Caçando o Graal



Capítulo 23



Caçando o Graal



Cerca de quinze minutos depois, nós estamos descendo uma escadaria de pedra escura em espiral, profundamente no subterrâneo, com Alvo como nosso guia. Ainda mantendo essa falsa imagem de natureza, ele insiste em usar uma tocha para iluminar o nosso caminho. Mais tanto faz. Desde que cheguemos lá, acho.



- Essa passagem conduz para baixo do poderoso Tor - nosso guia turístico druida explica. - Foi cavado há milhares de anos atrás por nossos ancestrais da Ordem.



Uau. Realmente fascinante. Sabe, essa cara poderia conseguir um emprego como guia turístico para a Torre de Londres, uma vez que ele acabe com seus milhões em álcool e garotas.



Chegamos ao fundo das escadas e paramos em frente a um portão de ferro forjado. Alvo pega em seu manto o que parece ser uma antiga chave, feita de ouro. Nada de chaves com códigos de alta tecnologia para esses caras, acho. Ele encaixa a chave na fechadura e a porta range ao abrir-se, revelando um teto baixo ao longo de um corredor cheio de teias de aranha, que leva para a escuridão.



Em outras palavras, meu pior pesadelo.



- Este é o caminho - comanda Alvo, acenando com longos dedos da mão.



Eu olho o corredor, tentando controlar a minha respiração. Eu gostaria de esquecer como sou claustrofóbica. Meu coração começa a bater em meu peito enquanto olho a dança que as luzes da tocha fazem nas paredes de barro. Eu daria meu braço esquerdo – qualquer coisa – se eu pudesse ter agora uma lanterna de cabeça de halogênio ou algo assim.



 - Está tudo bem - Draco sussurra em meu ouvido. Ele pega a minha mão trêmula. - Relaxa.



Fácil para ele dizer. Mas difícil para eu fazer com que as paredes parem de se fechar ao meu redor. Minha mente começa a imaginar cenários de terremotos, inundações e outros desastres naturais que podem causar com que o túnel desmorone e nos enterre vivos.



Percebo que estou cavando minhas unhas na palma de Draco e solto meu aperto.



- Desculpe - eu sussurro.



- Dizem que José de Arimatéia já viajou por essas passagens - o Guia Turístico Alvo vai em frente, completamente alheio a minha tensão. - Queria descobrir um lugar seguro para guardar a taça do seu primo, Jesus Cristo, cujo sangue ele tinha coletado enquanto morria na cruz. Ele sentia que esse sangue puro e sagrado poderia ter um bom uso algum dia.



- Bem pensado, Joey, meu garoto - eu resmungo.



- Ele não sentia que, com a perseguição dos cristãos nas terras orientais, o artefato estaria seguro. Então ele o confiou a nossa Ordem. E nós o temos guardado desde então.



Sim, até hoje, quando você vendeu o pobre Joey por um milhão de libras.



- A taça em si está afixada a uma pedra enorme e não pode ser movida. Mas eu preparei dois frascos feitos do mais puro cristal, para você preencher.



- Você deve esperar pela noite de sábado para realmente beber - Draco sussurra. - De acordo, com o que eu li.



Maldição. Portanto, não é uma reversão instantânea ou algo assim. Cara. Mais ainda assim, finalmente eu tenho esperança. E isso é o que importa.



Chegamos a uma sólida porta feita de pedra. Usando outra chave de aspecto antigo, Alvo desbloqueou e a porta abriu silenciosamente.



Entramos e segurei minha respiração, todos os pensamentos claustrofóbicos desaparecendo em um instante.



Eu não sei quantos de vocês já viram Indiana Jones e a Última Cruzada, mas nesse filme, ele chega na sala onde o Santo Graal está guardado e há milhares de taças diferentes ornamentadas e ele tem que descobrir qual é a verdadeira, porque se ele beber da errada, ele morre. E acaba sendo a taça mais simples de todas.



Bem, deixe-me dizer, isso é apenas mais um dos equívocos de Hollywood.



Por um lado, a sala em que entramos parece ser feita completamente de ouro. Chão de ouro. Teto de ouro. Paredes de ouro. E há somente uma taça. Um Santo Graal. E certamente não é minha imaginação. Está à frente no centro, afixada em uma enorme pedra como Alvo mencionou, e é a taça mais ornamentada que eu já vi. É de ouro. Há jóias fixadas. Está malditamente decorado, esse Santo Graal.



- O Graal - Alvo diz, com um floreio de mão.



Eu olho para Draco para expressar meu entusiasmo. Percebo que ele de repente está suando. Na verdade, transpirando sangue, se você quer ser literal sobre ele. Ele também está ofegante e seu rosto está branco como um cadáver.



- Você está bem? - eu pergunto. Eu não o vi tão afetado assim desde que eu o provoquei com a cruz na primeira noite...



É isso! Estar tão perto do artefato religioso deve deixar ele louco. Pobre rapaz.



- Eu estou... bem - ele diz com a voz firme. - É só... todo... o sangue.



Alvo puxa dois frascos de um bolso de sua túnica e vai até o Graal. Draco faz um som suave de sufocamento e eu chego mais perto para apertar sua mão. Se eu soubesse o quanto isso o incomodava, eu teria sugerido que eu fosse sozinha.



Eu olho novamente para Alvo e o vejo mergulhar os frascos na taça, enchendo-os com um líquido escuro e vermelho. Em seguida, ele seca cada frasco e dá um para mim e outro para Draco.



- Espere, Draco não pode... - Eu começo. Eu não quero que o frasco queime a mão dele ou algo assim.



- Estou bem, Mione - diz Draco, aceitando o frasco. - Está selado.



Ah. Bem, como eu ia saber? Eu viro o frasco na minha mão.



- Essa coisa é muito frágil, não é? - Pergunto. - Por que seria um saco se eu conseguisse chegar em casa e descobrisse que tinha acontecido algum acidente na minha bagagem de mão.



Alvo balança a cabeça.



- É feito de cristal, é grosso e forte. No entanto, dei a cada um de vocês um frasco, em caso de algum incidente infeliz venha a acontecer.



Bem, isso foi legal da parte dele, pensar em um plano de emergência. Mais, ei, nós demos ao cara um milhão de libras, por isso nós devemos estar esperando um bom serviço, suponho.


- Ótimo. - Eu coloco o frasco no bolso da minha camisa. - Então, está tudo certo? Olho uma última vez para o Graal, desejando que eu tivesse trazido meu telefone com câmera. Eu poderia vender a foto para algum museu e recuperar o milhão que gastamos. Hm, que Draco gastou, de qualquer maneira.



- Venham, vamos sair do lugar sagrado - diz Alvo, indo para a porta. - Parece que isso está causando muita dor para seu amigo.



Ele está certo. Pobre Draco. Devemos dar o fora daqui o mais rápido possível antes que o cara tenha um ataque apoplético ou algo assim. Então eu sigo Alvo para fora e nós voltamos para a passagem. Eu percebo que meu coração está batendo novamente. Mais desta vez, não está batendo por causa do medo claustrofóbico. Desta vez, está batendo de alegria.



- Nós conseguimos! - Eu sussurro para Draco, alcançando-o para dar-lhe um abraço. - Eu voltarei a ser humana novamente!



Então, por que o vampiro não parece muito feliz?

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