O Feriado de Natal
O feriado do natal chegou trazendo com ele uma pequena nevasca noturna. Quando Charlotte acordou, o jardim estava coberto de neve e o lago estava congelado. Angelina ainda estava dormindo e babava no travesseiro. Alicia Spinnet já estava aos pés da cama arrumando seu malão para ir para casa no feriado. Charlotte se sentou na cama e se espreguiçou:
- Vai para casa no feriado? - perguntou Alicia.
- Vou sim. - respondeu Charlotte ainda meio sonolenta - Vou passar o natal na casa da minha avó.
- Legal, o Olívio vai para casa também?
- Vai, ele mora bem perto da minha avó, no bairro ao lado, a gente marcou de se encontrar.
- Legal. Pelo menos você vai ter companhia no natal, meus pais odeiam o natal, então o natal em casa é a coisa mais monótona do mundo! - falou Alicia revirando os olhos e colocando um par de meias no malão.
- Por que não passa o natal aqui na escola?- perguntou Charlotte se levantando e colocando seus chinelos de dormir de coelhinho. - Ouvi falar que é bem legal.
- Meus pais estão com saudades. - disse Alicia revirando os olhos. - Eu não entendo aqueles dois, falam que estão com saudades e quando eu vou para lá, passam a maior parte do tempo no Ministério trabalhando.
- Pais... Vai entender... - comentou Charlotte .
Angelina acordou e sentou na cama esfregando os olhos:
- Bom dia, meninas. - falou Angelina com voz de sono
- Bom dia. - responderam Charlotte e Alicia em coro.
- Em que seus pais trabalham, Charlotte? - perguntou Alicia enquanto sentava no malão e tentava o fechar.
- Minha mãe é trouxa, é advogada e meu pai morreu quando eu era pequena. - Charlotte foi até Alicia e com um aceno de varinha fechou o malão da colega.
- Ah, sinto muito... - falou Alicia sem graça.
- O que é advogada? - perguntou Angelina curiosa.
- É alguém que, digamos assim, representa os interesses de alguém ou de alguma empresa. - falou Charlotte enquanto trocava de roupa.
- Como assim? - perguntou Angelina que se sentou na cama e começou a pentear seus longos cabelos.
- Digamos que você faz alguma coisa que é considerada errada e vai a um julgamento, o advogado vai defender o seu ponto de vista tentando convencer o juiz de que você fez aquilo por algum motivo maior, entendeu? - perguntou Charlotte.
- Ah, entendi sim. - respondeu Angelina se levantando e começando a guardar suas coisas também.
- Parece bem chato. - comentou Alicia - E complicado.
- Minha mãe gosta. - Charlotte deu de ombros - Ela sempre quis que eu fosse para a Universidade de Oxford estudar direito. Mas agora como ela sabe que eu sou bruxa deve ter desistido.- Apontou sua varinha para o malão: -Empacotar. - As coisas de Charlotte se arrumaram sozinhas no malão que fechou com um estalo. Angelina olhou para ela maravilhada:
- E eu perdendo meu tempo enrolando minhas meias! - se levantou e, limpando a garganta, pegou a varinha e ordenou: - Empacotar. - Vários itens voaram para o malão desordenadamente caindo aleatoriamente dentro do malão que fechou com um som abafado. - Eer, acho que não fiz do jeito certo...
Pamela, que ainda estava dormindo, roncou alto fazendo as três garotas saltarem de susto. Charlotte olhou para Angelina que a olhou de volta com o rosto vermelho de risada contida. As três caíram na gargalhada acordando Pamela que olhou para as meninas e perguntou:
- Qual a piada que eu perdi?
As garotas desceram para tomar café e se despedirem dos amigos. Olívio estava esperando Charlotte ao pé das escadas:
- Vamos nos encontrar durante o feriado de natal? - perguntou ele colocando o braço em volta da cintura da garota.
- Claro. - disse Charlotte sorrindo.
Estava ansiosa para encontrar o namorado fora da escola sem a supervisão constante de professores e até mesmo de alunos. Longe da escola teriam mais privacidade para conversarem e se conhecerem melhor. A viagem pareceu a Charlotte muito curta. Angelina e Charlotte jogavam Snap Explosivo com Fred e Jorge enquanto Olívio, Lino e Carlinhos conversavam sobre quadribol.
Chegaram a estação King’s Cross pouco antes de escurecer. Charlotte desceu com Angelina e Olívio (Fred, Lino e Jorge foram fazer uma ultima pegadinha com o capitão do time de quadribol da Sonserina) que desceu o malão das garotas. A avó de Charlotte a estava esperando com um sorriso no rosto. Charlotte se jogou nos braços da avó que afagou o cabelo da neta.
- Quanta saudade eu estava da minha pequena Charlie-Lolly! - falou a Sra. Adams com o rosto no cabelo da garota.
- Vó... - gemeu Charlotte olhando para os lados. - Não me chama assim em publico.
- Mas, Charlie, você vai ser sempre a minha Charlie-Lolly!
Quando a Sra. Adams falava isso, Olívio chegou para se despedir de Charlotte.
- Charlie-Lolly? Que apelido engraçado. - falou Olívio no meio de uma risada fazendo o rosto de Charlotte ficar muito vermelho.
- Vó, esse é o Olívio Wood. - falou Charlotte apresentando os dois, ainda muito vermelha.
- Muito prazer, Sra. Adams, agora eu sei de onde veio a beleza de Charlotte. - falou Olívio se adiantando para apertar a mão da avó de Charlotte.
- Muito prazer, Sr. Wood, fico muito lisonjeada com seu elogio. - falou a Sra. Adams apertando a mão do garoto. - Wood? És filho do medi-bruxo Justino Wood?
- Sou sim. De onde a senhora conhece meu pai?
- Oh, ele cuidou do meu falecido marido antes dele morrer. Um homem muito bom, o seu pai.
- Ele está aqui, quer ir conversar com ele? - perguntou Olívio apontando para um homem atrás dele que esperava com o malão do garoto.
- Adoraria! Sr. Wood... - e a avó de Charlotte saiu deixando os dois sozinhos.
- O que é um medi-bruxo? - perguntou Charlotte curiosa.
- É um bruxo que cuida quando os outros bruxos se machucam.
- Então é tipo um médico?
- Médico? Aqueles trouxas que abrem outros trouxas para ver o que há de errado? Não, com magia a coisa é muito mais simples e limpa.
Fred e Jorge vieram se despedir da garota (Alison Ohaio, o capitão do time de quadribol da Sonserina que estava no sexto ano, saiu do trem com o cabelo levemente chamuscado) acompanhados dos seus irmão e pais, todos igualmente ruivos e sardentos. Charlotte foi apresentada a cada um deles. A mãe dos gêmeos era uma bruxa gordinha e baixinha com um sorriso e olhos bondosos. O pai era um homem magrelo um pouco calvo e de óculos. Havia ainda dois irmãos dos gêmeos que Charlotte ainda não conhecia e foi apresentada. O garoto se chamava Rony, era pequeno e tinha um nariz sardento achatado. A garota era muito bonita, Gina, e tinha um sorriso muito bonito.
Angelina também veio apresentar seus pais para Charlotte. Os pais de Angelina eram muito parecidos com ela e a olhavam com os olhos brilhando de orgulho.
Charlotte se despediu dos amigos e foi com a avó para casa onde sua mãe a esperava com um jantar especial com todas as coisas que Charlotte mais gostava e sentia saudades. Depois do jantar, a avó de Charlotte queria que ela contasse cada detalhe sobre Hogwarts e as duas se puseram a conversar sobre o lugar animadamente.
No dia seguinte, Charlotte foi com a sua avó comprar os últimos presentes de natal. A garota comprou para o namorado uma luva de goleiro muito bonita com as iniciais dele bordada em ouro. Para Angelina comprou o Manual do Artilheiro de Sucesso e para os gêmeos comprou um pacote de luxo de logros na Zonko’s. Cansada por causa das compras, Charlotte se jogou na cama ainda vestida e adormeceu.
Ao acordar, percebeu que já era natal e correu para o andar de baixo para ver seus presentes, a árvore estava repleta deles! Sua mãe e avó já estavam no andar de baixo preparando o café-da-manhã de natal (uma tradição na família) que incluía, panquecas, pãezinhos feitos em casa, patês, biscoitos com gotas de chocolate, chás, sucos de laranja, geléias e rabanada. Com a barriga roncando, Charlotte se juntou às duas na refeição deixando os presentes para depois.
Os presentes que Charlotte ganhou eram incríveis. Ganhou da sua mãe um lindo porta retrato em prata com uma foto do casamento de seus pais, da avó ganhou o Livro das Azarações para Espertos, de Olívio ganhou um lindo suéter de cashmere vermelho, de Angelina ganhou um espelho para poder usar durante a aula (quando o professor olhava, era uma inocente anotação da matéria) e dos gêmeos ganhou uma caixa de luxo de Feijõezinhos de Todos os Sabores (Charlotte prometeu a si mesma tomar cuidado com qualquer feijão que tivesse uma cor estranha).
O feriado estava acabando juntamente com o ano, foi isso o que Charlotte pensou quando estava se arrumando para se encontrar com Olívio no parque central do bairro. Charlotte se olhou no espelho contemplando sua imagem refletida. Estava linda com o novo suéter, uma calça jeans escura, botas pretas rasteiras e uma fita de cetim preta no cabelo. Sua mãe a levou até o parque, estendeu uma toalha no chão e tirou uma garrafa térmica e um livro da bolsa enquanto olhava a filha patinar com o namorado no lago do parque que havia congelado.
Após o Ano-Novo, Charlotte voltou para a escola. Ao entrar no trem, alguma coisa começou a incomodar a garota. Ela não entendia de fato o que era, mas era alguma coisa em relação ao namorado então começou a observá-lo. Ele parecia tão normal quanto quando eles se encontraram durante o feriado. O garoto contava animado para Angelina e para os meninos como Charlotte desequilibrou quando ele estava ensinando ela a patinar e como ele a resgatou pouco antes dela cair no chão (“Reflexos de goleiro, sabe?” falou ele com um sorriso convencido no rosto.). Angelina, Lino e Fred estavam rindo muito, Jorge se sentou ao lado de Charlotte:
- Tudo bem, Charlie? – perguntou.
- Sim, tudo ok. - mentiu a garota olhando para fora da janela do trem.
Com as tarefas que Charlotte e os colegas deixaram para fazer de última hora, a preocupação com Olívio foi trocada pela preocupação com os estudos. Professores como a Srta. McGonagall, Snape e a Srta. Frost haviam passado montanhas de tarefas deixando os alunos realmente ocupados. Alicia, Angelina e Charlotte passaram a maior parte do final do feriado sentadas em poltronas perto das janelas do Salão Comunal da Grifinória terminando seus deveres (Alicia e Angelina olhando sorrateiramente para os pergaminhos que Charlotte colocava de lado para secar enquanto a garota fingia que não estava vendo).
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