Festa de Victoire



George


 


Eu a estava olhando de longe, vendo-a ajudar nos preparativos para a festa de 1 ano de Victoire, minha sobrinha, filha de Bill e Fleur. Ela estava com as mangas da blusa preta dobradas até os cotovelos, e ajudava a levantar a tenda com um feitiço de levitação. Seu rosto, maquiado basicamente, tinha uma expressão concentrada, que a deixava linda. Seus cabelos castanhos, geralmente indomáveis, estavam presos em um rabo de cavalo, com alguns fios soltos. Linda.


Então ela percebeu que eu a estava olhando. Ela sorriu e acenou. Um tanto sem graça, acenei de volta, dando um sorriso torto. Um gnomo mordeu minha mão, e surpreso com a dor, deixei cair os três que estavam em minhas mãos. Voltei a olhar pra ela, que tentava em vão disfarçar o riso. Minha mãe a chama, pedindo ajuda, e ela volta sua atenção para ela. Voltei a tentar pegar os gnomos, pensando naqueles lábios vermelhos sorrindo para mim, aqueles olhos castanhos me olhando, aquela mão pequena e macia acenando para mim. Só para mim. Como é? Eu? Pensando em Hermione Granger? A ex-namorada do meu irmão caçula Rony? Estou ficando louco?


 


Hermione


 


Percebi que ele estava me olhando. Olhei-o também. Com os braços definidos aparecendo, estava segurando três gnomos de jardim rebeldes e furiosos que se debatiam tentando fugir do aperto de suas mãos. Ruivo, com sardas no rosto, e faltando-lhe uma das orelhas. Baixo, forte, musculoso. Tinha um jeito de andar, de olhar que seduziria qualquer garota. Havia muito bom senso de humor, tanto que seu emprego era baseado nisso.


Um gnomo mordeu sua mão, e ele largou os três que segurava, que saíram correndo atrás de um esconderijo. Ele olhou para mim, com um olhar divertido no rosto e me viu tentando conter a risada. Então ouço sua mãe, Molly, me chamar e volto minha atenção para ela. Quando volto à procurá-lo, o encontro correndo atrás de gnomos, com a calça suja de terra, uma mão com um fino filete de sangue escorrendo e concentrado naquilo.


Tenho que admitir, ele é bonito. Espere ai, eu, pensando no irmão do meu ex namorado? Devo estar sofrendo insolações, afinal, hoje está um dia extremamente ensolarado e quente. Fui fazer o que Molly me pediu.


Mais tarde, estava tomando meu banho. Deixei a água fria escorrer pelo meu corpo, esfriando cada centímetro dele. Saí do banho, enxuguei-me, vesti minha roupa íntima, e enrolei a toalha ao redor de meu corpo. Abri a porta, e esbarrei com um certo ruivo mais alto do que eu, só de calça.


- Ai! – Passei meu olhar pelo abdômen definido dele, subindo até chegar em seu rosto. – George, desculpa! – Disse, corando furiosamente. Percebi seu olhar indo da minha cabeça aos pés, voltando ao meu rosto.


- Eu que peço desculpas, não sabia que você estava no banho. – Disse ele, corando levemente.  – Já terminou?


- Sim, pode usar o banheiro.


- Bem, se uma certa senhorita me der licença, acho que poderei usar. – Disse ele, com um sorriso torto e piscando pra mim. Sem graça, me afastei e fui para o quarto de Gina, que estava lá dentro se arrumando. Me peguei olhando para trás e suspirando, e é óbvio que Gina viu.


- Suspirando por quem, dona Hermione?


- Hã? Que?


- Suspirando por quem? – Perguntou-me ela, com o olhar safado e divertido.


- Por ninguém.


- Sei... Não é, por um acaso, por um certo ruivo, com sardas e com uma orelha faltando? Que estava desfilando pelo corredor só de calça?


- Quê? George? Não!


- Ok, vou fingir que acredito.


- É sério!


- Aham. – Disse ela, me provocando.


- Então acredite no que quiser, Ginevra.  


Continuei a me arrumar para a festa de Victoire. Pus um vestido azul claro, que ia até uns quatro dedos acima do joelho. Modelo anos 80, básico. Fiz uma maquiagem leve e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Esperei Gina terminar de se arrumar. Usava um vestido verde, na mesma altura do meu, tomara que caia, com o busto justo e a saia um pouco soltinha. A cor do vestido realçava seus cabelos vermelhos. E eu sabia que não era só por esse realce que ela tinha escolhido usar esse vestido. Realçaria os olhos verdes de Harry, que agora namorava Gina.


Descemos juntas até a cozinha, onde a Sra. Weasley nos pediu ajuda para levar alguns doces para fora.


 


George.                                                                                                        


 


Saí de meu antigo quarto e de Fred (Fred... saudades sua, parceiro de crime) apenas de calça. Fui em direção ao banheiro,e quando ia por a mão na maçaneta para abrir a porta, ela é escancarada por uma Hermione de cabelos molhados enrolada em uma toalha.


- Ai! – Disse ela, olhando-me. – George, desculpa!


Olhei-a da cabeça aos pés. A visão despertou alguma coisa em mim, que decidi ignorar. Olhei para seu rosto e vi que estava corando furiosamente.


- Eu que peço desculpas, não sabia que você estava no banho. – Disse, e senti meu rosto corar levemente. – Já terminou?


- Sim, pode usar o banheiro.


- Bem, se uma certa senhorita me der licença, acho que poderei usar. – Falei com um sorriso torto e piscando para ela.


Ela se afastou e entrei no banheiro. Me despi, liguei o chuveiro e deixei a água escorrer. Tomei banho devagar, e fui interrompido por um Percy nervoso querendo usar o banheiro. Enrolei-me na toalha e fui para meu quarto, pingando água dos meus cabelos, e ouvindo murmúrios indignados de Percy. Fechei a porta, e me vesti. Coloquei uma calça jeans escura, com uma blusa branca gola V e um tênis. Nada demais.


Desci e a encontrei ajudando minha mãe. Bill estava em um canto, brincando com Victoire, e me aproximei para brincar com a minha sobrinha. A ergui nos braços, levantando-a acima de minha cabeça, e ela deu uma gargalhada gostosa. Entreguei-a a Bill, que se juntou a Fleur e começou a receber os convidados.


Tia Muriel foi uma das primeiras a chegar, e assim que viu Hermione, criticou as canelas nela, dizendo que eram finas demais e que quando ela ficasse grávida não iria suportar o próprio peso. Hermione cumprimentou minha tia, e depois que Muriel se afastou, olhou pra mim e revirou os olhos, rindo. Não me contive e ri junto com ela.


Percebi que Rony e Gina estavam nos olhando. Rony estava com uma cara meio estranha, de ciúmes, aparentemente. Já Gina, fazia uma expressão como se estivesse dizendo “estou sacando vocês”, e me lançou um olhar meio safado e divertido, piscando pra mim e indo em direção a Harry, que a recebeu com um abraço apertado e um beijo.


Hermione


 


Eu vi quando ele chegou na cozinha, mas fingi que não. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas sabia que não podia ficar encarando-o direto. Ajudando a Sra. Weasley a por a mesa, o vi brincando com Victoire, levantando-a acima de sua cabeça e a fazendo gargalhar. Pensei comigo mesma: “Ele vai ser um bom pai, um dia”. Com o pensamento, e um meio sorriso no rosto, continuei nos meus afazeres.


Alguns minutos mais tarde, Muriel, tia de George, chega. Me cumprimentou do seu jeito típico, criticando:


- Mas essa menina tem as canelas muito finas! Quando engravidar, não vai suportar o próprio peso!


A beijei na bochecha, e ela se afastou. Vi que George estava me olhando, e revirei os olhos, rindo, numa clara demonstração de desagrado pelo comentário desnecessário de Muriel. Não que eu me importasse, é claro. Ele riu e olhou para o lado. Fui para fora, pois estava muito abafado dentro da sala de estar da Toca.


Do lado de fora, havia uma tenda branca, a qual ajudei a erguer. Debaixo dela, várias mesas decoradas em branco e rosa dispostas por todo canto, além de uma mesa com cerveja amanteigada, suco de abóbora e outras bebidas sem álcool, e uma mesa com um bolo de três camadas decorado em branco e rosa, com uma vela apenas. Peguei um suco de abóbora e me encostei no cercado de madeira da casa. George se aproximou de mim, com uma cerveja amanteigada nas mãos, e começamos a conversar. Admito, além de bonito, ele era um cara interessante. Depois que Fred morreu, ele perdeu um pouco da sua vitalidade, afinal Fred era parte de sua alma, porém ele continuava vivo, divertido, brincalhão, mas não exatamente como antes. A guerra havia transformado todos nós, e ele havia mudado bastante também. Tinha virado mais homem. Tinha amadurecido.  Tinha ficado mais encantador.


Conversamos por muito tempo, e quando Bill colocou música para tocar e começou a dançar com Victoire no colo, George me carregou praticamente a força para a “pista de dança”: um espaço grande entre as mesas, sem nenhuma decoração específica. Eu não sabia dançar. No início relutei, mas ao ver sua cara de cachorro pidão não pude mais dizer não. Ele me guiou pela cintura até lá, e depois, segurando as minhas mãos, começou a me rodopiar e fazer alguns passos de dança meio estranhos; típicos dele.


Vi Gina se aproximando com um Harry relutante da pista de dança, e lançou a mim o mesmo olhar que tinha lançado quando estávamos no quarto: um olhar safado e divertido. Ergueu as sobrancelhas como se estivesse questionando alguma coisa, e eu só ri. George viu e olhou para o lado, e riu também, pensando que eu estava rindo da expressão de Harry, que fazia passos incertos e inseguros, e estava cômico.


Aos poucos a “pista de dança” foi se enchendo, e os pares foram sendo trocados. Dancei com Harry, Rony, Sr. Weasley, George, Gina, Bill, George, Percy, Harry, Fleur, George... Ele voltava a dançar comigo todo o tempo. E cada vez que ele se aproximava de mim eu sentia alguma coisa estranha, que nunca havia sentido antes. O que estava acontecendo comigo?


 


George.


 


Fui para fora, estava realmente quente dentro de casa. Vi Hermione encostada no cercado de madeira, tomando um suco de abóbora. Fui na mesa de bebidas e peguei uma cerveja amanteigada, e me aproximei dela. Puxei assunto. Conversamos por muito tempo, até que vi Bill dançando com Victoire no colo, sozinho, no espaço grande entre as mesas. Não sei o que me deu, mas puxei Hermione pela mão, e com muita insistência, fiz ela me acompanhar.


- Vamos, Hermione, é só uma dança. – Insisti.


- George, não sei dançar.


- Mas não precisa saber dançar, só sinta a melodia e deixe que eu te guie! Vamos, o que custa? – Fiz beicinho e a olhei com um olhar suplicante. Ela se rendeu e deixou que eu a guiasse pela cintura até a “pista de dança” improvisada de meu irmão.


Quando chegamos lá, peguei suas mãos e a rodopiei, e comecei a fazer uns passos de dança estranhos para fazê-la rir. Aquele sorriso causava um efeito diferente em mim, não sei explicar, mas eu gostava desse efeito. Só sei que queria vê-la sorrir o máximo que pudesse. Não demorou muito à mais pessoas se juntarem a nós, e os pares foram trocando. Não por minha vontade, eu queria só dançar com Hermione, incrivelmente. Mas fui obrigado a mudar de par. Dancei com Gina, com Luna, com Fleur, com minha mãe e até com Harry. Mas eu sempre voltava a tentar dançar com ela. Não sei porque mas tinha essa necessidade de tê-la perto de mim, sob meu olhar, de ter seu olhar só pra mim. O que está acontecendo contigo, George Weasley?

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