Gringotes
Era simplesmente surpreendente como haviam conseguido restaurar tão rapidamente o Banco Gringotes à sua antiga imponência, aliás, tinham inclusive se dado ao trabalho, durante as reformas, de tirar as teias de aranhas acumuladas durante tantos anos e negligenciadas pelos goblins, o que deixara o ambiente muito mais agradável.
- Potter? - o goblin ao caixa inquiriu.
"Sim... eu recebi uma carta, mas creio que deva haver algum engano pois vocês falaram aqui de cofres e eu possuo apenas um... e também tem alguma coisa sobre negócios que não entendi."
O goblin pareceu deveras ofendido pela mera sugestão que pudesse haver qualquer engano da parte do banco.
"Sua correspondência está perfeitamente correta, " respondeu acidamente, mas logo continuou a explicar dado o olhar confuso do jovem à sua frente "Atingindo a maioridade o senhor agora tem acesso a todos os seus bens, que antes eram administrados pelo banco a fim de proteger seus interesses já que o senhor não possui família alguma."
"Bens?" Harry ainda estava confuso.
"Móveis, pertences de família que encontram-se guardados em um cofre separado do ouro, além de uma quantia extra em dinheiro. Entenda que a política do banco é necessária nesses casos e aconselhada pelo Ministério da Magia para que os bruxos menores de idade não sejam enganados em negociações e acabem perdendo seu dinheiro por não saberem ainda administrá propriedades até hoje foram administradas pelo banco, elas foram alugadas sem que os inquilinos soubessem da sua... titularidade."
Harry estava estupefato, ms gradualmente começava a entender, engoliu seco nervosamente. O que será que encontraria no cofre de seus pais? E que seriam essas propriedades.
O goblin retirou um feixe de documentos de uma gaveta.
"Vejo que além disso você é o legítimo herdeiro de Sirius Black."
Harry sabia disso, Dumbledore contara a ele quando pediu para que a antiga casa de Sirius pudesse ser utilizada como quartel general da Ordem da Fênix.
"Sim, eu herdei a casa..."
" – E o cofre," interrompeu o Goblin.
"Há um cofre também?" Harry estava espantado.
"É óbvio, menino tolo." O goblin estava realmente impaciente "A família Black foi uma família poderosa de bruxos e Sirius Black foi o ultimo homem de sua linhagem, sendo você seu afilhado e único herdeiro, com a extinção da família Black todos os bens passaram a te pertencer."
Harry sabia que seus pais levavam uma vida confortável e que provavelmente não teria que se preocupar com dinheiro... mas a família de Sirius, pelo que lembrava em Grimauld place e o tipo de coisas que havia no cofre de Bellatrix Lestrange, ainda mais considerando que ela dividira sua herança com Narcissa (Andrômeda obviamente havia sido deixada fora do testamento) não fazia idéia do que poderia encontrar no cofre da família Black.
O goblin se levantou enquanto Harry ainda se sentava perdido pensando no que o esperava e foi chamar outro goblin para acompanhá-lo aos cofres. A pequena criatura ficou esperando ao lado de Harry alguns minutos antes que este acordasse para a vida a percebesse o que estava acontencendo.
"Ah... sim..." levantou-se encabulado.
Harry nunca antes ficara enjoado em suas visitas a Gringotes mas dessa vez, talvez por causa do nervosismo em descobrir tantas coisas de uma só vez, mal podia esperar a hora de sair do carrinho.
A primeira parada foi em seu cofre habitual. Harry assinou ao goblin um documento certificando que tudo estava perfeitamente correto sem verificar, já que não sabia ao certo quanto ouro devia ter no cofre, era notável, ainda assim, como os montes de ouro que Hagrid lhe mostrara em sua primeira vez em Gringotes baixaram consideravalmente no curso de sete anos. Feitas as anotações pelo goblin, voltaram ao carrinho rumo ao segundo cofre.
Harry estava ansioso... que encontraria dos seus pais, da sua família? Nunca soubera nada sobre os avós. Sabia que os Potter eram puros-sangue e que eram pessoas muito mais gentis e afáveis que a família se Sirius, mas o que esperar? Enquanto divagava novamente Darog, o goblin que lhe acompanhava, deu uma tossida para trazê-lo de volta à terra.
"Senhor Potter, o cofre de sua família."
Harry esqueceu-se de respirar quando a porta do cofre foi aberta, não fosse o cutucão que levou do goblin, provavelmente teria sufocado. O Cofre era do tamanho do de Bellatrix, talvez até um pouco maior. Havia todo tipo de coisas amontoadas pelas paredes.
Além de uma boa quantidades de galeões e sicles o cofre estava abarrotado de móveis, caixas, baús e sabe-se lá mais o que. Louças estavam empilhadas em grandes mesas de madeira e havia até camas desmontadas em um canto da sala que constituía o cofre da família Potter.
Para facilitar seu trabalho, Harry notara, os goblins do banco haviam deixado pedaços de pergaminho com anotações do que estava em cada lugar, coisas como caldeirões, jóias, vestes e diversos artefatos mágicos. Mas o que chamou a atenção de Harry não foi nenhum dos objetos de aparência valiosa, mas sim um quadro parcialmente escondido por caixas. Eram seus avós.
Um casal de bruxos de aparência idosa encontrava-se sentado em um belo e imponente sofá de pernas esculpidas e estofado vermelho. A bruxa, uma senhora respeitável um pouco acima do peso, de bochechas coradas, cabelos castanhos salpicados de mechas brancas e ternos olhos pretos sorria serenamente afagando a mão de seu marido sobre seu colo, este um senhor que parecia ainda mais velho que ela com cabelos e barba muito brancos e elegantemente aparados, seus olhos cinza cobertos por um par de óculos que parecia grande demais para seu rosto.
"James... achei que nunca mais apareceria!" o velhinho do quadro praticamente gritou, muito alegre.
"Erm..." Harry não sabia como reagir. Assim como os quadros de Hogwarts o retrato de seus avós falava e interagia com as pessoas, tal qual memória daqueles que retratava. "Não sou James... sou Harry..." disse, ainda um pouco emocionado de conhecer, ainda que de uma forma indireta e artificial, seus avós paternos.
"Não seja ridículo, James... Harry sequer anda..." A bruxa balançou a cabeça em reprovação.
Harry aproximou-se do quadro, tirando as caixas que ainda ocultavam parte dele.
"Oh!" exclamou a bruxa quando Harry parou à sua frente, e ele podia notar que os olhos do das figuras no quadro começavam a marejar. "Seus olhos... você não pode ser James...Quantos anos se passaram? Você é mesmo Harry? Meu neto?"
"Dezessete anos" Harry respondeu, não sabia quantos anos o quadro passou trancado no cofre, mas imaginava que não poderia ser muito mais que um ano antes da morte de seus pais. "Sim... sou seu neto..." concluiu, emocionado.
"E seus pais?" seu avô perguntou ansioso. "Não vieram mais nos ver desde que mudaram para a outra casa e guardaram a gente aqui para evitar que fossemos atacados..."
"Meus pais..." a voz de Harry começou a falhar "meus pais morreram... Voldemort..."
Os bruxos do quadro ficaram chocados. A sra. Potter teve um acesso de choro e afundou seu rosto no ombro do , que a acalentava acariciando seus ombros.
"Querida... nós também estamos..." ele lembrou "Somos apenas memórias... devemos estar juntos com James e Lilly agora..."
"Mas e Harry? Pobrezinho... somos apenas um quadro, Jonathan, um quadro! Não posso sequer abraçar meu neto!"
Harry enxugou uma lágrima que teimava em escorrer pelo seu rosto. Por mais que gostaria de poder abraçar seus avós a possibilidade de poder conhecê-los, mesmo por meio de retrato o deixava muito feliz.
Passaram horas conversando. Impaciente, Darog, o goblin, deixou um sino com Harry para que o chamasse quando terminasse com o cofre e voltou a seus afazeres. O quadro foi extremamente útil para ajudar Harry com as coisas que precisava verificar. Não fazia a menor idéia do que eram os pertences de seus pais que ali estavam, mas como o sr. E a sra. Potter-quadro estavam naquele lugar há quase vinte anos, não havia um item sequer que não soubessem explicar ao neto.
Foi assim que ficou sabendo o por quê daqueles móveis e tantas coisas estarem no cofre: quando James e Lilly se esconderam em Godric's Hollow todos os pertences que antes estavam na casa dos Potter, na qual James crescera e Sirius depois passou a habitar, foram transferidos para Gringotes para que ficassem protegidos durante a primeira guerra contra Voldemort, já que seus pais levaram para a nova casa somente o suficiente para uma vida confortável enquanto estavam fugindo por causa da profecia.
Harry contou tudo sobre sua vida para seus avós, desde os Dursley até a segunda queda do Lorde das Trevas. Falou sobre seus amigos, sobre Hogwarts e os Weasley.
Sua avó indicou-lhe um belo presente para Gina quando contou-lhes da namorada, irmã de seu melhor amigo. Dentro de uma caixa de veludo empoeirada pelo tempo encontrava-se uma corrente prateada com um singelo e bonito pingente em forma de lírio com pequenos e delicados diamantes incrustados em suas folhas e que pertencera à sua mãe. Havia sido o primeiro presente de seu pai para ela, quando a pediu em namoro. Guardou a caixa no bolso prometendo entregá-la a Gina assim que a visse.
Relutou em sair do cofre dos Potter, queria passar mais tempo com seus avós, ainda que na forma de um quadro, mas precisava verificar o cofre que Sirius lhe deixou. Fez uma nota mental de procurar um lugar seu para morar o mais rápido possível para poder trazer o retrato e poder conversar mais com eles.
Chamou o goblin que apareceu surpreendentemente rápido, indicando para que voltasse ao carrinho. Ele começava a realmente odiar aqueles carrinhos.
Em poucos segundos já se encontravam na frente de uma nova porta. Harry deu um longo suspiro antes de entrar. Esperava sinceramente não encontrar nada muito assustador como havia na casa de Sirius no Largo Grimmauld.
Mas o que encontrou no cofre não parecia nada com as coisas sombrias da casa dos Black. Havia, como no cofre de sua família, alguns móveis elegantes, lustres, castiçais, diversas peças de decoração e itens be um bom gosto que não combinavam com a casa que conhecera. Sirius devia ter herdado daquele tio que o ajudara com dinheiro quando fugiu de casa.
Em cima de uma mesa de mármore com belíssimos pés esculpidos em prata encontrou um envelope com seu nome escrito. A letra, reconheceu, era de Sirius.
"Meu querido afilhado,
Se está lendo essa carta agora, significa que eu morri. Espero que tenha sido de alguma forma útil. Espero, ainda, que você esteja bem e em um mundo sem Voldemort e seus comensais da morte.
Quero que saiba que tenho muito orgulho de você, por quem você é, pelo jovem formidável que você se tornou e não somente pela lê,branca que você me traz de Tiago.
Talvez tenham te explicado, com a minha morte, a família Black se extinguiu. Você, Harry, é meu único herdeiro.
Espero que faça bom uso das coisas que aqui estão, garanto a você que nenhum objeto desse cofre está enfeitiçado ou guarda alguma ameaça.
Depois que tudo isso acabar quero que fique com a casa no Largo Grimmauld.
Gostaria que pudéssemos tê-la usado como um lar um dia... eu tinha planos de, depois que conseguisse provar minha inocência, contratar alguns magitetos para fazer dela um lugar mais habitável.
Quero que você faça isso por mim, Harry.
Transforme aquele lugar maldito em um lar feliz, apague as memórias ruins que ele guarda e dê um recomeço àquelas paredes.
Desejo que seja feliz.
Queria estar com você para vê-lo assim.
Com carinho de seu padrinho,
Sirius Black.
PS: Peça desculpas a quem você contratar pelo que houve com o quarto principal."
Harry não conseguiu conter as lágrimas ao terminar de ler a carta. Leu-a várias vezes antes de guardá-la no bolso.
Olhou à sua volta. Somando o conteúdo do cofre de Sirius ao de sua família ele provavelmente não teria que trabalhar nunca e ainda assim deixaria uma quantia confortável para seus filhos, se os tivesse.
Tirou do bolso da camisa o cartão do arquiteto que encontrara na cabana de Hagrid. "Jacques Stardust" estava escrito em letras brilhantes "magiteto e artista".
Realizaria o desejo de Sirius Black.
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