Capítulo Único
Confortável Neve
Os flocos alvos caíam amenamente; crianças construíam e enfeitavam, com capricho, bonecos de neve, no lar vizinho; a cobertura fina, mas palpável, do lago congelado reluzia, diante dos poucos rastros de feixes fujões da luz que escapava do achego das nuvens; a camada cândida avultava-se sobre o telhado das casas, comparada ao confeito branco a adornar um bolo – um majestoso, ainda que unicolorido, cenário.
– Anseio sempre que o inverno, como estação mais fascinante do ano, não tarde a nos envolver. – dizia Severus, puxando Hermione para deitar-se ao seu lado, sobre a fofa e confortável cobertura de neve, nos jardins da casa do Mestre de Poções, em Spinner’s End.
– No frio, é perfeito para namorar, isso sim... – brincou a morena, praticamente se deitando sobre ele, apertando-o em um abraço – Era o que Victor sempre me dizia. – Snape fechou a cara.
– E o que aquele fedelho búlgaro tem a ver com isso? – o ciúme era visível nas feições do Sonserino, que se levantou, tendo as bochechas ruborizadas.
– Severus, como você é bobo. – ela sorriu, levantando-se também. O homem à sua frente franziu o cenho e elevou a sobrancelha esquerda, em bandeamento, enquanto a jovem levava as mãos pequenas às faces agora avermelhadas do marido – Victor nos convidou a visitá-lo na Bulgária e a conhecer as crianças. Além de revermos, claro, Cho Chang, sua esposa. Confessou-me, a propósito, que se sentiria lisonjeado se aceitássemos ser padrinhos do filho mais novo deles, pois tem grande apreço por você.
– Então, o cabeça-oca casou-se... – constatou o óbvio, com visível alívio. Para ser surpreendido, em seguida, com as gargalhadas dos filhos do vizinho, que o haviam acertado com um punhado branco no topo da cabeça, expondo o contraste de seus cabelos negros com a branquidão da neve – Nunca mais faça isso, seu remelento! – grasnou, impiedoso, preparando-se para empunhar a varinha guardada no bolso de suas vestes.
– Sevie, é apenas um garoto. – Hermione ria, sonoramente.
– Que precisa de um bom corretivo, para aprender a lição! – o mau humor do homem parecia aumentar exponencialmente a cada segundo. Sem mais, ela acomodou a cabeça em seu peito, abraçando-o pela cintura, Severus, de pronto, retribuiu, acalmando-se – Antes, um perdedor no jogo do amor. Hoje, o homem mais feliz do mundo, graças a você... – mudou, abruptamente, o foco da conversa – Em minha juventude, foram tantas as vozes e uma infinidade de respostas, para perguntas que não fiz. Estava tão confuso, que acabei por descrer na verdadeira felicidade, entendendo que a insanidade a mim condenaria. – olhou-a com ternura – Em seus braços, como milagre, sonhos se tornam realidade para mim, seus olhos são meu portal para a paz.
– Você também me faz tão feliz, Severus.
– Sonhadores vêm e vão, mas um sonho é para sempre. Nosso sonho, que é este amor, nunca se esvairá, ainda que nosso corpo pereça. O pior, que foi a Guerra, já se passou. Outros problemas virão, é evidente, mas você não nos considera forte o suficiente para resistir? Depois do inverno, sempre se seguirá a primavera, minha doce Hermione.
Final nada a ver, mas como eu queria fazer apenas drabble não podia escrever muito mais, rç
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!