Capítulo VI



- Bom, vamos entrando. – Disse Rose, antes que Lílian tivesse outra crise de histerismo.

Scorpius e mais um monte de pessoas já estavam lá dentro.

- E aí, o elfo veio trazer o bolo? – Perguntou Rose.

- Eu acabei de passar na cozinha, estão terminando de decorar o bolo.

- Beleza, então.

- A Lily ainda não deu nenhum escândalo?

- Tá se controlando pelo jeito. –Disse Rose. Lílian conversava com Lorcan, mas de longe dava pra perceber que ela estava muito nervosa. – É melhor ela ficar tremendo do que pedir que Merlin abane ela.

Scorpius sorriu.

- Mas, olha, você tá muito bonita. Não que não seja bonita, mas está mais bonita...

- Ok, ok. Obrigada, e eu já entendi. – Ela sorriu. – Você penteou o cabelo, não foi?

Scorpius passou a mão no cabelo, estava penteado de lado.

- É, de vez em quando aquele cabelo todo emo espetado irrita, sabe? – Scorpius
sorriu. – Olha, chegou o elfo.

Um elfo entrou na cozinha, com as roupas incrivelmente brancas, e um bolo cor de
rosa de formato redondo nas mãos, tinha dois andares.

- Aqui está a encomenda da senhorita...?

- Weasley. – Disse Rose. – Muito obrigada. – Rose tirou cinco galeões do bolso do vestido e pagou ao elfo.

- Não, não precisa! – Ele apressou-se a dizer.

- Então pague à diretora da escola, aposto que ela vai ficar muito feliz. – Disse Rose.

- Ah, sim, agradeço por ela.

- Qual o seu nome? – Perguntou Rose.

O elfo corou e suas orelhas abanaram.

- Meu nome é Quizze, senhorita Weasley.

- Prazer em conhecê-lo Quizze.

- Quizze já vai embora. Quizze tem muito o que fazer na cozinha de Hogwarts.

- Tchau, Quizze. Obrigada!


Rose colocou o bolo cuidadosamente em cima de uma mesa bem decorada, na qual já estavam alguns docinhos.

- Acho que ainda é cedo pra cantar os parabéns, não acham? – Ela falou. – Que tal só cantarmos de onze e meia da noite? Porque aí nos batemos os parabéns, comemos, e então já vai ser o outro dia.

- Tá, mas e pra ir pros dormitórios? – Perguntou Lysander.

- Ah, isso é um problema. Mas tudo bem, acho que nisso o Tiago pode nos ajudar,
não é, Tiago?

- Ah, claro, eu tenho a dupla perfeita. – Ele puxou um pedacinho de um pergaminho do bolso e um pedaço de tecido fino.

- Ótimo, ainda bem que você trouxe.

Várias pessoas ficaram se perguntando o que era aquilo, mas como Rose não respondeu que era a capa da invisibilidade e o mapa do maroto, todos voltaram a conversar.

- Rose, tenho uma novidade! – Falou Diana. – Eu estou saindo com o David.

Rose ficou boquiaberta.

- Calma, só estamos saindo, nada sério ainda. Olha, quem é aquele? – Ela apontou
para Lorcan, que ainda conversava com Lílian.

- Lorcan Scamander. É lindo, não é, mas pelo jeito... – Ela indicou para Lílian com a cabeça.


- É. – Disse Rose. – Agora, se me permite, vou falar com a Lysander. – Ela apontou
a garota, que fitava o teto. – Até mais tarde, Diana.

- Até.

Rose foi até Lysander.

- Algum problema, Lysa?

- Nenhum. Estou perfeitamente bem. – Lysander jogou um olhar à Lorcan.

- Ah, você quer seu irmão de volta, não é? – Rose sorriu. – Isso é normal, a Lily toma posse das pessoas quando gosta delas.

- Acho que eles estão se gostando mais do que parece. – Disse Lysa. – Ontem na sala comunal ele só ficou falando o quanto ela era engraçada.

- A Lílian também fica falando dele o dia inteiro. Olha, você quer uma cerveja amanteigada?

- Adoraria.

- Ok, vou buscar, me espera aqui.

Rose deixou Lysander sozinha e foi buscar cervejas amanteigadas. Quando voltou,
viu Alvo e Lysander conversando.

- Então, você joga quadribol? – Alvo perguntou.

- Não, só jogo vôlei. Lorcan que gosta de quadribol, ele é batedor.

- O que é vôlei? – Alvo coçou a cabeça.

- É um esporte trouxa. Aprendi a jogar com a minha prima, sabe, ela não é bruxa.

- Aqui a sua bebida, Lysa. – Rose entregou o copo.

- Obrigadinha. – Lysander respondeu, e em seguida saiu em direção a Lorcan pulando e cantando “Eu sou um bolinho de arroz”*.

- Ela é brilhante. – Disse Rose.

- Bem doida. – Alvo sorriu. – Mas ela parece ser legal.

As horas se passaram normalmente, até que deram as onze e meia.

- E aí, quem quer comer bolo? – Rose perguntou.

* = Música dedicada ao Super Merlin (Ruan), a Super Luna (Luna Knowles) e ao Super Sev (André).


Todos cantaram os parabéns, até que no fim Rose soprou as dezessete velas (ela pediu que sua felicidade permanecesse por muito mais tempo), e partiu o primeiro pedaço do bolo.

- Bom, isso é complicado. – Ela falou. – Todos que estão aqui reservam um pedaço no meu coração, mas eu já sei o que fazer.

Rose pegou a primeira fatia do bolo e dividiu em dez pedacinhos com a varinha.

- O primeiro pedaço do primeiro pedaço do bolo vai pra Lílian, porque não é tão fácil o quanto parece me agüentar, e ela é praticamente uma irmã pra mim. O segundo vai pro Super Scorpius, - Rose sorriu. – preciso mesmo dizer por que? E o que aconteceu dois meses atrás?

O terceiro pedaço foi para Alvo, o quarto para Tiago, o quinto para Lysander, o sexto para Lorcan, o sétimo para Diana, o oitavo para Ketly, o nono para Hugo e o décimo para David.

Quando estava entregando o pedaço de Alvo, Rose lembrou de uma coisa que queria perguntar-lhe.

- Você ainda gosta da Stephanie?

- Bem, isso é uma longa história, mas não, eu não gosto mais dela. Me arrependo
muito por ter peço ao chapéu pra ter vindo pra Sonserina.

FLASHBACK
P.O.V.: Alvo Severo Potter

Estava indo para a sala comunal da Sonserina, ia pedir a Stephanie em namoro, estava mais do que na hora. De repente, senti uma vontade inexplicável de ir até a Sala Precisa. Não entendia como, mas sentia que ela estava lá. Fui até o sétimo andar, e parei em frente a tapeçaria do louco que tentava ensinar balé a trasgos.


“Preciso ver a Stephanie”, pensei. Nada aconteceu. Respirei fundo, precisava de uma boa explicação para entrar ali.

“Por favor, eu preciso ver...”. Mas a minha frase foi interrompida. Alguém saiu da porta, era Stephanie, e estava de mãos dadas com...

- Lier Zabini! – Gritei, enfurecido. Lier era o garoto da sonserina mais próximo de mim, e ele estava de mãos dadas com a garota que eu gostava, além de estar com o rosto todo sujo de batom.

- Eu posso explicar! – O idiota falou.

- Ah, quer saber? Não perca tempo com esse Potter mestiço.

- Estamos... Estamos... – Lier começou.

- Nos pegando. – Disse Stephanie.

Fechei os punhos. Nunca tinha lembrado de sentir tanto ódio de alguém.

- Beijos, mas de qualquer forma... – Stephanie começou a rir sarcasticamente.

Saí dali, deixando os dois imbecis gargalhando. Pra mim, seria o começo de ma nova
vida. Me casaria com alguma garota da Grifinória, Lufa-Lufa ou Corvinal, seria amigo
de verdade dos meus primos e... Foi então que esbarrei em alguém.

- Cara, vê se você olha por onde anda. – Falou uma voz masculina. Olhei pra cima e
vi que era Scorpius Malfoy. Ele me estendeu a mão para me ajudar a levantar e eu
aceitei.


- Er... Obrigado por ter salvo a minha prima. – Falei.

- Era só o que faltava. – Ele sorriu. – Sabe, quando a gente gosta de alguém, até dar a vida pra salvar a vida dela cairia bem, então pra mim foi uma honra ajudar a Rose. Ela é uma grande bruxa, ela conseguiria se defender sozinha, mas ela tinha acabado de receber a maldição Cruciatus. Agora, aconteceu alguma coisa? Você parece estar mal...
Não me agüentei e contei tudo a ele.

- Que horror. – Ele falou. – Acho que eu nem sei o que faria se fosse comigo. Mas, a vida dá voltas, e você ainda vai estar por cima, e, acredite, não vai demorar muito.

O garoto tirou um pequeno envelope* do bolso, me entregou, se despediu, e foi embora.

FIM DO FLASHBACK

*= Convite para participar da banda.

A festa tinha terminado, Rose, Lílian e Scorpius estavam conversando na sala comunal.

- Eu tenho medo de escuro. – Confessou Lílian. – E de testrálios também.

- Tenho medo de ficar sozinha e tenho medo de você também, Lílian. – Rose gargalhou.

- Eu tenho medo de perder as pessoas que eu gosto, acho que só. – Scorpius falou, fitando o chão.

- Que tipo de perda? – Perguntou Lílian.

- Qualquer uma, desde uma briga até uma morte. – Ele respondeu, sussurrando a última palavra.

- Ah, mas isso não conta, todo mundo tem medo disso.

- Então eu sou o Super Scorpius, porque fora isso eu não temo nada. – Ele sorriu.

- Eu vou buscar o Peidão lá no meu dormitório, ainda não o alimentei hoje. –

Lembrou Rose. – Aliás, nem ontem nem hoje.

- Credo, Rose, o coitadinho vai morrer de fome. – Disse Lílian.

- Que nada, se eu conheço o Hugo ele deve ter entupido o mini-pufe de comida.

Rose foi no dormitório, onde Ketly e Diana estava sentadas na cama conversando, e pegou o mini-pufe, que estava em uma gaiola branca. Pegou um pouco de ração de coruja e transfigurou para ração de mini-pufe.

- Vamos, você está com fome?

Rose pôs um pouco de ração na mão e o mini-pufe começou a comer.

- Acho Peidão um nome feio. Que tal mudarmos seu nome? Já que você é macho
pode ser... Davies?

O mini-pufe a ingnorou.

- Ok, que tal Kinnon? Ah, já sei um perfeito. O que acha de Joe?

Ele virou-se para ela e chacoalhou o rabo.

- Ah, você gostou? Joe!

Joe deu um guincho baixinho e soltou um pum.

- Ah não! Ninguém merece. Eu vou te levar pra lá pra baixo, mas se você começar a
soltar pum eu vou te trancar nessa gaiola o dia inteiro, entendeu?

Rose desceu com o mini-pufe ao ombro.

- Eu vou pedir o da mamãe pra mim. – Disse Lílian. – Ela nem cuida dele direitinho, coitado. Ela só dá comida pra ele.

- Você ia matar ele de tanto apertar, Lílian. – Disse Scorpius.

- Ah, tá. –Ela falou ironicamente. – Se abraço matasse imagina o que seria da minha cara prima Rose com você por perto.

- Eu nunca soube que sua mãe tinha um mini-pufe. – Disse Rose.

- É que ele vive trancado no quarto dela. A gaiola dele é bem grande, sabe. Ela compra uns brinquedinhos todo mês e põe lá.

- Qual o nome dele?

- Arnaldo. O papai fica falando besteira e sempre no final fala “Pode isso, Arnaldo?”, coisa de trouxas, e o mini-pufe fica gritando. – Lílian gargalhou. – Mas se ele for meu, o nome dele vai ser Taylor.

- E isso não é nome de mulher? – Scorpius coçou a cabeça.

- É um nome unissex. – Explicou Lílian, convencida. – Serve tanto pra homem quanto
pra mulher.

- Eu hein? Imagina se eu fosse Taylor, Merlin que me livre!

- Não é tão ruim assim. – Disse Rose. – O meu se chama Joe.

- Joe Weasley? Ah, que tudo! – Falou Lílian.

- Calma, é um mini-pufe, e não da família.

- Melhor, Joe Malfoy! Ele é seu filho com o Scorpius.

Rose revirou os olhos enquanto Scorpius encarava o mini-pufe sombriamente.

- Eu não quero ter um filho lilás e todo peludo. – Disse Scorpius.

- Er... Nem eu, apesar de gostar de crianças especiais eu não gosto muito disso, sabe?

- Seus preconceituosos safados! – Lílian atirou uma almofada em cada um deles. – Só porque o coitado tem alguns pelinhos não quer dizer que ele não tenha coração.

- Ah isso, eu sei. – Disse Rose. – Ele seria anormal se não tivesse.

- Lily: A doida das almofadas. – Zombou Scorpius.

- Olha, só porque foi chamado de Super Scorpius tá todo convencidinho, né? – Disse Lílian. – Se eu fosse vocês eu iria dormir. São uma e meia da manhã e a gente aqui, conversando besteiras.

- Não tô convencido, você fica assim também quando fala com o Lorcan Scamander, não é?

Rose e Scorpius gargalharam ao ver o rosto de Lílian corado.

- Sim, bom vocês lembrarem. Eu quero falar sobre ele com você depois, Rose.

- Já vai a má influência. – Scorpius sorriu.

- Eu só quero contar fofocas, menino! – Disse Lílian. – Quer levar outra almofadada na cara?
- Não precisa, não precisa. – Ele falou. – Não quero almofadas na minha cara, obrigado. – Ele passou por trás de Rose e sussurrou. – Mas que ela é má influência é.

- Ah, seu louco! – Disse Rose. – Eu fico nervosa com alguém sussurrando perto de mim.

Lílian e Scorpius gargalharam, enquanto Rose estava pasma.

- Desculpe. Vou pro dormitório agora, ok?

- Vá na fé. - Rose olhou pra baixo. – Garoto bonzinho, parou de peidar.

Scorpius parou na metade do caminho.

- What? – Ele falou, sem entender.

- Tô falando com o mini-pufe. – Rose sorriu docemente.

- Potter e Weasley, são todos doidos.

- Vai, Scorpius! – Gritou Lílian.

- Ok!

Lílian ficou com a cabeça de fora da sala até confirmar que o garoto tinha entrado no
dormitório.

- Feliz! Feliz! Feliz! – Ela deu saltinhos.

- Que foi?

- Adivinha? O Lorcan e eu...

- Vocês se beijaram? – Rose estava boquiaberta.

- NÃO! – Lílian pareceu ofendida. – Vamos sair amanhã à tarde.

- Hello, acorda, Lílian. Estamos em Hogwarts, não podemos sair.

- Ir aos jardins, Rose. – Lílian falou, irritada.

- Ah, que ótimo, estou feliz por você. – Rose falou, sem emoção.

- Por que você tá chata?

- Tô de T.P.M. – Rose sorriu. – Brincadeira, só estou com... Sono, acho que é isso.
- Eu estou tão feliz! – Lílian deu um grito histérico.

- LÍLIAN! Você vai acordar todo mundo.

- Ah, esqueci. – Lílian bateu com a mão na cabeça.

- Olha, tenho boas notícias relativas ao Lorcan Scamander também.

- O quê, o quê?

- Lysander me contou que ele ontem não parou de falar de você.

Lílian sentou em uma poltrona e começou a respirar rapidamente, e em seguida
estava contando.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH! – Ela gritou de uma vez.

No minuto seguinte, cerca de cinqüenta pessoas estavam na sala comunal da
Grifinória.

- O que foi isso? – Perguntou Juliet Wilson, esfregando os olhos.

Logo vários outros estavam repetindo a pergunta. Rose fuzilou Lílian com os olhos.

- Essa destrambelhada começou a gritar porque... ela gostou do meu esmalte novo!
– Inventou Rose.

- Ah, Lílian! Não acredito nisso! – Falou uma garota do terceiro ano. – Esse esmalte
nem é tão bonito assim. – Rose olhou para as unhas, ela nem lembrava que estavam
rosa claro. – Vou dormir, tá?

Todos imitaram a garota, inclusive Rose, que antes da sair deu uma bronca na prima.

No outro dia, Rose quase não levantou da cama. Ketly e Diana tiveram que fazer alguns encantamentos para a colega acordar.

- Ah, me deixa, tô morrendo de sono. – Disse Rose, abraçando o travesseiro com força.

- Vamos, Rose, você vai se atrasar, anjinho. – Disse Diana.

- Mas... Mas eu tô com soninho. – Rose sentou na cama, esfregou os olhos, falou num tom infantil e fez uma cara de gatinho do Shrek.

- Que fofinha! – Ketly começou a apertar as bochechas de Rose.

- Eu também tô com sono, querida, mas temos que acordar. Tem cinco segundos pra
sair da cama, se não eu te acordo com um jato de água. Cinco, quatro...

Rose deu um pulo da cama.

- Você pirou? Fiz minha poção pra o cabelo ontem, bonitinha!

- Então é bom conseguir conservá-la. Vamos, são oito horas, tem uma hora pra ficar
pronta e descer pro café.

As duas garotas saíram do dormitório, e Rose se espreguiçou, não ia ser fácil acordar
totalmente depois daquela noite agitadíssima. Foi em direção ao banheiro cantando “Corner of my street” e depois de vinte minutos saiu de lá.

Procurou desesperadamente a sua gravata. Onde poderia estar? Procurou no guarda-roupa, debaixo da cama, sobre a cama, no malão... Mas não achou.

- KETLY? DIANA? – Ela gritou. – VIRAM MINHA GRAVATA?

- Vi sim. – Disse Diana. – Tá na sua cômoda.

- VALEU!

Ela se arrumou, fez uma trança embutida no cabelo, passou somente um gloss (não estava com paciência para maquiagem) e foi até a sala comunal.

- Tá vendo, você fica bem melhor sem essa cara de sono. – Disse Diana. – Vamos descer?

- Vocês ficaram me esperando? – Rose pareceu surpresa.

- Fofocando sobre famosos. – Disse Ketly. – Mas, é, esperando você também.

As três desceram juntas. Já no salão principal, Rose avistou Scorpius e Lorcan conversando num canto do salão, pareciam felizes. Lysander estava escutando música e Lílian espiava de cinco em cinco segundos o suposto futuro namorado. Rose sentou entre Lílian e uma primeiranista.

- E então, tá nervosa?

- Rose, eu passei uns cinco quilos de maquiagem! – Disse Lílian, desesperada. –

Demorei uma hora e meia escolhendo um penteado, uma hora pra tirar os fiapos do
meu uniforme e você ainda pergunta se eu estou nervosa?

- Não passa muita maquiagem. Vai que ele resolve dar um beijo no seu rosto, vai sair cheio de pó.

Lílian abafou um gritinho.

- Você acha melhor eu tirar?

- Sei lá, a vida é sua, o rosto, e a maquiagem também. Me passa o açúcar?

Lílian passou rapidamente.

- Er... Lílian, isso é o farinheiro. Eu pedi o açucareiro.

- Eu tô péssima, Rose, não amola.

Rose revirou os olhos, levantou e pegou o açucareiro, que estava à direita de Lílian.

- Ada, a ada, Lílian tá apaixonada. – Rose cantava.

- Não enche, Rose!

- Ade, a ade, mas se é mesmo verdade!

- Rose Weasley!

- Ei, ei, ei, tudo bem, chata, parei!

Scorpius veio em direção às duas.

- Oi, bom dia pra vocês. – Ele se sentou ao lado da primeiranista, que estava na
ponta da mesa. – Como é seu nome? – Ele perguntou.

- Marie. – Ela falou timidamente.

- Prazer, Scorpius. Você é nascida trouxa?

- Não, sou mestiça. – Ela falou, a voz baixa. – E você?

- Isso não vem ao caso. – Ele disse.

- Ele é sangue puro. – Falou Lílian, impaciente. – Um Malfoy.

- Então... Como você está na Grifinória?

Scorpius lançou um olhar feio à Lílian.

- Sou diferente dos outros Malfoy.

- Ainda não entendi, desculpe. – Falou Marie.

- Foi uma briga quando a McGonagall escreveu pra os meus pais comunicando que fiquei na Grifinória, mandaram um berrador pra mim no outro dia. Mas, enfim, eu tenho qualidades da Grifinória, o chapéu soube o que fazer, não?

- Eu... Eu não estou duvidando, estou apenas impressionada. – Ela falou, suas
bochechas corando.

- Scorpius, cala a boca. – Disse Lílian, virando-se pra Rose. – E então, a maquiagem tá boa ou você acha que eu devia pôr mais rímel?

- Tá ótimo, Lílian. – Disse Rose. – Não esqueça de levar o gloss na bolsa, é importante, daqui pra de tarde ela já terá saído.

- Eu sei, já tá na mochila, junto com o pó, o rímel...

- Menos, Lílian, muito menos! – Disse Rose.

Tudo ocorreu normalmente de manhã. À tarde, eram três horas quando Lílian foi até o jardim, onde Lorcan a esperava. Ambos estavam de uniforme, mas Lorcan estava com o cabelo mais arrumado do que o normal, e sorria enquanto olhava as flores. Lílian segurou uma risada e se aproximou, chegou perto dele, já estava atrás dele quando falou.

- Oi. – Ela disse. Lorcan deu um pulo pra trás, fazendo Lílian sorrir.

- Que susto! – Ele falou. – De que além você veio? – Ele sorriu.

- Eu estava aqui o tempo todo, quer dizer, faz três minutos.

Ficaram olhando as flores por alguns minutos. Nenhum dos dois sabia o que fazer exatamente.

- Seu cabelo fica legal assim. – Lílian falou. Em seguida, se sentiu a pessoa mais idiota do mundo.
- Obrigado. – Ele respondeu, sem jeito. – O seu também.

Lílian colocou a mão na cabeça e notou que usava uma trança espinha de peixe embutida, que havia demorado vários minutos para fazer.

- Valeu. – Ela falou, alegremente. – É a primeira vez que faço essa.

Lorcan sorriu.

- Você é engraçada. – Ele falou.

Lílian sentiu o rosto queimar, então virou-se rapidamente para o outro lado.

- Nuvem bonitinha essa que tá ali, não? – Ela apontou para uma nuvem qualquer.

- É, parece um testrálio. Eles não são bonitinhos.

Lílian virou a cabeça lentamente para ele.

- Como sabe como são os testrálios?

- Minha mãe desenhou um pra mim. – Ele falou, sem emoção.

Lílian olhou para ele. Era estranho eles estarem no jardim, em pé, de tarde, olhando
para as nuvens e falando sobre testrálios.

- Seu pai é trouxa, não é? – Ela perguntou.

- Sim. Mas a irmã dele é bruxa. – Ele completou rapidamente.

- Não, não tem problema. – Ela falou. – A minha avó era nascida trouxa. A irmã dela também não nasceu com poderes bruxos. – Lílian sorriu ironicamente. – Tão boazinha, a tia Petúnia.

- É uma pena, essas pessoas. – Disse Lorcan.

- Que nada, seria uma pena se ela fosse bruxa! – Lílian dramatizava a cena. – Ela daria
Avada Kedavra em todo mundo, ela usaria a maldição Cruciatus... Eu nem existiria! Ela já teria matado meu pai, apesar de que só aquela cara de cavalo velho que ela tem...

- Nossa. – Lorcan falou, espantado.

- Er... Acho que exagerei um pouquinho. – Ela sorriu, sem jeito. – Vamos na biblioteca?

Poderíamos pegar um livro legal.

- Você gosta de livro de quê? – Ele perguntou.

- Romance, aventura, suspense, mistério.

- Eu gosto de aventura.

- Ótimo, acho que “Os contos de Beedle, o bardo” cai bem. – Ela falou. – Você já leu?

- Ainda não. – Ele respondeu. – Eu ia ler nas férias, sabe? É o livro preferido do meu
avô e da minha mãe, só que a Lysander pegou ele e não me emprestou mais. Todo dia ela lia uma história, e no dia de vir pra Hogwarts ela esqueceu em casa. – Lorcan revirou os olhos.

- Ah, isso é normal. – Disse Lílian. – Vamos agora?
Os dois entraram no castelo rumo à biblioteca. Os corredores estavam quase vazios, exceto por algumas garotas da Lufa-lufa que andavam juntas e alguns meninos da Sonserina. Aquilo era muito estranho, parece que tinha sido de propósito. Entraram na biblioteca, parecia lotada. Todas as mesas estavam ocupadas.

- Mas... Por que todo mundo tá aqui? – Lílian perguntou à Madame Pince.

- Não sei. Vai pegar um livro ou não?

Lílian fez cara de ofendida.

- Tem os Contos de Beedle, o bardo?

- Claro. Quarta prateleira no segundo corredor à esquerda. Boa sorte. – A mulher
sorriu.

- Francamente, ela é uma irritante. – Disse Lílian. – Olha só, tem um exemplar bem
aqui.

Lorcan pegou o livro, analisou e entregou a Lílian.

- Parece normal. – Ele falou. – Às vezes esses livros velhos vêm cheios de
zonzóbulos.

- Eu acredito nos zonzóbulos. – Disse Lílian. – Se não fosse eles, meu pai poderia
estar morto.

Ela contou a história do dia em que Draco Malfoy quebrou o nariz de Harry e jogou a capa por cima dele, e que Luna só conseguiu achá-la por causa dos Espectrocs.

- Acho que é por isso que meu nome é Lílian Luna. – Ela falou.

- Eu não sabia disso... Quer dizer, nem da história nem do seu nome.

- Claro, quase ninguém sabe o nome do meio das pessoas. Vamos agora? Aqui está apertado. – Lílian foi passando pelas várias pessoas na biblioteca. – Estranho, aqui quase sempre é vazio.

- Também achei estranho. Eu venho aqui toda noite.

- E nunca viu os Contos de Beedle, o Bardo?

- Não. Eu venho pra revisar algumas matérias.

- Ah, tá... Qual a matéria que você gosta?

- Herbologia, trato das criaturas mágicas, história da magia... Só.

- História da magia? – Lílian fez cara de nojo.

- É, mas não gosto muito. São as únicas que eu suporto, pra falar a verdade.

- Ah. – Disse Lílian.

- E você, gosta de quê?

- Herbologia, só.

- É uma matéria bem legal, e o professor Longbottom também.

Lílian sentiu a língua coçar. Não sabia se Lorcan tinha conhecimento do namoro que Luna teve com Neville.

- Você... er...

- Eu sei, ele já namorou a minha mãe. Isso é um dos motivos pra eu gostar dele.

- Como assim?

- Ele gostava dela, de verdade. Eu não me aproximo dos filhos das pessoas que não
gostavam dela, porque não gostar da minha mãe é o mesmo que não gostar de mim.

- Ah, por isso que você é tão... reservado?

- Isso.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.