Um ancião Druida ou um louco H
Capítulo 22
Um ancião Druida ou um louco Hooligan de futebol?
Quando eu acordei, nessa noite, estava chovendo forte. E eu podia ouvir o vento assobiando entre as árvores. Eu saio da cama, tomando cuidado para que Draco não acorde, afasto as cortinas pesadas e olho para fora da janela. Este é o clima estereotipado que todos dizem que a Inglaterra sempre tem, eu acho.
De repente, é como se fosse uma vingança para a senhorita América. O que eu estou fazendo aqui? Em um país estrangeiro, passando a noite dançando em um campo como se fosse uma pessoa louca, com apenas um vampiro para fazer companhia? Isso não sou eu. Eu sou normal. Comum. Eu não faço coisas como isso.
Eu só quero ir para casa.
Mas eu não posso. Não até que eu tenha encontrado o Graal. Caso contrário, essa aventura toda não serviu para nada. De outra maneira, vou ficar presa como uma anormal pela eternidade.
Eu olho para o meu relógio. Oito horas da noite. Pergunto-me o que Emma está fazendo para lidar com mamãe. Fingindo ser eu. Ela soou um pouco entediada com a mentira quando me ligou esta manhã. Mas ela disse que eu não me preocupasse. Que ela ia cuidar de tudo.
Ela nunca se estressa sobre qualquer coisa. Ela só segue o fluxo e não se importa com o que as pessoas vão dizer. Eu invejo isso nela.
- Mione?
Eu volto para a cama. Draco está sentado, esfregando seus olhos sonolentos. Acho que eu acabei acordando ele, afinal.
- Oi - eu digo, rapidamente desviando meu olhar dele, para um ponto no chão, principalmente para evitar vê-lo sem camisa e sua bagunça sexy no sono. Sério, quando eu acordo de manhã (à noite, no caso) eu pareço como a morte. Ele se parece com Brad Pitt no Oscar.
- Oi.
Wow. Isso é meio estranho, realmente. As coisas ainda estão instáveis entre nós.
- Então, hm, você acha que o festival acabou? - Pergunto, tentado ficar em um campo neutro.
Draco concorda.
- Sim, eu ouvi falar que o Oasis seria a última apresentação. Então, eu tenho certeza que todo mundo partiu ou está dormindo em algum lugar.
- Então, você acha que os Druidas podem estar de volta?
- Espero que sim. Iremos tentar descobrir.
- Legal. Bem, o que estamos esperando? Vamos lá.
Draco me dá um olhar engraçado, mas não comenta nada a princípio. Será que é obvio que eu quero que ele se vista e saia do quarto o mais rápido possível?
- Mione, eu acho que precisamos conversar - diz ele, finalmente.
Conversar? De repente, me sinto em pânico como um viciado. Eu não quero conversar! Se conversarmos, ele vai me dizer algo que eu não quero ouvir. Como que ele está apaixonado por mim. Ou que ele quer que
eu fique como vampira com ele. E então eu vou ter que escolher. E eu não quero escolher. A escolha é algo super valorizada.
Quero dizer, e se eu fizer a escolha errada? Seguir meus sentimentos e decidir algo estúpido, como permanecer para sempre como vampira? Então, o que acontece se depois de alguns meses as coisas começarem a não ir tão bem? Ele vai ficar fora até tarde, festejando com os meninos. E eu estou presa na cozinha da convenção, chorando com a minha taça de sangue. Ele vem bêbado para casa e diz que seus sentimentos mudaram. “Não é você, sou eu”, ele vai dizer, lamentavelmente. E então, ele vai sair de novo. E eu vou ficar presa, sozinha. Uma vampira sem companheiro de sangue. E eu desejarei que eu nunca tivesse sacrificado a minha humanidade, e tudo só por que um vampiro parece gostoso sem camisa.
Okay, eu estou projetando um pouco aqui, mas você entende o ponto.
- Não podemos falar mais tarde? - Peço. - Eu realmente quero tentar encontrar o Graal primeiro.
O rosto de Draco parece decepcionado. Eu posso ver claramente seu desapontamento. Mas tudo que ele faz é assentir.
- Tudo bem - é a sua única palavra como resposta.
Ele sai da cama, batendo nas coisas enquanto se veste. Deixando-me saber, não com palavras, que ele está irritado com a minha fuga da conversa.
Bem, é difícil. Ele terá que lidar com isso. Eu preciso do sangue do Graal. Essa é a minha prioridade número um agora. Conversas sobre relações podem vir mais tarde.
Logo, após tomar banho e jantar (não pergunte, eu não quero falar sobre isso!) nos encontramos mais uma vez fazendo nosso caminho para Glastonbury em uma limusine acelerando no lado errado da rua. Nós estamos silenciosos. Ambos olhamos para fora das janelas para evitar olhar um ao outro.
Nós nos aproximamos dos limites da cidade. Desta vez, porém, não existem barreiras ou loucos adolescentes bêbados, para nos atrapalhar em nossa missão. Desta vez, nós podemos dirigir até a rua principal da novamente pacata pequena cidade situada em uma encosta.
Nós saímos da limusine e instruímos para que o sempre paciente motorista espere. Eu olho ao redor. O lugar é totalmente encantador – uma estereotipada pequena vila inglesa com pubs e galerias de arte, e lojas aconchegantes de chá que são escritas como shoppings. Claro, tudo está fechado para a noite (com exceção dos pubs, que estão abarrotados de habitantes locais, que provavelmente estão comemorando o fato que o festival amaldiçoado já acabou por mais um ano).
Eu viro ao redor, observando tudo.
- Isso é tão adorável! Eu adoro pequenas cidades pitorescas como essa! - Eu olho para uma janela escurecida. - Seria tão bom vir aqui algum dia e explorar o lugar.
- Bem, se nós não nos movermos, você não terá esse privilégio novamente - Draco lembra-me, com um completamente injustificado tom irritado. Ugh. O que rastejou sobre seu traseiro e morreu?¹
- Okay, okay - eu digo, abandonando a vitrine de uma loja e seguindo-o na estrada, que está revestida por altas e finas residências urbanas. - Onde estamos indo, afinal?
- Aqui – Draco diz, parando em frente a uma das portas de uma casa inclassificável.
- Aqui? Como você sabe que é aqui? - Eu coço minha cabeça. - Parece com todas as outras casas que acabamos de passar.
Draco aponta para a aldrava de bronze na porta.
- A porta tem o sinal da deusa - informa-me. - Druidas vivem aqui.
- Ah. Certo. - Cale-se, junte-se a ele, e não faça mais perguntas idiotas, Mione. - Então, nós vamos apenas bater e perguntar para quem chegar na porta sobre o Graal? Você acha que eles sabem? Você acha que eles vão nos dizer se souberem?
Draco me dá uma olhada. Cale a boca. Perguntas idiotas. Certo. Vou apenas verificar essa linda caixa com uma flor.
O vampiro agarra a aldrava de bronze e dá uma batidinha curta, logo em seguida, bate com mais força. Eu quero perguntar a ele se este é um código secreto druida que ele está batendo, mas eu já aprendi a minha lição sobre perguntas idiotas.
Momentos depois, a porta range ao abrir e um homem velho com uma longa barba cinza coloca a cabeça para fora. Eu olho para ele. Ele parece exatamente como o famoso Gandalf, o Cinzento, do Senhor dos Anéis. Quão legal é isso? Finalmente, após as figuras decepcionantes da Caçadora e do vampiro líder Ted, alguém que realmente parece com seu papel.
- Posso ajudar? - pergunta ele, com uma profunda e grave voz inglesa.
- Nós procuramos uma audiência com Pendragon² - responde Draco. - Você pode nos ajudar?
Os olhos de “Gandalf” se estreitam.
- O que uma pessoa como você procuraria com a nossa Ordem? Você não é deste mundo.
Wow. Ele pode dizer isso só olhando para Draco? Eu gostaria de ter tido essa habilidade quando conheci o garoto. Então, eu não estaria em toda essa confusão.
Draco inclina a cabeça para baixo.
- Sei perfeitamente que eu sou uma maldita criatura da noite, meu senhor. No entanto, tenho uma grande necessidade que eu espero que possa ser discutida. E gostaria de lembrar a você, que não é a primeira vez em que as nossas duas crenças se uniram para um nobre propósito.
- Você fala a verdade. – “Gandalf” abre a enorme porta. - Entre, meu filho.
Hmm. Então, os druidas e os vampiros estiveram ligados no passado? Gostaria de saber do que eles estão falando? Quero dizer, você tem os druidas, que são amantes da natureza e abraçam as árvores. Então você tem os vampiros, que gostam de beber sangue e viver em luxuosos palácios subterrâneos. Não é uma combinação comum, tanto quanto eu posso ver. Mas, ei, o que eu sei?
Entramos na casa e caminhamos por um corredor estreito, aonde chegamos a um pequeno e pitoresco salão. “Gandalf” (que se apresentou como Alvo, o Pendragon, o que é evidentemente algum tipo de posição de liderança no mundo druida) nos convida para sentar e pergunta se nós gostaríamos de - Tomar chá.
- Embora, eu entendo que esta não é sua bebida favorita - ele diz com uma piscadela. Ugh. O vovô druida está tentando me atingir, não é?
Depois de dizermos que estamos bem com toda a coisa do chá e que preferimos começar logo os negócios, o velho druida senta-se em uma das cadeiras do salão e se inclina para frente, com os cotovelos sobre os joelhos, dizendo que está ansioso para ouvir nosso pedido.
Então, Draco explica tudo. Minha mordida acidental. Como ele está tentando reverter a transformação. Como apenas uma gota do sangue puro do Graal pode fazer isso, blá, blá, blá.
- Entendo - diz Alvo, quando ele acaba. - E você tem a impressão que sabemos onde o Graal está enterrado.
- Eu esperava - Draco concorda -, que você tivesse a bondade de nos levar até lá.
- Nós fomos escolhidos pela Deusa para sermos os Guardiões do Graal há milênios - diz Alvo, sua voz fria e formal. - Essa é uma tarefa que levamos a sério. Permitir um impuro não-morto está perto do cálice sagrado seria blasfêmia.
Meu coração afunda com suas palavras. Oh, ótimo. Ele vai dificultar isto, não vai? Cara. Nós chegamos até aqui e então, nós estamos completamente abatidos. Eu só sei que estou condenada a andar pela terra como uma não-morta para sempre. Perfeito.
- Eu entendo - diz Draco. - Embora talvez um dízimo, feito para a Deusa, a grande Mãe da Terra, facilitaria a sua opinião sobre essa ofensa.
Alvo franze o cenho.
- Você ousa me subornar, vampiro? - pergunta ele, irritado. - Você deveria saber melhor do que ninguém. Nossa Ordem é baseada no amor, nanatureza e na pureza. Nós não somos mercenários que podem ser comprados com algo tão comum como uma moeda.
- Um dízimo de um milhão de libras – Draco acrescenta com uma voz calma.
Minha boca fica escancarada. Também fica a de Alvo, embora ele a feche rapidamente.
- Deixe-me... - ele limpa a garganta. - Deixe-me consultar a Deusa em nosso Arvoredo Sagrado. Eu voltarei com sua resposta.
Ele se levanta da cadeira e sai da sala. Depois que ele vai embora, Draco se vira para mim.
- Lição número um. Todo mundo tem seu preço - ele diz. - Mesmo aqueles que conversam com a natureza precisam pagar o aluguel e comprar comida no mercado.
Eu dou uma risadinha.
- Mas um milhão de libras, Drak? - Eu pergunto, lembrando a quantia que ele ofereceu. - Isso é um monte de dinheiro. Quase dois milhões de dólares americanos se eu tiver feito a conversão direito. Tem certeza de que quer dar um milhão de libras?
- Você vale à pena.
Gah. O que eu posso dizer com isso? Eu não posso lidar quando ele diz coisas assim. Quero dizer, em um sentido que eu gosto. Isso me dá arrepios que passa por toda a minha coluna vertebral. Mas, por outro lado, me dou conta que é perigoso. Eu não posso sucumbir ao seu charme. Eu devo seguir em frente com a minha vida.
- Sim, sim - eu respondo finalmente, usando o sarcasmo para desviar os seus sentimentos. - Tanto faz.
Ansiosa para mudar de assunto, eu levanto do meu assento e encosto a cabeça na porta onde Alvo acabou de sair. Eu coloco meu ouvido na madeira. (Não se supõe que os druidas deveriam ser contra a destruição de árvores e, portanto, contra os objetos criados através da sua destruição, como portas de madeira? Seria como um hindu comer uma vaca ou minha mãe vegetariana usar roupas de couro).
- É um milhão de libras, cara! - uma voz do outro lado está dizendo. Uma voz, que na verdade, soa notavelmente como a de Alvo, ele estava usando palavras como, cara, que até agora eu não imaginava que ele usasse. - É este fantástico sangramento ou o quê?
- Sim, mais nós supostamente somos Guardiões e outras coisas - outra voz masculina argumenta. - Você sabe. Sagrada Missão e tudo isso?
- Droga, cara. Você sabe que tipo de apartamento em Londres poderíamos conseguir com um milhão de libras? Poderíamos passar todas as nossas noite no pub do Tom, assistindo futebol na televisão, e recolhendo pássaros. Vai ser brilhante.
Hmm, de alguma forma eu acho que eles não estão falando de blue-jays³ e robins¹¹ aqui. Tanto quanto o Garoto da Natureza e sua Ordem Sagrada. Estou realmente um pouco decepcionada. Mas se eu aprendi uma coisa nessa jornada louca de vampiros, é que ninguém é realmente como você imagina que elas sejam. E, claro, neste caso, o velho líder de uma antiga ordem druida mostrou-se ser um hooligan louco por dinheiro que irá grandemente trabalhar para o nosso beneficio.
- Está certo - a outra voz concorda. - Mas vamos mostrar o Graal bem rápido. Mostrar e tirar, antes que o resto deles acorde após o festival e tenhamos que compartilhar com os outros.
- Muito certo.
Eu pulo de volta para o meu lugar, apenas a tempo de que “Alvo” (a propósito, estou bastante convencida agora que é um nome falso; ele provavelmente se chama Bob ou algo assim) caminhe através da porta de uma suntuosa e cerimoniosa maneira. Heh.
- Boa gente da terra - ele começa, e volta a falar como se fosse um membro do elenco do Senhor dos Anéis. - Eu já tenha a resposta de minha consulta com a Boa Mãe, que tem a própria terra em seu ventre.
Eu abafo uma risadinha. Yeah. Boa Mãe, também conhecida como, o amigo Cockney²² da cozinha, muito diferente.
- E? - Magnus instiga.
- E ela... - Ele faz uma pausa para ter um efeito dramático. Sinceramente, estes druidas são quase tão maus como os Góticos. - ...decidiu conceder o pedido. Levando em conta que a nossa missão é resgatar e purificar o sangue de uma virgem que foi cruelmente tirada de sua inocência por uma maldita criatura do Outro Mundo.
Okay, eu sei que esse discurso é totalmente mentiroso, mais com licença, como diabos todo mundo sabe que eu ainda sou VIRGEM? Realmente, eu quero saber. Existe algum selo na minha testa que eu não consigo ver? Algum aperto de mão secreto que eu não sei?
- Por favor, diga a Boa Mãe que nós seremos eternamente gratos por sua extrema generosidade - Drasco instrui, antes que eu possa dizer ao druida que pare de falar casualmente a palavra com V, o vampiro pega uma pasta que eu não tinha notado que ele carregava. - E que eu espero que este dízimo ajude com o bom trabalho que ela persegue.
Ou permita que estes dois caras locais bebam e consigam sexo, neste caso, mais ei, tudo está funcionando para mim.
Alvo aceita a pasta, seus olhos estão brilhando com sua ganância, e abre-a. Dentro há pilhas e pilhas de notas com números elevados.
- Santa mer... - ele começa, então percebe o que estava dizendo. - Sim, esse dízimo será muito agradável para Sua Deusa. - Ele fecha a pasta e diz que volta já. Então, sai para cozinha.
Draco e eu trocamos olhares divertidos.
- Eu ainda acho que ele teria aceitado muito menos por uma... Doação - digo.
O vampiro encolhe os ombros. - Eu teria lhe dado muito mais.
Eu coro novamente. Ele tem sido tão bom para mim.
- Obrigada, Drak - eu digo. - Isso realmente significa muito para mim.
- Eu sei - ele diz em um tom muito sério. - Significa muito para mim também.
***
¹ É uma expressão americana, o qual eu não achei um significado que tenha a ver com o contexto da estória.
² Pendragon, como era conhecido Uther, Rei da Dumnonia e Grande Rei da Britânia, era um título cedido aos grandes reis e mais influentes entre as cidades e reinados da Britânia. Título passado de tempos em tempos, não possuía vínculo familiar ou sucessão de parentesco, pois quem determinava sua nomeação eram os druidas.
³ Uma espécie de pássaro: http://www.originalbirdart.com/mara/mara_bluejays-lg.jpg
¹¹ Outra espécie de pássaro: http://www.surfbirds.com/bird-feeders/amrobinhdr.jpg
²² Um cockney, no sentido menos estrito da palavra, é um habitante do East End de Londres. Os falantes Cockney têm um dialeto e sotaque distintos e com freqüência empregam o calão rimado Cockney.
Capitulos 21 e 22.
07 de Outubro de 2011.
Só falta mais 6 capitulos e a fic chega ao fim...
mas não se desesperem ainda tem a hitória da irmã gótiga!
Aguardem!!!
Comentários (1)
Definitivamente vou roubar o Drak para mim!!!!Ele é perfeito!!!Capítulo muito engraçado!Adorei!Beijosmione03
2011-10-07