Primeiro ano
Entraram em um imenso salão. As quatro mesas se iluminavam pelas velas que se penduravam no teto enfeitiçado, feito para parecer o céu da noite. Seguiram uma professora de cabelos castanhos chamada Minerva McGonagall. Alguns alunos foram selecionados para as suas casas, inclusive Narcisa, que foi correndo para a mesa da Sonserina.
-Evans, Lily. -Minerva falou. Sua voz provocou um eco por todo o salão.
Ela caminhou trêmula e se acomodou no pequeno banquinho instável. A professora Mcgonagall colocou o chapéu seletor em sua cabeça, mas antes mesmo de encostar em seus cabelos ruivos escuros, o chapéu exclamou "Grifinória".
Ela entregou o chapéu para Minerva e correu para a mesa da Grifinória. Olhou para Snape com um sorriso triste no rosto. O garoto de cabelos ondulados se levantou para lhe dar o lugar, mas Lily logo o reconheceu e virou as costas.
Outros demais alunos foram chamados, entre eles Pedro Pettigrew e James Potter, que se sentaram animados na mesa da grifinória. Assim, quando uma dúzia de estudantes esperavam para serem sorteados, McGonagall chamou Snape. Rígido, ele se sentou no banquinho que o aguardava. Ao ser colocado em sua cabeça, o chapéu exclamou "Sonserina".
Ele caminhou para o outro lado do salão, distante de Lily. Alguns alunos da Sonserina o receberam, inclusive Lúcio Malfoy, que agora usava um distintivo de monitor. E Bellatrix, que vinha correndo do outro lado da mesa para parabenizá-lo.
A cada minuto ele olhava para a mesa distante em que Lily se sentava. Ela parecia animada. Severo suspirou ao vê-la conversando com o garoto de cabelos negros. Por mais que estivesse feliz em ter sido selecionado para a Sonserina, ainda tinha um desgosto pelo menino Potter, tão arrogante.
Quando todos haviam acabado de jantar, Snape seguiu seu monitor Lúcio, como todos os outros alunos do primeiro ano. Passou a noite em branco, queria tanto que Lily estivesse ali. Conversariam sobre tantas coisas. Sonhou com ela naquela noite.
As semanas seguintes se passaram rápidas. Nas aulas que a Sonserina dividia com a Grifinória, ele se sentava com Lily. Ela sempre estava com um belo sorriso no rosto, empolgada com o novo mundo que havia descoberto.
-E as aulas de poções estão sendo tão interessantes! -Ela falava enquanto carregava uma pilha de livros nos braços. O corredor se encontrava vazio. -O professor Slughorn diz que sou muito esperta para a minha idade!
Antes mesmo de Snape dizer algo, dois garotos passaram correndo no meio deles, deixando os livros de Lily caírem de seus braços. Era James Potter e seu amigo de cabelos ondulados, Sirius Black. Sirius era primo de Bellatrix, e apesar do ódio que já havia adquirido nele, os boatos de que ela contava pioravam a situação. A família Black tinha uma astucia pelo poder, ideais para a Sonserina. Porém, Sirius havia queimado o nome Black ao ser selecionado para a casa onde os corajosos e bravos ficavam, Grifinória.
-Maldito Potter. -Snape sussurrou para si mesmo. Lily juntava os livros do chão e pareceu não ter ouvido.
-Severo. -Ela falou ao se levantar. -Vou para a sala comunal fazer algumas lições. Já está ficando tarde.
-Tudo bem. -Ele cedeu, embora seus olhos dissesem o contrário. Em uma questão de minutos ela foi embora, o deixando sozinho no meio do corredor.
Naquele dia ao voltar para sua sala comunal, Snape conhecera duas pessoas. A primeira era Mulciber, um garoto ambicioso que tinha desejo de provar seu poder. E Avery. Avery era uma menina diferente de todas as outras, sempre conseguia o que queria. Ninguém sabia como, é claro. Exceto Snape.
-Não gosto muito de seus novos amigos. -Lily falou enquanto andavam em direção ao salão principal. -Principalmente Avery.
-E Potter? -Ele falou com desgosto. -Odeio aquele garoto.
-Potter não sabe o que faz. Não sabe que magoa os outros. -Ela avistou James do outro lado do salão abanando. Revirou os olhos e sentou-se na mesa da grifinória. -Até a próxima aula, Severo.
Ele deu meia volta e foi se sentar com seus amigos.
O primeiro ano se passou devagar. Com todas as aulas corridas e as provas cada vez mais próximas, Snape não tinha tempo para quase nada. O menino Potter o incomodava mais a cada dia. O ódio por ele corria em suas veias. Não podia nem sequer vê-lo. A parte mais difícil foi despedir-se de Lily no final do ano. Seu pai havia arranjado um novo emprego numa pequena cidade do interior e assim tinha menos tempo para vê-la. Apenas nos feriados, quando ela vinha para sua antiga casa e eles se sentavam na mesma árvore todos os dias e conversavam sobre Hogwarts.
Petúnia estava cada vez mais distante da irmã, o que deixava Lily chateada. Elas não se falavam, nem ao menos se olhavam.
-Petúnia diz que eu sou uma aberração. -Lily sempre chorava ao se lembrar disso.
-Não acredite no que ela fala. Ela tem inveja por não ser especial.
Realmente, Petúnia tinha inveja. A carta que teria mandado para Dumbledore dizia isso. Ela queria ser como a irmã, não queria ser diferente. Seus pais sempre parabenizavam Lily, e Petúnia se sentia deixada de lado, queria ser valorizada.
-Lily. Me diga uma coisa.
-O que quiser. -Ela virou o rosto e sorriu para o garoto magricela deitado ao topo do gramado.
-Eu te amo. -Ele corou ao dizer isso. -Você me ama?
-Claro Severo. Como um irmão que eu nunca tive. -Ao ouvir isso, sentiu uma pontada no peito, mas forçou um sorriso. Ela não havia entendido. Ele a amava de verdade. Esticou a mão e tocou os cabelos avermelhados de Lily, que se espalhavam pela grama.
-Você também. É como uma irmã que eu nunca tive.
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