O Beco Diagonal



Charlotte e a avó entraram no bar parecendo deslocadas do lugar imundo. No balcão, o garçom limpava um copo sujo com um pano mais sujo ainda e apenas levantou os olhos quando elas entraram no bar: 
- Boa tarde, Tom - cumprimentou a Sra. Adams. O homem chamado Tom inclinou a cabeça na direção delas. 
Elas atravessaram o bar e chegaram à porta dos fundos abrindo-a. A porta dava em um beco sem saída, latas de lixo jaziam encostadas em uma parede. A Sra. Adams tirou a varinha de dentro das vestes e andou até ficar de frente ao muro. Com a varinha bateu em certos tijolos e então, para a surpresa de Charlotte, um buraco começou a se formar no meio de um dos tijolos. Então o buraco aumentou, aumentou então uma grande rua cheia de lojinhas apareceu na frente de Charlotte que não conseguia falar nada, só ficar ali parada olhando. 
- Bem vinda ao Beco Diagonal, Charlie-Lolly. - sorriu a Sra. Adams. 
Charlotte não podia acreditar, ali tinha de tudo! Havia corujas e sapos fazendo barulho em uma loja de animais, caldeirões empilhados na calçada e gente tomando sorvete em cadeirinhas. Dava vontade de ir a todas as lojas e comprar tudo o que conseguia pegar. 
- Você quer começar por onde? Livros? Varinha? Uniforme? - perguntou a Sra. Adams . 
- Vó, eu não trouxe dinheiro - Charlotte falou timidamente. 
- Não tem problema, querida. A família Adams é uma família muito tradicional no mundo mágico então temos um cofre no banco repleto de ouro. - sorriu a Sra. Adams- Varinhas então? 
- Pode ser. - respondeu Charlotte. 
As duas pararam diante uma loja discreta e meio estranha. Na porta dizia: Olivaras Artesão de Varinhas de Qualidade. Quando Charlotte e sua avó entraram na loja um sino tocou ao fundo. Charlotte ficou observando a loja, atrás do balcão havia prateleiras e mais prateleiras onde havia pequenas caixinhas coloridas e etiquetadas empilhadas. E então um senhor com olhos grandes e azuis aumentados por óculos próprios para artesanato apareceu atrás das prateleiras. 
- Boa tarde, Sra. Adams. - disse o homem. 
- Boa tarde, Sr. Olivaras, essa é minha neta, Charlotte. Ela vai entrar em Hogwarts esse ano e precisa de uma varinha - disse a Sra. Adams com orgulho da neta. 
- Neta? Parece que foi ontem que a senhora trouxe seu filho para comprar a primeira varinha. Carvalho, pêlo de unicórnio, 33 centímetros, levemente flexível. - disse o Sr. Olivaras virando para a prateleira atrás dele e pegando uma caixinha verde-oliva acima da sua cabeça. - Experimente essa, Srta. Adams: pinheiro, corda de coração de dragão norueguês, 40 centímetros, rígida. 
Charlotte abriu a caixinha e tirou uma varinha lá de dentro. Agitou-a, mas nada aconteceu.
- Talvez uma mais parecida com a de seu pai, sim? Amendoeira, pêlo de unicórnio, 35 centímetros, levemente flexível. - o Sr. Olivaras ofereceu uma caixinha vermelho-sangue para Charlotte que pegou a varinha e sacudiu, mas novamente nada aconteceu. Charlotte já estava preocupada achando que estavam errados e que ela não tinha nenhuma magia. O Sr. Olivaras olhou incerto para a prateleira mais alta onde havia caixinhas roxas fechadas com fios de ouro. 
- Sabe, - começou o Sr. Olivaras - assim que você entrou pela porta eu achei que fosse combinar com essa varinha, mas ela é meio temperamental e não combina com ninguém, mas quem sabe... Raiz de Cipreste trançado, cabelo de ninfa do mar, 37 centímetros, flexível. - e entregou uma caixinha roxa a Charlotte de onde ela tirou uma varinha toda ornamentada com ouro. Pegou meio apreensiva porque já era a terceira varinha que experimentava, mas quando Charlotte a segurou firme na mão, uma brisa suave atravessou a loja trazendo uma sensação boa para Charlotte. Com essa exibição o Sr. Olivaras sorriu e disse: 
- Finalmente. A varinha perfeita! Sabe, eu lembro quando eu coletei esse cabelo de ninfa, um ser muito bonito, mas essa ninfa era especialmente bela. Encantou-me por alguns minutos fazendo com que eu me perdesse nos olhos dela. Olhos profundos, como o da senhorita, Srta. Adams. 
Com esse comentário, Charlotte corou. A Sra. Adams pagou a varinha e as duas saíram satisfeitas da loja. Então foram comprar os livros, o caldeirão, a balança de latão e o telescópio. Depois de comprar os kits no boticário, foram comprar vestes para a escola. Chegando lá, outra garota estava experimentando vestes escolares. Madame Malkin, dona da loja, falou: 
- Espere só um segundinho que eu já te atendo, querida! 
Uma garota alta e negra saiu do provador, estava provando trajes de Hogwarts e devia ter a idade de Charlotte. Madame Malkin pediu à garota para subir em um pequeno banquinho para ajustar o tamanho das vestes. A garota ficou de frente para Charlotte e então sorriu para ela: 
- Hogwarts também? – perguntou. 
- Sim - falou a Charlotte. 
- Vai para que ano? 
- Primeiro, e você? 
- Também! Meu nome é Angelina Johnson e o seu? 
- Charlotte Adams. 
- Acha que vai ficar em qual casa? 
- Não sei. - falou Charlotte confusa, não sabia do que a garota estava falando. 
- Acho que eu vou pra Grifinória. Pelo menos é isso o que eu espero, minha família toda foi de lá. 
- Pronto, querida, pode descer- falou a Madame Malkin. 
- Legal, te vejo no Expresso de Hogwarts- falou Angelina se despedindo. 
Charlotte e a avó compraram o uniforme e, enquanto iam embora, pararam na loja de animais e a avó de Charlotte a deixou escolher o animal que ela quisesse como presente por ter entrado na escola de magia. Charlotte ficou andando pela loja olhando os gatos e sapos e estava bastante interessada em um sapo quando um garoto ruivo chegou perto dela: 
- Se eu fosse você eu não compraria um sapo, só babacas têm sapos de estimação. - falou o garoto. 
- Obrigada pela dica - falou Charlotte sem graça. 
- De nada, a propósito, meu nome é Jorge Weasley e o seu? 
- Charlotte Adams.
- Indo para Hogwarts esse ano? 
- Sim, primeiro ano e você? 
- Também- disse Jorge alegremente. 
- JORGE, ONDE ESTÁ VOCÊ?- gritou uma voz atrás de algumas prateleiras. 
- JÁ ESTOU INDO- gritou Jorge em resposta - talvez a gente se veja no trem, tenho que ir, meu irmão veio aqui só pra comprar alguma coisa idiota pra coruja dele. 
- Tchauzinho - disse Charlotte acenando. 
O garoto sorriu para Charlotte e foi embora. Depois de olhar quase todos os animais da loja Charlotte escolheu uma linda coruja preta e depois elas foram para casa. Ao dormir Charlotte não podia agüentar a ansiedade e a vontade de chegar à semana de aula. Então finalmente o dia chegou. Charlotte acordou bem cedo por causa da ansiedade, se arrumou e revisou o material três vezes antes de finalmente descer o malão e a coruja que ela chamou de Marion. Quando desceu, sua mãe havia feito panquecas com geléia de morango e suco de maçã, o café favorito de Charlotte. QuandoCharlotte estava terminando o café, sua avó chegou ao hall com uma capa de viagem. 
- Temos que nos apressar se você quer embarcar para ir para a escola. Vamos, vamos. - falou a avó apressando Charlotte e empurrando ela para o andar de cima para escovar os dentes. 
A família Adams entrou no carro e partiu para Londres. Depois de meia hora finalmente chegaram à estação King’s Cross, uma hora adiantados: 
- Qual o numero da plataforma, vovó?- perguntou Charlotte depois de descer do carro. 
- Nove e meia - respondeu a avó de Charlotte com naturalidade. 
- Nove e meia?- perguntou Charlotte confusa. 
- Sim, vamos. - chamou a avó de Charlotte - Se despeça da sua mãe, Charlotte, ela não vai poder entrar conosco. 
A mãe de Charlotte abriu os braços com lágrimas nos olhos. Charlotte quis adiar esse momento o máximo que pôde, mas era inevitável que isso iria acontecer uma hora ou outra. Charlotte abraçou a sua mãe e deixou a emoção tomar conta de si. Por um segundo Charlotte pensou seriamente em não ir a Hogwarts e ir estudar em uma escola comum, mas nesse momento sua mãe a soltou e, a olhando nos olhos, falou: 
- Deixe seu pai orgulhoso. - e deu um beijo na testa de Charlotte. 
Charlotte deixou uma lágrima cair e escorrer pelo seu rosto. Sua avó colocou a mão em seu braço e falou: 
- Vamos, Charlotte. - e manobrou o carrinho para a parede na sua frente.
Charlotte olhou em volta confusa. As pessoas passavam por ela e olhavam curiosas por causa de Marion que piava alegremente em sua gaiola dourada. 
- Não precisa ter medo, apenas me siga e tenha confiança, é muito importante não ficar com medo- disse a avó de Charlotte começando a correr empurrando o carrinho em direção a parede. Por um momento Charlotte pensou que elas iam bater e se preparou para a colisão fechando os olhos, mas então a parede sólida desapareceu de sua frente e quando Charlotte abriu os olhos, viu um trem enorme apitando alto e soltando fumaça. 
- Esse é o Expresso de Hogwarts - disse a avó de Charlotte animada. 

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