Ireland
Passei aquela ultima noite em Hogwarts na Ala Hospitalar para me recuperar do tombo que eu levei no banheiro, então não tive a chance de ver meu boletim final. Acordei naquela manhã ainda um pouco atordoada, sem saber se ele tinha mesmo me beijado ou se fora só um sonho. Pensei que a minha mente estava me pregando uma peça, mas descobri que não quando estava sentada na frente da lareira do salão comunal chorando por causa da minha nota em Poções. Nunca tinha ido tão mal naquela matéria.
Me surpreendi quando Lysander se sentou ao meu lado e me abraçou, então eu só afundei a cabeça em seu peito e chorei mais ainda. Não que aquilo fosse o fim do mundo, mas meu pai já ia estar bravo com a noticia de minha irmã e ia ficar mais bravo ainda sabendo que conclui o terceiro ano devendo nota em uma das suas matérias preferidas. Lys secou as lágrimas de meu rosto e pegou o pedaço de pergaminho de minhas mãos tremulas.
-Dom, você recupera, não fica assim... –disse ele ternamente. Ainda não tinha acreditado que ele queria mesmo ser mais do que um amigo, então respondi como se o beijo nunca tivesse acontecido antes.
-Eu sei que eu recupero, mas papai já vai estar tão preocupado com a Vic e...
-Um passarinho me contou –começou ele com aquele jeito que me fazia sorrir só de pensar- que a Victoire ainda não vai falar ao pai dela, muito menos a mãe.
O abracei mais forte quando ele disse isso. Não sabia desde quando ele sabia mais dos segredos de Vic do que eu, mas eu sabia que minha irmã tinha medo do que eu falaria. As vezes sou muito dura com as pessoas, mas é necessário. E em alguns casos, mesmo sendo dura não adiantou muita coisa... Resolvi mudar de assunto, era o ultimo dia em Hogwarts e eu queria aproveitar para me divertir uma vez mais com meu melhor amigo:
-Mas me conta, o que você vai fazer nas férias este ano? –perguntei me animando um pouco.
-Hum... Nada de muito interessante, vou para a casa de depois eu vou viajar com a minha mãe e meu pai a procura de um tal de Leprechaun, na Irlanda. E o que você vai fazer nas suas férias?
-Provavelmente nada. –disse triste- Meu pai vai querer me matar quando ver minha nota, vai me deixar de castigo as férias inteiras...
-Não se eu puder ajudar! –disse uma voz parecida com a de Lysander, mas era de seu irmão, Lurcan, que sempre tinhas umas idéias super boas.
-Você sempre ouve nossas conversas ou é impressão minha? –perguntou Lys a ele, porque da outra vez que estávamos conversando neste mesmo sofá ele também interrompeu nosso momento de risadas.
-Não é da sua conta, maninho. –disse Lurcan, zombando do irmão. –Então, Dommy, eu posso falsificar este seu boletim.
Ele estava ficando louco ou é só impressão minha? Falsificar o boletim? E se alguém descobrisse? Se meu pai percebesse? Receosa, disse a Lurcan:
-Mas... como pretende fazer isso?
-Eu tenho meus métodos. –disse ele misteriosamente, pegando o pergaminho da mão livre do irmão e não disse nada quando viu que o braço deste estava em volta do meu ombro.
Quando Lurcan saiu do salão comunal com o pergaminho, Lys acariciou meu rosto com o polegar, apoiando os outros dedos abaixo de meu queixo. Não disse nada, só ficamos ali nos olhando nos olhos por alguns minutos, até que fomos brutalmente interrompidos por um pigarro.
-Vocês deveriam saber que namoro é proibido dentro de Hogwarts. –disse uma aluna de cabelos negros e lisos, que usava um óculos de armação grande demais para a sua cabeça. Olhei para ela sínica e disse:
-Isso não é da sua conta, querida. Por que está tão incomodada, está com inveja?
Acho que fui muito dura com a menina, pois ela era obcecada em ganhar pontos para a casa e sempre dava bronca naqueles que não respeitavam as regras. Mas quem ela pensava que era para falar comigo daquele jeito? Quando olhei para Lys ele estava sorrindo, como se o que eu tinha feito fosse a melhor coisa que ele já vira. Não entendi bem na hora, mas depois vocês também vão entender. Quer dizer, nós não éramos namorados nem nada, éramos? Ele ainda não tinha feito o pedido e eu nem sabia se o beijo da noite passada não era um sonho.
Já que o “clima” já tinha sido quebrado, nenhum outro assunto surgiu depois que a garota foi embora e logo Lurcan voltou com o meu pergaminho com um sorriso estampado no rosto:
-Essa foi fácil! –disse ele. –Dá uma olhada.
Quando eu abri o pergaminho, no lugar do 3.0 tinha um 8,0 bem redondo, do jeitinho que estava o oito de Herbologia. Não consegui me conter e o abracei. Afinal, minhas férias não estavam mais arruinadas! Lysander não falou nem uma palavra depois disso, então agradeci novamente a seu irmão e fui para o dormitório das garotas arrumar meu malão. Ainda precisava colocar tanta coisa dentro dele que eu nem sei como ele iria fechar. Troquei o uniforme da escola por uma calça jeans e um suéter branco e azul. Quando eu desci as escadas, me deparei com o salão comunal completamente vazio, então fui para o salão principal, onde estava sendo servido o almoço para os alunos que ainda não tinham ido embora da escola.
Me deliciei com toda aquela comida que os elfos domésticos da cozinha de Hogwarts prepararam e procurei minha irmã na mesa da grifinória para não perdermos o ultimo trem para Londres, porém quando a encontrei em um dos corredores do castelo, ela estava se “despedindo de Teddy”, se é que me entendem.
Combinei de encontrá-la na cabine do vagão para casa, mas ela não apareceu, me deixando preocupada. Mesmo com Lysander e Lurcan falando sobre as viagens anteriores com os pais, as quais geralmente me faziam rir, me animaram. Os garotos não se conformaram com a curiosidade do pai por aquelas criaturas, mas gostavam de conhecer o mundo. Os freios do trem finalmente rangeram ao chegar na estação 9 ¾, onde pude ver a beleza estonteante de minha mãe e o grande sorriso de meu pai nos esperando. A primeira a desembarcar foi minha irmã, a qual correu para abraçar nossos pais. Eu ia sair pela mesma porta que minha irmã, mas Lys me puxou para uma porta no fim do trem, onde desembarcamos segundos antes do trem religar os motores indo para Hogsmead.
Na estação, entre todas aquelas pessoas, ele me abraçou. Um abraço mais demorado do que o normal para amigos e me olhou nos olhos dizendo:
-Vou sentir sua falta.
-Também vou sentir a sua, Lys, mas te envio uma coruja quando não estiver mais suportando. –respondi a mesma coisa que no ano passado.
Ele sorrio e me beijou. Me surpreendi, por que os acontecimentos daquele dia se encaixaram perfeitamente: a garota nos dando bronca por estarmos namorando no salão comunal, ele não falar comigo depois que abracei seu irmão, se preocupar tanto ao me ver chorando... Tanta coisa mudou em tão pouco tempo! Depois do beijo sorri para ele e fui para casa, sem olhar para trás por que iria querer voltar.
Minha casa, o chalé das conchas, estava mais aconchegante do que jamais estivera. Naquela tarde da primeira semana de férias estava deitada em minha cama olhando as fotos daquela viagem a França no natal do ano passado quando uma coruja cinza apareceu no batente da janela. Peguei o pergaminho e lhe dei uma noz como recompensa. Quando o abri, reconheci a letra de Lysander:
Não agüentei e tive de mandar a carta primeiro. Dommy, quero que você nos acompanhe nesta viagem para Irlanda. Não vai ser a mesma coisa sem você.
Com Amor,
Lys.
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