That's Why I Hate Bathrooms

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Aquela manhã estava um pouco mais ensolarada do que as outras. Não sei se era porque estávamos no nosso ultimo dia de aula em Hogwarts ou porque o tempo estava realmente mudando. Alguns bruxos dizem que quanto mais pessoas no mundo estão felizes, mais ensolarados ficam os dias. Eu não acho que isso seja verdade principalmente porque no dia em que tudo aconteceu às nuvens estavam cobrindo o sol, mas eu sabia que ele estava lá. Entenda como quiser.


                Sem mais delongas, vou lhes contar a minha história. Por algum motivo desconhecido, eu caí na corvinal. Não sei como, mas acho que a união entre a beleza e inteligência de minha mãe com a responsabilidade de meu pai me tornaram uma corvina. Minha irmã, por ser mais corajosa, foi para a grifinória, o que foi muito estranho no começo, mas depois que eu conheci os gêmeos Lorcan e Lysander tudo ficou mais divertido. Estes se tornaram meus amigos no segundo ano, quando eu não estava conseguindo resolver a charada para entrar no salão comunal. Por serem um ano mais velhos, já sabiam decifrar com mais facilidade as charadas, então me ensinaram naquela noite os seus macetes. Hoje, porém, lá estava eu novamente tentando achar respostas para as perguntas que eu não estava acostumada a ouvir.


                -Precisa de uma mãozinha, Loirinha? –perguntou uma voz conhecida atrás de mim. Quando me virei, me deparei com Lysander, o gêmeo que eu tinha mais intimidade. Sabe aquela história do melhor amigo? Então, este cara aqui me fazia rir quando Lorcan me fazia chorar ou ele me fazia chorar de tanto rir.


                -O que está insinuando, Lysander? Só porque eu sou loira não quer dizer que eu não possa ser inteligente. –disse irritada a ele. Quem ele pensa que é? Além do mais, ele também era loiro. Como se não bastasse, era loiro de olhos azuis escuros, com os traços fortes e... Ah, de novo não, Dominique. Lys me abraçou e disse com um ar brincalhão:


                -Ah, você sabe que eu não falei por mal, e se você fosse burra você estaria na lufa-lufa...


Retribui o abraço, era inevitável resistir àqueles braços fortes me envolvendo e aquele perfume amadeirado que só ficava bem nele


                -Tudo bem, bem... Agora me ajude a entender esta charada: “pela manhã tenho quatro pernas, de tarde tenho duas e à noite tenho três.”


O garoto começou a rir e logo disse a resposta:


                -O homem.


Entramos no salão comunal e eu perguntei ao garoto o porquê de sua resposta e ele só deu mais risada, inconformado por eu não saber a resposta de minha própria pergunta. No fim ele me explicou e eu acabei rindo com ele. Enquanto riamos de mim, alguém saiu do dormitório masculino, provavelmente incomodado com a barulheira. Mas era o outro gêmeo:


                -Posso saber o motivo de tantas risadas? –perguntou ele com aquele jeito sério e descontraído ao mesmo tempo.


                -A nossa loirinha não sabia a resposta do enigma da esfinge. –respondeu Lys, me deixando feliz com o “nossa loirinha”. Claro que eu preferia um “minha loirinha”, mas eu deixei para lá. Ele nunca poderia saber que ele era o meu escolhido, ou melhor, o escolhido do meu coração. Vocês sabem bem o porque, não é mesmo? A história do “eu-vou-arruinar-nossa-amizade-se-ele-não-sentir-o-mesmo”.


                -É sério que ela não sabia? –perguntou Lorcan sentando-se ao lado do irmão.


                -É, cara... – Era só eu ou Lys estava ficando bravo com o irmão rindo de mim? Deve ser só minha imaginação...                


Foi então que me lembrei do motivo pelo qual eu voltara para o salão comunal: pegar os livros de herbologia que o Professor Longbotton tinha me pedido. Pedi licença aos garotos e me retirei do local, rumando as estufas, onde fiquei conversando a tarde toda com o Professor e tirando dúvidas da matéria. Neville era o meu professor preferido, mas eu sabia que era porque eu o conhecia fora da sala de aula. Depois que eu sai das estufas fui para o corujal enviar uma carta para minha mãe. Ela estava na casa do tio Ron, então aproveitei para contar a eles sobre a tarde com o tão amigo deles.


Voltando enfim para o salão comunal de minha casa, parei no banheiro para ver como estavam meus cabelos e ouvi barulhos estranhos vindo de um dos reservados. Imaginei ser só Murta-Que-Geme brincando comigo, mas mesmo assim fui investigar, andando com passos silenciosos. Chegando mais perto, consegui identificar o que as vozes falavam:


“Não, você sabe que eu tenho namorado...”


“Se você tem namorado por que me trouxe até aqui?”


“Eu preciso te contar uma coisa.”


Andei mais um pouco e consegui reconhecer a voz de minha irmã e a voz da outra pessoa, para minha infelicidade, era de Lys. Entrei silenciosamente em um reservado ao lado do que eles estavam para poder ver se eles estavam vestidos. Me enciumei quando vi Lys com a minha irmã em um reservado e não comigo. Eles estavam vestidos e ela parecia aflita, sentada na tampa do vaso e ele encostado na porta, de braços cruzados no peito.


“Então conte, Victoire.” –ele respondeu, um pouco rude demais. Prendi minha respiração, para não ser ouvida, então minha irmã disse:


“Eu não estou com coragem de contar a ninguém, mas eu preciso que a minha irmã saiba... Você é o melhor amigo dela, então acho que vai poder me ajudar quanto a isso.” –Uma lágrima escorreu de seu rosto e eu tive vontade de pular para àquela cabine de uma vez e a abraçar, mesmo eu estando com inveja por ela estar falando com ele.


“Sim, eu sou... Você pode sempre contar comigo, pode me falar o que está acontecendo que nós vamos dar um jeito.” –ele disse um pouco mais terno, vendo as lágrimas escorrendo pelo rosto de minha irmã.


“Eu...” –Só ouvi esta parte, porque escorreguei do vaso e me estatelei no chão, arruinado meus planos de não fazer barulho. Minha irmã gritou com o susto e logo ouvi a porta do meu reservado sendo aberta por Lys. Fechei os olhos, querendo sumir. Eu era uma péssima espiã...


-Dominique... –disse ele preocupado, me ajudando a levantar.


Não consegui olhá-lo, muito menos a minha irmã. Sentia um misto de raiva, dor e vergonha, tudo o que eu queria era me livrar dos braços de Lys e sair correndo de lá para um lugar onde ninguém pudesse me ver por muito tempo. Bom, eu queria, mas não podia porque meu pé doía horrores, fazendo uma lágrima traidora escapar de meus olhos.


-Você consegue andar? –ele perguntou, olhando em meus olhos. Por uma fração de segundo nosso olhar de cruzou, então eu acenei negativamente com a cabeça. Ele me levantou do chão, envolvendo minhas costas e minhas pernas, e me levou para a ala hospitalar. Nada disse no caminho e esperei até que Madade Pomfrey cuidasse de meu pé para dizer uma única palavra:


-Por quê? –perguntei ao garoto e a minha irmã, afundando no travesseiro fofo da enfermaria.


-Nós não... eu... a gente... –minha irmã não conseguia falar uma frase completa. Vadia, traindo o namorado com o melhor amigo da irmã? Onde este mundo vai parar! Algumas lágrimas escaparam dos meus olhos e Lys as secou. Por mais que o meu corpo gostasse do toque da sua pele, minha mente se negava a deixar que ele me tocasse então me afastei e olhei para o chão.


-Dom, você entendeu tudo errado. –disse o garoto


-Tudo errado o que? Minha irmã e meu melhor amigo num reservado, você vem me dizer que eu entendi errado? Ou você vai negar que não tentou fazer nada com minha irmã e que ela está traindo o namorado? Lysander, você não me engana, muito menos você, Victoire.


-Não posso negar que eu não tentei fazer nada, mas não foi para isso que a sua irmã me levou para aquele reservado. Ela precisava me contar uma coisa que não tinha coragem de te contar por que sabia que você iria ficar muito decepcionada com ela. Uma coisa que você vive falando para ela não fazer, mas aconteceu.


-Sei canalha, como ainda tem coragem de me dizer que tentou beijar minha irmã?! Não venha com desculpas, eu vi vocês dois dentro as cabine! –a ultima palavra saiu de meus lábios quase num grito.


-Dom eu... eu pedi para Lysander te contar, mas eu mesma vou fazer isso... Eu não estou com coragem, mas eu sei que você não vai me julgar nem nada.


-Ah, e o que é? –perguntei quase cuspindo as palavras


-Eu estou grávida, Dominique.


Eu conhecei a rir e rir muito. Eles realmente achavam que eu iria acreditar que ela estava grávida?


-Dom, é verdade. –disse alguém entrando na sala. Era Teddy, namorado de Victoire desde, bom, desde sempre. Olhei incrédula para o garoto. Há quanto tempo ele estava lá?


-Mas Vic, por que você estava com medo de me dizer isso? –perguntei a minha irmã, ignorando a existência de Lys, ainda estava brava por ele tentar beijar minha irmã.


-Bom, você fala tanto em nos prevenir e ter cuidado porque papai ia ficar furioso e você não queria ser tia tão jovem...


-Tudo bem, nós vamos dar um jeito de contar a ele, não se preocupe. Ou nós simplesmente não contamos e..


-EU NUNCA FARIA ISSO, DOMINIQUE. PODE TIRAR ESSA IDEIA DA SUA CABEÇA!- ela gritou, desesperada. Aborto não era uma palavra que existia em seu dicionário.


-Tá, tá, a gente vai dar um jeito, calma...


Teddy olhou em seu relógio de pulso e constatou que deveriam ir para os dormitórios porque já passavam-se das 21:00, deixando a mim e a Lys sozinhos. O gêmeo se sentou ao meu lado na cama e olhou nos meus olhos. Eu suspirei e olhei nos olhos dele, tentando achar uma explicação para o que ele tinha tentado fazer, sem sucesso.


-Dom, desculpa pelo o que eu fiz, mas ela tem os seus olhos... –ele disse suavemente, parecendo mesmo arrependido.


-O que tem os meus olhos? –perguntei, agressiva.


-São lindos, eu não consigo parar de pensar neles. E toda vez que eu penso em você, sinto alguma coisa estranha, não sei bem o que é.


-Ah, ótimo, você é tão bom que consegue não saber o que sente, mas vindo de alguém que tentou beijar minha irmã só pode ser algo ruim.


Então ele me beijou. Eu tentei me afastar, mas a sensação dos lábios dele nos meus era tão boa que não consegui o fazer, então retribui o beijo. Tudo fazia sentido agora: minha irmã tinha os meus olhos, que são lindos, e toda vez que ele pensa em mim ele sente o mesmo que eu. Não preciso mais esconder o que eu sinto por ele, porque ele também sente isso por mim. No fim do beijo encostei minha cabeça em seu ombro e só respirei, sentindo seu perfume. Aproveitei a proximidade de sua orelha e disse antes de o beijar novamente:


-Os seus olhos também são lindos.


 


 


 


 


 


 

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