Broken-Hearted Girl



Eu demorei alguns segundos para perceber que a cena na minha frente era real. Não podia ser real. Eu não queria que fosse real.


  Fechei os olhos e os abri novamente, para comprovar que não era um sonho.


   Não era. Rony ainda estava lá com a língua enfiada na boca daquela menina.


   E quem era essa menina? De onde ela surgiu? Um minuto atrás eu nem tinha consciência da existência dela e agora ela estava ali, abraçada com o cara pelo o qual eu estava apaixonada há exatos quatro anos.


   Eu estava chocada demais para chorar, então me virei e comecei a andar.


   Tentei lembrar para onde eu ia antes de... de ver aquela cena. Sem sucesso.


   - Hermione?


Era ele, droga, por que eu não andei mais rápido? 


Imediatamente, forcei um sorriso no meu rosto. Passei quatro anos escondendo que gostava dele e não seria agora que revelaria isso, só porque estava com ciúmes.


Virei de volta para eles. Ele estava saindo do abraço dela.


- Oi – disse com o sorriso mais triste que já dei.


Claro que ele não percebeu, ele nunca perceberia nada que se referisse a mim.


- Que bom que você está aqui. Eu queria te apresentar a minha namorada, Angel. E Angel, essa é minha melhor amiga, Hermione.


Agora, eu acho que você todo aquele negócio de nunca contar pra ele que eu gosto dele. Porque ele só me ver como a melhor amiga, Hermione.


E eu sei que nosso relacionamento mudaria totalmente se eu contasse a ele.


E eu tenho raiva desse fato, por achá-lo tão clichê. O típico: garota ama melhor amigo, mas não conta por medo de acabar com a amizade.


Angel sorriu para mim. E naquele momento ela parecia mesmo um anjo.  Ela era muito bonita.


Tentei desesperadamente encontrar um defeito nela. Mas, acabei me frustrando. Ela era perfeita. Humilhando-me completamente com seu cabelo liso e loiro e seus dentes certinhos.


- Prazer – falou em uma voz quase musical.


- Prazer – repeti, já desesperada para sair dali e acabar com aquela tortura.


- Finalmente, conheci você. Rony fala muito de você.


Olhei para ele e ele deu de ombros.


Eu não podia dizer o mesmo para ela, eu nunca tinha ouvido falar dela até agora.


Para sair daquela situação, disse:


- Foi bom conhecer você, mas eu estou meio ocupada, então tenho que ir.


- Que pena que não possa ficar. – ela disse e parecia estar sendo sincera.


   Meu Deus, ela é do tipo de pessoa que você faz de tudo para odiar, mas não consegue.


   Continuei o meu caminho para lugar nenhum. Era sábado e eu não tinha aula e já tinha feito todos os trabalhos que foram passados. Ou seja, eu não tinha nada pra me distrair.


   Quando minha cabeça fica uma bagunça – como está agora – eu costumo escrever no meu diário, e ás vezes, isso me ajuda. Talvez, foi mais útil se eu tivesse uma penseira. Mas, você sabe o que eles dizem: “Quem não tem cão, caça com gato”. Então, eu fui até o quarto e peguei o meu diário.


   Tinha algumas meninas no quarto, decidi que lá não era o melhor lugar para escrever. Saí, e fiquei alguns metros de distância da cabana do Hagrid. Sentei na sombra de uma árvore e comecei a escrever tudo o que estava me incomodando. Era uma longa lista...


   Quando terminei, fiquei apreciando a paisagem. Alguns segundos depois, eu vi um garoto se aproximando. Rolei os olhos quando percebi que era o Malfoy. Ele vinha com a missão de terminar de estragar o meu dia, que é o que ele sempre faz.


   Ele chegou mais perto, percebi que ele estava andando estranho. Parecia meio trôpego. Ele estava segurando um copo e posso assegurar que não deveria ser suco de abóbora.


   Levantei depressa, em uma tentativa de fugir dele. Mas, com sua mão livre, ele me segurou pelo braço.


   - Pra onde vai com tanta pressa, Granger?


   Minhas suspeitas estavam certar, ele estava bêbado. Só podia ser isso, pra ele ter me chamado pelo nome e não de “Sangue-ruim”.


   - Para lugar nenhum. Agora, pode fazer o favor de soltar o meu braço?


   - Na verdade, não. O que você tem aí? Seria o seu diário?


   - Se você não me soltar, eu vou contar para o diretor que você está bêbado – disse, ignorando sua pergunta.


   - Não, você não vai! – ele disse, jogando o copo de vidro bem longe. Me encolhi com seu acesso de raiva. Ele segurou o meu outro braço e me colocou contra árvore.


   - Entendeu, Granger? Você não vai contar a ele. Não vai contar a ninguém – o loiro falou, com o rosto perigosamente perto do meu. 


   E a coisa mais estranha aconteceu. Ele me beijou. E o que me surpreendeu ainda mais foi que eu não o parei.


    O que aconteceu depois foi que ele roubou meu diário. Como eu não percebi que esse era o objetivo dele?


   E ele começou a ler a última página que eu tinha escrito.


   - Não, Malfoy, não! – eu disse desesperada, tentando pegar de volta.


   E de alguma forma, eu acabei caindo em cima dele.


   - Então, é assim que você gosta, Granger? Por cima?


   - Não seja idiota! – disse, tentando levantar.


Mas, nessa hora, ele rolou e ficou por cima.


E me beijou de novo, mas dessa vez , eu recuperei o juízo e o afastei.


- Acho que estamos quites agora, Granger. Você sabe um segredo meu e eu sei um seu. Você me beijou uma vez e eu te beijei uma vez.


- Que segredo? - eu perguntei, não deu tempo dele ler algo de útil tão rápido.


- Eu sei que você gosta do pamonha do Weasley. E se algo sobre eu estar bêbado chegar ao ouvido do Dumbledore, eu juro, que no outro dia todo mundo saberá disso. – ele disse levantando.


- Ei, eu não beijei você! Você que me beijou duas vezes!


- É, mas nas duas vezes você correspondeu... - ele disse, com um sorriso safado no rosto.


E depois ele voltou de onde veio, como se essa loucura nunca tivesse acontecido.



FIM

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