Capítulo 1
Capítulo 1
Os números azuis do relógio digital viraram duas horas da manhã com um apito. A luz fraca iluminava os objetos do criado mudo, fazendo seus contornos se alongar na escuridão no quarto. Um livro largado de qualquer jeito, um abajur apagado, óculos de aros redondos fechados e uma babá-eletrônica silenciosa até então. James virou incomodado, ainda dormindo quando um choro fraco invadiu o cômodo.
- Querido – Lily falou baixo, com a voz sonolenta – Harry está chorando.
Ele ignorou, na esperança de que a esposa tivesse mudado de idéia e levantado sem chamá-lo de novo.
- Querido, o Harry – tornou a repetir, dessa vez cutucando-lhe no meio das costelas.
James bufou alto antes de coçar os olhos preguiçosamente.
- Lils, você não pode ir dessa vez? Eu estava no meio de um sonho...
- Não – cortou depressa. – É a sua vez. – E antes que o marido voltasse a argumentar, ela virou para o outro lado e cerrou os olhos.
James esfregou os olhos demoradamente, jogou as cobertas para o lado, e lançou o próprio corpo (a contragosto) para fora da cama. Pegou o roupão que descansava em cima da poltrona e vestiu-o enquanto caminhava de mau gosto para o último quarto do corredor.
- Eu disse para colocarmos o berço dele no nosso quarto, iria poupar tanto esforço – foi murmurando sozinho durante o percurso – Mas ela responde “Blábláblá James, que falta de tato... o garoto precisa de um lugarzinho pra dormir, blábláblá”. E depois quem tem que levantar de madrugada? Não é a mãe, certo?
Finalmente, abriu a porta branca com letras garrafais e coloridas formando o nome do filho. O quarto azul estava fracamente iluminado pela luz que vinha do abajur no criado mudo disposto ao lado do berço, onde um menino de cabelos espetados e negros balançava-se com o rosto manchado de lágrimas. Assim que viu o pai (tão parecido com ele que chegava a assustar), soltou o corpo e sentou-se sorrindo – com seus recém-nascidos dois dentes.
- Harry, Harry... O que preciso fazer para você voltar a dormir? – O pai choramingou, aproximando-se do berço. Harry nada disse, apenas piscou os olhos (que herdara da mãe) e esticou os braços. – Lily não me deixa pegar você. Ela diz que os bebês precisam se acalmar sozinhos.
Harry parou de sorrir e piscou novamente. Quando percebeu que o pai não iria pegá-lo no colo, fez uma careta de choro.
- Não, Não, Haz... Escuta aqui, e se eu te cantar uma música? Pode ser...Ah, A vassoura do bruxo faz zás zás zás, zás zás zás, zás zás zás! A vassoura do bruxo faz zás, z... Harry, pare de chorar! Eu não conheço outra canção – James começou a irritar-se. Fechou os dedos em forma de pinça no ossinho entre os olhos. Depois, olhou furtivamente para a porta. – Certo, então, só um colinho, ok?
O garoto parou com a careta e pestanejou com os cílios molhados de lágrimas. Observou atentamente enquanto o pai abaixava a grade do berço e sorriu vitorioso quando sentiu os braços em torno de si.
Lily abriu os olhos de um sono raso e sem sonhos. Virou para o lado e percebeu que o marido ainda não estava na cama. Olhou para o relógio do criado mudo oposto: os números provavam que James saíra há uma hora e doze minutos. Levantando-se e apoiando metade do corpo nos cotovelos, ela ouviu um som baixinho vindo da babá-eletrônica. Um som que se assemelhava muito com a sua música preferida de “As Esquisitonas”. Arqueando a sobrancelha esquerda, ela jogou as cobertas para o lado e calçou as pantufas na beira da cama e caminhou com passos leves até o fim do corredor. Ao abrir a porta, deparou-se com uma cena não muito diferente da que formulara em sua mente: James estava sentado na poltrona branca na extremidade oposta do quarto, com Harry adormecido em seu colo. O marido levantou os olhos quando ela apoiou-se no batente, mas continuou a cantar baixo.
- James. Não está cantando o que eu acho que está cantando, está? – perguntou, cruzando os braços.
- Todo mundo gosta das Esquisitonas. – ele respondeu, abaixando os olhos novamente para o filho. – Além disso, foi a única coisa que o acalmou. Cantei todas as suas porcarias educativas e ele ficava me olhando com aqueles olhões assustadores.
- Tipo os meus? – Lily sorriu, arregalando os olhos. James fez uma careta e parou de olhá-la.
- Pare com isso, você sabe que me assusta! – sussurrou com a cara fechada. Depois gesticulou para ela se aproximar e segurar o menino. Lily riu baixo e o fez. Ele apoiou a cabeça cansada no braço da poltrona enquanto observava a esposa.
Colocou-o no berço e o cobriu maternalmente. Arrumou a coruja e o trasgo de pelúcia que Sirius havia dado em seu batizado de modo que ficassem ao redor dele. Depois achou melhor tirar o trasgo. Achava um brinquedo estranho, mas Harry simplesmente o adorava.
Ao virar-se, deparou com o marido parcialmente adormecido (sua boca estava meio aberta e os óculos pendiam do rosto). Incapaz de acordá-lo, ela sorriu, bagunçou seus cabelos carinhosamente e voltou para o quarto.
- Não, assim não entramos em um acordo – O rapaz moreno falou, afastando os cabelos longos e sedosos do rosto (e das mãos sujas de banana amassada do afilhado). Levantou a colherinha em forma de coruja que segurava e tentou aproximá-la do menino animado que batia os pezinhos no apoio da cadeirinha. – Consegue falar Sirius? SI-RI-US?
Lily parou de picar os tomates para prender uma mecha do cabelo que insistia em atrapalhar sua visão. Pegou a varinha no bolso do avental e com um gesto, as pilhas de louça suja da noite anterior começaram a ser lavadas. Satisfeita, voltou a cortar.
- Harry, dá pro tio – Sirius falou, apoiando a tigelinha em cima da mesa. – Lils, ele pegou minha varinha.
O menino acenou para um vaso de flores em cima da mesa que se partiu instantaneamente.
- Harry! Essa varinha não pode! – Lily correu e tirou-a da mão do filho. – Toma, brinca com a sua – e entregou-lhe uma réplica de borracha, menor e mais colorida. Depois virou-se para Sirius e arqueou a sobrancelha – Que irresponsabilidade, Sirius. Já falei para você guardar a varinha no bolso de trás quando vier nos visitar!
- É perigoso – ele respondeu, sorrindo com o canto dos lábios – E se eu explodir minhas nádegas acidentalmente?
Ela revirou os olhos e empurrou sua cabeça enquanto voltava para o balcão. Sirius riu, acenou rapidamente para reconstruir o vaso quebrado, e guardou a varinha na parte interna das vestes marinho que usava.
- Vamos lá, Haz, agora diga “Meu Padrinho é lindo”- Falou, voltando a dar comida ao afilhado.
- Ele tem bom gosto, Padfoot.
James entrou na cozinha, de pijamas (uma calça e camiseta velhas) e a cara amassada de sono. Foi até a esposa e a beijou seu rosto, furtou uma cenoura e virou-se para sentar ao lado do amigo na mesa.
- James. – Sirius sorriu- Meu bom homem.
- O que faz tão cedo na minha casa? – Ele perguntou, arrumando os óculos sobre o nariz.
- Para sua informação, já é quase meio dia. E eu vim alimentar meu afilhado – apontou para a colherinha de coruja – coisa que vocês não fazem.
- Como não? Olhe bem, Harry está até criando gordurinhas laterais de tanta comida que o fazemos engolir.
- Não diga isso, minha comida é ótima, Harry come com gosto. – Lily falou, sem tirar a atenção dos tomates. Depois, despejou tudo em uma tigela com os demais ingredientes.
James e Sirius concordaram rapidamente.
- Aliás, o que está fazendo? – o marido perguntou, bebendo o copo de leite (que por acaso era do amigo) em cima da mesa.
- Omeletes. – respondeu, puxando com a varinha um recipiente distante. – Sirius, vai ficar para o almoço, não?
- Eu bem que gostaria, sabe como adoro sua comida – piscou para James, que riu baixo – mas combinei de almoçar com Marlene. Vou pegá-la assim que sair daqui.
- Ainda saindo com a Mckinnon? – James perguntou, arqueando uma sobrancelha exatamente como Lily fizera há pouco. – Que recorde para você.
Lily riu e Harry a imitou. Sirius sorriu antes de responder:
- Um dia a gente tem que tomar jeito. Você quem o diga, não é Prongs?
James não respondeu. Sorriu fraco e bebericou o restante do leite. Harry arrancou a colher da mão do padrinho e jogou-a no chão.
- Muito bem, acho que chega de banana para você. Que tal brincar com o papai? – Sirius falou, antes de tirar o afilhado da cadeirinha e entregá-lo a James. Depois agitou a varinha com um “Limpar!”.
Lily virou-se.
- O que vamos fazer no Halloween? – perguntou, apoiando-se no balcão – Estava pensando em fazer uma festinha aqui. Convidar Remus, Emmeline, Peter...
- Pode até ser, mas ainda falta um mês para o Halloween. – James interpôs. Afastou as mãozinhas do filho que tentavam alcançar seus óculos antes de continuar – Poderíamos fazer algo na casa do Padfoot. Assim Dumbleodore não iria dizer tanto que precisamos nos precaver, e que estamos em uma fase difícil e blábláblá...
Sirius riu, mas Lily apenas cruzou os braços.
- Sabe, ele está certo. Não estamos tomando cuidados suficientes. Acho que você se arrisca muito vindo até aqui, Sir...
- Pode parar por aí, Lily. Se está querendo me fazer parar de ver meu afilhado, pode desistir. Sabe que vai perder. – Ele falou sério. Consultou o relógio de pulso – Me desculpem, mas terei que me retirar. Marlene Mckinnon me aguarda ansiosa. Mas não se preocupem, venho alegrá-los com minha ilustre presença amanhã no mesmo horário. Um bom dia a todos.
E beijando a cabeça de Harry, ele saiu pela porta dos fundos, rumo ao jardim. Ouviu-se um estalo de desaparatação em seguida. Lily balançou a cabeça olhando pela janela o local onde o amigo estivera há pouco.
- É, Harry Potter – James falou, virando o filho para encará-lo. – Você é cercado de pessoas anormais.
Comentários (1)
ahhh,,, eu goostei *o*Sirius meu liindo ♥♥♥Harry fofiiinho *--*Tá leeegal,, continua que eu vou esperar pelo próxiimo *----------*- É, Harry Potter – James falou, virando o filho para encará-lo. – Você é cercado de pessoas anormais.o James tem tooooda razão O.oBjoooo ;*
2011-07-27