four
-Mamãe! – Lílian abraçou a mãe com força quando voltou para casa, chorando, assim como a senhora ruiva. Ambas choraram sentadas no sofá da casa dos Evans até que Remus, que viera com a ruiva, colocasse a mão em seu ombro.
-Lily, temos que ir – O loiro disse suavemente, voltando para perto da porta da sala.
-Ir? Filha, do que ele está falando? Dois anos sem notícias suas e você pensa em ir? Para onde? O que vai fazer? Eu não vou deixar você ir – Senhora Evans disse firmemente, ligeiramente desesperada.
Lílian segurou as mãos da mãe.
-Não, mãe – Ela fungou – Eu tenho que ir. Tenho que salvar James Potter, lembra-se dele? Ele está em cativeiro durante todo esse tempo, e por minha culpa – Ela passou a mão pela testa, ligeiramente suada.
A mãe de Lílian tentou conter o choro, sem sucesso. Lily abraçou-a novamente.
-Shh, mãe, vai ficar tudo bem. E logo eu volto... Mas não posso deixar em perigo alguém que precisa de mim. – Enquanto dizia isso, a ruiva passava a mão pelo rosto da mãe, que soluçava baixinho.
Então sua postura ficou ereta, muito ereta, e suas pupilas se estreitaram. Lílian mal respirava.
-Lily? Lily, filha, o que há com você? – O tom de voz da mãe de Lily aumentou, fazendo Remus ir até o local a passos largos.
-Ela está tendo uma visão de James – Ele disse suavemente, colocando a mão no ombro da senhora, de pé ao lado do sofá. Em segundos a ruiva mais jovem suspirou e fechou os olhos.
“-Sua namoradinha já teve o meu filho... Eu posso sentir – O mesmo monstro da outra visão dizia, na mesma masmorra também. Potter agora estava encolhido ao canto, no escuro, e tremia levemente. Estava molhado e frio, mas ele não vestia nada mais que roupas de baixo.
James levantou o rosto levemente, o olhar em misto de dor, saudade por Lílian e pânico pela situação onde estava. Lílian sentiu os ossos das costelas doerem, sensíveis, e imaginou que sentia o que James estava sentindo.
-Não teve um dia em que você não pensou nada, não foi? Verme – O monstro continuou falando, encurralando o rapaz, só pele e ossos, na parede. – Ela te fez entrar nessa situação, e mesmo assim não sente uma ponta de ódio dela. – O olhar de James era de fúria agora.
-Eu a amo. – A voz apareceu rouca, tanto pelo frio, Lily presumia, quanto por gritos que ele tivesse dado em uma tortura anterior. Ninguém naquelas condições agüentaria mais nada.
-Seu amor não teve retorno até agora, não é mesmo? E além disso, passou mais dias desacordado aqui... foi até mesmo tedioso pra mim – O demônio provocou, a pele cinzenta e pegajosa, os olhos amarelados, os chifres, tudo fazendo Lily querer destruí-lo logo.
James teve um pequeno lapso, fechando os olhos. E agora olhava diretamente para onde o ponto de vista da visão de Lílian se encontrava, surpreendendo-a. Era como se ele pudesse vê-la.
-Eles estão vindo pra pegar você – James cuspiu na cara do monstro e sorriu mesmo quando levou um chute no estômago que o fez vomitar tudo que comera.”
Lily abriu os olhos, tinha-os avermelhados. Virou-se para a mãe, ainda atordoada.
-Remus, James não vai agüentar muito – Tentou dizer, mas percebeu-se soluçando convulsivamente, as lágrimas grossas borrando sua visão. – Não, temos que ir – Ela respirou fundo e secou as lágrimas, levantando-se do sofá. – Mãe, eu amo você. Mas eu preciso ajudar James Potter.
Ela subiu as escadas e tentou não olhar muito para a casa, que lhe trazia tantas saudades. Pegou uma trouxa de roupas e tudo que achou que podia ser útil, diminuiu com a varinha e colocou dentro de uma mala, que carregou até o hall de entrada.
Beijou o rosto da mãe algumas vezes, secando as lágrimas que ela tentava bravamente não derramar. Saiu de casa e olhou para Remus, também tentando não chorar – Vamos embora logo – Disse com voz chorosa, no que Remus assentiu, aparatando com ela no local combinado, a casa de Sirius.
Entraram e Lily foi recepcionada com muitas lágrimas e abraços de todos. Conheceu a pequena Sara e a felicidade de Marlene e Sirius, que pareciam mais maduros, Dorcas, que estava linda com uma leve saliência na barriga.
-Quando e quem de nós vai? – Marlene foi a primeira perguntar, sentada na grande mesa da cozinha com os outros, uma xícara de café na mão. – Os outros estão vivendo em outros países, demoraria demais para chamá-los, é melhor ficar entre nós.
-Lily, me desculpe, me desculpe... Eu tenho que ficar – Dorcas desculpou-se com a amiga, que sorriu e tocou sua mão.
-Eu nunca deixaria você arriscar um bebê, não se preocupe – Dorcas sorriu e enxugou a lágrima que desceu por seu rosto.
-Eu vou – Remus disse com voz ligeiramente cansada. – Nem adianta protestar, Lily. – A ruiva assentiu com a cabeça.
-Eu também vou – Sirius disse prontamente, passando a mão pelo rosto – Não, Marlene. Eu não posso ficar e pensar que não fiz tudo que podia para achar James. – Marlene assentiu com a cabeça, pegando Sara no colo.
-Papai vai viajar? – A loirinha perguntou e Marlene assentiu com a cabeça, beijando o topo da cabeça da filha.
-Resolvido? – Lily perguntou levantando-se da cadeira. Os outros assentiram com a cabeça. – Então vai arrumar suas coisas, Sirius. Dumbledor estará aqui em meia hora, vai nos dar algo pra ajudar – A ruiva seguiu para a sala, não sabia por que, mas não conseguia mais ficar em companhia de pessoas por muito tempo.
Meia hora depois os rapazes apareceram na sala, vendo-a sentada no sofá cor verde. – Estamos prontos.
-Bem na hora – A figura de Dumbledor apareceu pela lareira com um saco preto cheio de coisas. – Não há tempo para formalidades. – Sentou-se no sofá.
-O que descobriu, professor? – A ruiva perguntou, percebendo o brilho da astúcia nos óculos do homem, do jeito que sempre foi.
-Pela sua lembrança, senhorita Evans, o lugar só pode ser esse – Ele abriu um mapa sobre a mesinha de centro, apontando para o que parecia ser um castelo pequeno em meio à florestas, sobre colinas. – Esse castelo está abandonado há anos, todos seus habitantes sumiram. Agora sabemos o por que – Disse com uma pitada de ironia na voz.
-E o que estamos esperando? Vamos lá – Sirius disse, mas qualquer ação que tivesse foi interrompida pelo aceno de mão do senhor.
-Não é tão simples, senhor Black. Enviei minha fênix para lá e foi confirmado. Aparentemente, o lugar é protegido. Muito bem protegido – Os óculos deslizaram para baixo, dando mais ênfase no olhar de Dumbledor.
-Quão protegido? – Remus indagou hesitante.
-Bem mais protegido que todo o tesouro mágico negro da família Black, isso eu lhe asseguro – O velho voltou a olhar para o mapa, suspirando – Seria mais fácil entrar em Gringotes com um dragão.
Sirius deixou-se cair em uma poltrona – E como entramos então?
-Temos uma vantagem – Lily disse repentinamente – O filho do monstro está conosco. É a ele que ele quer – Dumbledor fez um som que atraiu novamente as atenções para si.
-Certo, claro que temos essa vantagem, senhorita. Mas não pode deixar que nenhum dos dois, pai e filho, sobrevivam – Ele os advertiu – E após muita pesquisa, minha, de meus amigos e dos professores de Hogwarts, conseguimos coletar alguns artigos que podem auxiliá-los na viagem – Entregou o pacote à Lílian – Use como lhe prouver, senhorita Evans. Nos empenhamos durante esses anos para que a busca ao senhor Potter fosse mais segura o possível. Agora é sua hora de executar sua parte. – Os óculos do senhor cintilaram levemente.
A ruiva assentiu com a cabeça. – Eu faço qualquer coisa.
-Aqui está uma chave de portal para a base da colina, o lugar mais próximo do castelo onde se pode aparatar. Não há trilha ou estrada principal, mas o mais seguro é sempre seguir os sol, onde íncubus não suportam ficar durante muito tempo. – Sirius, Remus e Lílian assentiram com a cabeça.
-Cuidem-se, crianças – Dumbledor disse, surpreendendo todos os presentes com sua voz cansada, rouca. – E salvem esse rapaz.
-É tudo que eu quero, senhor – Lílian disse e ele sorriu para a garota enigmaticamente.
-Eu sei, senhorita. Boa sorte. – Eles o viram desaparecer pela lareira tão rápido quanto entrara. A chave de portal nas mãos e os três se posicionaram após as devidas despedidas.
-Eu vou salvar James Potter, nem que seja a última coisa que eu faça – Lily disse vendo Remus e Sirius beijarem suas respectivas companheiras. O silêncio da sala se manteve até Sara querer ver TV com Marlene e Dorcas, que permaneciam apáticas após a saída dos amigos e parceiros.
O que aconteceria nessa viagem, só Merlin poderia saber.
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