Envenenada



- Narrado por Remo Lupin -


 


 Quando os passos de Julieta pararam de ser ouvidos... nossa... que angústia! A única coisa útil em ser um lobisomem é que quando a lua-cheia se aproxima, o instinto cresce, e quando ela falou em voltar para o salão do baile, foi como se uma sirene apitasse na minha cabeça Não deixa ela ir!Vá com ela! Não deixa ela ir! Vá com ela! ... Ai ela deu aquele sorriso maravilhoso e eu deixei... Eu estou sendo super-protetor... É só um castelo! O que diabos poderia acontecer? Argh, eu estou me enganado... o instinto não mente! Quantas vezes eu escapei de confusões por causa dele? Ta bem, Aluado, esquece isso que ela vai voltar logo... Esquece e fica calmo... Calmo.


- Aluado, o que tem com a sua cara? - James perguntou rindo


- Mal pressentimento... - Eu disse encarando o chão


- Com o que? - Sirius disse confuso


- Julieta... Acho que não devia tê-la deixado ir sozinha... - Respondi


- Por quê? O que poderia acontecer? - Lily perguntou confusa


- Isso eu não sei... - Respondi - Mas acho que vai dar alguma coisa errada...


- Você deve ser muito bom em Adivinhação hein?- Lily riu


 Eu ri sarcásticamente, ela sabia de minha situação, mas eu não iria preocupar a ruiva... Ela iria ficar nervosa e iria procurar Julieta apavorada. Eu assenti sorrindo e voltamos a andar. Já estávamos no meio do caminho quando Pedro apareceu no outro lado do corredor e gritou ofegante:


- Aluado! A Giucci... você... Ala hospitalar... tem que vir!


- Ta bem, traduz agora Rabicho - Eu disse sarcásticamente


- Você tem que vir, a Giucci, na Ala hospitalar... - Ele disse nervoso e me olhando com pena ( Porque diabos as pessoas tem pena de mim? )


- O que ela fez agora? - Perguntei atento


- Não é o que ela fez... é como ela está!- Ele respondeu aflito- Você tem que vir, eu não vou conseguir te contar Aluado...


- Vamos todos. - Eu disse e ´corremos´( lentamente pois Lily estava usando salto alto) até a Ala hospitalar. Pedro bateu na porta, coisa incomum, pois nós sempre entrávamos sem bater; e Madame Pomfrey pôs a cabeça para fora.


- Alunos não podem entrar no momento. - Então um brilho de reconhecimento brilhou em seus olhos- Esperem... vocês eram amigos da Julieta Giucci, não eram?


 Porque diabos ela falou no passado?!


- Sim, somos!- Sirius foi o único que não ficou nervoso por causa do tempo verbal no passado


- Entrem crianças... - Ela disse nos olhando penalisadamente


 A Ala hospitalar nunca esteve tão vazia desde que eu entrei em Hogwarts. O clima também nunca foi tão pesado... Num canto, Profª Mcgonagall, Prof. Slghorn, Profª Srout, Prof. Flitwick e o diretor Dumbledore discutiam com expressões assustadas. No lugar onde haveria a penúltima cama antes da parede, havia uma cama que tinha cortinas em volta. Pedro andou até ela nervoso, parou n frente da entrada e se afastou, me dando espaço para abrir. Andei até a entrada e abri as cortinas. Uma imagem que fez meu coração parar.


 Julieta estava deitada naquela cama, ou melhor, praticamente jogada. Cabelos bagunçados por cima do travesseiro, lábios entreabertos e olhos encarando o vazio desfocadamente. Ela estava morta.


- Não... não, não é possível! Não... não, não, NÃO! - Eu comecei murmurando, mas meu tom de voz foi aumentando a cada letra, meus olhos formigavam, iria começar a chorar a qualquer minuto... - Julieta - Me aproximei dela e passei levemente meus dedos em seu rosto. Estava gélido - Julieta... por favor... fala comigo Julieta! - Então me descontrolei e comecei a sacudi-la enquanto lágrimas saiam de meus olhos- JULIETA POR FAVOR, FALA COMIGO! JULIETA! FALA COMIGO, PISQUE OS OLHOS, QUALQUER COISA! PELO AMOR DE DEUS, QUALQUER COISA! - A larguei percebendo que eu tinha a sacudido com muita força - Desculpe!


 Lágrimas impediam minha visão, o desespero invadiu minhas veias... A única mulher que eu realmente amei... morta. Como isso era possível? Como o mundo podia ser tão cruel comigo? Lobisomem, poucos (mas grandes) amigos, sem pai, única mulher que eu já amei... morta. Estou sendo egoísta... Muitas vidas vão se entristecer com esta maldita notícia, não só a minha! Mesmo que a minha vida venha a se tornar um pesadelo, eu não podia olhar só para mim!


- Alguém, por favor, me acorda dessa porra de pesadelo - Eu disse amargamente


- Aluado... os professores - Sirius murmurou


 Perdi o controle, me virei para ele (quase não percebi que a professora Mcgonagall e o diretor realmente estavam perto) e gritei:


- AHHH OS PROFESSORES ESTÃO AQUI? QUE BOM! O CORPO DA MINHA NAMORADA TAMBÉM! PODERÍAMOS NOS JUNTAR E TOMAR UM CHÁ, NÃO ACHA BLACK?!


 Me verei para ver se eu poderia me sentar em algum lugar, havia uma cadeira ao lado da cama dela, me sentei lá e afundei a cabeça entre os braços, soluçando fortemente.


 Recuperei o fôlego por um momento, me virei para meus amigos e para os professores, que me encaravam, então percebi que eu tinha dito uma grosseria, tentei emendar.


- Desculpe professores, Sirius.


- Tudo bem Remo - Dumbledore disse sorrindo tristemente então se virou e saiu andando - Vou escrever uma carta aos pais da menina, volto logo.


- Tudo bem Aluado, eu entendo que isso deve ser horrível... - Sirius andou até meu lado e segurou meu ombro. Encarei ele e vi que seu rosto estava sendo cortado por duas lágrimas que desciam lentamente por seu rosto. Sorri tristemente ao imaginar como Julieta iria zoá-lo se estivesse vendo isso... Ahhh, Julieta... por que você teve que me deixar? Tudo por causa de um... Espera, qual foi o objeto maldito que tirou a vida de minha namorada?


- Professora... o que causou isso? – Perguntei com voz cortada à Profª Mcgonagall


- Bem, ela foi encontrada pelo Sr Pettigrew na frente do salão comunal da Lufa-Lufa. Havia uma garrafa de cerveja amanteigada quebrada no chão, sem nenhum sinal de maldição ou agressão física, então deduzimos que ela fora envenenada.


 Arregalei os olhos por um momento. Salão comunal da Lufa-Lufa? Deixe me pensar... Quem que tem raiva dela e está na Lufa-Lufa? Nossa nunca senti tanta raiva da casa amarelo-preta onde só estavam pessoas... Inúteis! Calma, eu estou despejando minha raiva na casa e não na pessoa. Mas é claro que só pode ser aquela criatura... Quem mais está na Lufa-Lufa e é doentio o suficiente para fazer isso?


- Diggory... - Eu disse num rugido (um rugido quase literal)


- Que? - Lily perguntou confusa


- Foi ele. Eu sei. - Eu respondi com a fúria tomando conta de meu corpo


- Não pode ter sido... - Sirius disse - Ele ainda estava no baile quando saímos...


 - Mas ela voltou quinze minutos após sairmos, não foi? - Eu perguntei - Foi ele, só ele seria capaz de fazer isso!


- Sr. Lupin, acho que não devemos culpar pessoas sem ter provas. - Profª Mcgonagall interviu - Mesmo que eles não se gostassem, eu realmente duvido que o assassino tenha sido um aluno...


 - Certo professora - Eu disse sem acreditar. Sabe o instinto? Então, ele me dizia que Diggory era o culpado!


 Argh... Não era totalmente culpa dele... Sim, ele tinha envenenado a mulher de minha vida, mas... eu que a deixei ir sozinha, eu que não dei ouvidos ao instinto e me deixei levar por auquele sorriso confiante, eu que falhei com ela, não ele.


 Só de pensar que eu nunca mais ouviria aquele eu te amo doce... nunca mais me perderia naqueles belos olhos castanhos... nunca mais sentiria aquele perfume floral que ela tanto usa... nunca mais beijaria aqueles lábios macios... nunca mais sairíamos para dar aquela tão bem vindas voltas... Não. Aquela tinha sido a última volta de Julieta Kathleen Giucci. Uma volta a qual eu não participei. Uma volta a qual a entregou para as garras de seu assassino. Uma volta a qual eu não estava lá para protegê-la. Não quando ela mais precisava de minha proteção. Era culpa minha, tudo. E a dor que isso me causava... era milhares de vezes pior que uma transformação e com certeza muito pior que a maldição da tortura... era a dor da culpa.


 Mais lágrimas saltaram de meus olhos, não me apressei para enxugá-las. Para que esconder a dor que eu estava sentindo se até uma criança de dois dias de idade conseguia ver? Para que? Que importava se as pessoas iriam julgar a mim porque choro por quem amo. A única opinião que me importava já não é mais possível ter. Logo Anne e Alice chegaram e a história toda foi contada de novo, elas choraram, mas estavam muito mais contidas que eu.


- é tudo minha culpa... - Eu solucei


- Não é sua culpa Aluado... Você não poderia prever... - James começou


- eu sabia que tinha perigo naquele lado. - Continuei amargurado


- Você não tinha como saber - Sirius disse


- Sim eu tenho Almofadinhas. - Eu disse sem olhá-lo - Daqui a cinco dias aquela maldita chega e o instinto está a cada segundo mais aguçado! - Disse me referindo à lua-cheia. - eu sabia do perigo, eu senti o perigo, mas eu fui ingênuo e me julguei super-protetor. Eu a deixei ir para as garras de um assassino, Almofadinhas! Eu falhei com a única pessoa que eu jurei nunca mais falhar!


 Apoiei minha cabeça entre os braços de novo e voltei a chorar desta vez em silêncio e mais contido. Não sei quanto tempo os outros ficaram lá só para meu consolo, mas já era muito tarde...


- Aluado... são quatro da manhã... eu sei que isso é horrível,- Sirius começou - mas estamos com muito sono e... você se importaria...


- Podem ir - Eu disse me virando para eles. Todos tinham o rosto riscado por lágrimas, menos Pedro. - Eu vou pedir para passar a noite com ela... se não eu volto pro dormitório. Boa noite.


- Boa noite Aluado - James disse dando um tapinha em meus ombros - não se culpe por coisas que não fez.


- Boa noite Remo - As meninas disseram chorosas num coro.


- Boa noite. - Respondi desanimado


 Madame Pomfrey ficou com pena de mim ao ver meu rosto e olhos vermelhos e rosto inchado: ela me deixou ficar com Julieta. Passei a maior parte do tempo observando a garota que estava deitada morta na minha frente. Eu nunca contei a ela, mas eu sabia de sua existência à muito tempo antes dela saber da minha. No primeiro ano, me lembro dela na King´s Cross. No segundo ano, o ano que ela julgava imprestável em sua vida, foi quando eu realmente percebi a garotinha de cabelos castanhos sempre com olheiras profundas e assustada com tudo. Ano passado eu entendi que ela deveria ter muitos pesadelos pelas transformações do pai, mas antes eu a achava uma esquisitinha bonitinha. Depois do quarto ano, ela deu uma melhorada na aparência, ficou bem menos esquisita e bem mais... linda. Eu sempre a observei com o canto do olho quando ela passava, mas eu nunca gostei de chamar atenção, nunca falei com ela até o dia que eu felizmente a acertei com o malão... Se não fosse isso eu estaria a observando em silêncio até hoje... Bem, até ontem...


 Mais lágrimas caíram, eu as enxuguei. Olhei para ela novamente e então me lembrei de fechar seus olhos. Me levantei e fiquei na borda de sua cama, passei dois dedos levemente em suas pálpebras. Elas desceram, mas estranhamente quando eu tirei meus dedos elas voltaram a subir, como se ela tivesse piscado. Uma única esperança nasceu em mim e eu pus a mão em seu pescoço. Nenhum batimento. Porque eu me torturo tanto? Voltei a me sentar na cadeira ao lado da cama. Olhei para a mesa de cabeceira: havia um vaso de vidro vazio nela. Peguei minha varinha e apontei para o vaso.


- Aquamenti - Caiu água no vaso - Orchideous - Uma rosa branca brotou no vaso. Branca, a cor da paz, que era como eu desejava que ela ficasse no momento: em paz.


 Guardei a varinha e as cortinas se abriram: Sr e Sra. Giucci estavam lá com lágrimas nos olhos, me levantei.


- Vou deixá-los a sós.


 Saí da área cercada pelas cortinas e me sentei numa cama da Ala Hospitalar. Os Giucci ficaram uns quinze minutos e saíram de lá com o rosto molhado e vermelho. Sr. Giucci andou até mim e pôs a mão em meu ombro.


- Você foi a melhor coisa que poderia acontecer com minha filha. Obrigado


- Eu falhei senhor - Respondi - prometi para mim mesmo protegê-la mas não estava lá quando ela precisava de mim.


- Não deve se culpar por isso Remo - Ele respondeu - você não sabia!


- O senhor deve sentir o instinto quando a lua se aproxima também - Eu sussurrei, ele assentiu - então, eu sabia que havia algo perigoso lá, mas a deixei ir.


- Todos cometemos erros Remo. Eu não te culpo por nada além de fazer minha filha voltar à vida. - Ele disse com os olhos molhados - continuo a te agradecer. Já vou indo, boa noite.


- Boa noite senhor - Eu respondi, voltando para a ´´cabaninha´´


 Eu dormi lá. Apoiando a cabeça entre as mãos naquela cadeira. Dormi leve, mas acordei ás nove horas com o barulho de vozes. Será que? Não... Ao abrir os olhos ela continuava na mesma posição. Passei a mão por meu rosto, estava molhado. Eu devia ter chorado enquanto dormia... acho que se eu continuar assim, vai secar todo o meu armanezamento de água...


- Bom dia Aluado - Sirius entrou na ´cabaninha´- quer um sanduíche?


- Não to com fome Almofadinhas... - Eu respondi


 Sirius ergueu a mão com o sanduíche para alguém fora das cortinas


- Toma Rabicho, é todo seu.


- Valeu Almofadinhas! - Pedro respondeu


- Vai passar o Natal aqui Aluado? - James perguntou


- Caramba o Natal! - Eu disse assustado - Eu tinha esquecido! Mas mesmo assim, feliz natal caras, mas acho que vou sim.


- Feliz Natal cara - Sirius disse - vamos ficar no salão comunal hoje tá?


- Ta bem. Manda um feliz natal pra meninas.


- Tchau - Pedro disse saindo


- Tchau...


 Quando eles saíram, eu peguei um pacote em meu bolso: seria o presente de Natal de Julieta. O abri. Um pingente de ouro na forma da cabeça de um lobo, olhos de esmeraldas. Eu tinha economizado por meses para comprá-lo... Eu o peguei e o coloquei no cordão que Julieta estava usando.


- Feliz Natal minha linda... – Sussurrei


 Fiquei lá a manhã toda até que comecei a ficar tonto de fome. Eram meio dia e eu não havia comido nada desde as 2:30 da manhã... Me levantei com uma olhada para Julieta, então saí para o Salão Principal.


 Era incrível como todos, não, TODOS me olharam. A notícia da morte de Julieta tinha sido espalhada rapidamente... e por isso, todos agora devem saber quem sou eu... Ou minha cara deve estar tão detestável que elas estão me olhando por isso...


- Andou chorando Lupin? - Snape disse rindo atrás de mim


- Sim Snape. Eu tenho coração e choro quando uma pessoa amada se vai. - Respondi formalmente - Agora com licença, eu vou almoçar.


 Ele me olhou como se eu fosse um verme, eu nem liguei, se aquele maldito Seboso queria rir da morte da pessoa mais linda deste mundo, eu cuidava dele depois, mas agora nem sei se sobrou alguma força para isso.


 Entrei no Salão Principal. Centenas de rostos e rostinhos me encararam enquanto eu andava em direção aos Marotos. Pelo menos ninguém falou comigo. Eu não conseguiria falar com ninguém e muito menos virar uma celebridade do dia por uma tragédia. Me sentei, meus amigos me olharam compreensivos. Comecei a comer... argh, porque até um frango assado me lembra de Julieta? Olhei para o meu lado: o lugar onde ela sempre se sentava... vazio. Mais uma lágrima caiu de meus olhos. Eu a sequei imediatamente. Pedro percebeu e deu tapinhas em meus ombros, eu o olhei agradecido.


 Então levantei o olhar do prato. Adivinha em quem foi? Diggory... Aquele cara estava com um olhar tão angustiado... só poderia ter sido ele, não tem outro jeito... Então ele se levantou. Me levantei na mesma hora. Fingi não estar o olhando enquanto o espiava com o canto do olho. Saímos ao mesmo tempo do Salão Principal. Quando ele estava para virar a esquina entre os corredores, eu peguei seu ombro e o segurei na parede. Saquei minha varinha e a encostei em seu pescoço.


- Olha nos meus olhos e diz que você não matou a Julieta - Eu rugi (literalmente)


- Eu não matei a Giucci. - Ele respondeu hesitante


 Tirei minha mão de seu ombro e dei um tapa em sua cara, depois rapidamente o segurei novamente


- Mentiroso!- Rugi novamente


- Como você vai saber se eu estou mentindo? - Ele perguntou acusador


- Ahhhh Diggory... Eu vejo medo em seus olhos e culpa em sua voz... - Eu sibilei enquanto fuzilava o loiro na minha frente - Me dá um motivo para eu não te matar agora. Só um. Unzinho e eu não acabou com sua vida miserável.


 Seria bem prático... uma maldição da morte... ou talvez um soco no pescoço... ou até sufocá-lo... Rápido e prático, acabaria com a vida daquele desalmado e ninguém nem provaria que fui eu.


- Sr Lupin! - Profª Mcgonagall gritou atrás de mim – o que significa isso?!


- Maldição... – Murmurei - Seu motivo chegou... Mas acredite Diggory - Eu disse cuspindo as palavras - Eu posso não ter te matado agora, ahhh, mas eu vou. Pode ser em 2 minutos ou em quarenta anos. Eu vou.


 E saí andando, deixando o lufano com medo na parede. Então senti duas mãos em meus ombros.


- Aluado, porque você quase matou o Diggory?- Sirius perguntou sarcásticamente


- Ele matou a Julieta - Respondi


- Cara... eu sei que você tá confuso...- James disse - a Giucci realmente faz falta... Mas você não é agressivo, nunca foi tirando a lua-cheia, então porque está assim?


- Eu ... não... sei Pontas - Respondi  com um nó se formando em minha garganta - eu estou realmente confuso... e eu acho que foi ele... e isso me dá tanta raiva Pontas... me dá uma vontade de simplesmente acabar com a vida dele!


- Eu acho que a Giucci não iria gostar que você virasse um assassino por causa dela Aluado. - James disse


 Lágrimas voltaram aos meus olhos. Me virei e me sentei apoiado na parede no meio do corredor. James tinha razão. Ela não iria gostar. Mas eu precisava vingar a morte dela... ô vida difícil...


- Vocês não sabem - Eu disse com voz falhada - como eu estou me sentindo. Perder alguém importante como ela foi para mim...


- Tem razão Aluado - Sirius se sentou ao meu lado - a gente não sabe, mas você não deve destruir sua vida pelo fato da dela ter acabado.


 Eu balancei a cabeça afirmativamente. Não havia mais nada para dizer ou pensar... só... nada. A vida era nada! Tudo era simplesmente nada.


- Vou vê-la pela última vez hoje. Amanhã eu não volto. - Eu disse me levantando - estou me torturando, mas eu não aguento...


- Vá lá amigo. - James disse com um sorriso triste.


 Eu entrei na Ala hospitalar. Madame Pomfrey me olhou com pena e me deixou entrar. Me sentei na mesma cadeira de sempre e olhei o corpo imóvel de Julieta. Engraçado... Ela não parecia morta... não perdera a cor ainda e seus olhos, além de não fechar, não ressecaram... continuava linda.


- Tentei vingar sua morte Julieta - Eu disse sorrindo tristemente para o corpo dela - quase matei o Diggory. Eu sei que foi ele... não poderia ser mais ninguém... - Lágrimas - sinto sua falta raposinha... volta para mim por favor.- Mais lágrimas - eu até penso se deveria acabar com a minha vida para te encontrar novamente... dizer que sinto muito por não ter estado lá... dizer que te amo mais que tudo e... poder ver você se mexendo novamente - Enxuguei as lágrimas - não... você nunca iria querer que eu acabasse minha vida por você... você nunca iria querer que eu me sacrificasse... você sempre quis meu bem.


 Olhei para o chão. Falando com uma morta... irônico não? Os pensamentos começaram a fluir em minha cabeça... lembranças, planos para o futuro, opiniões...tudo. O dia em que eu terminei com ela... dia terrível... o dia em que nos conhecemos direito... acertei seu pé... e nosso primeiro beijo? Ahhh nosso primeiro beijo é inesquecível... Não só por aquele dia ter me causado uma cicatriz na língua, mas pelo fato de ter sido maravilhoso... Sorri ao lembrar do dia inteiro... Eu transformara James e Sirius em galinhas depois que Julieta saiu correndo da árvore. Eles ficaram cuspindo penas por uma semana depois... Épocas tão boas... e a casa dela? Nossa... seus pais foram maravilhosos comigo e nós... bem... nos divertimos bastante no sofá. E os comensais? O velho Jack e a audiência?São tantas memórias passavam por minha mente... Então, pelo canto do olho, eu vi.


 Ela se mexeu.

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