Almas gêmeas
Segundo Fred, eu e ele éramos namorados por correspondência. Eu, entretanto, preferia pensar que éramos apenas namorados. Durante duas semanas, diariamente, após o café da manhã, retirava-me da mesa trinta minutos antes do sinal. O tempo era bem dividido: vinte e cinco minutos escrevendo e os cincos restantes serviam para ir ao Corujal e chegar na próxima classe. Estava tudo indo tão bem que parecia conto de fadas. Era uma pena, então, pensar que a bruxa, algum dia, apareceria e desmancharia toda história perfeita.
Era quinta-feira e, rotineiramente, dirigia-me até o corujal. Com um pergaminho nas mãos e uma mochila atirada no ombro com desleixo, caminhava tão rápido quanto minhas pernas pouco longas permitiam. Ao girar os calcanhares para entrar no corujal, a bruxa da minha história de contos de fada apareceu.
- Ora, uma aluna fora da mesa durante o café da manhã. – desdenhou uma voz melosa e enjoativa – Vamos, mostre-me o que está escondendo.
Ao virar de costas, encarei a alta e imponente figura de Angelina Johnson. Minha, talvez, arquiinimiga. Em seu rosto pairava uma expressão de desprezo e ódio. Tentei ser o mais neutra possível e mantive um ar sério.
- Estou indo ao corujal responder uma carta. Nada de anormal, não é mesmo?
- Hermione, não banque a ignorante comigo. Você sabe que eu sou substituta da Madame Hooch e tenho quase tanto poder quanto ela, ou seja, se eu julgar necessário, posso confiscar sua correspondência. – enquanto ela falava, comecei a mordiscar levemente meu lábio a fim de conter minhas palavras de fúria
- Angelina. – fui interrompida com um leve “Hum,hum” e tive de acrescentar – Professora-substituta Johnson ou Madame Johnson ou Senhorita Johnson – falei desdenhosa – ou como você preferir. Sou monitora-chefe e sei muito bem das regras impostas pela escola e pelos meus deveres para com Hogwarts. Não cabe a você confiscar a correspondência de uma aluna que escreve para os amigos porque sente saudades, não é mesmo? – minha voz começou a elevar conforme a mentira começava a ser proferida
- Se você se garante tanto assim, Granger, não vejo objeção para não verificar, afinal, você não tem nada a perder. – um sorriso perpassou seus lábios e, involuntariamente, senti minhas pernas tremerem.
- Você não vai verificar minha carta! Isso é abusivo. – gritei esganiçada.
- Quem disse que não? – e no próximo segundo a mão de Angelina forçava meu pulso para soltar a carta.
- Por Merlin! O que significa isso, senhorita Johnson? – questionou, afoita, Minerva McGonagall.
Os segundos que a mão de Angelina forçou meu pulso pareceram longos minutos. Eu podia ver a fúria em seus olhos e, por instinto, recolhi-me diante tal olhar. Ao invés de sentir-se intimidada, ela começou a apertar, ainda mais, meu pulso e eu podia sentir meus ossos se contraírem. A voz de Minerva preencheu o ambiente e, rapidamente, Angelina Johnson pulou para longe de mim. Suspirei aliviada e comecei a massagear meu pulso a fim de diminuir a dor.
- Vamos, senhorita, quero a resposta.
- A senhorita Granger, diariamente, recorre ao corujal com uma correspondência em mãos. Temo que seu correspondente possa ameaçar Hogwarts, professora. – Angelina dizia falsamente – Sendo assim, acho que é prudente verificarmos todas suas mensagens.
- Tenho certeza absoluta que a senhorita Granger conhece todas as regras da nossa escola. Além disso, sou a diretora da Grifinória e cabe a eu julgar quem deve ter as correspondências verificadas. Por Merlin, Angelina, quem ameaçaria Hogwarts? – ao ver que a garota não respondeu, continuou – Você é substituta da Madame Hooch e, se continuar dessa forma, creio que suas esperanças quanto ao cargo de professora sejam desnecessárias. – Minerva olhou para mim e acrescentou – Venha, senhorita Granger, vamos cuidar do seu pulso.
A professora Minerva postou-se ao meu lado e guiou-nos até sua sala. Ao entrarmos, ela indicou uma cadeira fofa verde-esmeralda e disse que eu poderia ficar a vontade. Enquanto esperava por sua volta, observei a sala. Ampla e bem iluminada, a sala de McGonagall era repleta de livros e estantes de carvalho. Contive-me o máximo para não tocar em nenhum exemplar, mas meus olhos detiveram-se em um livro “Magid: como reconhecê-lo?”. Imediatamente lembrei de Fred e pensei que não seria tão mal educado de minha parte pedir o livro emprestado.
- Hum, professora. – falei assim que Minerva voltou – A senhora, poderia, por favor, me emprestar um livro?
- Qual livro, senhorita Granger? – perguntou a professora fitando-me curiosamente
- Esse. – apontei para o exemplar de capa vermelha – Sobre magid.
- A senhorita sabe o que isso significa?
- Sei sim senhora. – respondi receosa ao ver seu olhar incisivo
Após pegar o livro emprestado, fiz questão de lamentar a dor em meu pulso. Confesso que grande parte foi fingimento, entretanto, a professora concedeu-me a manhã livre para descansar – e cuidar do pulso. Ao chegar no quarto dos monitores, joguei minha mochila em cima da cama e passei a ler o livro.
“ Alguns historiadores bruxos acreditam que os magids tenham algumas semelhanças com os lobos. Segundo eles, existem tradições e mitos que ambos cultuam. Um dos exemplos mais curiosos acerca dos lobos e magids é sobre suas companheiras: o magid descobre quem é sua alma gêmea e, após encontrá-la, jamais separa-se dela. A história Romeu e Julieta é baseada na história de um magid que, ao perder a esposa, sentiu-se tão desolado a ponto de definhar e morrer. “
Por um momento, meu estômago deu um solavanco. Isso significava que Fred tinha uma alma gêmea e, não importa quão longe ela estivesse, um dia ele a acharia. E quando ele a encontrasse, os dois viveriam o amor perfeito. Ou seja, era questão de tempo e nós iríamos nos separar.
Minha cabeça girava tentando procurar alguma resposta para isso. Talvez fosse um mito, afinal, a história bruxa era repleta deles. Ou talvez não fosse. E o pior de tudo: se Fred achasse sua alma gêmea, eu nem poderia culpá-lo! Quem não gostaria de viver um amor de contos de fadas? E então, como um deja vu, lembrei que eu já havia sofrido por um namoro mal sucedido. A diferença, agora, era que eu amava o meu namorado ruivo palhaço de olhos azuis. Dessa vez, eu sofreria ainda mais, meu coração iria se partir em milhões de pedaços e, talvez eu nunca mais conseguisse juntá-los. Mas isso era apenas no futuro. Eu viveria todo e qualquer momento que pudesse ao lado do meu Fred. Eu o amava com minha vida e, enquanto ele não achasse seu par perfeito, eu estaria ao seu lado.
N/A: Queria me desculpar pela demora, mas o ENEM está cada vez mais perto e eu estou estudando bastante. Muuito obrigada pelos comentários, não tenho nem palavras para agradecê-los! Vocês que me inspiram e me ajudam a escrever. Espero que gostem do capítulo!
Um beijo e boa leitura
Comentários (6)
Muito interessante e envolvente. O casal, da forma caracterizada, está muito harmônico e agradável. Parabéns!
2013-02-04Olá, bom, queria só falar que a fic é simplesmente perfeita. Fremione é perfeito. E a Angelina é uma tremenda de uma vadia. Amei, amei, amei. Posta mais, pooor favor! Ahh, e eu escrevi uma fremione também, se quiser, dá uma olhadinha lá e me diz o que acha! http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=42175 , beijos!
2011-12-20AHHHH LI TODA A FIC EM MENOS DE 10 MINUTOS <3 Estou esperando o proximo capitulo.
2011-10-28Que lindo *-* Awn, eu sou apaixonada pelo Fred gnt, então eu to amandoooooo demais a sua fic! Tá muito linda a sua fic menina, parabéns! E continua assim, quero mais logo logo! Beijão
2011-10-19aai, acho tão lindo fremione >< pena que são poucas as fics com esse ship :( Posta mais, por favor. Tá maravilhosa, to amando de mais a fic :) ~le esperando ansiosamente pelo próximo capitulo~
2011-10-10Ahhhh!Posta mais!:)
2011-10-10