A primeira coruja.
Era um dia de inverno, como todo inverno no hemisfério sul. Julho era um dos meus meses prediletos, não apenas porque eram férias, mas porque eu podia ficar em casa e não aturar o pessoal do colégio. Eu era conhecida como a azarada. Sempre que eu ficava nervosa, ou tinha alguma prova na minha classe, algo arrebentava, quebrava ou se desfazia. Estranho, não mais estranho do que ocorreu na manhã do primeiro dia de férias.
Eu estava no jardim, deitada sobre a grama, olhando o céu e aproveitando a minha solidão, enquanto ouvia o barulho da outras crianças correndo e brincando na rua. Comecei a imaginar que as nuvens eram objetos, e pensar no quanto seria maravilhoso ter alguns amigos para compartilhar minhas ideias. Quando eu estava completamente concentrada com a cabeça quase que literalmente nas nuvens. Algo bicou minha mão. Assim que me voltei, vi uma pequena coruja branca.
Ela me bicou mais uma vez e eu a mirei com curiosidade. Ela voo um pouco e jogou um envelope no meu colo. Automaticamente eu o abri. Era uma carta, então olhei novamente o emitente, e lá estava: "Escola de Magia e Bruxaria de Brumas". Li a carta incrédula, e entrei em casa. Gritei por meus pais. Papai que estava vendo o noticiário se alarmou e mamãe surgiu com a assadeira repleta de biscoitos na mão. Entreguei o envelope para papai e li, eu mesma a carta.
"Sr. e Sra. Bacelar é com muito prazer e honra que informamos que a filha de vocês, Ana Bacelar, é um ser mágico, qualificada como bruxa.
Ela tem uma vaga em nossa instituição e deve começar os estudos no segundo semestre deste ano, posto ter completado onze anos de idade.
Pedimos que os senhores respondam se permitem que sua filha inicie os estudos em magia e bruxaria.
Caso a resposta seja sim, eu, diretor de Brumas, estarei em sua casa amanhã para esclarecer qualquer dúvida.
Segue em anexo o material escolar que poderá ser comprado na loja Templários, conhecida no mundo trouxa como Papelaria Papel, rua Norma Monteiro, nº 23.
Cordialmente,
Professor Alberto Vantemiglia"
-Por favor digam sim! - gritei, mas meus pais apenas me olhavam espamtados - Eu sei que não há bruxos na família, e que pode ser uma brincadeira, mas eu sinto que não é - e apontei a coruja que acabara de pousar em meu ombro
-Eu não sei o que dizer querida, você quer mesmo estudar magia? - disse meu pai sem acreditar em suas palavras - O que acha querida?
-Acho que precisam saber que uma das minhas irmãs - e colocou a assadeira na mesinha do telefone - ela é bruxa - vi o queixo de papai cair, enquanto um sorriso se formava me meu rosto - Sei onde comprar o material e Ana, minha resposta é sim, e creio que seu pai também concordará - ele ainda estava em transe - Diga ao diretor Vantemiglia que não precisa vir até aqui e no começo de agosto eles terão uma nova aluna em Brumas - e me chamou para um abraço - Estou orgulhosa
-Eu acho que só pode ser uma coisa boa - e sorriu incerto para mamãe - Isso explica minha cunhada ser tão estranha - e voltou-se para mim - a resposta é sim, querida
Escrevi a resposta imediatamente e meus pais assinaram. Finalmente eu estava prestes a encontrar meu lugar!
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