A Intrusa da Noite
Mesmo tendo passado quase uma semana, o machucado no braço de Jorge ainda a perturbava. O garoto andava sorrindo e brincando pelos corredores, mas o mistério do machucado de Jorge Weasley ainda perturbava a garota. Na aula de Poções ele não quis falar sobre isso, na aula de Herbologia também não, nem ao menos no final do treino de quadribol o garoto quis falar sobre o assunto. Na verdade, Charlotte estava sendo tão insistente com toda aquela historia que Jorge já estava começando a evitá-la.
- Não sei por que ele não quer falar comigo. - falou Charlotte irritada cortando seu frango com os dentes. Nunca fazia isso porque sempre ficava com frango preso no dente e Olívio estava ao seu lado conversando com Lino sobre quadribol.
- Deve ser porque você está enchendo o saco dele há um tempão. - falou Angelina sem se importar se magoava ou não Charlotte, a sinceridade deveria ser seu nome do meio. - Afinal, qual o motivo da sua insistência com o Jorge, hein?
- Eu só quero que ele me fale uma coisa. - falou Charlotte cutucando seu dente com o garfo para tirar o frango preso.
- Falar o que com quem? - perguntou Olívio se intrometendo na conversa.
- Nada. - rosnou Charlotte que estava mal humorada por causa de Jorge.
- O Jorge não está falando com a Charlie. - falou Angelina.
- Vou dormir. - falou Charlotte se levantando mal humorada.
- Um gnomo de jardim mordeu ela? - perguntou Olívio.
- Não, só o velho companheiro dela, o mal humor. - falou Angelina rolando os olhos.
Charlotte marchou irritada para o dormitório, não sabia o porquê de sua irritação, só sabia que odiava quando seus amigos guardavam segredos. Chegando à frente da Mulher Gorda, Charlotte percebeu Alicia parada discutindo com o retrato:
- Você sabe que eu sou daqui! - insistiu a garota. - Por que não me deixa entrar logo?
- Qual a senha? - perguntou a Mulher Gorda como se tivesse repetido isso várias vezes.
- Barba de Merlin. - falou Charlotte que estava chegando.
- Obrigada, Charlie, a Mulher Gorda não estava querendo me deixar passar. - falou Alicia.
- Isso porque você tem que dar a senha para ela abrir a porta. - falou Charlotte. - O que aconteceu, Alicia, você não é de esquecer a senha.
- Não sei, Charlie. - falou Alicia subindo as escadas para o dormitório. - Não conseguia me lembrar de jeito nenhum.
As duas entraram no dormitório, ainda não tinha ninguém. Charlotte começou a trocar de roupa, a garota a observava trocar as vestes por pijamas.
- Bonito colar. - comentou Alicia casualmente apontando para o delicado colar de rubi que Charlotte usava.
- Obrigada, é presente da minha avó. - falou Charlotte.
- Então era da sua avó? - Alicia perguntou.
- Não, era do meu pai e antes tinha sido do meu avô. - falou Charlotte se deitando na cama. - Está na família Adams a gerações. Alicia, o que você tem?
- Nada. - falou Alicia sentando em uma cama.
- Então por que você está sentando na cama da Pamela?
- Não, não. - falou Alicia se levantando abruptamente. - Ela falou que eu podia pegar uma coisa aqui, mas depois eu pego.
- Bom, boa noite. - falou Charlotte virando para o lado.
Charlotte adormeceu e sonhou que estava correndo por um corredor escuro. Corria, corria e corria fugindo de alguma coisa que ela não tinha certeza do que era. Apenas sabia que tinha que correr.
- Me dê o colar. - falou uma voz rouca masculina às suas costas.
- Nunca. - gritou Charlotte em resposta com lagrimas nos olhos, com medo da realidade do sonho. Então ela acordou do sonho gritando: - Não toque no meu colar.
Charlotte demorou alguns segundos para entender que de fato tinha alguém tocando em seu colar. Alicia estava debruçada por cima dela tentando abrir o pequeno fecho do colar. Então Charlotte gritou e empurrou Alicia que caiu na cama de Angelina. Nesse momento, Angelina e Pamela entraram no quarto.
- O que aconteceu, Charlie? - perguntou Angelina acendendo a luz com um aceno de varinha.
- A Alicia tentou tirar meu colar de mim. - Charlotte tremia enquanto apontava para Alicia.
- Eu só achei que você devia estar se sentindo sufocada com o colar. - Alicia falou fazendo uma voz doce. - Não acredito que você achou que eu ia querer roubar.
- É, Charlie, até parece que a Alicia ia querer o teu colar. - falou Pamela ficando do lado de Alicia.
- Não parecia que você só queria me ajudar. - Charlotte falou com irritação aparente na voz.
Por que todas estavam contra ela? Até Angelina que era sua melhor amiga estava a encarando com uma cara não muito simpática. Ela parecia cansada, como se o comportamento de Charlotte a estivesse deixando exausta.
- Charlie, você conhece a Alicia, sabe como ela é, sabe que ela não te roubaria nada. - Angelina falou após um suspiro cansado.
- Ela andou esquisita a noite inteira. - falou Charlotte. - Nem ao menos se lembrava da senha para entrar nos dormitórios.
- Eu passei a noite estudando na biblioteca, estava cansada e me confundi. - Alicia agora parecia realmente chateada.
- Então vamos todas dormir? - perguntou Angelina começando a trocar de roupa.
- Eu não vou. - falou Alicia. - Não agora, vou dar uma volta para pensar um pouco.
Angelina lançou um olhar severo para Charlotte enquanto Alicia atravessava o portal para o dormitório do segundo ano e saía da sala. Charlotte deixou a raiva da injustiça do que acabara de acontecer tomar conta de si. Ela mordeu as bochechas por dentro com toda a força tentando extravasar a sua raiva. Não funcionou, ela então fitou o teto pensativa até o sol raiar. Perdera o sono. Alicia não apareceu mais aquela noite.
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