Novo começo.



Harry saiu da sala do diretor satisfeito por sua escolha de não usar mais a varinha que fora de Dumbledore. Não queria voltar para o alvoroço das pessoas no salão principal mas precisava dar um ultimo adeus a seus amigos que pereceram na batalha. Fred, Lupin, Tonks... todos vítimas daquela guerra.


O clima era péssimo. Muitas pessoas choravam, havia gente mutilada, muitos corpos, famílias chorando e outros cujas lágrimas já pareciam ter secado.


E escola estava parcialmente destruída, grandes blocos de pedra das paredes caídos no chão, as janelas que antes foram belos vitrais agora estilhaçadas e poças de sangue em alguns lugares.


Não havia tempo para cuidar dessas coisas, no entanto. Consertar o castelo ficaria para depois. Muitas pessoas precisavam de ajuda naquele momento.


Uma das mesas do salão estava repleta de comida, mas poucas pessoas pareciam interessadas. Alguns, passado o trauma inicial de perder entes queridos começavam a se aproximar dela e beliscar alguma coisa.


Harry andava pelo salão procurando aqueles que considerava a sua família: os Weasley. Vira o corpo de Fred Weasley mais cedo e sabia o quanto deveriam estar abalados, especialmente George, que nunca se apartara do irmão gêmeo.


Havia muito mais gente agora, outros bruxos que não estavam antes na batalha agora se encontravam espalhados pelo salão e, pelo uniforme, pode notar que se tratavam de curandeiros que tinham vindo do hospital São Mungus para ajudar com os feridos.


Dois curandeiros, um mais jovem de barba negra e cabelos ondulados um pouco compridos que o faziam parecer um discípulo de Che Guevara e outro com um ar austero estavam discutindo. Pelo que Harry pegara da conversa de longe parecia que o bruxo mais novo queria fazer um procedimento com o qual seu chefe não concordava. Notou que estavam justamente junto da família Weasley, que observava apreensiva e com uma vaga expressão de esperança brilhando nos olhos.


- O que está acontecendo? – Harry aproximou-se de Gina.


O bruxo mais novo agora bradava a plenos pulmões com seu superior, como se não temesse mais nenhuma reprimenda.


- Ele vai morrer de qualquer jeito, Hipocrates! Se não der certo, isso é, e eu tenho certeza...


- Nunca foi feito antes, Dacius! Sua teoria é fantástica, recebeu recomendações de prêmios mas é SÓ uma teoria.


A família Weasley parecia realmente muito ansiosa, a tinha lágrimas em seus olhos e esfregava suas mãos, observando atentamente os dois curandeiros.


- Aquele bruxo de óculos... o mais novo - Gina sussurrou, e Harry pode ver que ela também tinha lágrimas nos olhos e um esboço de sorriso nos lábios – ele.. ele acha que pode salvar Fred.


- Salvar Fred? – Harry ficou admirado – mas como... avada kedavra... nada poderia...


- Não foi avada kedavra – Rony interveio, sussurrando também – pelo menos é o que ele acha. Disse que o coração ainda está batendo mas está muito fraco... para de bater por alguns minutos e depois volta...


Harry sentiu-se como se pudesse conjurar um patronus que cobrisse a Inglaterra inteira. Havia alguma esperança então.


- e o que.. o que eles estão discutindo? – perguntou ansioso, agora estava tão nervoso quanto todos os Weasley.


- Esse bruxo mais novo diz que precisa trocar o coração. Ele quer pegar o coração de um dos bruxos que foi vítima dos dementadores... – Gina explicou, sua voz rouca.


- O outro não quer deixar.. diz que é arriscado. – Rony explicou.


- Mas... os trouxas fazem essas coisas! – Harry exclamou – Se eles conseguem, por que não um curandeiro... quer dizer... com mágica deveria ser ainda mais...


A sra. Weasley ouviu o que Harry disse, apesar de todo o transtorno. Aquelas palavras foram o suficiente para fazê-la marchar entre os dois bruxos, decidida.


- Faça o que você quiser. – o outro bruxo ficou atordoado. – ele é MEU filho. A decisão é minha. Eu quero que ele faça o que ele quiser fazer. Como ele disse, ele vai morrer de qualquer forma se ele não tentar. Deixe ele tentar! – disse, com desespero.


O bruxo mais velho finalmente assentiu com a cabeça. O mais novo deu um sorriso de gratidão à , beijando sua mão.


- Eu farei todo o possível para trazer seu filho de volta. – E virou-se para alguns outros bruxos – preciso de vítimas do beijo da morte. AGORA.


Fazia todo o sentido, Harry pensou. As vítimas do beijo da morte dos dementadores tinham suas almas sugadas para fora de seu corpo, mas seu organismo ficava intacto.


Curandeiros mais novos, provavelmente estagiários, Harry pensou, estavam trazendo corpos e colocando perto do de Fred Weasley. O bruxo mais novo fazia alguns feitiços que Harry não entendia, assim que depositavam os corpos.


- Esse aqui... – disse – Tem o mesmo sangue...


- Mas é um comensal da morte! – Rony disse, espantado – você... você vai colocar o coração de um comensal da morte no meu irmão?


- Pense por outro ângulo... é um coração que nunca foi usado – disse o mago, que colocou o corpo ao lado do de Fred Weasley.


A puxou Rony e chamou seus filhos para darem espaço ao curandeiro. Ele agora parecia nervoso, olhando rapidamente de um corpo para outro. Olhou suplicante para seu superior, que finalmente resolveu ajudá-lo.


- Diga-me o que você precisa que eu faça... – ele disse.


Durante os próximos minutos nada pôde ser visto do que acontecia com Fred. Mais curandeiros se juntaram aos iniciais e conjuraram lençóis que bloqueavam a vista de parentes a amigos. O tempo se passava a nada de alguma noticia. Os Weasley tentavam se equilibrar nas pontas dos pés com esperança de poder ver algo. Já fazia mais de uma hora e nada era dito e os curandeiros continuavam a trabalhar.


Harry pensou ter visto um jato de sangue voando pelos lençóis mas torceu para que fosse somente sua imaginação.


A clima era de total e absoluto silêncio. Por trás das cortinas improvisadas só se podia ouvir susurros ininteligíveis e toda a família Weasley, Harry incluído entre eles nessa hora, sentia-se como se seus corações pudessem pular para fora de suas bocas a qualquer momento.


Os sussurros então cessaram. Uma única palavra pode ser ouvida, e Harry reconheceu a voz do curandeiro mais jovem.


Enervate.


Mais silêncio. Alguns minutos de silêncio.


Não tinha dado certo.


Mas então... alguma coisa mudou. Dacius, o bruxo que queria tanto tentar esse procedimento abriu as cortinas e saiu gritando com toda a força que seus pulmões lhe permitiam:


- EU. SOU... – deu uma pausa para tomar ar – UM GÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊNIO! – e saiu correndo pelo salão em círculos com uma risada maníaca.


Os Weasley pareciam aterrorizados.


O bruxo mais velho abriu as cortinas, saindo com a cabeça meio baixa. Não sabiam o que esperar.


Então, quando o grupo se afastou, todos podiam ver nitidamente Fred Weasley sentado, uma enorme cicatriz em forma de ipsilone que tomava todo seu peito e barriga, como se tivesse acabado de sofrer uma autópsia.


Dacius continuava a correr pelo salão com seus risos de gritando "Chupa essa manga Gregorius!"


- Ele conseguiu. – o bruxo mais velho suspirou, como se admitisse uma derrota para seu pupilo.


Os Weasley correram para Fred e os curandeiros se afastaram pra dar espaço à família, Havia muito sangue ao redor – não havia sido a imaginação de Harry aqueles jatos – e ele parecia extremamente frágil e pálido.


A o abraçava com lágrimas escorrendo nos olhos, assim como todos os outros Weasley.


- Senhora... cuidado.. ele ainda está frágil... dê alguns minutos... – o curandeiro advertiu. A ficou relutante em soltar o filho antes dado como morto, mas consentiu, sentando-se no chão ao seu lado e afagando seus cabelos.


Fred parecia muito, mas muito confuso com todo aquele alvoroço.


- Achamos que você estava morto! – George exclamou, ajoelhando-se do lado do irmão. Lágrimas de felicidade também tilintavam em seu rosto sardento.


- Acho que eu estava... – Fred respondeu – era como se eu pudesse ver tudo que estava acontecendo... – respondeu, meio rouco.


O abraçou o filho com cuidado, sendo seguido pelo restante da família ruiva.


- Então... acabou, tudo? – Fred olhou à sua volta, como se finalmente percebesse o que estava acontecendo – Ele se foi?


Harry respondeu fazendo um sinal positivo com a cabeça.


Tudo acabara bem.


Depois que conseguiram finalmente alcançar Dacius e acalmá-lo, outras três pessoas que passaram pelo mesmo que Fred foram igualmente ressuscitadas. Nada pode ser feito, no entanto, para a grande maioria das vítimas, como Remus Lupin e Tonks, que haviam sido vítimas da maldição da morte.


- eu tenho um coração de comensal da morte? – Fred exclamou, estava agora mais corado e conseguia se sentar sem ajuda – Iraaado...


- Você está achando divertido? O coração de um comensal dentro de você? – Rony disse indignado.


- Deve ser novinho em folha... aposto que nunca foi usado! – ele sorriu, usando a mesma piada, ou comentário infame que seu curandeiro havia feito por coincidência, - Ei, Harry.. minha cicatriz é maior! – disse, apontando animadamente para o ipsilone vermelho em seu peito.


- Mas a sua ninguém vê... a minha é muuuuuito melhor – George disse, afastando os cabelos de sua orelha mutilada.


Harry riu a discussão dos dois.


A estava dando um abraço talvez apertado demais no curandeiro Dacius naquele momento, agradecendo. Podia-se notar que ele estava tendo dificuldades de respirar.


- Molly... deixe o moço em paz... – Arthur Weasley afastou a esposa, cumprimentando o mago – seremos eternamente gratos, eternamente gratos, .


- Ah... me chame de Dacius... parece tão... velho... - ele sorriu.


- Você deveria receber um prêmio! – exclamava a sra. Weasley, animada.


A euforia com a volta de Fred Weasley era tanta que Harry mal podia pensar em tudo mais que acontecera e o sentimento parecia geral. Ressentia-se pela morte de outros amigos, evidentemente, mas a dor da perda ficaria para depois.


Os gêmeos reunidos já começavam a fazer planos para a retomada da loja.


A/N: Quando eu resolvi escrever fanfiction a idéia era usar o máximo de elementos cânon possível, mas eu não podia deixar o Fred morto... apesar de tudo que a JK disse, tendo o George batizado o filho dele em homenagem ao irmão e tudo mais, afinal, é perfeitamente possível homenagear pessoas vivas, haja vista que a filha do Percy se chama Molly. De mortes depressivas já basta o Sirius, o Lupin e a Tonks. Os gêmeos são essenciais.

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Comentários (1)

  • Sarah Weasley.

    Fanfic muito bem escrita! Não deixe de terminá-la! Gostei do curandeiro jovem, ri muito com "Chupa essa manga, Gregorius!". Não entendo por que sua fic não tem um monte de comentários! É muito boa! Parabéns! Curtindo muito a leitura. Até o próximo comentário! Ah! E que bom q salvou o Fred! Palmas!

    2013-04-28
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