Segredos e Histórias



Três meses se passaram. Eu estava incrivelmente íntima dos Marotos, e eles aprontavam cada dia uma diferente. Aprendi a quem eles se referiam quando usavam aqueles apelidos estranhos: Aluado era o Lupin, Almofadinhas era Sirius, Pontas era James e Rabicho era Pedro.Também aprendi outro apelido, que eu particularmente adorei: Snape=Ranhoso.Na verdade, Snape era realmente ranhoso, seboso e... Oleoso também! Nojento era a palavra que definia ele melhor. Morri de rir no dia que ele estava brigando comigo e eu disse:


-Vá lavar os cabelos antes de falar comigo, Ranhoso.


 A cara dele ficou escalerte, então só de precaução, mandei um feitiço escudo entre nós para não ser azarada. Fui a heroína do dia para os Marotos, eles morreram de rir quando me ouviram dizer isso. Só a Lily que não gostou muito, pois era sua amiga antigamente; antes dele a chamar de sangue ruim.


 Mas havia uma coisa que estava me angustiando durante esses meses: Uma semana a cada mês, Remo saía mais cedo da última aula do dia e só voltava a aparecer no dia seguinte, pálido, com fortes olheiras, exausto e com alguns arranhões nos braços ou rosto. O engraçado é que James e Sirius também pareciam cansados (muito menos que Lupin) nesses dias, e também demonstravam alguns arranhões nos braços. Só Pedro que não aparecia com arranhões, mas cansado como James e Sirius.


Será que... Não. Não pode ser... Mas, seria assim... Não, Dumbledore não aceitaria... Mas e se aceitasse? Não... Era só conhecidencia... Mas os calendários deles eram iguais... Devo perguntar? Não, não sou íntima o bastante... Mas posso virar... Posso falar pra ele... E se eu estiver enganada?Não estou. Vou perguntar e ponto final.


 


----------------------------------------------


 


 Eram 5:45 da manhã, eu estava vestida no salão comunal esperando pela volta de Lupin. 5:50, o sol já estava saindo... Ótimo, relembrando o plano: Conta pra ele, pergunta, beija ele... Não!NÃO BEIJA ELE NÃO!Ta maluca Julieta?!-Bronqueou aquela voizinha na minha cabeça. Ta bem, ta bem, não beija ele... Não se esqueça de não olhar com pena, ele vai odiar se eu fizer isso... Se eu tiver errada? O que fazer? Hmmm, um bom e velho Obliviate nunca é ruim... Certo, se eu estiver errada, Obliviate e sai correndo. Ok.


 5 minutos depois a abertura do quadro se abriu e Lupin entrou com aquelas olheiras enormes e pele pálida.


-Remo- chamei baixinho


Ele me olhou com os olhos arregalados, pensando em alguma desculpa. Ai eu interrompi


-Sei que está cansado. -disse trocando o olhar de pena para o aflito-mas eu tenho que falar com você. Se desse pra esperar, eu deixava você subir e ir dormir, mas não dá-Ele me olhou como se eu tivesse lido sua mente. Ele então concordou e se sentou no sofá.


-Fala- Disse ele com uma voz tão fraca que quebro meu coração. Ai percebi que devia estar olhando para ele com pena de novo, e voltei a aquele olhar perturbado


-Vou te contar uma história. Não quero nenhuma interrupção. - Falei me olhando em seus olhos- Nenhuma entendeu?


Ele balançou a cabeça afirmativamente, então eu comecei:


 -Quando eu tinha nove anos, tinha uma vida invejavelmente feliz. Meus pais eram aurores de sucesso, se amavam mais que tudo, e tinham ma filha da qual se orgulhavam muito. Eles prendiam Comensais da Morte o tempo todo, eram realmente muito bons no que faziam-Comecei- Mas uma pessoa não gostou. Um bruxo das trevas que você deve ter idéia de quem é-disse olhando para ele profundamente, ele assentiu e eu continua-Ele mandou uma carta avisando que se meus pais não parassem de estragar seus planos, iam fazê-los perder a coisa que mais amavam, eu. Eles ignoraram o aviso e começaram a caçar ferozmente os comensais, prendendo mais do que o necessário. Então furioso, Voldemort-me assustei ao perceber que disse o nome. Eu estava tentando evitar, já que há pessoas que são sensíveis ao nome do cara de cobra, mas ele graças a Merlin não era, então continuei - mandou um... Bem, ´´sócio´´ dele nos fazer uma visita.Seu nome? Fenrir G-Greyback- Minha voz sempre falha ao dizer seu nome, céus, eu conseguia quase cantarolar  Voldemort e não sabia dizer Greyback sem minha voz falhar?!- Sua missão?Me morder, se possível, me destroçar; e de preferência, na frente de meus pais.-Lancei um olhar severo para ele, que estava pegando ar para começar a falar- Mas meu pai entrou na frente dele. Foram uma chuva de feitiços, arranhões, mais feitiços, chutes, sangue... Até que Greyback o mordeu. Minha mãe apavorada com a idéia, finalmente teve chance de estuporar-lo e o mandar para bem longe. -Disse, enquanto lágrimas floresciam em meus olhos- Meu pai se transformou em lobisomem na frente de meus olhos. Minha mãe repetiu o processo e estuporou ele. Depois meu pai ficou aterrorizado... Um lobisomem com uma filha pequena e uma esposa. Dizia que deveria sair de casa, ir para longe para não corrermos perigo. Nunca deixamos, eu dizia´´Se eu tivesse sido mordida, vocês não me deixariam ir. Fique´´ele finalmente parou de teimar. Nos mudamos para uma cidade touxa rural, onde havia espaço para ele se transformar e onde nos escondermos se fosse impossível controlá-lo - olhei para seu olhos de novo, minhas lágrimas já haviam caído e haviam várias outras a caminho. Era muito difícil contar essa história... Mesmo parecendo algo bobo, essas são as piores visões que uma criança pode ter... É muito difícil se lembrar daquilo sem chorar. Remo estava me dizendo com os olhos coisas como não acredito que passou por isso; mas estava me olhando curioso e pedindo pelo resto da história. Sorri tristemente e continua-Então eu, que não aguentava mais aqueles uivos cheios de angustia que ele soltava sempre que se transformava, comecei a pesquisar sobre o assunto e li uma frase que eu nunca mais esqueci: ´´Lobisomens só são perigosos para humanos, ou animais que os ameace´´. Mostrei a frase para minha mãe, e ela disse que era óbvio, poderíamos ficar pelo menos fazendo companhia a ele. Tornaríamos animagas. Então começamos o processo. Ela ia ser uma animaga permitida e eu, ilegal- falei sorrindo para ele- depois de todo o processo que ela fez em mim. Aprendi a me transformar em raposa e ela em loba: dois animais que, se possível seriam capaz de se defender de um lobisomem adulto. -Respirei um pouco e continuei- Construímos uma área sem janelas ao alcance, pouquíssimos móveis, tirando um armário alto; colocamos uma porta do material mais forte que achamos e toda lua cheia, eu e minha mãe nos transformávamos e esperávamos com ele lá dentro.A porta, trancada com um Alohomora e a varinha de minha mãe, pois na época eu ainda não tinha uma; escondida no armário.-Então olhei profundamente nos seus olhos curioso-Então eu agora pergunto a você, Remo Lupin, se acha que vai conseguir esconder uma coisa dessas de mim.


-Não sabia que tinha tanta experiência em lobisomens... -disse me olhando- E pelo visto, não vai dar pra esconder. -Deu um sorriso triste-Só não conta pra ninguém tá?


-Acha que eu seria capaz?-Perguntei


-Não- um sorriso sereno surgiu em seu rosto cansado


-Vá dormir. Você está com a aparência pior que a do Barão Sangrento - disse apontando para a escada que leva ao dormitório masculino


Ele riu e saiu andando.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.