3 Vassouras
Capítulo 02
3 Vassouras
O "3 Vassouras" acabou sendo mais bonito do que eu imaginava, mesmo eu não tendo expectativas muito altas sobre o lugar. Já que durante o dia esse edifício servia como sala para os Cavaleiros de Colombo¹, e só havia alguns colaboradores que transformavam o lugar em algo gótico de noite e ainda assim teriam que ser capazes de tirar as coisas a tempo para o almoço dos Veteranos em seis horas.
Não que eles não tenham tentado a velha faculdade. Eles colocaram luzes coloridas piscando nas vigas e penduraram grandes lençóis brancos do chão até o teto, bloqueando as janelas. Nelas ficam os fanáticos por trás destes lençóis de forma que eles ondulem na brisa. Os projetores lançam através da sala imagens misteriosas, indescritíveis nos fundos dos lençóis brancos.
Na frente da área do palco que é ligeiramente mais elevado, eles colocaram o piéce de résistance – uma jaula de escravidão. Pelo menos, é isso que parece. Acho que eles só pegaram algumas cercas de arame e pintaram de preto.
Por trás da “jaula” tinha um cara obeso com um DJ imundo e de barba desalinhada que verificava os registros e grandes bombas de alto-falantes góticos, industriais e com sons eletrônicos. Eles tinham até uma daquelas máquinas de fumaça com sabor de queijo, e que totalmente me fez começar a tossir no exato segundo ao qual entramos.
Parece que os outros garotos do clube não se importam com o sabor de queijo ou com a fumaça. Uniformemente vestidos de preto, eles balançam ao som da música, fazendo uma dança que parece para mim como se seus pés estivessem atolados na lama. Eles lentamente e cuidadosamente retiram os pés do chão, aparentemente atolando o outro também, e obrigando-os a repetir o processo inteiro desde o começo.
- Escola! – Emma grita no meu ouvido.
- Ahn!? - O que significa “escola”? OMG, ela viu alguém da nossa escola secundária? Ah, cara, eu ficaria muito mortificada se alguém que eu conhecesse me descobrisse aqui e principalmente minhas colegas da equipe de hóquei na grama. Eu nunca ouvi o final disso. - Quem está aqui da escola?
- Não, eu disse, é Cool! – Emma corrige. Oh. Ufaaaa. Não que eu estivesse de acordo com a sua avaliação, mas pelo menos eu não teria que me esconder por trás de um daqueles lençóis que ondulam.
- Vou pegar uma bebida - diz Emma, apontando para um bar pequeno, em uma parede improvisada. Diferentemente dos bares nos clubes reais, é claro, este só servia refrigerante. Muito ruim. Não que eu seja alguma alcoólatra, mas neste caso uma cerveja poderia ajudar com a dor.
- Traz um Red Bull para mim - digo talvez uma mega dose de cafeína seria o bilhete. Emma assente e desaparece na neblina.
Encontro uma parede e me encosto, perguntando-me por que demônios concordei com essa tortura. Estamos aqui há cinco minutos e já estou com uma dor de cabeça terrível. Para não mencionar, o cheiro dos corpos que me faz querer vomitar. Seriamente, o que custa por um pouco de desodorante em suas axilas antes de começar a suar na pista de dança?
Tento dar para meu cérebro, Pollyanna, palavras de encorajamento.
Bom, tente ter uma boa atitude, Mione. Emma já fez muito por você. Deixa de ser tão egoísta e segue a corrente. Quem sabe, eu poderia até me divertir!
Sim, claro. Inclusive o meu cérebro-Pollyanna, não acha que ajude muito. É melhor eu ser capaz de aparentar estar bem.
- Boa noite.
Ah, não. Um cara. Dirigindo-se para mim. Pensei que Emma tivesse dito que todo mundo aqui era gay. Levantei o olhar, preparada para apontar para a minha camiseta, quando meu olhar caiu no mais bonito par de olhos que eu já vi em meus dezesseis anos no planeta. Eles são da cor da safira. Quero dizer, eu já vi muitos olhos azuis nos meus dias, mais não como esses.
Era ainda melhor, os olhos estavam juntos com um cara igualmente surpreendente. Rapidamente eu fiz um balanço: pele lisa, bochechas salientes, cílios claros. Cabelo longo loiro, amarrado em um rabo de cavalo. Não sou normalmente interessada em cabelo grande, mas neste tipo de trabalho, totalmente. Ele se parece com Orlando Bloom de olhos azuis. (O Orlando que fez, SDA – Senhor Dos Anéis- e não o que fez Piratas do Caribe e certamente não Tróia, apenas SDA) E o melhor de tudo, é que diferentemente dos outros garotos góticos do clube, ele não usa nada negro. Apenas uma camisa simples, branca e apertada, e um par de calças jeans baixos. Nenhum lápis de olho, também, graças a Deus.
Exploro o lugar, certa de que “Orlando” devia está falando com alguém diferente de mim. Alguma super modelo na minha direita, talvez. Mas não vi ninguém por perto. Hmmm...
- O-olá - digo, minhas palavras soam estridentes e jovens. Odeio minha voz. Me faz soar como se eu tivesse dez anos. Emma e eu somos gêmeas, mas ela tem essa voz abafada e rouca de alguma maneira. Talvez seja devido ao cigarro, embora, eu sinto muito, mas se for uma escolha possível entre um câncer de pulmão e uma voz estridente, podem me chamar de Minnie Mouse qualquer dia da semana.
Em vez de responder, o garoto se aproxima e aperta a palma da sua mão contra a minha bochecha. Sua pele está fresca, mas seu toque queima a minha pele. Seus olhos estudam meu rosto, logo vagam por meu corpo, e de repente eu me sinto nua por baixa de seu brilho deslumbrante. Dou uma tremida involuntária e posso sentir arrepios aparecendo por todo o meu braço. Wow. Não posso lembrar a última vez que um garoto me fez sentir arrepiada! Talvez nunca.
Sei que eu deveria por em dúvida o motivo desse garoto ter se aproximado de mim em um clube noturno e claramente ter sentido que não era grande coisa estender a mão e me tocar intimamente, mas não posso encontrar palavras para expressar qualquer objeção.
- Sou Draco - diz ele com uma voz entrecortada, perigosa com uma pitada de sotaque inglês. - Eu acho que você estava me esperando?
Meu coração se afunda. Maldição, eu sabia que ele estava com a garota errada. Ele provavelmente tinha algum encontro às escuras com outra e me confundiu com ela. (Embora por que um cara de seu calibre teria que ter um encontro às escuras).
Espera um segundo. Se ele nem sequer conhece o seu encontro, que tipo de garota sairia com ele? Eles obviamente ainda não eram um casal, o que no meu livro faz disso um jogo limpo. Olhei ao redor, assegurando-me de que não havia nenhum tipo de encontro às escuras esperando, preparada para arrancar meus olhos por andar em seu território. Mas o lugar estava desocupado.
- Olá, Draco - digo, tendo que gritar sobre a música. - Sou Mione.
Ele toca sua cabeça, com um olhar confuso em seu rosto. Logo tocou com um dedo o seu ouvido e sorriu para mim. Ah. Entendo. Ele não pode me ouvir sobre a música. Só quando estou a ponto de falar de novo com uma voz mais forte, ele pega a minha mão e me puxa em direção da saída do clube.
Posso sentir meu coração golpeando em meu peito – um bilhão de batidas por minuto seria um eufemismo de tempo nesse momento. Para onde ele está me levando? Deveria segui-lo ou me fugir? Procurei Emma por todo lugar, ao menos poderia avisar a ela, mas não conseguia vê-la em lugar nenhum.
Nós fomos para o ar fresco da noite. Fazia muito frio aqui fora, mesmo para New Hampishire, em maio. O segurança do clube nos observa com receio durante um momento antes de voltar atrás para continuar flertando com uma linda loira à sua direita. Draco me leva para os degraus da frente, ainda segurando a minha mão trêmula.
- Uh, para onde vamos? - pergunto. Depois de tudo, não importa quão bonito seja esse garoto, não sei absolutamente nada sobre ele. E era lógico ouvir vozes do Grilo Falante na minha cabeça que me advertiam sobre o perigo de seguir um estranho em um clube noturno.
Ele se vira e sorri, minhas defesas desmoronam. Certamente, alguém com um sorriso tão bonito não podia ser perigoso, não é?
- Era um pouco difícil te ouvir lá - diz finalmente. Wow, amo seu sotaque! - Pensei que poderíamos vir aqui para fora para podermos conversar.
Bem, um bate-papo. Como em uma conversa. Falar é bom. A conversa não implica em nada que mamãe não aprovaria. Não que eu me preocupe com o que mamãe aprovaria, me lembrei. Quero dizer, tenho dezesseis anos praticamente sou oficialmente uma adulta. Realmente tenho que sair da rotina.
- Então, é, você vem sempre aqui? - perguntei, tentando iniciar uma conversa. Muito tarde percebo como isso foi clichê.
Ele sorri suavemente, e sinto o calor no meu rosto. Isto era outra coisa “dor ao extremo” para quem tem pele ligeiramente branca e com sardas. Ruborizo-me como ninguém e não posso esconder. Espero que a escuridão ao nosso redor reduza o brilho vermelho como de um caminhão de bombeiros.
Quero dizer mais, para me redimir da pergunta idiota, mas minha língua simplesmente não parece querer me ajudar. Que demônios está errado comigo? Meu cérebro diz que eu deveria ir embora, mas meu coração diz que eu deveria seguir a corrente. Afinal, com que freqüência se aproxima um cara magnífico de você em um clube noturno e começa a conversar? Quero dizer, certo, pode ser um feito cotidiano para, suponhamos, Lindsay Lohan, mas isto não aconteceria com uma pessoa como eu.
Fomos para trás do prédio, onde existe um estacionamento e um poste que dava um brilho amarelado nos veículos. Draco deixa de caminhar e sorri. Eu me inclino contra a parede de tijolos do edifício e sorrio timidamente. E agora o quê? Espero que ele não espere um pouco de conversa intelectual, por que não acredito que eu possa continuar.
No entanto, a discussão verbal parece estar longe de sua mente já que dá um passo para mais perto, e roça seu joelho contra a minha coxa. O repentino contanto corporal invoca uma leve sensação de náuseas no meu estômago. Mas náuseas é uma boa coisa, se isso for possível.
Ele coloca uma mão em meu rosto novamente, desta vez tocando a minha bochecha com seu dedo suave. Ele olha nos meus olhos, como se eles pudessem ver a minha alma. Tudo isto é tão inquietante e perigoso e sexy, juro que vou desmaiar.
- Você é bonita - sussurra ele. - E tão inocente.
Franzo o cenho. Deus, odeio quando as pessoas dizem isso. Quero dizer que, tecnicamente sou inocente, com uma inocência capital. Mas, realmente, a primeira vista é tão fácil dizer isso de mim. Será, que, uso um grande V em meu peito ou algo assim? Emma é minha gêmea idêntica e NINGUÉM nunca diz que ELA parece inocente. Ah, não. Os garotos pensam que ela é toda uma sedutora. Uma chuta-traseiros, talvez. Mas nunca inocente.
- Eu não sou inocente - digo, é muito tarde, me dou conta que estou citando a Britney. Realmente tenho que manter a minha boca fechada até que eu possa contar com ela para dizer algo inteligente, espirituoso e interessante.
- Não é um insulto - murmura ele, seu dedo vai à deriva de meu ouvido até meu lóbulo. - Acho que é muito, muito atraente.
Mencionei o quão sexy ele estava? E como ele me acende? E como eu sou totalmente incapaz de responder a tudo que ele diz?
- Oh. Bom, é. Obrigada. Acho. - rio de mim mesma, uma risada tonta que sempre aparece quando estou nervosa. É como o relincho de um burro e eu não gosto nada disso.
Ele se inclina para mais perto, sua boca está tão perto que eu posso sentir seu hálito em meu rosto. Ele cheira a hortelã e algo picante que eu não consigo identificar.
- Está certa que quer isto? - ele pergunta, procurando meu rosto outra vez.
Eu enrugo meu nariz, perplexa. Estou certa de que quero o quê? Todo este encontro realmente me dá a sensação de que estou deixando passar alguma informação vital. Pela forma que ele está me olhando, tenho a sensação de que está perguntando se estou certa de que ele me beije. E a resposta a esta pergunta é um infernal sim.
- Estou certa - murmuro, esperando que minha voz pareça rouca como a de Demi Moore. Como Emma.
- Muito, muito certa.
Ele sorri.
- Bem, então. Vou fazer.
Fecho meus olhos e a próxima coisa que eu posso sentir são seus lábios cheios contra os meus. Calafrios surgem em cada canto do meu corpo e o arrepio retorna como uma vingança. Agora não sou nenhuma perita em beijos (de fato, estou um pouco envergonhada para confessar que só estive com três garotos na minha vida inteira), mas inclusive eu posso dizer que se trata do beijo mais incrível “de toda a minha vida”. Pressiona os lábios contra os meus, como se ele não tivesse comido durante dias. Como se desejasse algo que só a minha boca podia oferecer. Afasta meus lábios, e não consigo segurar um suave gemido de prazer. Espero que ele não ache que eu sou uma qualquer por deixar-me ser beijada deste jeito. Quer dizer, eu mal o conheço. Mas algo sobre isto parece tão certo.
Seus lábios abandonam minha boca e beijam meu pescoço. Amo ser beijada no pescoço. É como uma volta completa. Sinto uma ligeira pressão de seus lábios em meu pescoço.
OWWWW!
- O quê? - salto para trás, horrorizada.
OMG! ELE ACABOU DE ME MORDER?
***
Capitulo Two Postadinho...
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Comentários (1)
OMG digo eu! Draco, lindo, loiro, sotaque sedutor, leva Hermione para fora do clube e, após perguntar se ela estava certa do que queria, dá uma mordida no pescoço dela! Morri! Quero um desses pra mim! uhauhauahuah quero mais mais mais mais!
2011-08-22