Draco Dormiens Nunquan Titilla



- Meu castelo... – a voz rouca e fraca ecoou pelo terceiro andar lentamente, como uma onda fraca que ricocheteava nas paredes. – Onde está?
 


Os passos débeis do diretor se arrastavam pelas escadarias e corredores fazia horas, seus pensamentos não deixavam que percebesse a dor que se alastrava abaixo de sua cintura.
 


Ergueu seu candelabro e, sussurrando palavras desprovidas de sentimento, o fez flutuar a poucos centímetros de seu rosto.
 


Por quê? O que está trancado deveria permanecer assim. O malfeito depois de feito se encerra. Ele precisava proteger seus alunos, seu castelo. O amor que nutria por aquelas paredes nunca fora o bastante pra anular seu passado e seus crimes, mas a magia que emanava por entre as rachaduras das rochas era o bastante para que ele se sentisse forte novamente.
 


Mas aquilo se fora. A sensação de segurança havia sumido, as defesas do castelo caiam lentamente, a magia que corria livremente pelo corredor era tanta que atrapalhava e confundia. Muitos alunos podiam perceber agora, magias simples se tornavam descontroladas e perigosas, seres místicos apareciam nas mediações da escola, tragados pela essência que percorria os corredores. Era difícil controlar e acalmar o excesso de magia.
 


A estrutura do castelo não fora criada para comportar tanto poder.
 


Dumbledore parou frente à porta de carvalho. Um símbolo irreconhecível havia sido cravado na madeira. Uma espada com asas de morcego e abaixo um pergaminho com o lema da escola. Draco Dormien Nunquan Titillandus.
 


Nunca Cutuque um Dragão Adormecido.
 


Era irônico como a frase se adequava ao momento.
 


O diretor tocou a porta. Faíscas vermelhas tamborilaram por sobre sua mão, girando em torno do seu pulso. A sensação da madeira grossa e áspera por baixo de seus dedos era reconfortante.
 


- Espero que saiba o que está fazendo, diretor.
 


A voz casual e inanimada reverberou por sobre suas costas, assustando-o, fazendo cair o pequeno candelabro, que passou a iluminar as vestes negras do seu acompanhante.
 


- Severo. – Dumbledore ergueu a mão para o professor, que a apertou, delicadamente. – É necessário.
 


O moreno balançou a cabeça.
 


- Você espera que eu acredite que você está fazendo isso pela escola, professor? – Severo se aproximou, pondo-se ao lado do velho amigo. – Não é assim que vai terminar.
 


Dumbledore anuiu.
 


- Não, não será. Mas a chance de tentar é muito mais forte do que a certeza da morte. Você entende isso, não, Severo?
 


- Entendo. – Disse o professor de poções. – Entretanto, diretor, existem outros meios. Dê o livro, dê o livro a ele. Poderemos resolver depois. Não adianta tentar esforços inúteis.
 


O velho sorriu, sentindo o medo no coração do mais jovem.
 


- Não seria apenas uma vida perdida. O Harry, sem contar, ainda tem um papel a percorrer nessa história. A espada já está em seu lugar. Só aquela espada vai poder terminar com o que eu comecei há muitos anos.
 


Snape segurou a maçaneta, sentindo o ferro tornar-se fogo por baixo de sua palma.
 


- Eu não posso.
 


- Nunca duvidei disso, meu caro, seu coração nobre ainda pulsa uma fraqueza que você foi incapaz de corrigir. Entretanto, eu já enfrentei todos os meus medos, todas as minhas angústias agora só dependem de mim. Você vê, o livro estará lá para que apenas os valorosos possam tocá-lo. Eu já vislumbrei-o e isso me consome, a necessidade de poder é maior, o que o livro nos torna, o que ele gera, é incapaz de ser controlado e por isso.... Por esse motivo eu quero que isso acabe. Meu castelo já sofreu demais.
 


- Dumbledore! O castelo cairá assim que souberem o que você fez! Só destruição o espera através dessa porta! A proximidade com o livro faz com que você deseje-o! Eu entendo, meu amigo, que você faz isso na tentativa de redenção a si mesmo, mas esquece que existem pessoas lá fora que precisam da sua ajuda, sua morte num momento desses traria desgraças a Hogwarts. O Rei dos Dragões, Voldemort e aquele pivete, os três estão atrás disso.
 


- Mais que apenas isso. Você conversou com Delarius, suponho. Onde está a lealdade dele?
 


Snape pigarreou com repulsa.
 


- Em sua espada. Ele ignora qualquer líder, desde que possa pôr as mãos no dragão. Por que mantê-lo aqui?
 


- Ele é um mal necessário. Será o primeiro a cair para que Harry possa se levantar.
 


Snape cerrou os punhos.
 


- O que você está fazendo? Ele é seu aluno! Você o trata como um peão num jogo de tabuleiro! Eu sempre fui fiel a você, reneguei Voldemort, desfiz laços, pois sabia que você era o mais sensato, você tinha AMOR! Mas você se tornou manipulador. Nem sequer sabemos se a espada reagirá ao garoto!
 


- Sabemos. – Dumbledore disse lentamente, pondo a mão por sobre o aço frio da maçaneta. – O pai dele. A linhagem. A mãe. Tudo, tudo indica. Você sabe que não estava destinado a tê-la. Você não poderia tê-la.
 


Snape parou, sentindo o ar em seus pulmões congelar.
 


- Eu me dediquei a você...
 


- E vai continuar se dedicando... Sabe disso. – O velho olhou com seus olhos azuis para o professor de poções, sentindo a culpa pesar em seus ombros. Era necessário.
 


- Com licença, eu tenho um trabalho a fazer agora. – Snape falou, virando-se em direção à escadaria. – Arrependa-se, Dumbledore, antes que seja tarde.
 


Sua voz sumiu ao longo do corredor, deixando o professor só com seu destino.
 


- Já me arrependo. – fez um maneio, abrindo a porta. – Me arrependo de não ter dito tudo o quanto precisava. 


...

A carta era clara.
 


Não tente me contactar. Ass: Lucius.
 


O papel fino crepitou quando as mãos frias do rapaz amassaram a carta, jogando-a contra a borda da lareira, sem força.
 


- Não tente me contactar... – Ele repetiu, enquanto uma gota de suor brincava em sua pele ardente. – Ele me deixou pra trás.
 


Levantou os olhos para o teto da masmorra, jogando-se no sofá, deixando o corpo relaxar.
 


Sentiu os olhares de Crabbe e Goyle passarem por ele enquanto mudavam de posição para se sentirem mais confortáveis, como se seres gordos como eles pudessem ficar confortáveis de alguma forma.
 


- O que foi? – Perguntou, quando a irritação atingiu o ápice.
 


- É só... – Começou Crabbe, o gordo número 1. – Faz tempo que seu pai não aparece com novas instruções, sabe? A gente queria saber se ainda vamos ter de, você sabe. Fazer você sabe o quê.
 


Era patético tentar manter uma conversa ali.
 


- Seu nível de inteligência me surpreende, Crabbe. Não imaginei que lesmas pudessem ser mais inteligentes que qualquer coisa, mas você torna plausível o desafio. – Revirou os olhos para o gordo Número 2 – Goyle, explique a ele, por favor.
 


O rapaz coçou o queixo com um dedo rechonchudo e sujo de gordura.
 


- Eu ia perguntar o mesmo, sabe?
 


Patético. Irritou-se. Patético, ele me deixa para trás e como companhia eu tenho esses dois ANIMAIS.
 


Levantou-se, jogando uma almofada contra Crabbe.
 


- Inúteis. – Resmungou, dirigindo-se para a saída, dando um último olhar de relance para as chamas que balançavam lentamente.
 


E como ele se arrependeu de tê-lo feito.
 


Pequenos olhos verdes como esmeraldas olhavam-no de dentro das chamas, sorrindo como apenas olhos poderiam. Pequenas esmeraldas caídas em meio as cinzas, ardendo entre as chamas.
 


- Draco? – disseram os dois panacas em uníssono.
 


Percebeu que a gola de sua camisa estava ensopada, que seu corpo não obedecia as suas ordens e teve pouco tempo entre se apoiar numa parede e cair por completo no chão frio, contorcendo-se enquanto sentia chamas aquecerem seus pulmões.
 


Chamem alguém. Lembrou mais tarde de ter ouvido, mais ou menos o mesmo tanto que se lembrava de alguém o carregando, débil, por entre os corredores, em direção à ala hospitalar. Viu muitos rostos por onde passou, mas apenas de relance, apenas fantasmas, embora lembrasse perfeitamente do rosto do rapaz em sua mente. Estivera lá em algum momento, ele sabia, enquanto dormia, não podia ter certeza, mas ele estivera lá, visitara-o, conversara com ele. Por alguma razão, parecera preocupado, tinha roupas diferentes e, algumas vezes, tinha a atitude que ele reconhecia, não podia dizer, havia sido tudo muito turvo.
 


Quando acordou, ele estava lá. Sentado, dormindo ao lado da cama, as roupas da sonserina manchadas de terra. Ele vivia passeando pelo lago agora, junto com a irmã, discutiam, não tinha certeza, não tinha mais certeza de nada, para ser sincero.
 


- Você acordou. – A voz saiu por entre os dentes. – Estava quase pegando de fato no sono.
 


O loiro estremeceu ante a voz do outro.
 


- O que você quer? – Perguntou, mas a voz saiu esganiçada e fraca, frustrando qualquer forma de intimidação. – Já não sofri bastante?
 


- Não, na verdade. – Abriu os olhos, inundando o outro com o verde. – Mas eu não quero mais nada de você, de fato. O que eu poderia querer você já me deu e, infelizmente, já não vão tentar contatá-lo. Assustei-os demais, fugiram como cães atrás de uma presa perdida. Uma pena não ter sido o bastante pra descobrir o que eu precisava.
 


Um silêncio inquietante pairou. Peter levantou-se, aproximando-se da cama, rindo levemente do tremor de medo do outro.
 


- Não tenho mais nenhuma intenção de fazê-lo mal. Já recebi meu recado ontem à noite. Você tem guardiões lá fora, obrigaram-me a tirar o corpo, ao menos do quesito você. – Olhou focado para fora do castelo, quando uma brisa atravessou seus cabelos, arrepiando a pele de seu rosto. – Tome.
 


Uma pequena esfera translúcida escorregou da manga das vestes de Peter para o emaranhado de dobras que era o lençol da maca de Draco.
 


- Que não digam que Peter Draconiam não foi misericordioso quando pôde! – Gritou enquanto se distanciava, maneando gestos incompreensíveis e resmungos guturais para Madame Pomfrey, que o mandava se calar.
 


Draco travou seu olhar na esfera, que brilhava bruxuleante intermitentemente.
 


O que diabos aconteceu aqui? 


...

Andando pela ala destruída de Hogwarts hoje, vejo que a guerra aqui travada durante pouco mais de uma semana nunca poderia ter sido evitada. Quando o Maleficarum encontrou seu destino, ele tinha um papel a desempenhar e, apesar das mortes que vieram a ser seladas, foi necessário que sacrifícios houvessem sido feitos para que cada um tivesse sua parte no grande plano.
 


A lua está bonita hoje e, embora seja difícil escrever com tão pouca luz, eu me esforçarei. A história que aqui aconteceu será comentada para sempre, mas nunca pelos meus olhos, por olhos de alguém que presenciara os fatos.
 


O salgueiro lutador está se debatendo ainda, enquanto todos pensávamos que tinha morrido, ele vive. O caminho por baixo dele foi destruído, matando sete pessoas, mas isso não é para agora, esse caminho têm seu papel a representar, afinal, Katherine ainda tinha que pegar seus presentes.
 


Desculpem meus devaneios, nunca escrevi, vou ser sincero, só queria que soubessem. A história precisa ser contada, por alguém que estava lá dentro.
 


Voltemos.
 


Os cabelos dela voaram por causa do vento noturno, que há muito havia derrubado o capuz que tinha sobre a cabeça. Vestia um robe, por cima dele havia um sobretudo do irmão, longo demais, escondia suas mãos. Estava descalça, tocando na terra em cheio, apertando os dedos para sentir a areia molhada por orvalho correr por entre eles.
 


Katheirne sabia que era proibido. Ela deveria estar na cama, deitadinha, sonhando com a guerra que estava por vir. Mas adiara demais o momento do encontro com seu passado.
 


Caminhou sorrateiramente através do campo verde, em direção à colina emaranhada de raízes onde, imponente, descansava a Árvore De Punhos. Ela parecia calma, comparada com seu estado comum, como que adormecida. Tremulou, quando a garota se aproximou, fazendo um pequeno movimento, como se sentisse sua presença.
 


Înçetisor. – Disse a menina, tocando a casca, deixando um dedo correr, um rastro vermelho ficando para trás. – Descanse, meu caro, seus serviços não são necessários no momento.
 


A árvore tremeu e congelou, ficando fria. A marca vermelha permaneceu, fumegando, lançando um pequeno jato de fumaça para o céu noturno.
 


- Voltarei em pouco tempo, não se preocupe. – O vento atravessou as poucas folhas, como que assentindo.
 


Emaranhando-se junto às raízes, meteu-se por entre a colina e a árvore, agachada, engatinhando em direção ao túnel que sabia estar ali escondido. Se ela não fosse quem era, precisaria apertar um nó que se escondia entre as raízes, para que a porta abrisse e pudesse entrar, entretanto, sendo o que era, não precisaria disso.
 


Não demorou até que encontrasse o pequeno alçapão, dali desceria uma escada e entraria num túnel, seguindo para a casa dos gritos, mas não antes de abrir o rústico e mal feito alçapão.
 


Aníxei! - Três tremeliques e a pequena porta horizontal caiu, com um baque surdo e poeirento, criando uma bruma enquanto a garota descia lentamente, maneando os pés para acertar os degraus irregulares, aprofundando-se abaixo da terra.
 


Incendio. – Sussurrou e uma pequena chama azul nasceu em sua palma, tamborilando e dançando de um lado para o outro, lançando sombras por sobre seu rosto e chamuscando o sobretudo em sua manga.
 


Atravessou o corredor com poucos passos, ignorando a terra que polvilhava seu cabelo enquanto prosseguia e o quão estreito o espaço se tornava, até que uma porta quebrada e caída se mostrasse do outro lado.
 


Pouca iluminação caía sobre o aposento em que se encontrou ao fim de sua curta peregrinação e toda ela provinha das brechas por onde a luz se apertava.
 


Uma coruja piou ao longe e seu bater de asas inundou o recinto com ecos e sombras quando ela adentrou a sala de estar destruída e pousou na janela meio solta. Seus olhos grandes espiaram enquanto Kate subiu a escada, rangendo os dentes em comunhão com o barulho que os degraus de madeira podre faziam. Prontamente a pequena coruja seguiu-a.
 


Terceira madeira do assoalho, duas magias de proteção, você sabe a senha da caixa, lembre-se, nunca vamos esquecê-la. Disseram o lobo e o cachorro da última vez em que se viram e ela subia recitando mentalmente as palavras.
 


Mas era desnecessário relembrar, não haveria trabalho em encontrar seus presentes. A madeira do assoalho jazia partida e jogada contra uma parede e a caixa, ainda meio largada embaixo do piso com a tampa aberta, com as assinaturas meio apagadas no topo.
 


- Peter. – Ela resmungou, perscrutando o quarto, procurando suas lembranças. Encontrou-as encima na cadeira, onde o James ainda se sentava, em suas memórias, irritado, por suas investidas darem em água, ou o jovem Sirius, sentado na janela, ameaçando se jogar caso Remus falasse qualquer outra coisa sobre NOM’s.
 


“- Sério, cale a boca! Ou da próxima vez eu solto você em Hogwarts. – ele dizia, enquanto o restante ria, e voltava seu olhar safado para Kate. – Aposto que seu irmão ia adorar isso, gatinha, ele tem um QUÊ de sádico. – Novamente todos riram, já conheciam Peter o bastante, desde o caso da Sala Gêmea.
 


Lembranças. Por pouco não ficava presa, havia se aconchegado no seu lugar de sempre, sentada ao restante de uma mesa, sempre se acomodava ali e Remus na cadeira próxima, pondo a cabeça no colo da garota. Lembranças.
 


O pio da coruja chamou sua atenção, ela repousava por sobre a cabeceira, suas penas brancas brilhavam quando a luz que invadia o quarto tocava seu corpo.
 


Foi o bastante para notar o volume embaixo do lençol cinza que outrora fora alvo.
 


- Idiota. Se alguém tivesse entrado aqui. – Só depois notou a idiotice do que dissera. – Ninguém mais entra aqui.
 


Com um movimento limpo de mão jogou o lençol sobre o chão. Ele dançou no ar, junto com as partículas de poeira, criando um espetáculo de luz azul enquanto o pano caía.
 


- Aí estão vocês. – Ela sorriu.
 


A sua frente, deitadas como que descansando sobre a cama, estavam fotos, cinco delas dispostas ao redor de um punhal e esse por sobre uma espada, enrolado no cabo do punhal, um colar de barbante com o pingente de um cão trabalhado em madeira. Ao lado de tudo isso, um livro meio aberto tinha um pouco raspadas as letras douradas da capa.
 


- Remus. – ela disse, segurando o livro e assoprando a reduzida quantidade de poeira que ali se estabelecera. – “Criaturas místicas e perigosas que não possuem nenhuma simpatia” – A frase “não possuem nenhuma simpatia” estava sublinhada com tinta de pena e havia um pequeno comentário embaixo: acho que estão falando do seu irmão!
 


No rodapé da primeira página em branco, estava escrito em pequenas letras cursivas:
 


Comentado por Remus Lupin” Em seguida, em outras caligrafias “E James Potter... E Sirius Black!” Diretamente mais embaixo temos: “Intrometidos... ¬¬”
 


Engraçado, estou com esse livro à minha frente e me pego rindo levemente, ante aos comentários provocativos nos capítulos sobre “Lobisomens: medo à lua cheia” e “Dragões: Churrasco não é uma opção”.
 


Mas, voltando.
 


- Sirius. – Ela calmamente desenrolou o colar do punhal e o pôs no pescoço, embora estivesse sujo. Não faria essa desfeita com o velho amigo. – Besta. – Riu, lembrando-se das cantadas que o bobo do amigo insistia em fazer.
 


O punhal era seu, deixara como lembrança para os garotos, o recebera de um Lorde Dragão Oriental, enquanto estivera no Oriente Médio, à procura de refúgio. O aço era mágico, dobrado diversas vezes sobre si, e absorvia a luz, criando uma aura azul ao redor da lâmina, e o punhal, de osso draconiano, era cravado com lápis-lazúli e águas marinhas, fora esculpido no formato de um dragão, a guarda eram suas asas abertas e a lâmina se libertava como a chama de sua boca, os olhos eram pequenos diamantes, brilhando.
 


A espada do irmão, Ákardos, como ele chamava, era mais simples, uma espada bastarda com o cabo de ossos humanos. A lâmina estava machucada, com pequenos arranhões e reentrâncias, mas era assim que ele gostava. A ponta do cabo era o crânio de um pigmeu, com pinturas de guerra africanas. Clássico, ou melhor, típico.
 


- Estúpido. – Ela colocou a espada de lado, sentando-se na cama e folheando o livro do amigo.
 


Uma folha estava solta, caiu voando sobre seu colo.
 


“Poção Acorda-chama” Estava escrito no título.
 


- James. – Ela sorriu. O rapaz sabia como irritar o irmão dela. – Obrigado tardiamente.
 


Aquilo seria extremamente divertido.
 


Ela levantou-se, sorrindo. A coruja piou, estridente, e voou janela afora. Estava na hora de ir, de todos irem. A coruja, Kate... Retornar ao castelo.
 


Foi o que fez, debaixo da noite escura, porém estrelada, a brilhar lá em cima, lembrando-se da última frase que James escrevera na página da poção.
 


Não, não é uma poção do amor, embora após bebê-la, seja a única coisa que você irá fazer. =P
 


E ela sorriu.

...

Como extra, temos uma entrevista exclusiva do autor com um dos personagens originais:


Legenda: P=pergunta, feita pelo autor; R=resposta, dada pelo entrevistado


Nome do Entrevistado: Peter Draconiam
 


Idade: Ele alega ter mais de 3000 anos, embora aparente não ter mais de quinze



 


P: Como você se sente sobre sua família?
 


R: Kate não me irrita, consigo conviver com ela. *olhar frio* Sim, ela é minha única família. Próxima pergunta.
 


P: Se você pudesse fazer três pedidos, quais seriam?
 


R: 1. Draconiam Maleficarum na minha mão.


    2. ...Só isso, o resto eu conseguiria a partir daí. 
 


P: Quando entra em uma sala, o que você nota primeiro? E em segundo?
 


R: Quantos inimigos e quão poderosos o são, quantas saídas, quantos mecanismos de defesa e de ofensiva, quem eu tenho de matar primeiro pra sair ileso e quem vai tentar me matar primeiro. Em segundo eu noto a cara emburrada da minha irmã.
 


P: Descreva-se para mim.
 


R: Você é cego?
 


P: Quais são seus pontos fortes?
 


R: Perseverança, Inteligência e... *estende-se um sorriso de canto de boca* Simpatia.
 


P: Quais são seus pontos fracos?
 


R: *Gargalhada que me deixou de cabelos em pé* Próxima pergunta.
 


P: O que você se arrepende de ter feito? Por quê?
 


R: Deixei Blake Makkarios ir embora com apenas um arranhão no rosto. Ele deveria estar morto. Minha irmã não me deixou terminar o serviço.
 


P: O que você faz para sobreviver?
 


R: Respiro.
 


P: Tem mais alguém vivendo com você? Quem são eles?
 


R: Milhares de pequenos e nojentinhos bruxos estão sempre ao meu redor *cara de nojo* Eca. E o pior deles é o Potter... Não, não, o pior é aquela menininha saltitante *finge que vai vomitar* Ela me dá enjoo.
 


P: Me conte de seus pais. O quão bem você se dava com eles?
 


R: Você não é muito inteligente, não é? *Balança a cabeça* Já ouviu falar do Senhor dos Dragões, Rei das Chamas, Dragão Mortal? Não? Esse é meu pai, um completo idiota com muitos títulos.
 


P: Quantos irmãos você tem? Mais velhos? Mais novos?
 


R: Katherine é mais nova, cem anos. E tem o outro. Ele é irrelevante, falemos de coisas mais interessantes.
 


P: Quais eram as três coisas que você mais gostava de fazer em sua infância?
 


R: 1. Adorava testar novos venenos nos humanos que serviam de rebanho. Divertido.


    2. Eu tinha uma espada chamada Ákardos e treinava com ela ao pôr do sol, no topo do monte Olimpo, enquanto a Katherine tocava harpa. Eu gostava disso.


    3. O cheiro da fumaça da carne queimada quando invadíamos cidades para adquirir novos rebanhos. Fumaça e carne queimada, sim, posso sentir ainda agora.
 


P: Do que você tinha medo quando era criança?
 


R: Que eu iria perder uma batalha e teria minhas asas cortadas. Nunca aconteceu.
 


P: O que te faz feliz agora?
 


R: *Um sorriso cínico cresce em seu rosto* Quer realmente descobrir?
 


P: Qual o seu maior medo?
 


R:*silêncio, enquanto abaixa a cabeça, único momento em que não vejo seus olhos verdes* ...Amar...*novo silêncio, decido seguir em frente*
 


P: O que você mudaria em você, se pudesse?
 


R: Eu retiraria o sentimento que tenho por Katherine. Ele tem me atrapalhado muito.
 


P: Diga algo que você nunca disse a ninguém.
 


R: Por que para você? *suspiro* Com os infernos: Eu gosto quando ela está por perto.
 


P: O que você quer?
 


R: Alguma dúvida? Eu quero tudo.

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