A descoberta da magia



Charlotte olhava para fora da janela do Expresso de Hogwarts pensando em como sua vida poderia ter mudado em apenas dois meses. Pouco depois do seu aniversário de 11 anos, sua avó paterna, a Sra. Adams, veio lhe fazer uma visita com uma peculiar senhora, que vestia um estranho e longo traje e que tinha uma expressão severa no rosto. Sua avó, a mãe de Charlotte e a senhora, Srta. McGonagall, se fecharam na sala de visitas decorada ao estilo vitoriano. Algum tempo depois a mãe de Charlotte saiu da sala com lágrimas de orgulho nos olhos e pediu para Charlotte entrar na sala:
- Charlie-Lolly, querida, essa é a Srta. Minerva McGonagall, professora de magia e bruxaria de Hogwarts. - falou a Sra. Adams. 
- Charlotte, eu tenho o prazer de lhe informar que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts está te oferecendo uma vaga para ser uma das nossas estudantes. Hogwarts é uma das três escolas mais importantes de bruxaria da Europa e possui um corpo docente muito competente. - falou a Srta. McGonagall . 
- E-espera, e-eu, uma bru-uxa? Mas bruxas não são malvadas? Como nas histórias da Cinderela e da Branca de Neve? - perguntou Charlotte meio que se arrependendo das suas palavras depois de ter dito. 
A Sra. McGonagall trocou olhares com a Sra. Adams que retribui o olhar com uma balançada de ombros, então a Srta. McGonagall continuou: 
- Senhorita Adams, você já deve ter feito alguma coisa impossível sem saber como fez. - sugeriu a Srta. McGonagall. 
- Uma vez eu quis muito que nevasse no natal e quando eu fui tomar banho, caíram flocos de neve do chuveiro. - falou Charlotte pensativa. 
- Isso é muito comum com os bruxos em formação, sabe? Quando eu era pequena eu mudei a cor das folhas para roxo. - falou a Sra. Adams. 
- Na escola de magia e bruxaria de Hogwarts você aprenderá a controlar os seus poderes e que ser discreta é muito importante, pois os que não são bruxos não compreendem a magia. - explicou a Srta. McGonagall. 
- Charlotte querida, quer fazer alguma pergunta ou algum comentário? - perguntou docemente a Sra. Adams. 
- Meu pai também era bruxo? - perguntou Charlotte timidamente pois sabia que sua avó não gostava de falar do assunto porque nunca havia superado sua morte, mas Charlotte não conheceu seu pai e tinha muita curiosidade sobre ele e nunca tinha ninguém que se sentisse à vontade pra falar sobre ele pois sua mãe também se sentia incomodada pra tocar no assunto. 
- Sim, querida, ele era, e um excelente bruxo por sinal. - falou a Sra. Adams com um sorriso triste. - Na verdade, seu pai morreu lutando contra as artes das trevas, mas depois eu falo sobre isso. - disse tentando terminar o assunto. Charlotte percebeu que o assunto estava encerrado e abaixou a cabeça. 
Percebendo o clima estranho, a Sra. McGonagall se levantou e falou: 
- Bem, Srta Adams, tenho que ir. Nos veremos no primeiro dia de aula, sua avó a levará ao Beco Diagonal para comprar o material escolar. Tenha um bom fim de férias. - a Srta. McGonagall se dirigiu até a porta e, com um giro, desapareceu no ar. Charlotte ficou maravilhada com aquilo e ao olhar para sua avó viu que sua expressão deve ter sido gozada. 
- Então vó, o que é esse tal Beco Diagonal? - perguntou Charlotte. 
- Você vai ver, vá pegar seu casaco e avise para sua mãe onde estamos indo, Charlie-Lolly! 
Charlotte subiu correndo e foi para seu quarto, pegou o cardigã vermelho e colocou a sapatilha dourada combinando e foi para o quarto de sua mãe para avisar que estava de saída: 
- Mãe, eu vou com a vovó... - mas Charlotte não terminou a frase porque viu sua mãe chorando sentada na cama olhando para uma foto que, mesmo a essa distância, Charlotte sabia que era de seu pai. Quando Charlotte entrou no quarto a Sra. Adams tentou secar as lágrimas e esconder a foto, mas Charlotte já tinha visto e a mãe teve que contar o que estava acontecendo: 
- Mamãe, você está triste porque eu sou uma bruxa? 
- Não, filhinha, não é que eu esteja triste por você ser uma bruxa. A questão é que seu pai morreu lutando contra artes das trevas e eu sei que é alguma coisa muito perigosa. Senta aqui do lado da mamãe que eu vou contar uma coisa pra você. - Charlotte sentou do lado da mãe que colocou o braço em torno do seu ombro e a puxou para si. - Seu pai lutava contra um bruxo das trevas extremamente poderoso, o bruxo era tão poderoso que ninguém ousava nem ao menos dizer o nome dele. Mas havia uma forte resistência que contra ele e seu pai quis participar. Ele sempre foi muito corajoso, essa era uma das características mais marcantes nele. Só que as famílias dos que lutavam na resistência não estavam seguros, então seu pai me mandou fugir com você para algum lugar seguro e fez um feitiço muito poderoso para nos proteger. - uma lágrima escorreu dos olhos da Sra. Adams pelo rosto e pescoço - E então, numa batalha, seu pai morreu. Ele queria tornar o mundo um lugar seguro para nós duas, sempre me dizia isso. E acabou como acabou. Filha, promete pra mim que você vai dar o máximo de você nessa nova escola e vai deixar seu pai orgulhoso? - perguntou a mãe sorrindo entre as lágrimas. 
- Claro, mamãe - respondeu Charlotte sorrindo. 
- E vai ficar longe do perigo? 
- Vou, mamãe. 
- Então pode ir aonde você disse que ia. Que é onde, por sinal? 
- Vou comprar meu material escolar com a vovó. 
- Tudo bem. Não voltem tarde! 
Charlotte desceu as escadas e foi até a sala de visitas onde sua avó olhava os retratos que ficavam em cima da lareira e pegou a foto do dia do casamento dos pais de Charlotte e ficou olhando até perceber que Charlotte já havia chegado. 
- Vamos, querida? 
A Sra. Adams e Charlotte saíram pela rua, que estava deserta. A avó de Charlotte olhou em volta e tirou uma varinha de debaixo do casaco, agitou e então alguma coisa parecida com um ônibus de dois andares de um roxo berrante parou diante delas. Charlotte ficou parada abobada olhando para o ônibus até que sua avó a acordou e mandou que subisse. 
- Sejam bem-vindas ao Noitibus Andante, aonde gostariam de ir?- cumprimentou um garoto que provavelmente deveria ter acabado de sair da escola . 
- Vamos ao Caldeirão Furado - disse a Sra. Adams que logo depois se sentou em um banco com aparência de não muito estável. - Acho melhor você se segurar, Charlie. 
O ônibus se movia de forma incrível, por várias vezes Charlotte achou que o veículo ia bater, mas ele desviava de uma forma inexplicável, e havia momentos em que não era o ônibus que desviava, mas sim os objetos. Charlotte se divertia olhando as placas ficarem tortas e as árvores “dançando” para o lado. Depois de um tempo, o Noitibus Andante parou em frente a um bar com cara de abandonado e sujo onde uma placa pendia dizendo “O Caldeirão Furado”.

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