"Andando sozinha" ou "Um maluc
Robbie caminhava tranquilamente pelos corredores. Já era noite e mais uma vez ela ficara detenção. Ela não podia segurar seu temperamento, obviamente e acabava se metendo em diversas discussões e brigas. Por trás da aparência mal humorada, Robbie é bastante solitária e, se não fosse por seu primo, ela estaria completamente sozinha naquela escola. Ela encostou a testa na parede, frustrada.
- Nas histórias, a escola parecia mais divertida. - disse para si mesma.
- Nada é tão ruim quanto parece. - uma voz rouca sussurrou em seu ouvido a fazendo virar tão rápido que quase caiu. Sendo impedida de cair por um braço que abraça sua cintura. Finalmente conseguindo encarar o rosto da tal pessoa que interrompera seus pensamentos, já até planejando os primeiros dez xingamentos que usaria, ela congelou. Olhando um par de olhos num castanho esverdeado profundo e claro, seguido de um sorriso confiante e ao mesmo tempo carinhoso. Voltou aos sentidos em questão de segundos.
- Dá pra me soltar? - disse rispidamente. Ele a soltou mas ainda mantinha o sorriso no rosto, a encarando. - Posso ajudar? - ela disse seca o olhando de cima a baixo. Ela tinha que admitir, ele não era nada mau afinal. Alto, sorriso bonito, cabelos castanho-escuro um pouco ondulado e levemente bagunçados, rosto bem desenhado e ombros largos e fortes.
- Não, não. Eu tô legal. - ele disse sem mover um músculo. Ela franziu a testa, um pouco surpresa e incomodada. ‘Por que ele tá me olhando assim?‘
- Está escrito "peça de museu" na minha testa, por acaso? - ela disse irritada. Sem resposta e já estressada, ela continuou seu caminho ignorando o garoto. ‘Bonitinho, mas completamente maluco, Merlin! Essa escola não está melhorando.‘ pensava seguindo seu caminho para o salão comunal da Sonserina, já estava ficando bem tarde e ela definitivamente não precisava de outra detenção pra sua lista. Quando sentiu estar sendo observada. Parou na mesma hora, bruscamente e virou-se para trás. Não muito longe dela (provavelmente uns cinco passos de distância), lá estava, a figura do ser aparentemente meio problemático a observando inocentemente, como uma criança observa doce na vitrine. Ela o olhou com uma grande interrogação preenchendo seu rosto.
- Você não me disse seu nome. - ele explicou calmamente. Ela revirou os olhos pensando em que raios Merlin estava pensando pra colocar um maluco atrás dela, pelo menos ele foi bom o suficiente pra colocar um maluco bonitinho, mas ainda sim, um completo maluco.
- Meu nome é Robbie. Robbie Weasley. - disse calmamente e voltou a seguir seu caminho no mesmo ritmo lento e tranquilo de antes. Afinal ela gostava do silêncio que era o castelo durante a noite, ele parecia muito mais aconchegante naquela hora.
- Ramon Wood. - ele disse alto o suficiente para que ela possa ouvir, então virou-se e seguiu seu caminho para seu dormitório na Grifinória. Robbie deu um leve sorriso com o canto do lábio e continuou seu caminho pensando ‘Maluco... E estranho.‘
Na manhã seguinte Robbie acordou um pouco menos mal-humorada do que o costume, ela se trocou e foi tomar seu café da manhã no salão principal, como tem feito os últimos quatro anos. Esses anos em Hogwarts a fizeram bem, ela havia crescido, já não tinha mais 11 anos, agora estava mais alta, mais vaidosa, mas também não estava passando por uma fase muito boa. Desde que Wallace e Midori haviam começado a namorar ela quase não o via pois achava que os dois precisavam apenas dos dois e quando o via era sempre junto dos Marotos. Lógico, ela já havia acostumado com os animais, digo, amigos dele. Mas não era a mesma coisa de antes. Você pode imaginar dividir a única pessoa que realmente te conhece desde sempre com tanta gente já que ela não tinha muitos amigos pra passar o tempo além dele. Melhores amigos são assim. Amigos, ás vezes, são nossos únicos recursos, nosso desabafo e nossa fonte de confiança. Mesmo depois que a asiática fora embora pra Merlin sabe-se lá onde, Wally só se preocupava em ficar se remoendo pelos cantos. Depois dessa trágica fase, ele meio que voltou ao normal, mas mais aprontava e jogava quadribol do que conversava. Ele não tinha mais tanto tempo pra ser o "irmão" dela. Assim como ela, ele cresceu.
- Bom dia, maninha. - Wallace disse bocejando e a abraçando por trás.
- Bom dia. - ela sorriu e continuou tomando seu café. Ele, mesmo não sendo da mesma casa que ela, ainda sentava todas as manhãs para tomarem café da manhã como sempre faziam desde os 4 e 5 anos de idade. Mas também, geralmente, essa era a única hora do dia em que eles realmente se viam e conversavam.
- Então, aconteceu algo de interessante ontem? - ele perguntou ainda meio sonolento. Robbie se lembrou da noite passada e franzia a testa. - Você vai ter rugas. - ele disse dando um peteleco na testa da ruiva.
- Uma detenção por jogar um caldeirão em Kate Parkinson, ela mereceu, um pervertido pirado me seguindo no corredor ontem a noite e eu sonhei que eu era um bacon gigante e estava sendo perseguida por uma torrada queimada, coisas do dia-a-dia. E você? - Wally riu e bocejou.
- Colocamos bomba de bosta debaixo da mesa do professor Slughorn ontem. Dois dias de detenção lavando sem magia os vestiários do campo de quadribol. Mas espera. - ele parecia finalmente estar começando a raciocinar. - Quem?
- Quem o quê?
- Quem é pervertido?
- Ah. - Robbie riu por um momento. - Ontem eu estava voltando da minha detenção da estufa do professor Longbottom, passeando um pouco pelos corredores.
- Você faz muito isso.
- Não me interrompe. - ele concordou com a cabeça. - Enfim... Eu estava filosofando contra a parede quando...
- Você também faz muito isso. - ele a interrompeu levando um olhar feio dela.
- Quando um ser surgiu do nada e me assustou. Eu quase cai, ele me segurou. Mandei ele pastar, ele ficou me encarando igual um maluco, saí andando, ele me seguiu. Ele era alto, potencialmente bonito, mas meio estranho- ela gesticulava - Eu olhei pra ele como se ele fosse um maluco, ele disse que não sabia meu nome. Eu disse e bem, saí andando.
- Você foi seguida tarde da noite por um cara potencialmente maluco e sonhou que era um bacon ruivo gigante na mesma noite? - ele perguntou parecendo meio confuso. Ela concordou com a cabeça e voltou a comer.
- Ah, o nome dele é alguma coisa Wood. - disse com a boca cheia de pudim. Wallace arregalou os olhos.
- Espera, você está falando de Ramon Wood? O filho de Olivio Wood?
- Isso. Mas eu não pensei na hora que ele fosse filho do Wood. E, aparentemente isso foi bem estúpido da minha parte. - ela disse pensativa.
- Mas isso é estranho. Antes de ontem ele e a Rock pareciam estar juntos, ontem na hora do almoço ainda pareciam ter alguma coisa. Então porque ele estaria perseguindo ruivas inocentes tarde da noite?
- Eu não sei, mas não me importa. Estou atrasada e você também. - ela disse enfiando um pedaço de bolo na boca e se levantando.
- Espera, Robbie. - ele disse puxando um embrulho do bolso das vestes e jogando pra ela. - Feliz aniversário!
- Obrigada. - ela sorriu com o pequeno embrulho nas mãos. Logo em seguida recebendo um abraço do primo.
- Ah, o correio. - Wallace disse vendo as corujas começarem a entrar no castelo com pacotes e cartas em suas garras. Uma velha coruja soltou um grande embrulho acompanhado de uma carta bem em frente a garota. Ela pegou, feliz.
- Meus pais me mandaram um pacote. - disse rasgando-o e tirando um vestido verde escuro, comprido, estilo gala, de dentro. - Um vestido? - ela logo tirou o sorriso do rosto. Wallace quase rolava no chão de tanto rir. - Wallace John Weasley, eu sou uma garota. - disse indignada olhando o amigo que já estava púrpura de tanto rir. A esta altura o salão inteiro olhava curioso para eles. Logo o resto dos Marotos se aproximaram curiosos, junto ao novo amigo deles.
- Qual é a graça? - Thomas perguntara confuso enquanto Robbie, enfezada, cruzava os braços.
- Eu ganhei um vestido estúpido dos meus pais e ele começou a rir. Mas caso ele não tenha percebido eu sou uma garota e garotas usam esse treco. - disse apontando pro vestido jogado na caixa na qual veio. - Afinal, por que um vestido?
- Ah, você não ficou sabendo? - Joey perguntou risonho apoiando-se no ombro direito da coitada. - Esse ano eles vão fazer um baile para comemorar o aniversário de mil e quinhentos anos de Hogwarts. A diretora vai anunciar essa semana.
- E como logo você sabe disso? - ela questionou.
- Simples: eu tenho meus contatos.
- Engraçadinho. - ela mostrou a língua. - Então... Um baile. - ‘Droga‘, pensou. Odiava bailes, todos eles. A única vez que foi (no terceiro ano), foi com os meninos, mas eles logo arrumaram garotas por aí e ela acabou sentada a noite inteira sozinha. Mas, dessa vez ela não iria, não mesmo. Nunca ia mesmo. Bom... Isso era o que ela achava. - Espera... - ela disse olhando pra um certo moreno sentado comendo torradas. - Você! - ela apontou pro garoto, o mesmo da noite passada. Ele a olhou com a boca cheia de torrada.
- Oi. - disse de boca cheia.
- Ah, é verdade. - Wallace disse olhando o novo amigo. - Cara, você não pode sair perseguindo as pessoas, elas se assustam.
- Eu não estava perseguindo ela. - Ramon respondeu engolindo de uma vez a torrada.
- Estava sim. - Robbie respondeu indignada.
- Não. Só aconteceu de estarmos no mesmo lugar ao mesmo tempo. - ele deu de ombros e voltou a comer.
- O quê? Mas... Você me seguiu! - ela indignou-se.
- Não segui, não. - respondeu mastigando mais torrada.
- Tá bom, tá bom. Chega disso. Cansa a minha beleza, vamos embora que já estamos atrasados e se pegarmos mais uma detenção, meu pai me mata. - Thomas disse puxando Ramon pelo colarinho e sendo seguido pelos outros. Robbie ficou lá parada, num misto de puro estresse com simples indignação.
- Eu não... Mas ele... - foram as únicas coisas que saíram da boca dela, mas os meninos já estavam bem longe e ela já estava atrasada. Pegou o embrulho e a carta e foi correndo guardá-los no seu dormitório para depois seguir para a torre de Astronomia. Na mesma noite, quando voltou para o dormitório da Sonserina, Robbie leu a carta mandada pelos seus pais junto ao vestido:
"Querida Roberta,
Esperamos que se divirta neste baile e se divirta.
Feliz aniversário! Nós te amamos muito!
Abraços,
Mamãe e Papai."
- Droga. - ela disse jogando o vestido dentro do malão e se deitando. Não demorou muito para que ela pegasse no sono. E finalmente, dormiu tranquila, dormiu sem sonhar, apenas relaxou o corpo e o sono a consumiu.
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