforço para se lembrar de quem se tratava. Após breve silêncio, prosseguiu – Meu amor, a paisagem está tão bela... – olhou-o meiga, de forma quase inocente – O que acha de passearmos por um instante? – o homem içou a sobrancelha, como se questionasse ‘Tem certeza?’, deixando claro que não era o que desejava naquela ocasião.
– Está bem – condescendeu, a contragosto. O que não faria por ela? –, mas não por muito tempo. Sabe que detesto o sol... – a morena não esperara um segundo a mais, tratou de puxá-lo pelo braço, impaciente, arrastando-o pelo caminho de pedras.
– Severus, olhe que flor linda. – se ajoelhou, catou, com delicadeza, uma delas e entregou-a nas mãos dele.
– Para Shakespeare, você é a protagonista de um ‘Conto de Inverno’ – roçava as costas dos dedos na face dela, alocando a flor em sua orelha esquerda –, já, para mim, é a mais bela dama da primavera. Eu a amo muito, Hermione.
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