O estilo da convenção da Ingla
Capítulo 19
O estilo da convenção da Inglaterra
Dez minutos depois, estacionamos em uma antiga mansão inglesa. Uma antiga e assustadora como você só vê no cinema, com portões de ferro forjado e um monte de fantasmas infelizes que circulam e assombram todos. Mas Draco me assegura que os vampiros que vivem aqui mantêm o local livre de qualquer tipo de poltergeist.
O interior da mansão é menos ostensivo do que a convenção americana. Também não é subterrâneo, o que significa que todas as janelas foram tapadas para terem certeza de que a luz do sol não entrará. Um vampiro antigo (Quero dizer, eles são todos velhos, tecnicamente falando, mas este em especial tem as mãos manchadas¹ para provar) cumprimenta-nos, curvando-se ante Draco.
- É um prazer conhecê-lo, bom senhor. Ouvi dizer que você vai assumir a Convenção Seis - diz ele em voz baixa e respeitosa. Seu sotaque me lembra aqueles que se ouvem em filmes de vampiros. Como da Transilvânia ou algo assim.
Draco devolve a reverência.
- Realmente. Mas primeiro tenho que cuidar de alguns negócios importantes em Glastonbury. Então, agradeço-lhe por permitir que nós, viajantes cansados, possamos ter um lugar para descansar.
É para mim tão interessante como os vampiros são formais enquanto falam uns com os outros. É como se houvesse uma forma de falar secreta dos vampiros ao qual eles foram treinados. Então, novamente, eu acho que na época em que eles estavam crescendo como humanos essa era a forma como as pessoas realmente falavam. Eles provavelmente preferem assim e só aprendem gírias para manter as aparências entre os mortais.
- É claro. É uma honra hospedar você e sua companheira de sangue - o vovô vampiro diz. O conjunto que ele está vestindo diz totalmente aos gritos que ele quer ser Drácula, mais eu não vou abrir a minha boca grande neste momento. Quero dizer, realmente. Pelo o que sei, esse cara é o Drácula.
“Drácula” nos escolta até o final de um corredor, e subindo por uma longa escada tortuosa. Este lugar parece muito mal cuidado, para dizer a verdade. Há teias de aranha por toda parte. Se eu acabar presa como uma vampira para sempre, eu irei viver na luxuosa convenção de New England em vez disso. É muito mais estiloso.
As portas dos quartos parecem como cofres de um banco, cada um com sua própria fechadura com teclado numérico. “Drácula” escolhe uma porta, aparentemente de forma aleatória, e insere um código. A porta se abre silenciosamente para um quarto escurecido.
Draco faz uma reverência novamente.
- Obrigado, meu bom senhor - ele diz.
“Drácula” devolve a reverência, e em seguida, sai para o corredor. Draco me conduz para dentro do quarto.
Onde só tem uma cama.
- Urn. - Eu olho o quarto. Hmm.
- O que está errado? – Draco pergunta, fechando a porta atrás de nós. Ele está de pé logo atrás de mim, e eu posso sentir sua respiração no meu pescoço, o que é um pouco desconcertante. Eu vou até o centro do quarto para adicionar espaço entre nós.
- ‘Drácula’ não terá um segundo quarto? Quero dizer, esta é uma mansão, certo?
- Drácula? – Draco repete, erguendo uma sobrancelha em questionamento.
Eu ruborizo. Esqueci que esse era apenas o meu apelido para o cara.
- Você sabe, nosso anfitrião ilustre.
Draco sorri abertamente.
- Ele parece um pouco com o legendário Drácula, não é? - ele admite. - Nós todos usávamos isso para provocá-lo quando éramos mais jovens...
- Urn, nós podemos lembrar as memórias antigas depois, Draco? Agora nós temos que nos concentrar na grande imagem - eu interrompo. Não quero ser rude, mas há uma questão urgente para ser tratada aqui. - Nós temos um quarto. Uma cama. E nós dois.
Draco concorda.
- Realmente. Tenho certeza que nosso anfitrião achou que nós iríamos partilhar uma cama, já que nós somos companheiros de sangue, afinal.
- Bem, nós todos sabemos o que ele achou que devia fazer, certo? Fazer nos passar por ridículo.
- Sinto muito, Mione. Mas se eu for pedir um segundo quarto isso trará muitas perguntas. Perguntas que podem prejudicar a minha recente posição como líder da convenção.
- Ah - eu digo, entendendo o que ele está dizendo. - Então se você dissesse como fez asneira e deu uma não autorizada mordida em alguma pobre moça inocente como eu, então as pessoas poderiam dizer que você não estaria apto para ser rei?
Ele acena.
- De fato. E enquanto não me agrada a idéia de assumir a convenção, seria melhor eu fazer do que deixar que alguém que não tem os interesses da convenção no coração assumir o controle.
- Entendo - digo. - Então temos que jogar de companheiros de sangue amorosos na frente dos outros vampiros.
- Basicamente, sim.
- E isso significa partilhar uma cama.
- Sim.
Por um momento, pergunto-me se ele está mentindo. Só fazendo isso para que ele possa estar em condições de vantagem comigo. Mas, então, toda essa grande mentira só para conseguir um pequeno booty call². E, realmente, ele não parece do tipo que precisa enganar as suas namoradas para levá-las para a cama, não com sua aparência e atração.
- Tudo bem - eu digo. - Nós vamos dividir o quarto.
- Eu posso dormir no chão - ele se voluntaria, parecendo todo cavaleiro em sua armadura brilhante novamente.
Sacudo minha cabeça.
- Eu aprecio o gesto, mas não há necessidade. - Eu aponto para a cama. - É uma king size plus. Estou certa que nós dois podemos caber nela confortavelmente.
- Tudo bem. Se você estiver certa.
- Sim. Positivo. E por falar em cama.... - Mesmo que eu tenha acordado há pouco tempo atrás, eu já me sinto sonolenta novamente. Chuto meus sapatos e engatinho sob as cobertas no lado esquerdo da cama.
Por sua vez, Draco retira sua camisa, revelando aquele abdômen assassino que me faz babar cada vez que eu vejo, e então se junta a mim na cama, mantendo distância, no lado direito.
Então, agora nós estamos na mesma cama, mais um abismo de distância. E enquanto eu admito que nunca tinha partilhado uma cama com um individuo, mesmo platonicamente, isto não parece tão estranho. Confio completamente em Draco, por alguma desconhecida razão, para não fazer algum negócio divertido.
- Descanse um pouco - o vampiro diz, virando de lado para ficar de frente para mim. - Nós teremos uma noite agitada tentando encontrar o Graal.
- Eu irei - digo, bocejando. Eu abraço meu travesseiro de plumas felpudas. Esta cama é verdadeiramente de luxo, e de repente, me sinto quente e segura. - Obrigado.
- Você é bem-vinda - ele diz, simplesmente. Então, ele sorri um pouco sonolento e o meu interior involuntariamente vira papa. - Estou feliz em fazer isso.
- Não, eu quero dizer por tudo - eu balbucio, não completamente pronta para fechar os olhos por algum motivo. Não totalmente pronta para deixar de olhar seus belos olhos azuis, se é que vamos ser completamente honestos aqui. - Você tem uma tonelada de coisas sobre seu prato, como tudo isto de assumir a convenção. E me trazer aqui para a Inglaterra no que poderia ser uma tentativa absurda e em vão, é provavelmente a última coisa que você gostaria de fazer essa semana.
Ele tira um fio de cabelo dos meus olhos.
- Não é nenhum incômodo. Realmente.
- Você sabe, Draco - digo, sentindo o seu toque quente e aconchegante, e pela primeira vez não tento lutar contra meus sentimentos. - Você é realmente um cara legal. Se eu quisesse ser uma vampira, você seria totalmente a minha primeira escolha para companheiro de sangue.
Ele sorri novamente, mas desta vez estou meio convencida que seus olhos ficam tristes.
- Vá dormir, Mione - ele sussurra, inclinando-se para beijar-me suavemente na testa. - Vá dormir.
Eu vou.
***
¹ No original, liver-spotted, que é um tipo de doença de pele que provoca manchas marrons.
² Um booty call é uma chamada telefônica, de comunicação, ou visitação feita com a única intenção de organizar uma reunião para atos sexuais com a pessoa a ser contatada. É associado com sexo casual entre pessoas que tenham estabelecido uma relação casual, "amigos com benefícios", ou relacionamento mais sério, que envolve relações sexuais. Não deve ser confundido com sexo por telefone.
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