Desentendimentos
O segundo ano foi o mais tranquilo. Snape nunca precisava se preocupar com James Potter, pois Lily nem ao menos o comprimentava. Ele não tinha muitos amigos além dela e alguns sonserinos, como Mulciber e Avery. Andava sempre sozinho, as vezes gostava da sua própria companhia.
No terceiro ano Lily começou a falar com Potter, o que deixava Snape intrigado. Ela parecia demonstrar um desgosto, sempre falava mal do garoto.
Toda a noite de lua cheia James Potter e seus amigos sumiam inesperadamente. No quinto ano Snape os seguiu e descobriu algo que jamais poderia imaginar. Um segredo, que prometeu nunca contar a ninguém. Naquela noite ele quase perdeu sua vida. Se não fosse Potter ele estaria muito longe dali.
-Pensei que fossemos amigos. -Snape comentou silenciosamente.
-E somos Sev. Só não gosto de algumas pessoas que andam com você. Como Mulciber e Avery. Mulciber. Você viu o que ele fez com Mary Mcdonald?
-Era apenas uma brincadeira Lily. -Ele falou com remorso.
-Desde que eu saiba uma Magia Negra não é uma brincadeira.
-E Potter e seus amigos? -Ele atropelou suas palavras.
-O que Potter tem a ver com tudo isso?
-Ele e seus amigos somem toda noite! E aquele garoto chamado Lupin? Há alguma coisa estranha com ele, não acha?
-Dizem que ele está doente. -Disse Lily.
-Não acha estranho ele estar doente toda noite de lua cheia?
-Eu sei suas teorias. -Ela soou friamente. -Mas por que se interessa tanto no que Potter e seus amigos fazem?
-Só quero provar para você que eles não são bons quanto parecem. -A intensidade em seu olhar fez Lily corar.
-Pelo menos eles não usam magia negra. -Sua voz soou um pouco mais baixa. -E você está sendo um pouco mal-agradecido. Pelo que eu ouvi falar, quando você foi xeretar aqueles túneis do Salgueiro Lutador, James Potter te salvou de alguma coisa que estava lá.
-Salvou? Salvou? -Seu rosto se contorceu de raiva. -Você acha que ele foi um herói? Ele estava apenas tentando saivar a própria pele e de seus amigos! Eu não vou permitir que você...
-Me permitir? -Seus olhos pareciam fendas. Snape recuou para trás.
-Eu não quis dizer isso. -Ele falou da boca pra fora. -Potter gosta de você, ele gosta de você! Tão arrogante, todos o acham o grande herói. Do quadribol, de tudo.
Snape falava com amargura e as sombrancelhas de Lily se levantavam em sua testa.
-Eu sei. Sei que James Potter é um idiota arrogante. Não precisa me dizer isso. Mas Mulciber e Avery é completamente má. Sinceramente, não sei como você consegue ser amigo deles.
Inesperadamente, todo o peso que Snape carregava nas costas desabou ao ouviu Lily xingar James Potter. Ele agiu sem preocupação, seus passos estavam mais leves.
Os dias estavam mais serenos. Cada dia que se passava era um novo começo. As provas do N.O.M. estavam próximas. Mas toda a tranquilidade acabou no dia em que Snape saiu do Salão Principal após fazer seu N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele parou com os pensamentos perdidos próximo a árvore onde James e seus amigos conversavam. Guardou algumas folhas dentro da mochila e voltou a andar, atravessando o gramado. Já longe, ouviu uma voz familiar.
-Tudo certo, Ranhoso? -Gritou James, que vinha andando ao lado de Sirius.
Snape reagiu rapidamente, como se soubesse o que estava para acontecer. Largou a mochila no chão e enfiou a mão dentro do bolso de suas vestes, sua varinha já estava metade para fora quando James gritou:
-Expelliarmus! -A varinhas de Snape voou a metros de altura, fazendo Sirius gargalhar.
-Impedimenta! -Ele apontou a varinha novamente, desta vez em direção a Snape, que tentava recuperar sua varinha caída.
Alunos pararam o que estavam fazendo para assistir. Alguns pareciam assustados, já outros se divertiam ao ver o sofrimento de Severo. Ele ofegava deitado no chão. James e Sirius se aproximaram.
-Como foi o exame Ranhoso? -James riu, olhando para as garotas do outro lado do lago.
-Eu vi, o nariz dele quase encostava no pergaminho. -Sirius riu maldosamente. -E acho que as provas não são aceitas com manchas de gordura.
-Esperem... para...ver. -Snape ofegava. -Esperem... para... ver.
-Esperar para ver o que Ranhoso? -Sirius retrucou seriamente. -Você vai limpar seu nariz em nós?
Snape gritou azarações e xingamentos, que acabaram não adiantando para nada.
-Limpe sua boca Ranhoso! -James apontou sua varinha para ele. -Limpar!
Em instantes a boca de Snape estava coberta de sabão cor-de-rosa, que cobriam sua boca e o faziam engasgar.
-Deixe-o em paz! -Uma das garotas do outro lado do lago apareceu furiosa. Ela tinha cabelos expessos e ruivos, era Lily. James levou a mão aos cabelos, o bagunçando como sempre fazia.
-Tudo bem, Evans? -Seu voz rapidamente ficou mais amigável, grossa e madura.
-Deixem-o em paz! -Ela gritou. Olhava para James com desgosto. -O que ele fez?
-Digamos que seja pelo fato dele somente existir. -Ele falou, provocando gargalhadas de alguns estudantes que assistiam tudo.
-Você acha engraçado. -Ela falou amargamente. -Mas é um arrogante, cafajeste e tirano. O deixe em paz!
-Só se você sair comigo. -Ele a chantageou. O efeito da azaração estava sumindo, Snape rastejava até sua varinha. -Prometo que nunca mais faço nada com ele.
-Preferiria sair com uma lula gigante ao sair com você! -Gritou Lily.
-Mau jeito, Pontas. -Falou Sirius, se virando para Snape. -Olá!
Naquele mesmo momento Snape lançou um feitiço em James e um corte abriu em sua face, pingando sangue em suas vestes. James apontou a varinha para Severo, fazendo-o levitar de cabeça para baixo e exibindo seus tornozelos magros e sua cueca encardida. Todos soltavam gargalhadas, exceto Lily.
-Ponha-o no chão!
-Sem problemas. -Ele desfez o feitiço e Snape caiu embolado no chão. Se ajeitou e apontou a varinha para James, não tão rápido. Potter gritou "Petrificus Totalus" e ele paralizou como uma tábua.
-Deixe ele em paz! -Desta vez ela berrou.
-Tudo bem, tudo bem. -Ele se virou para Snape e murmurou um contrafeitiço. -Sorte sua que ela esteja aqui, Ranhoso...
-Não preciso da ajuda de uma Sangue-Ruim como ela!
Lily pestanejou e falou calmamente:
-Tudo bem. No futuro não vou me preocupar. Se fosse você lavaria as cuecas, Ranhoso.
-Peça desculpas a ela, Ranhoso. -James apontou a varinha para ele.
-Não quero que você peça para que ele me dê desculpas. É tão ruim quanto ele.
-O quê? Mas eu nunca te chamei de... Você sabe.
-Bagunçando o cabelo para parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, anda pelos corredores azarando as pessoas, achando que é legal. Até me impressiona que a vassoura saia do chão com todo o peso da sua cabeça cheia de titica. -Ela saiu enfurecida.
Alguns dias após aquele acontecimento, Snape foi a procura de Lily para pedir perdão. Ela estava de roupão, parada na frente do quadro da mulher gorda.
-Me desculpe!
-Não quero ouvir.
-Desculpe!
-Poupe suas palavras.
-Eu nunca teria chamado de sangue-ruim, é que...
-Saiu da boca pra fora, escapou? Olha, meus amigos já me perguntavam por que eu ainda ando com você. E eles tem razão. Você anda com seus amigos Comensais da Morte, nem se preocupa em quem está se tornando. Você mal pode esperar para se juntar a Você-Sabe-Quem, não é mesmo?
Ele abriu a boca para falar, mas Lily o interrompeu.
-Não posso mais fingir. Você tomou seu caminho, eu tomei o meu.
-Olha, eu não pretendia te chamar...
-De sangue-ruim? Severo, você chama todos com o mesmo nascimento que eu do mesmo nome. Por que comigo seria diferente? -Ela o lançou um olhar desdenhoso e entrou pelo retrato da mulher gorda.
Ele ficou parado ali por alguns minutos, esperançoso que ela voltasse e aceitasse seu pedido de desculpa. Viu que seria impossível e saiu com a cabeça baixa em direção a sala comunal da Sonserina.
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