"Cartas em livros" ou "Ela vol



Três anos haviam se passado desde que Midori deixou Hogwarts, Wallace já estava em seu quinto ano. As aulas haviam começado já fazia dois meses e os professores já começaram a falar sobre coisas que simplesmente não interessavam nenhum dos alunos que já queriam as férias de volta. Pois é, mais um dia, mais tédio, outro dia sem ela. Mas o que ele poderia fazer? Midori não tinha amigas em Hogwarts porque não conseguira se adaptar muito bem, ele a tinha visto conversar algumas vezes com uma garota mas elas não pareciam muito íntimas. Depois que ela desapareceu e não deu notícias, Wallace não tirava da cabeça que era sua culpa, não era pra ela ter descoberto tudo daquela maneira. Mas já passou, não dá pra corrigir o passado. Ele só queria a chance de se desculpar.
- Wally? - James o chamou - Wallace? Alce? Wally?
- Fala, veado! - Wallace se levantou seguindo em direção ao salão principal para o café-da-manhã.
- Você ficou sabendo?
- Não, James, o que eu deveria saber? - Wallace revirou os olhos.
- Seu humor está tão amargo quanto seu coração. Assim você me magoa! Eu aqui, me esforçando pra contar uma coisa que o Carson falou pro Jeremy que falou pra Selly que comentou com o Mathew que mandou um bilhete pro Joey que me disse que a Midori deu notícias de vida e você me trata assim! - James disse fazendo drama.
- Tá, tá, eu não acho que... Espera. - Wallace parou subtamente, assustando James.
- O quê?
- Você acabou de dizer que o Carson disse pro Jeremy que falou pra Selly que contou pro Mathew que mandou um bilhete pro Joey dizendo que o quê?
- A Midori deu notícias. - James respondeu. Vendo que seu amigo o encarava confuso continuou: - Acontece que o Carson é monitor-chefe e disse ter ouvido a tia Mimi conversar com Hagrid sobre ela, alguma coisa sobre ela estar estudando em uma escola bruxa em outro país.
- Ah. - Wallace disse respirando fundo. Ele e James se sentaram no salão principal para comer o banquete de todas as manhãs, mas os pratos estavam vazios, isso significa que Minerva tinha algum tipo de informação para os alunos.
- Silêncio, por favor! - Minerva pediu e todos logo se calaram e prestavam atenção na diretora. - Gostaria de comunicar aos alunos do quarto ano em diante que haverá o baile de inverno, neste sábado, temático este ano, todos deveram usar máscaras. Será o Baile de Máscaras, o traje é a rigor, mas eu não preciso repetir isto, certo? A banda que tocará no baile será The Nylon. - muitos alunos gritaram e aplaudiram, logo depois fizeram silencio paraque ela continuasse. - Muito bem. - ela olhou ao redor, contente. - Podem... - foi interrompida pelo barulho de portas se abrindo, atravessando a porta surgiu uma garota.
- Quem é essa? - Danny perguntou indiferente. Wallace se virou pra olhar, mas só conseguiu ver a garota de costas, pois andava rapido. A garota possuia os cabelos pretos, na altura do peito, usava o uniforme da escola, as bochechas levemete coradas, o andar confiante, a pele branquinha e lisa e... Familiar? Wallace congelou. Não, não poderia ser ela, ela estava em outra escola, em outro país. Deve ser apenas alguém parecido, certo?
- Não pode ser. - ele disse e seus amigos o olharam confusos. A garota seguiu em direção a mesa da Grifinória e se sentou conhecidentemente longe de onde os marotos se encontravam.
- Muito bem. - Minerva interrompeu o silêncio. - Sirvam-se. - as mesas se encheram com o delicioso café da manhã que os elfos domésticos prepararam com tanto capricho. Alguns minutos depois, todos se retiravam, algus em direção ao jardim, outros em direção aos dormitórios, afinal era quinta e tinham que fazer os deveres e irem para suas devidas aulas. Wallace observava a garota de longe, ela estava de costas pra ele conversando com uma loira. Espera, ele conhecia essa loira, é a menina que vai nas festas, filha da amiga da tia Luna. Mas qual era o nome dela? Dominique? Dorothy! Era Dorothy. Será que era mesmo quem estava pensando? A tal garota? Impossível, certo?
O dia foi passando lentamente, calmamente, tediosamente para Wallace, Merlin como ele detestava Herbologia! Era a matéria que mais demorava a passar, em sua opinião e, felizmente, a última do dia. Assim que a aula acabou, Wally se dirigiu rapidamente para seu dormitório, havia dormido mal na última noite e precisava colocar o sono em dia. James comentou algo com ele enquanto ele tentava dormir, mas decidiu ignorar, afinal era o James, não falava algo útil com muita frequência. Passou a noite e Wallace sonhara com uma certa oriental, tímida e divertida que foi embora há alguns anos atrás.
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Dorothy passava a maior parte do tempo na biblioteca da escola, ela é do tipo independente, não acha necessário que as pessoas precisam saber coisas sobre ela além do que ela quiser contar, ou seja, seu nome. Por isso, evitava conversas com os outros alunos, no que ela considerava idiotas demais, chatos demais, irritante demais e desnecessários demais pra ela ter que aturar. Simplesmente passava o maior tempo o possível na biblioteca, onde hoje, no final do seu quinto ano em Hogwarts, criou o hábito de ler romances da sessão trouxa. Seus preferidos, eram os livros de um tal de Shakespeare, apesar de ela não acreditar muito nessa história de romance, gostava de ler sobre isso. Certa noite estava tão cansada, que acabou dormindo lendo Hamlet (livro de Shakespeare). Enquanto dormia, alguém a observava, sorrindo. Na manhã seguinte, Dorothy acordou mau humorada.
- Não acredito que dormi na biblioteca, de novo. – ela se espreguiçou na cadeira. Respirou fundo e fechou o livro que lia na noite passada, se levantando e indo coloca-lo novamente em seu lugar. – Qual será meu próximo alvo? Sonhos de uma noite de verão ou Tudo está bem quando acaba bem? –passou os dedos finos pelas capas velhas e empoeiradas dos livros daquela seção parando o dedo sobre um no qual não havia visto antes. – Romeu e Julieta? – puxou o livro e um pedaço de pergaminho caiu de dentro do livro, ela se abaixou e pegou o pergaminho.
“Boa leitura.”
Dorothy olhou em volta, não havia ninguém, apenas a velha bibliotecária que estava cochilando em uma poltrona não muito longe de onde estava. Ela dobrou o pergaminho e o colocou no bolso de suas vestes. Achou que provavelmente era uma brincadeira boba de algum idiota que não tinha mais o que fazer, mas decidiu guardar o bilhete de qualquer forma. Pegou o livro e acordou a bibliotecária que ficou um pouco mau humorada por ter sido acordada, preencheu o papel de empréstimo de livros e seguiu em direção ao seu dormitório para tomar banho e ir para a primeira aula. Poções, argh, odiava, mas, mesmo assim, era necessário, nada contra poções, apenas que era uma das aulas que tinha que dividir com Sonserina.
Semanas de passaram, e, toda manhã, Dorothy encontrava uma carta dentro de um livro que nunca havia visto antes. Depois da terceira carta recebida na semana, ela resolveu deixar uma em resposta.
“Me pergunto o motivo de todos esses bilhetes mas não consigo entender o porque. Imagino que seja apenas uma brincadeira de mau gosto. Se for, por favor, eu peço pra parar, já perdeu a graça. Se parar agora, eu prometo que não vou tentar descobrir quem você é e vou deixar como está, mas se não parar com essa brincadeira, vou descobrir quem você é e saiba que não vou deixar passar.
Esperando que tenha entendido,
Dorothy Cormich.”
Ela deixou o bilhete entre os livros da prateleira esperando que a pessoa encontre e a deixe em paz. Não gostava de ser incomodada na biblioteca ou em hora alguma. Apesar de ela confessar que os livros que Alguém a indicava, eram os melhores livros que ela havia lido naquela biblioteca.
No dia seguinte, Dorothy voltou à biblioteca, esperando não encontrar bilhete algum. Mas se surpreende ao encontrar um livro novo e com um bilhete dentro.
“Querida Dorothy,
Não pararei de mandar as cartas, não pelo motivo que acha que estou mandando.
Boa leitura.”
- Que frustrante! – ela bufou olhando o bilhete. Leu o título do livro. – Guerra e Paz, por León Tosltói. – respirou fundo. Abriu o livro e começou a lê-lo. Após algumas horas, o céu já estava escuro e ela terminava sua leitura. Respirou fundo e olhou o céu pela janela. – Já é noite. – Ela leu as últimas páginas do livro e pegou um pedaço de pergaminho.
“Se insistir em continuar com isso, tudo bem. Gosto dos livros que me manda. E é bom ter algo novo pra ler de vez em quando.
Dorothy.”
Os meses foram passando, eles continuaram a trocar as cartas e, cada vez mais, Dorothy se apaixonava pelo tal misterioso. Os bilhetes foram ficando cada vez mais longos se transformando em cartas. Dorothy passava mais tempo na biblioteca do que antes, às vezes dormia lá, lendo livros e mais livros que Alguém mandava. Mal sabia ela que Midori a observava de longe, achando estranho seu comportamento ao longo dos dias. Tão estranho que a oriental resolveu a seguir, a seguiu até a biblioteca da escola, onde viu Dorothy procurar por algo na prateleira, logo encontrando e sorrindo, pegou o livro e o abriu pegando uma carta que havia dentro e a ledo sorrindo, ela dobrou a carta e a colocou em seu bolso, começou a ler o livro.
- Menina estranha. – Midori cochichou para si mesma balançando a cabeça e saindo de lá o mais rápido que pode.
Na manhã seguinte a garota voltou lá e, para sua surpresa, Dorothy dormia tranquilamente sobre o livro da noite anterior.
- Ei, você... – Midori a cutucou. Ela nem se moveu – Pessoa estranha. – ela a cutucou novamente e ela nem se moveu. – OI! – ela gritou perto do rosto da loira.
- AHH! – Dorothy deu um grito agudo, acordando e caindo com tudo no chão.
- Ufa, você está viva! Ainda bem. – Midori disse estendendo a mão pra ela, que foi recusada.
- Quem você pensa que é? – Dorothy disse se levantando e limpando suas vestes.
- Eu? Bem, acho que nunca fomos apresentadas formalmente. Sou Midori Ojean. – ela disse sorrindo enquanto Dorothy mal a olhou e se abaixou parecendo procurar algo.
- Cormich, Dorothy Cormich. E você não se parece com a Midori Ojean. Eu a conheci. Cinco anos atrás ela estudava aqui, depois do primeiro ano ninguém nunca mais ouviu falar nela. Ela era bem esquisita, não conversava com as pessoas... Não que eu possa falar muita coisa sobre isso mas pelo menos não era o chaveiro dos "Marotos". - ela torceu o nariz ao citar o nome do grupo. Mas logo voltou ao assunto - Uns dizem que ela se matou, outros dizem que ela se mudou pra outro país pra fazer experiências em animais silvestres. – Dorothy disse pegando o livro do chão e o examinando com cuidado. Midori foi ficando cada vez mais irritada com que a garota dizia a seu respeito – Eu já acho que mandaram ela de volta pro país dela, seja lá qual for. Ela até que era interessante, mas ficava andando atrás do Weasley igual um zumbi.
- DISSERAM O QUÊ? – ela gritou com raiva. Dorothy arregalou os olhos e olhou assustada pra menina pela primeira vez, a examinando da cabeça aos pés.
- Midori? É você mesmo?
- É, sou eu mesma. – ela disse tentando se acalmar.
- Você está bem diferente. – Dorohy disse a olhando da cabeça aos pés novamente. Aquela menina de quatro anos atrás, a mesma que não se arrumava muito, era um pouco tímida por não saber falar corretamente, a estrangeira que teve um surto no final do ano, chorando por três dias consecutivos e depois ninguém ter notícias dela. Ela estava diferente, estava mais alta, o uniforme estava vestido perfeitamente, os cabelos soltos bastante preto e longo, liso com uma franja longa que a deixava com ar mais matura, a pele branca oriental, lisa como a pele de um bebê, e os dentes perfeitamente retos e brancos.
- Sério? – Midori perguntou sorrindo.
- É, fez alguma coisa no cabelo? – Dorothy disse se virando e escrevendo em um pergaminho.
- É, foi. – Midori disse ainda sorrindo.
- Seu sotaque está bem melhor, apesar de parecer mais com um sotaque francês. – Dorothy disse sem tirar os olhos do pergaminho, ainda escrevendo.
- Sim, eu estudei esses últimos quatro anos em Beuxbatons. Tive que aprender a falar francês na prática, então peguei o sotaque. – respondeu se sentando ao lado da garota.
- O que você quer? – Dorothy perguntou terminando de escrever no pergaminho e o dobrando.
- Só estou curiosa.
- Com o quê? – Dorothy não parecia muito interessada no que a oriental tinha a dizer.
- Com suas cartas, oras. – Dorothy quase derrubou a prateleira na qual mexia.
- M-Minhas o quê? – Dorothy gaguejou, de costas pra menina.
- Suas cartas. Ontem eu vi você entrando aqui, abrindo um livro e lendo uma carta, eu fui embora, mas quando eu voltei hoje, você ainda estava aqui, dormindo sobre o mesmo livro. Só achei estranho. Você parecia tão feliz. – Dorothy congelou a cada palavra que a oriental falou.
- Você deve estar vendo coisas. – Dorothy disse colocando o livro de volta na prateleira, junto com o pergaminho que havia escrito.
- Espera, será que você está trocando cartas com alguém? Quem é? – Midori perguntou animada, mas Dorothy olhou para baixo e Midori pareceu entender. – Ah, você não sabe.
- Olha, eu não sei porque você está aqui, nem porque voltou, mas isso é problema meu e se você contar pra alguém eu juro que você não vai ver o dia amanhecer. – Dorothy disse ameaçadoramente. Midori parecia um pouco desconfortável por ter se intrometido tanto.
- Me desculpe. Não queria me intrometer. Eu só pensei que talvez... Você quisesse saber quem é. Se eu estivesse no seu lugar, iria tentar ao máximo descobrir. Me desculpe. – ela se curvou e foi embora, deixando Dorothy tristonha pra trás.
- Esse é o problema. E se eu descobrir e não for real. – Dorothy disse pra si mesma após a oriental sair. Como era domingo, ela não tinha aulas então passou o resto do dia lendo todos os livros que pode. Pensando no que poderia acontecer se ela descobrisse quem era esse tal Alguém. –ARGH! Chega Dorothy! Não estou mais te reconhecendo. – ela falou pra si mesma. – Hoje eu vou descobrir quem é e vou acabar com isso de uma vez por todas. Ela guardou toda a bagunça que havia feito e se escondeu atrás da mesa onde fica lendo os livros, estava escuro e ela estava atrás de uma poltrona grande.
O tempo foi passando e Dorothy já estava pensando em desistir da ideia, foi quando ouviu o barulho de passos, viu um garoto entrar na sessão onde ela estava e observar a prateleira, o garoto estava de costas e estava escuro, ela pode ver ele pegando a carta dela e se virando pra luz para poder ler, foi quando ela viu. Não... Não podia ser. Ele não. Isso era impossível. Agora ela tinha certeza que aquilo não passava de uma brincadeira estúpida. Segurou toda a raiva que sentia e viu o menino colocando um pedaço de pergaminho sobre a mesa perto dela e escrevendo algo, depois de certo tempo ele terminou, dobrou o pergaminho e tirou um livro do bolso, colocou o pergaminho dentro e encaixou o livro na prateleira, saindo de lá pelo mesmo caminho que entrou. Dorothy saiu de seu esconderijo, não podia acreditar no que tinha acabado de ver. Tinha que ser logo ele?

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